Desenvolver habilidades críticas de compreensão e interpretação de informações probabilísticas não é uma tarefa simples, no entanto, como qualquer outras habilidades, podem ser fortalecidas por melo do envolvimento pessoal com situações reais. Esta pesquisa teve como objetivo geral analisar possíveis contribuições da abordagem de situações-problema com dados reais em diferentes áreas-chave do Letramento Probabilístico na formação de licenciandos em Matemática. Os objetivos específicos foram: Identificar as compreensões prévias dos licenciandos sobre probabilidade; Avaliar as crenças e atitudes dos licenciandos na interpretação de informações probabilísticas apresentadas nas situações-problema; Verificar como situações-problema podem contribuir para o entendimento crítico de conceitos probabilísticos. O estudo de abordagem qualitativa foi realizado com sete licenciandos do Curso de Licenciatura em Matemática de uma instituição pública federal de ensino, localizada no Sertão de Pernambuco. A produção de dados foi realizada por meio de três Encontros Cooperativos, realizados pelo Google Meet e gravados digitalmente por um aparelho celular. Nesses encontros, o pesquisador utilizou diferentes questionamentos e cinco situações-problema com dados reais que exploravam discussões sobre a natureza não determinística da Probabilidade, as diferentes representações probabilísticas, além dos conceitos de aleatoriedade, variação e independência de eventos probabilísticos. Os dados foram analisados no software MaxQDA, utilizando como metodologia o manual dos Ciclos de Codificação de Saldaña, por meio da codificação inicial, a codificação de valores e a codificação de avaliação. Quanto às compreensões prévias, os resultados indicam que os licenciandos demonstravam maior familiaridade com a representação quantitativa da Probabilidade, mas enfrentavam dificuldades em associá-la à representação qualitativa e em relacioná-la a situações do cotidiano. Esse olhar para as representações quantitativas se mostrou limitado a exemplos envolvendo frações e porcentagens, que estavam alinhados ao significado clássico de Probabilidade. Além disso, os licenciandos afirmavam que essas representações indicavam que essas representações eram consideradas mais aceitáveis no estudo de Probabilidade, pois matematicamente determinavam o acontecimento dos eventos, o que revelou lacunas no entendimento da Probabilidade, ao considerar que a probabilidade seria determinística. Outro dado identificado na pesquisa, foi a influência das crenças e atitudes pessoais na interpretação conceitual da Probabilidade. Em algumas situações-problema, observamos que essas crenças distorciam o entendimento crítico dos conceitos probabilísticos. Entretanto, por meio das discussões realizadas, observamos que os licenciandos começaram a desconstruir essas crenças, recorrendo a habilidades do Letramento Probabilístico para interpretar corretamente as informações probabilísticas. Como resultado, observamos que os Encontros Cooperativos e as situações-problema contribuíram para a formação dos licenciandos que passaram a compreender melhor sobre a natureza não determinística da Probabilidade e principalmente a interpretar os conceitos das Grandes Ideias do Letramento Probabilístico em diferentes áreas-chave do Letramento Probabilístico.

Os povos originários das Américas durante muitos séculos experienciaram uma Educação segundo suas cosmovisões, contudo com as invasões de seus territórios, esses povos sofreram e ainda sofrem os impactos de sistemas colonialistas que objetivavam destruir seus conhecimentos, cultura e suas perspectivas de vida. No Brasil, as escolas implantadas para esses povos desde o início da colonização e durante quase todo século 20 foram usadas como uma ferramenta para a consolidação desse sistema colonial/moderno, por meio da política assimilacionista que objetivava a integração dos povos indígenas. No entanto, a partir de processos de retomada liderados pelos indígenas foi conquistado o direito à Educação Escolar Indígena (EEI) reconhecida constitucionalmente, a qual visa efetivar processos de interculturalidade que atribuam equidade aos conhecimentos escolares e os conhecimentos dos povos indígenas. Este projeto de pesquisa emerge da perspectiva de que a Educação Matemática enquanto área de conhecimento escolar, necessita de um giro decolonial e, assim, incorporar discussões que questionem a visão de mundo colonial/moderna, que propõe consumir a terra como recursos naturais. Sob a perspectiva decolonial e da cosmovisão indígena, a Educação Matemática poderia atentar para outros modos de vida. O povo Xukuru do Ororubá é uma das maiores etnias do estado de Pernambuco e um dos povos mais articulados politicamente no país, tem mantido e semeado sua cosmovisão, buscando a proteção de seu território/natureza, o que reflete no seu sistema de EEI, que tem aos poucos insurgido sobre propostas educacionais eurocêntricas. Este estudo teve por objetivo geral compreender a perspectiva de professoras/es indígenas Xukuru sobre aspectos da cosmovisão indígena presentes nos seus modos de ensinar Matemática. O desenho metodológico teve uma abordagem qualitativa com aspectos etnográficos, que enfatizaram a necessidade de estar atento ao campo da pesquisa. Os principais instrumentos de produção de dados foram as entrevistas e as observações, com registro de áudio, escritos e fotográficos. O método para a análise dos dados foram os Ciclos de Codificação de Saldaña e para auxílio utilizamos o software Atlas.TI de tratamento de dados qualitativos. As principais considerações conclusivas deste estudo consideram que ao passo que políticas contra ou desfavoráveis à EEI Xukuru são impostas, como o Currículo de Pernambuco e o livro didático de Matemática, a Escola Xukuru resiste e ressignifica os processos educacionais, à medida que busca o fortalecimento identitário e a valorização da comunidade, onde espiritualidade, ancestralidade, natureza e território são dimensões que sustentam a formação dos Xukuru. Nesse processo, as professoras de Matemática enfrentam um trabalho duplo, além de planejarem suas aulas, precisam articular os conhecimentos/contextos indígenas com os conhecimentos matemáticos, o que desperta sentimentos de compromisso e orgulho cultural, mas também de frustração visto as limitações do sistema hegemônico, a falta de suporte do estado e a desvalorização do professor indígena. O ensino de Matemática articulado à cosmovisão Xukuru é evidenciado principalmente a partir da "Matemática da Roça" e das pinturas corporais. Há também espaços outros, como as eletivas e a Horta Pedagógica, que de modo interdisciplinar podem ser espaços potenciais para realizar essas articulações entre Matemática e cosmovisão Xukuru.

Pesquisas em Didática da Matemática têm mostrado que o(a) professor(a) de Matemática ao utilizar resoluções de problemas e mais de um registro de representação do mesmo objeto matemático em suas aulas tende a melhorar a aprendizagem dos estudantes. Esta pesquisa visa compreender as estratégias utilizadas por estudantes do 9º ano e as dificuldades apresentadas por eles na resolução de problemas de equação do 1º grau no que diz respeito à conversão e tratamento de registros de representação. Com o aporte da Teoria dos Registros de Representação Semiótica de Raymond Duval, tivemos o propósito de responder à seguinte questão de pesquisa: Quais dificuldades os estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental apresentam ao resolver problemas de equação do 1º grau e as estratégias utilizadas no que diz respeito à conversão e tratamento de registros de representação? Optamos por uma pesquisa qualitativa na qual foi realizada uma análise descritiva e interpretativa. A pesquisa foi desenvolvida com 20 estudantes de uma turma do 9º Ano do Ensino Fundamental, em uma escola da rede pública municipal de Recife-PE. Para a obtenção dos dados, inicialmente conduzimos uma entrevista semiestruturada com os 20 estudantes da turma, com o objetivo de verificar o que os estudantes compreendem sobre resolução de problemas de equação do 1º grau. Mais adiante, foram promovidos três encontros com os participantes, nos quais quatro problemas de equação do 1º grau foram propostos pela pesquisadora durante as aulas de Matemática. Os problemas foram classificados de acordo com os critérios de congruência semântica, de modo que o primeiro problema tem congruência semântica e o último problema tem um alto grau de não congruência semântica. Ao propor os problemas que podem ser escritos como uma equação do 1º grau, temos como objetivo analisar as estratégias dos estudantes e identificar dificuldades apresentadas pelos estudantes ao fazer conversões e tratamentos nos problemas de equação do 1º grau. Durante os momentos vivenciados na pesquisa, foram utilizadas notas de campo para registrar tanto os momentos da entrevista quanto as situações observadas na resolução dos problemas com os estudantes. Os resultados dessa pesquisa apontaram que os estudantes enfrentaram dificuldades na conversão e tratamento de registros de representação semiótica ao resolver problemas de equações do 1º grau, limitando sua compreensão conceitual. Embora tivessem dificuldades na resolução escrita, os estudantes conseguiram verbalizar suas estratégias, destacando a importância da utilização do discurso oral na resolução de problemas. Além disso, apresentaram dificuldades na resolução de problemas com alto grau de não-congruência semântica. Os estudantes utilizaram estratégias como substituição de valores para testar resoluções e procedimentos aritméticos para evitar a manipulação algébrica. Sugerimos utilizar diversos registros de representação para melhorar a compreensão dos estudantes e ressaltamos que práticas de ensino focadas no tratamento algébrico mecânico podem limitar a compreensão conceitual, sendo necessária uma abordagem mais integrada e dinâmica no ensino. Com base nos resultados, recomendamos, em futuras pesquisas, uma abordagem alternativa, coletando além do discurso escrito, também o discurso oral dos estudantes, com objetivo de analisar a compreensão e a resolução dos problemas dos participantes que não conseguem fazê-la apenas através do discurso escrito.

Esta pesquisa objetiva, em termos gerais, analisar as ideias relacionadas à linguagem probabilidade verbal e simbólica que emergem a partir de situações de ensino com crianças de 4 a 6 anos. Em termos específicos, busca-se: explorar ideias intuitivas sobre acaso e probabilidade em crianças de 4 a 6 anos em situações de itinerário de ensino; analisar o desenvolvimento e ideias relacionadas à identificação e comparação de fatos por meio da linguagem probabilística (verbal e simbólica). O percurso metodológico é de natureza qualitativa. Visando alcançar tais objetivos foi desenvolvido um estudo piloto com 23 crianças com idade entre 5 e 6 anos, estudantes de uma escola de Educação Infantil do município de Camaragibe/PE. No estudo foi desenvolvido uma sequência de 4 tarefas de ensino que envolveram a linguagem probabilística elementar (certo, possível, impossível e provável), números, quantidades, comparação e avaliação probabilística. Os resultados preliminares indicaram que as crianças foram compreendendo o significado das expressões verbais da linguagem probabilística ao longo do processo investigativo e também, que a literatura infantil é um recurso relevante para a exploração das noções de probabilidade com crianças da Educação Infantil.

A pesquisa intitulada ”Essa publicidade mexeu com você? Educação Financeira Escolar Crítica a partir de compreensões de crianças ante a publicidades infantis” aborda como questão de pesquisa: como e porque as publicidades influenciam os desejos de crianças por compras e como crianças tomam decisões a partir das publicidades. O  objetivo geral é analisar as influências  da  publicidade para crianças de aproximadamente oito anos em diversos cenários, visto que um dos meios de influenciar o consumo/consumismo infantil tem sido a forte viralização das publicidades veiculadas ao público infantil. Para isso, um caminho possível para combater, conscientizar, educar e entender o porquê das influências das publicidades são discussões a partir da Educação Financeira Escolar Crítica a refletir, analisar e criticar as armadilhas das publicidades infantis. Visto que a Educação Financeira, reconhecida como uma temática transversal desde a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2018, tornou-se  obrigatória nas escolas, siderações. sta inclusão se torna importante para incentivar os indivíduos a refletirem sobre seu comportamento em relação aos cenários de consumo e consumismo, pensarem em uma sociedade mais sustentável, refletirem sobre o capitalismo, neoliberalismo e princípios éticos, criticarem as influências para o consumo/consumismo, pensando também sobre as repercussões e impactos do seu consumo para o meio ambiente e a sociedade como um todo e discutir aspectos culturais e comportamentais diante de situações econômico-financeiras. Uma vez que um dos papéis indispensável da Educação Financeira Escolar é combater o consumo acrítico, contribuindo com a formação cidadã e financeira do indivíduo. Com o intento de discutir o cenário das publicidades infantil por meio da Educação Financeira Escolar Crítica, apontamos como fundamentação teórica principal, a Educação Matemática Crítica (EMC) concebida pelo teórico Ole Skovsmose, qual argumenta um ensino da Educação Matemática que potencialize o aluno por meio de um engajamento crítico, democrático e o papel social da matemática. Para tanto, como metodologia, elaboramos e aplicamos uma entrevista semiestruturada organizada em dois momentos, se referenciando às publicidades do MCLanche Feliz, Cacau Show e Johnson’s. Os resultados evidenciaram que a publicidade infantil utiliza estratégias persuasivas sofisticadas que vão além das diretrizes estabelecidas pelo Conanda (2014), destacando-se aspectos como: Apresentação de Interação da criança com o uso do produto. Discursos de outras crianças referentes ao produto, Gatilhos da imaginação, Identificação e influência social, Envolvimento emocional, Construção visual e narrativa, Construção de valor simbólico, Brinquedos e brindes como incentivos ao consumo, Repetição e Elementos Sonoros e Influência de marcas e a prática do unboxing, que sutilmente insere o consumo em conteúdos de entretenimento. As narrativas das crianças demonstraram como a publicidade permeia suas brincadeiras cotidianas, contribuindo para a construção de uma identidade consumista desde a infância. A pesquisa reforça a necessidade de uma revisão conceitual sobre publicidade infantil e seu impacto no desenvolvimento infantil, destacando a Educação Financeira Escolar Crítica (EFEC) como ferramenta essencial para promover uma análise mais reflexiva sobre o consumo e as estratégias de persuasão midiáticas. Propõe-se, ainda, o aprofundamento de estudos sobre o tema em diferentes segmentos educacionais e a implementação de cenários de investigação na Educação Matemática Crítica, a fim de preparar crianças para lidarem criticamente  com as influências das publicidades, combatendo o consumo/consumismo desenvolvendo uma relação mais consciente com o consumo.

No contexto educacional, a Cultura Visual se destaca pela sua capacidade de utilizar imagens como estratégia pedagógica, visando aprimorar o engajamento discente, perpassando pela importância das imagens na colaboração para a construção do processo de comunicação no ensino e de uma aprendizagem baseada nas experiências do sujeito. Na Educação a Distância (EaD) a virtualidade e o emprego das tecnologias digitais criam um ambiente propício para a Cultura Visual influenciar positivamente a construção do conhecimento. Entretanto, quando discutimos sobre o uso dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), ainda prevalece uma abordagem predominantemente instrumental da tecnologia em que a organização visual das informações de um AVA, se mantém como um tema pouco explorado tanto pelas áreas de educação quanto de design, evidenciando uma lacuna na compreensão sobre o potencial comunicativo das imagens. Outro aspecto relevante é no âmbito da comunicação promovida no AVA entre discentes e docentes, em que uma das questões fundamentais consiste na compatibilidade entre os códigos linguísticos do professor e do estudante. Isto nos induziu a uma reflexão sobre quais elementos da Cultura Visual podem ser integrados na organização do AVA, no processo de comunicação e de ensino-aprendizagem em cursos de graduação a distância, visando o aumento do engajamento discente? Nesse sentido, o objetivo desta tese é investigar a relação entre o engajamento discente e a integração de elementos da Cultura Visual na comunicação, na metodologia e na organização visual das informações em um AVA, no contexto da graduação a distância. Como base teórica, traçou-se um panorama da Cultura Visual, com destaque para Barnard (2001), Mirzoeff (2003) e Hernandez (2005, 2011), que abordam as imagens como mediadoras de significados culturais e sociais. Esse estudo também fundamenta-se em uma abordagem multidimensional do engajamento discente, conforme Fredricks, Blumenfeld e Paris (2004) e Reeve (2012) e tipologias definidas por Coates (2007). O percurso metodológico foi delineado em 5 etapas, entre as quais foi realizado um diagnóstico inicial sobre a utilização de elementos da Cultura Visual no AVA, com base na análise das percepções de docentes e discentes. A partir desse diagnóstico inicial, foi elaborada uma proposta de intervenção, aplicada em uma disciplina do 1o período do curso de Licenciatura em Letras na modalidade a distância em uma universidade federal. Essa proposta contemplou três eixos: organização visual (uso de cores, imagens e ícones gerados por Inteligência Artificial), estratégia metodológica (baseada na Taxonomia de Bloom Revisada e no uso de memes como artefatos digitais) e comunicação (por meio de Diários Visuais em diferentes abordagens). A análise do impacto no engajamento discente considerou o índice de participação e uma matriz de engajamento baseada nas dimensões e tipologias. Por fim, foi analisada a percepção discente sobre a aplicação da proposta de intervenção, através codificação por ciclos Saldaña (2013). Como resultado, obteve-se um índice de retenção de 92% da turma, destacando o potencial da Cultura Visual na promoção do engajamento discente no AVA. No âmbito da organização visual, a proposta impactou a funcionalidade e atratividade do AVA, evidenciando que o planejamento na estruturação do AVA e a padronização das informações foram elementos essenciais para facilitar a experiência e entusiasmo dos discentes, impactando diretamente o engajamento e a percepção positiva dos estudantes sobre a disciplina. No âmbito da estratégia metodológica, os resultados apresentaram que os discentes se envolveram de maneira criativa e dinâmica, além de promover uma reflexão crítica e aplicação prática dos conceitos estudados, impactando positivamente na aquisição de novos conhecimentos, na revisão e na aplicação dos conceitos acadêmicos. Além disso, a criação de memes desempenhou um elo de conexão entre os estudantes, onde eles conseguiram estabelecer uma ponte entre os acontecimentos da vida real e o ambiente online, trazendo a cultura para o ciberespaço por meio de suas próprias narrativas visuais. No âmbito da comunicação, os diários visuais apresentaram uma pluralidade de esforços dos estudantes, demonstrando o potencial da ação em mobilizar diferentes formas de envolvimento, conectando aprendizados acadêmicos às realidades pessoais e coletivas. Essa abordagem fortaleceu tanto os laços entre os estudantes quanto o protagonismo discente, revelando-se uma ação relevante para que o docente compreenda a realidade acadêmica dos estudantes, possibilitando intervenções imediatas sempre que necessário. Dessa maneira, conclui-se que a integração de elementos da Cultura Visual no AVA, ao alinhar-se aos interesses e perfis dos discentes, proporcionou uma experiência educacional humanizada, visualmente rica, contextualizada com as vivências socioculturais dos estudantes, contribuindo diretamente para o engajamento discente. 

Esta tese emergiu do interesse pelo estudo do saber aprendido relativo à área de superfícies planas por estudantes do 9º ano do ensino fundamental. No âmbito da Teoria Antropológica do Didático, esse saber é aquele que resulta da finalização de um processo e fica disponível para o empreendimento de novos processos. Dessa forma, constitui-se como um dos saberes presentes no processo de transposição didática que para ser compreendido, necessita ser observado antes de ser materializado como tal.  Esse fato nos colocou diante da necessidade de interpretar o saber área do ponto de vista epistemológico e didático bem como nos estágios do saber a ensinar e ensinado. O confronto entre essas interpretações nutriu reflexões sobre quais aspectos são fundamentais para a sua apropriação por estudantes do ensino fundamental, contribuindo para a eleição dos tipos de tarefas para a realização do estudo empírico. Portanto, o objetivo desta tese consistiu em analisar o saber aprendido por estudantes do 9º ano do ensino fundamental relativo à área de superfícies planas mediante um conjunto de tarefas presentes no modelo praxeológico de referência. A partir de uma abordagem qualitativa recorremos às contribuições teóricas e metodológicas da Teoria Antropológica do Didático, em especial, às noções de praxeologias e de gerador de tipo de tarefas para descrever o saber área em seus diversos estágios de transposição didática. Dessa forma, foram empreendidos três estudos. O primeiro encarregou-se de interpretar o saber do ponto de vista epistemológico e didático e culminou na construção de um modelo praxeológico de referência. O segundo muniu-se da interpretação do saber nos estágios a ensinar e ensinado através do que estava prescrito nos documentos de orientações e nas abordagens dadas pelos livros didáticos e professores em sala de aula, materializando-se em modelo praxeológico dominante. O último consistiu na análise dos impactos das variáveis causadas em 28 estudantes do 9º ano do ensino fundamental diante do enfretamento de um conjunto de tarefas pertencentes a diferentes tipos. Os resultados do primeiro estudo indicaram que o saber área é interpretado de diferentes formas, em diferentes períodos e contextos históricos. Essa forma de interpretar, a depender da instituição, representa ou não conflitos epistemológicos. O segundo estudo revelou uma valorização da medição da grandeza área, na conversão de unidades de medida e na obtenção de expressões de cálculo de áreas, desencadeando uma ênfase nos aspectos numéricos e algébricos. O terceiro estudo revelou diferentes interpretações a uma mesma tarefa, realizada por técnicas visíveis na instituição, no entanto, nem sempre estão dentro do domínio de validade ao qual a tarefa foi proposta, desencadeando em dois universos de praxeologias pessoais, as que os elementos estão em conformidade com a institucional e as que os elementos são distintos dos institucionais. Esses dois universos de praxeologias pessoais decorrem de influências epistemológicas, didáticas e contratuais que contribuem ou interfere na organização do saber área pelos estudantes participantes da pesquisa. Diante desses achados urge a necessidade de uma atenção maior nos aspectos que caracterizam as grandezas geométricas pelo professor, como também a valorização de diferentes técnicas para o enfrentamento de tarefas pertencentes a diferentes tipos. Ficam abertas outras perspectivas de empreendimento de pesquisas, dentre elas a valorização da otimização de tipos de tarefas e a diversidade de suas variáveis, as quais poderão reunir elementos mais robustos quanto aos impactos da empregabilidade das variáveis nas respostas de estudantes.

Informações estatísticas estão presentes em nosso cotidiano, sendo frequente a sua utilização na veiculação de notícias, requerendo das pessoas habilidades para articular criticamente componentes do conhecimento e de disposição. Destaca-se a importância de desenvolver habilidades de letramento estatístico desde a Educação Infantil, considerando fundamental trabalhar com a abordagem do ciclo investigativo, por envolver etapas de uma pesquisa. Coordenadores pedagógicos possuem diferentes atribuições nas escolas da Educação Básica e nesta tese considera-se que a realização de um processo formativo com estes profissionais que atuam na Educação Infantil repercutirá no desenvolvimento de práticas docentes voltadas para o letramento estatístico e baseadas nas especificidades das escolas. A temática deste projeto de tese emergiu de estudos prévios e considerou a necessidade de ampliar para todos os Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) da rede de educação do município do Jaboatão dos Guararapes/PE, reflexões e práticas pedagógicas voltadas para o letramento estatístico, reforçando a dimensão formadora da atuação de coordenadores pedagógicos. Em termos gerais busca-se analisar como coordenadores pedagógicos podem contribuir para potencializar práticas docentes voltadas para o letramento estatístico em escolas de Educação Infantil. Em termos específicos busca-se: identificar formas de atuação de coordenadores pedagógicos da Educação Infantil da rede municipal do Jaboatão dos Guararapes; verificar conhecimentos prévios de coordenadores pedagógicos sobre Educação Estatística e elementos do letramento estatístico; promover reflexões com os coordenadores sobre possibilidades pedagógicas que contribuam para o desenvolvimento do letramento estatístico na Educação Infantil; planejar proposta formativa para ser realizada pelos coordenadores pedagógicos junto as professoras dos CMEI, com foco no letramento estatístico; e, analisar a vivência formativa dos coordenadores pedagógicos nos CMEI. A revisão sistemática da literatura embora tenha reforçado a importância da dimensão formativa nas funções do coordenador pedagógico, indicou ausência de estudos relacionados ao trabalho com professores da Educação Infantil que abordassem a Educação Estatística. Com base nos pressupostos da pesquisa-ação, foram aplicados questionários a coordenadoras pedagógicas dos CMEI da rede municipal do Jaboatão dos Guararapes. Em seguida, foram realizados encontros formativos em contextos colaborativos com essas profissionais, acompanhados posteriormente por observações dos processos formativos desenvolvidos por elas nas escolas. Identificou-se a importância dada pela maioria das coordenadoras aos conhecimentos prévios sobre Estatística e sobre a relevância de introduzir esses conteúdos na Educação Infantil. Elas também apresentaram noções de Estatísticas, identificando, por exemplo, informações pontuais em um gráfico e tecendo conclusões com base nos dados. Os momentos de formação proporcionaram reflexões sobre a análise crítica dos dados e a importância de considerar a curiosidade e significados construídos pelas crianças para o desenvolvimento do letramento estatístico com base no ciclo investigativo. Foi necessário o aprofundamento sobre aspectos do letramento estatístico para evidenciar questões críticas que pudessem fazer emergir os componentes disposicionais. Intensificou-se também reflexões sobre desafios e possibilidades de atuação das coordenadoras quanto ao seu papel formativo junto aos docentes nos CEMEI, considerando as inúmeras demandas que surgem no cotidiano escolar. Formações realizadas em contexto colaborativo possibilitaram um trabalho coletivo, contribuindo para a troca de conhecimentos e para consolidar aspectos relacionados à identidade e atuação de coordenadores pedagógicos numa dimensão formativa.

O objetivo desta tese de doutorado foi analisar, sob a ótica da Teoria dos Campos Conceituais, os conhecimentos mobilizados por alunos do 6º ano do Ensino Fundamental acerca da diferenciação e articulação entre o objeto geométrico ângulo e objetos gráficos que permitem representá-lo simbolicamente e entre o ângulo e a grandeza a ele associada - a abertura de ângulo. A discussão sobre ângulo se apoiou nas quatro ideias (par de semirretas, região, rotação e inclinação) propostas por Nicolas Balacheff e em uma revisão sistemática de literatura com artigos, dissertações e teses publicadas de 1990 a 2020, que se debruçaram sobre os processos de ensino e/ou de aprendizagem desse objeto matemático em diferentes níveis escolares. O marco teórico da pesquisa é composto da Teoria dos Campos Conceituais de Gérard Vergnaud e do modelo didático-matemático construído para a área de figuras geométricas planas por Régine Douady e Marie-Jeanne Perrin-Glorian, estendido, por analogia, para a grandeza abertura de ângulo. A metodologia segue as quatro fases da Engenharia Didática da primeira geração segundo Michèle Artigue: análises prévias, concepção e análise a priori, experimentação, e análise a posteriori e validação. Nas análises prévias, não foram identificadas pesquisas que discutam especificamente a grandeza abertura de ângulo. Os trabalhos sobre o objeto geométrico evidenciam dificuldades dos alunos na dissociação entre ângulo e suas representações, reconhecimento de ângulos em posições não habituais e erros associados à priorização dos segmentos orientados que representam as semirretas como critério de comparação da abertura de ângulo. Diante disso, nessa pesquisa, foi esboçado um modelo epistemológico de referência (MER) para o ensino de abertura de ângulo no 6º ano do Ensino Fundamental que toma como focos a diferenciação e a articulação entre objeto geométrico e objeto gráfico, e entre objeto geométrico e grandeza. De modo a complementar esse MER toma-se uma adaptação para a grandeza geométrica abertura de ângulo do estudo de Paula Baltar acerca das situações que dão sentido ao conceito de área. Consideram-se três classes de situações: comparação de aberturas de ângulo, medição de abertura de ângulo e construção de ângulo. Na fase da concepção e análise a priori, elaborou-se um conjunto de 11 atividades. Em cada uma delas foi explicitado o objetivo de aprendizagem visado, bem como possíveis resoluções das atividades, tanto corretas como contendo erros. Na fase da experimentação, vivenciou-se a sequência didática, com uma turma de 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede estadual do Paraná. Na análise a posteriori e validação da Engenharia Didática da primeira geração, os resultados mostram que no decorrer da sequência didática, os alunos foram se apropriando da diferenciação entre objeto geométrico e objeto gráfico, e entre objeto geométrico e grandeza. Nas sessões 1 e 2, além dos conceitos de ângulo e abertura de ângulo, com mais ênfase foram adotados figura geométrica plana, grandeza geométrica, semirretas, vértices e orientação. Esses conceitos foram usados na sessão 3 e outros foram integrados, por exemplo, medida, número, grau e unidade de medida. Ao longo das atividades, as representações contribuíram para provocar a evolução dos conhecimentos dos alunos acerca da associação e distinção entre ângulo e desenho. A sequência elaborada e experimentada revela que os alunos apresentaram progressos em relação aos saberes de ângulo e de abertura de ângulo.

O presente projeto intitulado Práticas pedagógicas e o (re)pensar da formação de professores: possibilidades e desafios no uso das Tecnologias Digitais no ensino fundamental da educação básica no contexto pós- pandemia, objetiva investigar de que maneira a formação docente pode repercutir na inserção de práticas pedagógicas que contemplem o uso das tecnologias digitais no ensino escolar. A pesquisa será de natureza quali-quantitativa e serão recrutados docentes do ensino fundamental de escolas públicas das redes municipais do Recife e de Feira Nova como população do estudo. Será realizada inicialmente uma Revisão Sistemática de Literatura (RSL) e para coleta de dados serão aplicados instrumentos como questionários, entrevistas e grupo focal para discussão do problema em profundidade. O estudo pode trazer forte contribuição para a discussão do processo de formação docente, possibilidade de troca entre os pares, e reflexão sobre a necessidade, possibilidade e as dificuldades relacionadas à integração das Tecnologias Digitas no contexto escolar.

Esta pesquisa tem como questão norteadora a indagação de como os estudantes podem desenvolver estratégias de formulação de problemas algébricos recreativos? O objeto de estudo será a formulação de problemas algébricos recreativos no 9º Ano, tendo como objetivo geral investigar como os estudantes desenvolvem estratégias no processo de formulação de problemas algébricos recreativos na sala de aula. Os objetivos específicos:  investigar como os estudantes concebem a formulação de problemas algébricos recreativos; identificar as estratégias das formulações de problemas algébricos recreativos desenvolvidas pelos estudantes; analisar como será desenvolvido o pensamento algébrico durante o processo de formulação de problemas. A pesquisa foi desenvolvida com estudantes de uma escola da rede pública municipal de ensino em Pernambuco, utilizando como metodologia de pesquisa, a abordagem qualitativa, estudos de caso, de dois estudantes, em atividades de formulação de problemas algébricos recreativos. Estes eram baseadas nos textos, que apresentam o Problema adaptado das Pérolas do Rajá, do livro O Homem que Calculava, de Malba Tahan, O Cavalo e a Mula, do livro de Yakov Perelman. Foram realizadas duas entrevistas semiestruturadas, uma no início da pesquisa e outra após as duas sessões de formulação de problemas algébricos recreativos e um questionário. Fizemos a análise dos dados produzidos com categorias a priori que são as concepções dos estudantes sobre a formulação de problemas algébricos recreativos,  estratégias de formulação dos problemas algébricos recreativos e o desenvolvimento do pensamento algébrico durante o processo de formulação de problemas.      E as categorias a  posteriori, emergiram: Formulação de Exercícios; Distinção entre formulação de problemas e exercícios. Os resultados sugerem, em ambos os casos, que os estudantes, ao utilizarem as estratégias de formulação de problemas, formularam exercícios e ainda não transitaram o seu pensamento matemático da aritmética para a álgebra. As concepções de ambos sobre a formulação de problemas algébricos recreativos diferiram. No caso Marcos, este não tem clareza sobre a álgebra e nem interesse por recreações matemáticas e problemas contextualizados. Por sua vez, Cecília demonstra alguma compreensão sobre a álgebra, se diverte com a Matemática e a vê em contextos.

Esta dissertação tem por objetivo compreender a abordagem matemática e didática em uma coleção de LD de matemática dos anos iniciais do Ensino Fundamental em relação ao saber área de figuras planas. A fundamentação teórica está apoiada na Teoria Antropológica do Didático desenvolvida por Chevallard, no tipo de Organização Didática proposta por Gascón e no modelo de área enquanto grandeza proposto por Douady e Perrin-Glorian e Lima e Bellemain. A metodologia é qualitativa, de cunho documental, que consiste na análise da organização matemática e didática da coleção. Os resultados indicam, dentre as tarefas rastreadas, a predominância nas pertencentes ao tipo T2 (Determinar área de figuras planas), com 56,25% de representatividade, para as quais são aplicadas as técnicas: contagem de superfície unitária e multiplicação dos lados adjacentes. O bloco tecnológico-teórico que prevaleceu foi a aditividade de área e multiplicação, enquanto configuração retangular sob o domínio dos números naturais. Dos seis momentos de estudo foram observados cinco, ficando de fora o momento da avaliação praxeológica. A ênfase da constituição do ambiente tecnológico teórico é no quadro numérico. A institucionalização do saber área na coleção, de forma geral, é considerada enquanto medida, o que pode contribuir para o desenvolvimento de lacunas na aprendizagem do estudante fortalecendo a promoção de concepção numérica. Devido à ênfase de a organização didática dos livros ser no momento exploratório e no trabalho da técnica, caracterizamos a concepção da obra como empirista, ou seja, a aprendizagem ocorre por meio de um processo didático indutivo.

Os estudantes de hoje vivem em um mundo digital, onde a tecnologia desempenha um papel central em suas vidas diárias. Diante dessas transformações e das novas demandas em sala de aula, é imperativo que repensemos as abordagens tradicionais de ensino, especialmente no contexto da Geografia da Natureza ou Física, que muitas vezes se baseia em abstrações, memorização e descontextualização dos conteúdos. Em resposta a esses desafios, diversas pesquisas têm destacado as contribuições dos jogos digitais na educação, com o Minecraft emergindo como uma ferramenta de aprendizagem particularmente promissora. O Minecraft oferece aos alunos a oportunidade de criar, adaptar e explorar ambientes virtuais que refletem aspectos relevantes do conhecimento geográfico. Sua natureza interativa e dinâmica permite uma abordagem mais envolvente e prática no ensino da Geografia, proporcionando uma experiência de aprendizagem que vai além da mera absorção de informações. Nesse contexto, a pesquisa analisou o uso do Minecraft na construção de ambientes virtuais como recurso didático no ensino da Geografia da Natureza no Ensino Médio. Além de analisar e discutir os eixos temáticos da Geografia, Educação Tecnológica e uso do Minecraft, esta pesquisa proporciona uma compreensão aprofundada dos benefícios e possibilidades associados à integração dessa ferramenta inovadora no contexto educacional. Após uma análise detalhada, ficou evidente que o jogo oferece uma experiência educacional única, permitindo-lhes não apenas compreender sobre aspectos geográficos, mas também desenvolver habilidades essenciais, como resolução de problemas, pensamento espacial, criatividade e colaboração. Sua capacidade de simular ambientes tridimensionais e facilitar a criação de mundos complexos reflete um potencial pedagógico extraordinário, capaz de engajar os estudantes de maneira significativa.

Este estudo investiga como professores da Educação Básica se apropriam das competências midiáticas na cultura digital e como essa apropriação afeta positivamente o desenvolvimento das habilidades críticas dos alunos. Os objetivos incluem caracterizar competências midiáticas, identificar estratégias docentes, investigar desafios, analisar impacto e fornecer diretrizes para formação continuada. Os capítulos exploram competências midiáticas, pensamento crítico, análise crítica das mídias e a importância da formação docente em educação midiática. Este estudo visa aprimorar a prática pedagógica dos professores e promover o desenvolvimento crítico dos alunos na era da cultura digital.

Este estudo pretende analisar os conhecimentos docentes para o ensino de Combinatória, mais especificamente no que tange aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Para o alcance desse objetivo, desenvolvemos uma formação continuada, que deu base aos professores desenvolverem suas aulas sobre Combinatória. Participaram do processo de formação seis professores do 4° e 5° anos do ensino Fundamental., A formação teve duração de três dias, na qual foram discutidos...a discussão do conhecimento comum de Combinatória, o conhecimento especializado de Combinatória, o conhecimento de Combinatória e Aluno, conhecimento de Combinatória e Currículo e por fim o Conhecimento de Combinatória e Ensino. Posteriormente a formação, quatro docentes realizaram uma aula sobre Combinatória, que foram observadas e analisadas , Além de participarem de uma entrevista semi estruturada, com o intuito de conhecer as participantes e aprofundar nossas análises sobre os conhecimentos mobilizados no ensino de Combinatória. Na análise dos resultados verificamos os diferentes domínios à luz de Ball, Thames e Phelps com respaldo na teoria dos Campos conceituais de Vergnaud (1986). Percebemos que com esta pesquisa conseguimos pontuar diferentes aspectos sobre cada conhecimento docente no ensino de Combinatória nos anos iniciais. No entanto percebemos que o Conhecimento do Horizonte de Combinatória e o Conhecimento de Combinatória e Currículo, não foram evidenciados durante o processo de ensino, sendo, portanto, discutido a partir das colocações da entrevista. Por fim, acreditamos que o estudo nos possibilitou um vasto conhecimento sobre todos os aspectos do ensino de Combinatória nos anos iniciais, principalmente no que tange o papel do professor na busca da melhoria da aprendizagem desse conteúdo Matemático.

Os avanços tecnológicos e os novos paradigmas educacionais estão possibilitando novas estratégias avaliativas com foco na aprendizagem visível e na participação ativa do aluno com vistas ao sucesso. Ao longo de mais de meio século, tem-se debatido e questionado a autoavaliação da aprendizagem como uma estratégia formativa capaz de ajudar o aluno a monitorar, controlar e regular ativamente o seu processo de aprendizagem com o propósito de alcançar os objetivos de aprendizagem mais adequados. Diante disso, o objetivo deste estudo é analisar as práticas autoavaliativas da aprendizagem no ensino da Matemática e os possíveis artefatos digitais utilizados nas escolas do Município de Jaboatão dos Guararapes à luz da aprendizagem visível. A abordagem qualitativa e exploratória, realizada através das etapas deste estudo nos conduziu para uma compreensão profunda desse fenômeno com foco na experiência dos participantes. O lócus da pesquisa se deu no Espaço de Formação da prefeitura do Jaboatão dos Guararapes e os sujeitos foram os professores de matemática dos anos finais das escolas de tempo integral. Os dados provenientes do grupo focal foram codificados, analisados e interpretados de forma sistemática e organizada por meio dos Ciclos de Codificação de Saldaña que possibilitaram as categorias de análise. Os resultados revelaram que os professores não possuem conhecimento teórico sobre autoavaliação da aprendizagem e aprendizagem visível, e por essa razão, a autoavaliação é tratada como mais um instrumento avaliativo, sem caráter formativo e sem nenhuma intervenção sobre o desenvolvimento da aprendizagem. Também ficou evidente que os professores desconhecem o uso dos artefatos digitais com finalidade autoavaliativa.  Nesse sentido, compreende-se como relevante colaborar com os estudos acerca da autoavaliação da aprendizagem matemática na perspectiva da aprendizagem visível como caminho para melhorar a qualidade da aprendizagem matemática.

Este trabalho tem como objetivo analisar a contribuição de uma História em quadrinhos como recurso didático para o estudo de sequências recursivas e o desenvolvimento do pensamento algébrico, fundamentando-se na Teoria da Objetivação. Assim, nesta pesquisa envolvemos o pensamento algébrico para o estudo de generalizações dos padrões com sequências recursivas para alunos do 8º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública estadual de ensino, localizada na Região Metropolitana do Recife. A atividade proposta foi realizada por meio de tarefas expostas em uma História em Quadrinhos, dividida em 3 etapas, cada uma das etapas com uma sequência recursiva e níveis graduais de complexidade. A teoria na qual nos fundamentamos (a Teoria da Objetivação), utiliza-se de três vetores que caracterizam o pensamento algébrico sendo eles, a indeterminação, denotação e analiticidade, o último, o vetor analítico, o que distingue o pensamento algébrico do pensamento aritmético. Durante a atividade, buscamos focar a nossa análise nas estratégias de resolução das tarefas por parte dos alunos, visto que, é por meio da atividade que o saber ele é materializado, transformado e ampliado, assim, acontece as reflexões por parte dos seres humanos mediadas pelos sentidos. Para a teoria, esses sentidos, são denominados de meios semióticos de objetivação pelo fato da Teoria da Objetivação ser de natureza multimodal, então, foi necessários nos atentarmos aos gestos, desenhos, escritas, movimentos, entre outros meios e, para isso, toda a atividade foi realizada por meio de vídeo-gravação com os 3 grupos (cada um com 3 alunos) que se dispuseram a participar da pesquisa. Apesar da turma do 8º ano ter 49 alunos, apenas 9 participaram e somente 1 grupo com 3 alunas foi analisado, infelizmente, os outros dois grupos, não alcançaram objetivos ideais para a análise, mesmo com todo o acompanhamento por parte da professora pesquisadora, do trabalho lado a lado com os alunos, fatores internos e externos do ambiente da sala de aula dificultaram o desenvolvimento da pesquisa com os dois grupos que a análise não foi realizada. Contudo, entendemos que colaboramos por meio da pesquisa, na reflexão do uso dos padrões de generalização para além da sala de aula.

Esta pesquisa buscou compreender como backgrounds e foregrounds influenciam estudantes do ensino médio da modalidade de Educação de Jovens e Adultos do Campo (EJA Campo) na tomada de decisão em situações financeiras. Buscamos conhecer os backgrounds e os foregrounds dos estudantes de uma escola do município de Lagoa do Carro, Pernambuco; suas percepções sobre Educação Financeira; identificar as temáticas de Educação Financeira que consideram importantes e como se posicionam em situações de Educação Financeira. Utilizamos como fundamentação teórica a Educação Matemática Crítica, de Ole Skovsmose. A pesquisa, de natureza qualitativa, contou com a participação de oito estudantes em entrevistas semiestruturadas para conhecer sua história de vida do campo, escolar e financeira, além de responderem a três situações de Educação Financeira que solicitavam tomadas de decisão relativas ao consumo, planejamento e uso do dinheiro. Constatamos diversos motivos que levaram esses estudantes a interromper os estudos e que, de forma geral, reforçam a percepção do campo como lugar precário (falta de oferta da educação básica e falta de transporte público, por exemplo). A permanência nos estudos foi justificada a partir da necessidade de conclusão do ensino médio e do desejo de cursar uma faculdade, com objetivo de melhores empregos e qualidade de vida. A maioria dos estudantes não percebe na vida do campo possibilidades de futuro promissor, baseados em seus backgrounds, e apresentam, em seus foregrounds,intenções de sair do campo. Em relação à Educação Financeira, há um grande desconhecimento, com a maioria dos estudantes não lembrando de ser abordada na escola. Nas situações de educação financeira abordadas foi possível notar como background e foreground se conectam, observando-se a mobilização de sonhos como alteridade (ajudar e cuidar dos filhos, pais e família), possibilidade (fazer faculdade e cursos técnicos), fruição (carro, moto, viagens) e necessidade (moto para deslocamento, consertar o telhado, melhorar a casa em que se vive e pagar as dívidas). Defendemos maior importância da Educação Financeira no currículo escolar, com diálogo com as demandas da comunidade, contribuindo para a compreensão da realidade e das possibilidades de cada sujeito atuar nas suas próprias histórias e para a transformação social.

O objetivo geral da presente pesquisa é analisar a conversão de situações-problema mistas para expressões numéricas e o seu tratamento nos livros didáticos de matemática de 5° e 6° anos do Ensino Fundamental. Para fundamentação e desenvolvimento desta dissertação foram utilizadas duas importantes teorias. A primeira é a Teoria do Registro de Representação Semiótica (DUVAL, 1995), que versa sobre a importância das atividades cognitivas de tratamento e conversão utilizadas para a representação de registros semióticos dos objetos matemáticos. A segunda é dos Teoria dos Campos Conceituais (Vergnaud, 1996), a qual nos auxiliou na classificação das situações-problema encontradas nos livros didáticos de acordo com as estruturas aditivas (composição, transformação e comparação) e estruturas multiplicativas (isomorfismo de medidas: proporção simples e proporção múltipla. Produtos de medidas: comparação multiplicativa). A metodologia utilizada foi do tipo quantitativa e de análise documental. Investigamos nos livros didáticos de matemática de 5º e 6º anos do ensino fundamental, aprovados respectivamente pelo PNLD 2023 (anos iniciais) e PNLD 2020 (anos finais) e adotados pela rede de ensino dos municípios da Região Metropolitana do Recife - RMR a abordagem sobre o conteúdo de situações-problema envolvendo as quatro operações matemáticas e a utilização das expressões numéricas como tipo de representação de um objeto matemático.

Nesta tese nos dedicamos a responder ao seguinte questionamento: de que maneira as inter-relações presentes entre as políticas públicas de inclusão digital e o uso das tecnologias digitais nas escolas do campo podem considerar o uso dessas tecnologias como elementos de construção de cidadanias nesses territórios? Defendemos a tese de que as inter-relações que ocorrem entre as políticas de inclusão digital e o uso das tecnologias digitais nas escolas do campo têm se ancorado no modelo colonialista de controle social, ocorrendo descontextualizadas do território campesino e desarticuladas da construção das cidadanias, assumindo um formato de colonialismo digital nesses territórios. Nessa direção, tomamos como objetivo geral analisar as inter-relações entre as políticas públicas de inclusão digital e o uso das tecnologias digitais nas escolas do campo voltadas para a construção de cidadanias nesses territórios. Os objetivos específicos que nortearam a construção da tese foram: mapear o cenário da pesquisa sobre a inclusão digital nas escolas do campo; descrever as políticas de inclusão digital voltadas para as escolas do campo; analisar as práticas de uso contextualizadas das tecnologias digitais propostas para as escolas do campo presentes nas políticas de inclusão digital; e identificar as limitações de uso das tecnologias digitais voltadas para a construção das cidadanias no território epistêmico das escolas do campo. Esta pesquisa se vale da abordagem teórico-metodológica das Epistemologias de Sul (SANTOS, 2010). Enquanto campo de pesquisa, tivemos a participação de trinta escolas campesinas da Rede Municipal de Ensino da Vitória de Santo Antão (RMEVSA), Pernambuco, e, para o desenvolvimento da pesquisa, contamos com participação dos gestores do Núcleo de Tecnologia Municipal (NTM), juntamente com os/as professores/as, professores/as responsáveis e gestores/as das escolas campesinas da Rede. As fontes da pesquisa possuem duas naturezas: a) global, constituída a partir do mapeamento sistemático para a ampliação do conhecimento e produção da discussão referente ao objeto de estudo; e b) local, através dos questionários, das entrevistas e da análise do Plano de Inovação Tecnológica da Vitória de Santo Antão (PLIVSA), enquanto política de inclusão digital local implementada pelo NTM. Para a análise dos dados, utilizamos os ciclos de Saldaña (2013) complementada pelo uso do software Atlas.TI. Os resultados mostram que as políticas de inclusão digital voltadas para as escolas do campo, na RMEVSA, ainda têm se ancorado no modelo colonialista de controle social, ao proporem um uso das tecnologias digitais numa perspectiva utilitarista e de atendimento ao modelo hegemônico e capitalista de consumo. Isso ocorre de forma descontextualizada do território campesino e desarticulada de suas territorialidades, limitando o fomento de ações que visam a construção das cidadanias nestes territórios, a partir do uso das tecnologias digitais.

Esta Tese se costurou com o objetivo principal de analisar como se dá o movimento
de (re)configuração da Identidade Profissional (IP) de Professores que Ensinam
Matemática (PEM) no contexto de um Grupo de Estudos sobre Educação
Probabilística. Para tanto, desenvolveu-se um processo de Pesquisa-Formação no
contexto desse grupo, o qual foi instituído na parceria entre a Universidade de
Pernambuco campus Petrolina – PE, 11 PEM de escolas públicas desta cidade e
licenciandos em Matemática. Nos assentamos nos constructos teórico-
metodológicos e epistemológicos da IP e, particularmente, da IP de PEM como uma
perspectiva de Formação Continuada pautada em um conjunto de ações e práticas
coletivas/colaborativas. O corpus empírico foi constituído pelas produções narrativas
(orais, escritas, pictóricas, etc.) dos 11 PEM, em 12 encontros do grupo, em 2022.
Os dados foram analisados a partir da apreensão das significações que emergiram
do corpus, à luz dos macrodomínios que caracterizam a IP de PEM, donde foram
evocados 21 Indicadores e sete Núcleos de Significação, ao longo dos três estudos
que compõem a Tese. O Estudo 1 evidenciou as condições (auto)heterobiográficas
dos PEM e o modo como seus percursos precedentes na docência em Matemática
revelaram quem são e como se reconhecem pessoal e profissionalmente como
PEM. O Estudo 2 revelou a primazia de como os estudos em Educação
Probabilística permitiram aos PEM (re)ver suas crenças e concepções, se
autoconhecerem, se emocionarem e se vulnerabilizarem diante de incidentes
críticos, mas sobretudo, agenciar práticas outras, pautadas nos compromissos
morais e sociopolíticos a partir do ensino de Probabilidade, para além dos jogos de
azar. O Estudo 3 trouxe um balanço das Trajetórias de Aprendizagem
(re)construídas no grupo como (novas) percepções e repertórios mobilizados,
sobretudo, pela assunção das educabilidades pela Probabilidade como um devir. A
análise globalizada entre os sete Núcleos evidenciaram os principais aspectos das
práticas e das ações do grupo assente em um conjunto de macrodomínios, os quais
indiciaram que os movimentos de (re)configuração da IP de PEM se dão a partir de
ações e práticas que a toma como perspectiva formativa em contextos mediados
pelas relações de coletividade/colaboração docente. Contudo, a que se romper com
os cânones formais de enxergar os professores apenas como receptáculos de
conhecimentos.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem sido pauta recorrente no contexto educacional provocada pelo aumento considerável de diagnósticos. Os estudos que abordam a Educação Matemática Inclusiva com estudante autista incluído em sala de aula comum, trazem aspectos voltados para o uso de elementos não verbais e elementos visuais como uma tecnologia assistiva e como uma comunicação alternativa para lidar com autistas. Essa pesquisa teve como objetivo analisar a potencialidade de representações visuais (gráficos de barras) como estratégia de apropriação de informações por estudantes autistas incluídos em turmas do 5º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Especificamente, esta pesquisa objetiva investigar o que coordenadores de educação inclusiva de municípios pernambucanos relatam sobre o contexto escolar e o ensino de Estatística para estudantes autistas nos anos iniciais do Ensino Fundamental; analisar o que os sujeitos do contexto escolar (professor do Atendimento Educacional Especializado — AEE e professor da sala de aula comum) demonstram saber e avaliar sobre o ensino de Estatística para estudantes autistas nos anos iniciais do Ensino Fundamental; e por fim, elaborar, desenvolver e analisar uma proposta didática para a interpretação e construção de gráficos de barras em sala de aula comum que tenha estudantes autistas. Para contemplar os objetivos do trabalho, conforme os princípios da Design Based Research (DBR) buscamos identificar e definir o problema de pesquisa, analisando a perspectiva dos coordenadores municipais de Educação Inclusiva e professores de sala de aula comum e de Atendimento Educacional Especializado. Realizamos ciclos iterativos de intervenção e analisamos com o grupo de especialistas. Ficou evidente que os estudantes autistas de nível de suporte leve apresentaram desempenho semelhante aos demais estudantes. A realização de ciclos com estudantes de nível 2 de suporte foi impossível, uma vez que a ausência de dados das secretarias e a frequência irregular desses alunos não possibilitou a investigação. Ficou explícito que há muito a ser desenvolvido no campo educacional para que, de fato, sejam propostas intervenções didáticas que incluam autistas na escola e na sala de aula comum.

Esta pesquisa teve por objetivo analisar, do ponto de vista matemático e do ponto de vista cognitivo, as apreensões relacionadas ao número racional em seu significado parte-todo a partir da utilização de dois caminhos distintos (um com escritas simbólicas e outro com material manipulável) para realizar conversões envolvendo suas representações fracionárias e percentuais. O estudo, cuja fundamentação foi a Teoria dos Registros de Representação Semiótica - TRRS de Raymond Duval, adotou um percurso metodológico que utilizou alguns aspectos da pesquisa do tipo experimental, tais como a definição do objeto de estudo (apreensões relacionadas ao número racional), a seleção de variáveis que poderiam influenciar o objeto (utilização de dois caminhos para converter uma representação fracionária em uma representação percentual) e a forma de controle e observação dos efeitos dessa influência. A investigação se deu em duas turmas do 6º ano do ensino fundamental de uma escola da rede pública da cidade do Recife. Os resultados indicaram que o caminho de conversão com o material manipulável foi, do ponto de vista cognitivo, mais profícuo que o caminho de conversão com as escritas simbólicas, sobretudo, no que concerniu à produção de representações mentais que auxiliaram os participantes na criação de estratégias matematicamente viáveis para a resolução de atividades que envolveram a conversão no sentido oposto, a percepção da parte em relação ao todo na representação e a comparação entre os tamanhos de partes representadas.  

Esta pesquisa busca discutir o ensino da Educação Financeira (EF) a partir de uma perspectiva transversal às áreas do conhecimento. Assumimos o caráter crítico que a temática deve receber ao ser abordada no ambiente escolar, por meio de relações para além do domínio de técnicas e conceitos da Matemática Financeira, o que entendemos por Educação Financeira Escolar. O estudo está pautado teoricamente nas discussões de Sacristán acerca do currículo e as diversas influências que esse recebe desde a sua concepção até a prática efetiva em sala de aula. O objetivo geral foi analisar o ensino da Educação Financeira Escolar no Ensino Médio, de forma transversal às áreas do conhecimento, a partir de documentos curriculares oficiais (currículo prescrito), livros didáticos (currículo apresentado) e planejamentos elaborados por professores (currículo moldado). De forma específica objetiva-se: 1) Identificar prescrições para o trabalho com a Educação Financeira Escolar relacionada às áreas do conhecimento no Ensino Médio em documentos curriculares oficiais. 2) Analisar se e como a Educação Financeira Escolar está presente em livros didáticos das áreas do conhecimento aprovados pré e pós BNCC para o Ensino Médio. 3) Investigar como professores das áreas do conhecimento no Ensino Médio propõem a abordagem da temática. Como procedimentos metodológicos, a pesquisa está estruturada em três estudos interrelacionados. No primeiro realizamos a análise de documentos curriculares nacionais e do estado de Pernambuco para identificar possibilidades de relações explícitas ou implícitas com a EF nas expectativas de aprendizagem, competências e habilidades para cada área que os compõem. O segundo estudo corresponde ao mapeamento de atividades e situações de EF em coleções de livros didáticos aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) nos anos de 2018 e 2021, edições pré e pós publicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a consequente obrigatoriedade da EF nos currículos e materiais didáticos para Educação Básica. Por fim, no terceiro estudo realizamos uma entrevista semiestruturada com um grupo de oito professores do Ensino Médio, dois de cada área do conhecimento, além da construção de um plano de aula em que a EF seja abordada de maneira relacionada com conteúdos e/ou conhecimentos das respectivas áreas. Enquanto resultados, destacamos que, de maneira geral, nos documentos curriculares (currículos prescritos) as relações com a EF acontecem de maneira implícita, o que exige do professor um olhar atento às possibilidades de relacionar a temática com sua área de atuação. No que diz respeito aos livros didáticos (currículo apresentado) destacamos, principalmente, o avanço qualitativo nas atividades da área de Matemática quando comparamos os materiais aprovados no período pré e pós BNCC. No entanto, os conhecimentos docentes em relação a temática ainda demonstram estar voltados para uma perspectiva utilitarista e mercadológica da EF enquanto ferramenta para administração das finanças pessoais. As poucas vezes em que acontece menção a uma postura mais crítica e reflexiva, não parece ser intencional. Como considerações, salientamos a necessidade de alinhamento entre o que está proposto nos documentos e livros didáticos e a prática em sala de aula por meio do desenvolvimento de políticas públicas de formação de professores das diferentes áreas para que a temática seja tratada realmente de maneira transversal e significante para a formação dos estudantes, visando contribuir com a construção de uma consciência crítico-social também por meio da Educação Financeira Escolar.

A presente pesquisa teve o objetivo de investigar o que estudantes do 3º ano do Ensino Médio (16/17 anos de idade) sabem e podem aprender sobre Amostragem, Curva Normal e suas relações. Nos apoiamos no modelo de Letramento Estatístico e Probabilístico proposto por Gal (2002, 2005) e no modelo de Ciclo Investigativo elaborado por Guimarães e Gitirana (2013). Em termos metodológicos, para alcançar o referido objetivo, traçamos 4 estudos inter-relacionados, dos quais os três primeiros deram base para a realização do último. No estudo 1, analisamos o que tem sido proposto sobre Amostragem, Curva Normal e suas relações nos livros didáticos aprovados pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático 2021(Livro de Projetos e Livros de Conhecimento). No estudo 2, investigamos o que foi proposto nas questões da prova de Matemática e suas Tecnologias do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2022 referente a esses dois conceitos e suas relações. Já no estudo 3, identificamos os conhecimentos iniciais de estudantes do 3º ano do Ensino Médio sobre a referida temática. Na sequência, realizamos um estudo experimental que contemplou uma intervenção de ensino para analisar a contribuição dos diferentes recursos (Lápis e papel e o software Geogebra) para a aprendizagem de Amostragem e Curva Normal de forma articulada. Os resultados do estudo 1 revelaram que tanto os livros de projetos quanto os de conhecimento oferecem propostas interessantes para o ensino de Estatística e Probabilidade, principalmente na análise e realização de pesquisas estatísticas. Os livros de projetos exploram dados reais na maioria das situações, promovendo uma compreensão mais profunda do contexto social. No entanto, há uma ausência de discussão sobre seleção de amostra e representatividade, priorizando análises descritivas em detrimento da abordagem de tópicos da inferência estatística. Os livros de conhecimento, por outro lado, exploram mais dados fictícios e enfatizam o cálculo de medidas estatísticas carecendo, também, de uma abordagem sobre amostragem e Curva Normal de forma articulada. No estudo 2 verificamos que nenhuma questão analisada do ENEM explora o conceito de Amostragem e nem da Curva Normal. As questões que envolvem a Estatística têm uma abordagem voltada apenas para o cálculo de medidas de centralidade e as que exploram a probabilidade abordam unicamente o significado de probabilidade enquanto razão clássica, com predominância nesses dois casos de dados fictícios. Por meio do estudo 3, constatamos inicialmente que os estudantes apresentaram lacunas sobre a compreensão da representatividade da amostra, incluindo a variabilidade amostral e os métodos de amostragem, como também, no modelo da Curva Normal, contemplando sua representação gráfica e propriedades. Em acréscimo, evidenciou-se fragilidades na compreensão da relação entre a distribuição das médias amostrais com os parâmetros populacionais, pautada no Teorema Central do Limite que relaciona a Amostragem com a Curva Normal. Entretanto, o estudo experimental revelou que a intervenção de ensino realizada desempenhou um papel significativo na aprendizagem dos conceitos relacionados à Amostragem e à Curva Normal, bem como na articulação entre esses conceitos. Os recursos, tanto o lápis e papel, quanto o software Geogebra contribuíram significativamente para o desenvolvimento das atividades e a construção do conhecimento. Dessa forma, acreditamos que a realização dessa pesquisa possibilitará importantes discussões e reflexões sobre o processo de ensino e aprendizagem da Amostragem e da Curva Normal no 3º ano do Ensino Médio, propiciando a ampliação das possibilidades didático-pedagógicas para a realização desse processo com vistas a favorecer, aos estudantes, o desenvolvimento do Letramento Estatístico e Probabilístico (Gal,2002,2005) relativo a esses conceitos e dos fenômenos e situações do nosso cotidiano que comumente explicitam seus fundamentos e relações.

A mobilização para esta tese parte das evidências, apontadas na literatura e
observadas na vivência pessoal e profissional da pesquisadora, que mostram que
ainda há um hiato na participação de estudantes de Mestrado e Doutorado em
atividades acadêmicas em Língua inglesa, o que se configura como uma fragilidade
no contexto da vida dos alunos e da Universidade. Em face dessa problemática,
concebemos como objetivo geral da pesquisa investigar o contexto de ensino e
aprendizagem de Língua inglesa on-line, no âmbito da Pós-graduação, para
desenvolver um conjunto de diretrizes pedagógicas com foco nas necessidades
reais dos estudantes e das Universidades públicas, e buscamos responder às
seguintes questões de pesquisa ‘Quais as necessidades reais em relação ao uso do
idioma no âmbito da Pós-graduação?’ ‘Especificamente, quais são os aspectos
pedagógicos, considerando abordagens, métodos, formato, dinâmicas e recursos,
que devem integrar um processo de ensino e aprendizagem de Língua inglesa a
distância?’. Para tanto, foi conduzida uma pesquisa qualitativa, fundamentada na
Design-Based Research, na qual foram realizadas fases com estudantes,
especialistas e utilizando documentos institucionais de modo a identificar as
especificidades do contexto, propor e refinar uma solução educacional para o
desafio identificado. Alicerçando-nos na perspectiva sócio-histórico-cultural a partir,
principalmente, de Dewey e Vygotsky, nas contribuições da educação a distância em
diálogo com o processo de ensino e aprendizagem de Língua inglesa e nos
conceitos de (multi)letramentos e de multimodalidade e multimídia, suscitamos a
hipótese de que um processo voltado para a realização de uma atividade acadêmica
da vida real, e em uma perspectiva multimídia e multimodal, seria mais adequado
para a realidade da Pós-graduação, considerando os estudantes e também as
questões institucionais. Os dados foram coletados por meio de questionário,
entrevista, pesquisa documental e grupo focal e foram analisados através da
codificação por ciclos de Saldaña (2013), fazendo um confronto com a teoria. Após
as análises, foi possível confirmar a tese levantada para o estudo e as respostas às
questões de pesquisa foram traduzidas em diretrizes pedagógicas, dentre as quais
destacamos: aprendizagem contextualizada com a realização de uma atividade real,
associação entre aspectos de algumas abordagens e teorias de aprendizagem,
mediação do professor, variação de mídias, recursos e atividades, aprendizagem
colaborativa, desvinculação da perspectiva de formalidade do currículo, modalidade
híbrida, aporte tecnológico de fácil acesso, usabilidade e adesão orçamentária e
afetividade e empatia. O principal resultado desta pesquisa são esses aspectos
didático-metodológicos, estruturais e tecnológicos que compõem o conjunto de
diretrizes. Ademais, foram elencadas sugestões de atividades e materiais e nomes
de ferramentas e recursos. Sem a intenção de apontar uma solução educacional
pronta e engessada, esperamos que as diretrizes resultantes deste estudo possam
ser refletidas para serem adaptadas, ressignificadas, complementadas e utilizadas
em outros cenários, apoiando a oferta de processos de ensino e aprendizagem que
melhor dialoguem com as necessidades dos estudantes e das universidades e que,
assim, possam potencializar a atuação discente em vivências sociais acadêmicas
reais em Língua inglesa.

A presente pesquisa de tese foi desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa Mídias Digitais e Mediações Interculturais (MDMI), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC), na linha de pesquisa Educação Tecnológica, e analisa o que emerge das narrativas transmidiáticas de estudantes do ensino médio quando usamos canções brasileiras para falar de feminismos. Como objetivos específicos trazemos os seguintes pontos: 1) Verificar exemplos do uso de narrativas transmidiáticas na educação; 2) Identificar exemplos da  utilização da canção popular para fins pedagógicos na discussão sobre feminismos; 3) Caracterizar as produções das (dos) estudantes a partir dos indicadores avaliativos de competências transmidiáticas; e 4) Analisar as narrativas transmidiáticas feministas resultantes das intervenções propostas a partir dos indicadores avaliativos de competências transmidiáticas. Essa é uma pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e com objetivo exploratório. Como procedimento técnico, optamos pelo método cartográfico. As (Os) participantes dessa pesquisa foram jovens da 3ª série do ensino médio de uma escola de referência da rede estadual de educação de Pernambuco. Os dados coletados foram as produções e falas das (os) estudantes durante as intervenções realizadas na escola-campo de pesquisa e foram analisados a partir da metodologia de codificação por ciclos de Saldaña (2021) à luz dos indicadores avaliativos de competências transmidiáticas sistematizados por Silva (2022). Os resultados da pesquisa confirmaram a tese de que propor a ampliação das narrativas transmidiáticas feministas com origem em canções brasileiras faz crescer os repertórios culturais das(os) estudantes e traz ao coletivo de jovens a possibilidade de conhecer, nomear e enfrentar problemas que as próprias estudantes e outras mulheres em seus entornos convivem todos os dias.  

Este estudo tem por objetivo analisar como os docentes em formação continuada percebem o uso de tecnologias no desenvolvimento de suas práticas pedagógicas na perspectiva da gratidão como pedagogia. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, exploratória e descritiva, do tipo estudo de caso, com método pesquisa ação participante com instrumentos de coleta de dados documental. A análise de conteúdo de Bardin (2011) foi o método utilizado para o tratamento dos dados  e os achados revelaram que a percepção dos/as docentes sobre gratidão como pedagogia na formação continuada possibilita florescer múltiplos sentimentos como gratidão, paixão, alegria, magia, encantamento, emoção, afeto, pertencimento, envolvimento, resiliência, renovação, esperança, transformação, superação e inspiração, além de permitir  pequenos fluxos afetivos em sala de aula, assim como o aprender seja um lugar de transitar na companhia do outro, sendo um caminho, processo, experiência, prática  provocadora inovadora de uma aprendizagem que possibilita equidade e polinização de saberes. Ao analisar como os docentes percebem o uso das tecnologias no estado de preparação a partir da gratidão como pedagogia, verificou-se que dentre 18 respostas dos professores do formulário da missão 8,  7 apontaram para atitude íntima e 11 para reflexão sobre a prática nas seguintes dimensões apontadas: Olhar para si (autocuidado); Deixar-se envolver sem pré-julgamento; Poder de atrair sentidos, emoções e pensamentos; Atividade que requer atenção e concentração; Novas formas de aprender autorregulada; Não se preocupar com a expectativa do outro, é sobre você; Preparação do que há de vir através de tecnologia envolvente; Reflexão e mudança de atitude; Compreensão do impacto que o uso da tecnologia promove com a gratidão como pedagogia; Conexão mais profunda consigo e com o outro; Maior autoconsciência possibilita uma sala de aula e relacionamentos florescentes; Engajamento e motivação através de um app sensível às vivências reais; Tecnologia humanizada com inputs de conexões consigo e com o outro.

Essa pesquisa teve como objetivo investigar as contribuições de um processo formativo de professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental no município do Ipojuca/PE considerando os diferentes tipos de conhecimento do professor para o ensino de Estatística, tendo a pesquisa como eixo estruturador do ensino. Para tal, temos como aporte teórico o modelo de Letramento Estatístico proposto por Gal (2002), o modelo de Ciclo Investigativo elaborado por Guimarães e Gitirana (2013) e os diferentes tipos de Conhecimentos apontados por Ball, Thames e Phelps (2008). Foram desenvolvidos três estudos articulados entre si. No estudo 1, foram analisados os documentos normativos (BNCC, currículo de Pernambuco e do município do Ipojuca) e a coleção didática de Matemática utilizada no município. Foi observado que os documentos curriculares valorizam a pesquisa e a função da estatística, aproximando-se do Letramento Estatístico. A coleção de Matemática utilizado no município traz como orientação ao professor apenas descrição das atividades, o que não orienta ou amplia o trabalho do professor. Em relação as atividades de estatísticas observaram-se baixa incidência de atividades envolvendo elaboração da questão, classificação dos dados e conclusão e, infelizmente, a maioria das atividades envolve dados fictícios, o que indica que os alunos serão pouco estimulados a refletirem sobre a realidade. No estudo 2, levantamos o perfil dos professores e investigamos o que sabiam sobre ensino de estatística, a partir de um questionário no google form. Foi observado que a maioria não teve formação para ensino de estatística e apresenta lacunas relacionadas ao Conhecimento Comum de Estatística. No estudo 3, a partir desses dados, ou seja, dos materiais curriculares e didáticos utilizados pelos professores, associado a seus conhecimentos e experiencia com o ensino de estatística, desenvolvemos um processo formativo. Esse processo de formação continuada com todos os professores de matemática do 6º ao 9º ano do município, teve a pesquisa como eixo estruturador e envolvendo os diferentes tipos de conhecimentos do professor. Ficou evidenciado dificuldades relacionadas ao Conhecimento Especializado de Estatística e dificuldades apresentadas em relação ao Conhecimento Horizontal de Estatística que acabam levando a rejeição do currículo prescrito ou o Conhecimento de Estatística e Currículo direcionando o trabalho em sala de aula a partir das atividades propostas apenas com base no livro didático. Ficou notório que existe uma dificuldade apresentada pelos docentes em reconhecer a função da estatística e não apenas os cálculos matemáticos, exigindo dos professores um processo de revisão e ampliação de seu repertório de conhecimento. Apresentam uma postura tradicional em relação ao Conhecimento de Estatística e Alunos, levando-os a acreditar que o aluno só sabe o que eles ensinaram de forma linear e bem dosada. Sobre o Conhecimento do Conteúdo de Estatística e Ensino, pouco percebemos a mobilização da maioria dos docentes na busca de compreender as dificuldades que podem existir entre os estudantes e o conteúdo. Apesar da avaliação bem positiva sobre a formação realizada pelos profissionais, valorizando a aprendizagem sobre o que é pesquisa e como pode ser conduzida em sala de aula, a maioria teve uma participação discreta durante os encontros. Finalmente, foi levantado por eles muitas inseguranças para apresentar seus conhecimentos sobre um determinado conteúdo, de modo a compartilhar com os pares e, por isso, não costumam se envolver nos processos formativos. Assim, é fundamental haver processos formativos que evidenciem para o grupo de professores a pertinência de aprendizagens colaborativas entre eles. Acreditamos que essa pesquisa possibilitará importantes discussões sobre processos de formação de professores referente ao ensino de Estatística, que favoreça uma atitude analítica e crítica do mundo físico e social, ampliando os conhecimentos do grupo sobre o conteúdo e suas formas de ensino.

Essa pesquisa tem por objetivo desenvolver um aplicativo para a compreensão da Síndrome Metabólica (SM), numa proposta interdisciplinar, apoiada na teoria da complexidade. A SM compreende um conjunto de condições como: obesidade abdominal, hipertensão arterial, níveis elevados de glicose no sangue, altos níveis de triglicerídeos e baixos níveis de colesterol HDL, aumentando o risco de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Os estudos teóricos de Morin e da Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) apoiaram o desenvolvimento deste aplicativo gamificado. A metodologia empregada foi a Design Based Research (DBR), que une os princípios de design e métodos com rigor científico na criação de produtos, com a participação de colaboradores multidisciplinares. Foram aplicados dois ciclos iterativos, sendo o primeiro com 4 docentes especialistas (gamificação, tecnologia, ensino de Biologia) e o segundo dividido em dois grupos: 10 docentes das diferentes áreas da Biologia/Saúde e 9 discentes de uma turma do 2º período de Biomedicina. As reflexões geradas pelas alternâncias dos ciclos iterativos, com aplicação de um questionário semiestruturado, possibilitaram a busca pela melhor solução. A análise de dados foi realizada a partir do Ciclo de Saldaña (2013), com o apoio do software Atlas Ti. No primeiro ciclo iterativo da DBR evidenciou estar incompleto, porém com potencialidade para um recurso didático-pedagógico, cujos pontos negativos, das categorias, funcionais, pedagógica e conceitual, foram: avaliação sem clareza, excesso de texto, metodologia sem clareza, interface não intuitiva, interdisciplinaridade insuficiente e contextualização ausente. A segunda versão foi ajustada com: interação docente-discente, mais uso de linguagem imagética, inclusão da ABP, substituição da Rota Sedentarismo para Rota Social, refazer diferentes níveis de complexidade, mudança na interface e atualização do uso da plataforma Genially para a versão paga. No segundo ciclo iterativo da DBR foi dividido em dois grupos. Com os docentes o artefato foi considerado original e criativo, Rotas com interdependência e independência, porém com os seguintes pontos negativos: layout confuso, muitas informações, sobrecarga visual, interface não intuitiva, navegação confusa, links desativados, dimensão de vídeo inadequado, Genética insuficiente, termos em desuso, feedback entre rotas confuso. Quanto ao uso do artefato para o ensino, dos 10 docentes, 7 responderam que usariam e 2 marcaram talvez, destacando seu uso como introdução de conteúdo, revisão de conteúdo e atividade prática nas disciplinas de Genética, Fisiologia e Bioquímica. Com os discentes, o artefato foi considerado original com valorização a criatividade e que é útil para aprendizagem, por trazer compreensão sobre integração metabólica, porém com os seguintes pontos negativos: layout confuso, navegação confusa, muitas informações, uso não intuitivo. Foi sugerido diluir tarefas, otimização de uso intuitivo, inserir conteúdo introdutório. Quanto ao uso para aprendizagem, 2 responderam que usariam e 7 responderam talvez. A versão final apresenta um mapa de navegação interativo com adição de uma videoteca e biblioteca, separação dos minijogos nos percursos das Rotas, adição do conceito sobre herança complexa e layout com iconografia definida, deixando mais intuitivo e dinâmico. O Sindrômeta terá impacto nas aprendizagens de formações de docentes (Licenciatura em Biologia) e profissionais da saúde, bem como em cursos de formação continuada.

Esta pesquisa teve como objetivo desenvolver um protótipo de uma versão digital do Jogo do Nim em sua modalidade com Uma Pilha, alinhada metodologicamente pela Engenharia Didático-Informática (EDI). O Jogo do Nim foi um dos primeiros jogos a ser estudado matematicamente e teve sua primeira publicação científica por Bouton (1901). Trata-se de um jogo simples por meio do qual podem ser trabalhados diversos conhecimentos matemáticos. Para desenvolver sua versão digital, três objetivos específicos foram estabelecidos: (a) Analisar o Jogo do Nim sob a ótica das Dimensões Epistemológica, Cognitiva e Didática, integrando a dimensão Informática de modo a estabelecer funcionalidades para o protótipo; (b) Realizar a prototipação e a validação da versão digital do Jogo do Nim com Uma Pilha, baseadas no modelo de processo de software proposto pela EDI; (c) Identificar as potencialidades e limitações metodológicas da utilização do modelo de processo de software desenvolvido por meio da EDI no Jogo do Nim com Uma Pilha. O percurso metodológico foi realizado a partir dos ciclos “analítico-hipotético” e “hipotético-experimental”, propostos pela EDI, assim como a partir de uma Revisão Sistemática de Literatura relativa à temática do Jogo do Nim. Como resultados desta pesquisa, apresentou-se a caracterização de jogos combinatórios na Educação Matemática apresentando a Teoria dos Jogos Combinatórios com o intuito de reduzir jogos matemáticos ao Nim. Além disso, foi apresentado uma articulação entre a Teoria das Situações Didáticas com os Jogos Combinatórios. Também foi mostrado como resultado o Jogo do Nim digital desenvolvido em duas plataformas – Scratch e Jamboard – a partir da vivência em uma disciplina do mestrado e da aplicação de uma oficina em um evento científico. Com isso, o modelo de processo de software utilizado, a EDI, possibilitou um percurso metodológico satisfatório para a produção de uma versão digital do Jogo do Nim.

As relações étnico-raciais é um tema complexo que envolve diferentes aspectos, entre os quais incluem-se aqueles vinculados aos processos educacionais. Nesse sentido, a escola pode constituir-se num importante espaço de aprendizagens a partir de reflexões e ações que valorizem a diversidade cultural, bem como proporcione a desconstrução de discursos e práticas educativas que silenciam ou estereotipam pessoas de diferentes origens étnicas e culturais. No Brasil a Lei 10.639/03 determina o ensino de conteúdos referentes à História e Cultura africana e afro-brasileira no âmbito de todo o currículo escolar, incluindo a área de matemática. Esta pesquisa teve o objetivo de analisar com professores da Educação Básica possíveis articulações entre o ensino de Matemática e a Lei 10.639/03 das relações étnico-raciais. Este estudo teve uma abordagem qualitativa, a qual desenvolveu-se com a participação de professores dos anos finais do Ensino Fundamental que ensinam Matemática em escolas públicas do estado de Pernambuco e do Ceará. Para produção de dados foram utilizados dois procedimentos metodológicos: entrevista semiestruturada e um processo formativo, ambos realizados na plataforma Google Meet, a qual permitiu o registro em vídeo e áudio das situações de pesquisa. Entrevistaram-se 11 docentes, sendo 4 deles atuavam em escolas de Pernambuco e os outros professores lecionavam em escolas do Ceará. Na segunda etapa, realizaram-se encontros formativos com a participação de 8 docentes que havia sido entrevistados. Os professores foram distribuídos em 2 grupos, conforme a disponibilidade de dia e horário para participarem dos encontros. Cada grupo foi composto por 4 docentes. Os componentes do grupo 1 eram todos do Ceará, enquanto o grupo 2 possuía um componente de Pernambuco e 3 do Ceará. As análises das entrevistas evidenciaram que na formação inicial e continuada, a maioria dos professores não teve oportunidades para aprofundar sobre a Lei 10.639/03, a educação das relações étnico-raciais, nem sobre suas possíveis associações com ensino de Matemática. Apenas três deles demonstraram conhecimento específico sobre essa Lei 10.639/03, quando detalharam aspectos de sua obrigatoriedade. Os demais participantes não a conheciam ou a destacaram de maneira breve. Em relação ao processo formativo, os professores participaram ativamente dos encontros, engajados, desenvolvendo reflexões sobre as temáticas. O grupo 1 demonstrou interesse em aprender e saber mais sobre as temáticas abordadas nos encontros. Enquanto o grupo 2 assumiu uma postura mais ativa, expressando opiniões e partilhando experiências pertinentes em diálogo com a pesquisadora. A pesquisa criou evidências sobre a necessidade de desenvolver situações de formação de professores que promovam não apenas reflexões, mas também ações que relacionem a educação matemática com as relações étnico-raciais, sobretudo no enfrentamento do racismo. Para transpor os desafios de uma educação matemática antirracista, são necessários novos e diversificados estudos que aprofundem as discussões e que investiguem os processos de formação de professores que ensinam matemática, na perspectiva da Lei 10.639/03 e da educação das relações étnico-raciais.

A pesquisa busca entender de que maneira o escape room educativo como técnica de gamificação pode contribuir para o engajamento estudantil na formação inicial de professores durante o ensino remoto? Para responder à pergunta de pesquisa, temos como objetivo geral: analisar o engajamento estudantil no ensino remoto a partir de uma estratégia Gamificada e colaborativa na formação inicial de professores.

O conceito de média aritmética se encontra presente nas mais variadas situações e contextos, como, por exemplo, nos meios de comunicação para veicular notícias diversificadas. A leitura de notícias da mídia envolve análises e avaliações críticas baseadas em elementos do conhecimento e disposicionais e requer das pessoas certo nível de letramento estatístico (LE), conforme modelo teórico de Iddo Gal. Nesta pesquisa analisa-se, em termos gerais, a compreensão do conceito de média aritmética por professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental, buscando identificar possibilidades para o ensino desse conteúdo em sala de aula a partir da perspectiva do LE. Em termos específicos busca-se identificar conhecimentos prévios de professores de Matemática dos anos finais sobre situações envolvendo o uso da média aritmética; caracterizar abordagens de ensino sobre situações envolvendo o uso da média; e, analisar com professores de matemática possibilidades de ensino do conceito de média na perspectiva do LE. A metodologia, de cunho qualitativo, envolveu realização de questionário virtual com 14 professores de matemática de escolas localizadas em diferentes municípios do estado de Pernambuco; e de grupo focal com quatro desses professores, os quais aceitaram continuar participando da pesquisa. O questionário envolveu questões abertas e fechadas sobre perfil e formação dos participantes, e aspectos relacionados a compreensão do conceito de média aritmética. A maioria dos professores compreendeu esse conceito relacionando-o à definição de média simples. Além disso, muitos deles não reconhecem as propriedades da média e têm dificuldades em interpretá-las em gráficos estatísticos. Um erro comum foi eles reconhecerem a média destacando os resultados que mais se repetem, confundindo assim com o conceito de moda. Eles também apresentaram dificuldades em compreender o conceito de média móvel. O grupo focal, realizado de modo síncrono em dois encontros no Google Meet e de forma assíncrona com o auxílio do WhatsApp, incluiu problematizações, teorizações e elaboração de atividade em duplas, para o ensino do conceito de média nos anos finais. Os encontros oportunizaram aos participantes reflexões e análises sobre tipos de erros na resolução de problemas de média aritmética na perspectiva do LE. As abordagens propostas pelos docentes apresentaram-se potencialmente mobilizadoras de questionamentos críticos, possibilitando articulações dos elementos de disposição e do conhecimento.  Os resultados apontam para a relevância do ensino da média aritmética nos anos finais com ênfase no Letramento Estatístico.

Esta pesquisa teve como objetivo evidenciar possíveis contribuições da exploração de bordados manuais para o conhecimento das simetrias nos anos finais do Ensino Fundamental, com inspirações da Engenharia Didática (ED) para os procedimentos metodológicos. A Etnomatemática foi nosso aporte teórico que segundo D’Ambrósio (2017) os povos têm desenvolvido instrumentos que chamo ticas, instrumentos que auxilia na reflexão e observação para aprender o que chamo de matema como resposta a necessidades em diferentes culturas, que chamo de etnos. Para desenvolver a pesquisa baseado nos elementos da Etnomatemática e nos apoiando em inspirações da ED, dois objetivos específicos foram estabelecidos: (a) averiguar que conhecimentos sobre simetria de reflexão são mobilizados por estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental ao realizarem atividades envolvendo bordados manuais; (b) identificar aproximações e distanciamentos entre conhecimentos matemáticos presentes na prática do bordado manual e conhecimentos sobre simetria de reflexão trabalhados na escola. O percurso metodológico, como mencionado, teve inspirações da ED e foi realizado a partir das análises preliminares, concepção, elementos de uma análise a priori, experimentação e análise dos dados. Como resultados desta pesquisa, apresentou-se as respostas de 5 (cinco) estudantes do 9º ano Ensino Fundamentel em 9 (nove) atividades propostas envolvendo a exploração de bordados manuais e outros materiais, por exemplo, papel carbono, instrumentos de medição, barbante, papel quadriculado, papel ofício, atividades voltadas para a cultura e conexão com o conteúdo de simetria, especificamente simetria de reflexão. Com isso, a Etnomatemática e as inspirações da ED, possibilitou um percurso satisfatório para a produção de uma sequência de atividades envolvendo a exploração de bordados manuais no conteúdo de simetria. 

Este estudo teve como objetivos geral avaliar a aprendizagem do software Geogebra em um MOOC de Geometria para licenciandos em Matemática em EaD. Para isso, investigamos as propostas avaliativas dos MOOCs para formação docente no campo da Educação Matemática nos últimos 5 anos; mapeamos as plataformas e MOOCs de Geometria que envolvam softwares de Geometria; desenvolvemos um MOOC para a aprendizagem do software Geogebra; analisamos o processo de aprendizagem a partir das atividades proposta no MOOC e buscamos identificar no MOOC os desafios e possibilidades da avaliação online. Adotamos a abordagem qualitativa, desenvolvida em 4 etapas de pesquisa: Revisão Sistemática; Mapeamento de plataformas de Cursos Massivos de Geometria; Desenvolvimento de MOOC de Geometria; Aplicação e Análise do MOOC. Os resultados da revisão sistemática indicaram pouca pesquisa na área, assim como o mapeamento de MOOCs de Geometria, que encontrou apenas três cursos relacionados ao ensino de softwares.  Por isso, desenvolvemos o MOOC “Explorando a Geometria com o Geogebra” e ofertamos na plataforma Moodlecloud, por 4 semanas, sobre Geometria com o Geogebra. O curso teve atividades de Fóruns, Gravações em Tela, Plano de Aulas e Autoavaliação e Avaliação entre Pares. Os cursistas foram de uma Instituição Federal do Estado de Pernambuco. Contamos 18 estudantes de licenciatura em Matemática. Adotamos como instrumentos de coleta de dados as atividades desenvolvidas durante o curso pelos cursistas e um questionário de avaliação após o término. Apesar de nem todos participarem de todas as atividades, o curso foi bem avaliado por eles e, aqueles que participaram, conseguiram aprender os conteúdos. Em função do grande número de participação vicária dos cursistas, não foi possível identificar os desafios da avaliação online. Entretanto, a aplicação do curso nos permitiu concluir que a forma como são propostas as atividades nos MOOCs podem captar a aprendizagem dos cursistas. Por exemplo, a gravação de tela nos permitiu saber se o cursista havia aprendido o manuseio do software. Os cursistas sugeriram a reoferta do curso em outros meses, pois relataram que estavam em semana de avaliação na graduação durante a oferta deste MOOC. Concluímos que cursos como estes são necessários nas licenciaturas em Matemática, devido à carência da temática.

A pesquisa se insere nos domínios da Educação Matemática e da Educação do Campo. Tem como principal objetivo compreender como os professores selecionam e/ou constroem um recurso ou um conjunto de recursos para ensinar o conceito de função afim no Ensino Médio em escolas do campo e a relação com as atividades produtivas camponesas. Para tanto, apoia-se na Abordagem Documental do Didático e na Educação do Campo. Adota-se a Investigação Reflexiva proposta como metodologia para coletar dados com três professores de três municípios da Região Agreste de Pernambuco que ensinam matemática no Ensino Médio em escolas do campo. Para caracterizar as atividades produtivas camponesas dos municípios realizou-se um levantamento no Sistema IBGE de Recuperação Automática e entrevistas com dez moradores do campo dos três municípios investigados. Para identificar os recursos dos três professores foram realizadas entrevistas semiestruturadas; vídeo gravado pelos professores dos recursos disponíveis na escola para ensinar função afim; construção de um mapa de recursos; observação de um planejamento escrito e uma aula. Os resultados da pesquisa revelam que as principais atividades produtivas dos municípios consistem na agricultura, criação de animais, fabricos de confecção, comércio, trabalho em pedreiras e produção do bordado manual. Os recursos dos professores para ensinar função afim são materiais e não-materiais e, em grande parte integram recursos digitais. Alguns dos recursos-filho, que derivam dos recursos-mãe, são construídos pelos professores com o intuito de relacionar o ensino da função afim com as atividades produtivas, embora não tenha sempre ficado explícito na aula observada. Desse modo, os resultados apontam para a necessidade de uma discussão mais ampla sobre as especificidades do ensino de matemática nos contextos da Educação do Campo

O objetivo da presente pesquisa é analisar como um processo formativo com professoras que ensinam Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental pode promover seus conhecimentos acerca da Combinatória. Pesquisas anteriores como Rocha e Ferraz (2010), Sabo (2010), Rocha (2011), Teixeira (2012), Assis (2014), Lima (2015), Lima (2016) e Santos e Merlini (2018) apontaram para uma dificuldade no reconhecimento e trabalho da Combinatória, especificamente nos invariantes de escolha e ordem nos problemas combinatórios. Todo o desenvolvimento da pesquisa foi fundamentado na Teoria dos Campos Conceituais (VERGNAUD, 1996), a qual explora três dimensões essenciais - situações (S), invariantes (I) e representações simbólicas (R). Além disso, foram analisados o conhecimento especializado do conteúdo, o conhecimento do conteúdo e dos estudantes, bem como o conhecimento do conteúdo e do ensino, conforme proposto por Ball, Thames e Phelps (2008). O processo formativo contou com a participação voluntária de seis professoras do 4º e/ou 5º ano do Ensino Fundamental, que compartilharam suas experiências e conhecimentos sobre o tema. A metodologia incluiu entrevistas individuais semiestruturadas e três encontros formativos. Durante o primeiro encontro, as professoras discutiram diferentes situações combinatórias e suas propriedades invariantes, utilizando materiais manipuláveis e problemas impressos. No segundo encontro, analisaram representações simbólicas de respostas de estudantes em situações combinatórias. No último encontro, refletiram sobre como trabalhar a Combinatória em sala de aula. Essa abordagem permitiu uma interação mais próxima entre as participantes, promovendo uma troca rica de informações e experiências ao longo do processo formativo. As professoras participantes demonstraram um significativo avanço no conhecimento especializado do conteúdo, no conhecimento do conteúdo e dos estudantes, e no conhecimento do conteúdo e do ensino. Elas identificaram relações e propriedades nas situações combinatórias, aprimorando sua compreensão após discussões e análises dos protocolos de respostas dos estudantes. Reconheceram a relevância das representações na resolução dos problemas combinatórios e na compreensão dos estudantes. O entendimento pelas professoras sobre os invariantes e significados das situações combinatórias foi enriquecido, e a sistematização revelou-se uma estratégia útil para auxiliar os seus estudantes na resolução dos problemas. O estudo reforça a importância dos processos formativos para aprimorar aos conhecimentos dos professores e enriquecer o ensino de Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

O presente estudo de cunho qualitativo buscou investigar quais estratégias são mobilizadas por estudantes do 5º ano do ensino fundamental ao resolver problemas de partilha com uma relação e suas relações com as características do pensamento algébrico. Esse trabalho se baseia nas pesquisas de Silva, Saviole e Passos (2015), Santos e Moreira (2016), Silva e Saviole (2014) e nas considerações trazidas nos documentos oficiais como a BNCC (2018) e o Currículo de Pernambuco (2019). Para o desenvolvimento de nosso estudo tomamos como base os estudos de Oliveira e Câmara (2011) que conseguiu identificar que os sujeitos do estudo mobilizaram elementos do pensamento algébrico, e ao mesmo tempo conseguiram identificar cinco estratégias de base utilizada na resolução dos problemas, às quais usamos em nosso trabalho. E o estudo de Almeida (2016), em que utilizou características do pensamento algébrico para desenvolver sua tese, características essas que tomamos também como base de nosso estudo. Buscando responder a pergunta de pesquisa foi elaborado o seguinte objetivo geral: identificar as estratégias mobilizadas por estudantes do 5º ano do ensino fundamental ao resolver problemas de partilha com uma relação com as características do pensamento algébrico. O nosso estudo foi desenvolvido com estudantes do 5º ano do ensino fundamental de uma escola da rede municipal de ensino da cidade de Passira, composta por 28 sujeitos. Para a produção de nossos dados a turma foi organizada em dupla, compondo 14 duplas. A produção dos dados foi realizada a partir da aplicação de um teste composto por quatro problemas, e uma entrevista clínica. A aplicação do teste e a entrevista ambos foram realizadas pela pesquisadora. Após a produção e análise dos dados foi possível identificar de modo geral que os estudantes adotaram as estratégia “dividir por 2” e “total como fonte” como sendo as mais utilizadas  pelos estudantes. A estratégia “algébrica” não tivemos nenhuma dupla que a utilizou. Com relação ao rendimento, apenas duas duplas responderam duas questões corretamente fazendo uso da estratégia “atribuir valor”, um problema cada dupla. Ao analisar as respostas corretas, percebemos que os estudantes conseguiram mobilizar três das cinco características do pensamento algébrico, a capacidade de: “estabelecer relações”, “modelar” e “construir significado”. De modo geral os estudantes apresentaram grandes dificuldades na resolução dos problemas algébricos do tipo partilha. Mesmo as pesquisas apontando para a importância da álgebra nos anos inicias, os documentos oficiais orientarem para o desenvolvimento do pensamento algébrico desde os anos inicias do ensino fundamental, foi possível verificar que os estudantes de nosso estudo apresentaram grande dificuldade na resolução dos problemas algébricos do tipo partilha com uma relação, com isso deixamos como indagação para posteriores pesquisas de: como elaborar uma sequência de atividades que levem os estudantes a pensar algebricamente?

Esta pesquisa de cunho qualitativo surge com a emergência dos estudos acerca dos processos de ensino-aprendizagem de álgebra e do desenvolvimento do pensamento algébrico nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental no contexto cultural brasileiro. O estudo tem por objetivo geral analisar os indícios de pensamento algébrico que emergem à medida que quatro estudantes do Primeiro Segmento da Educação de Jovens e Adultos exploram coletivamente atividades de ensino-aprendizagem que abordam as equações e o sinal de igual em seu caráter relacional. Adotamos como aporte teórico a Teoria da Objetivação, uma teoria educacional histórico-cultural desenvolvida por Luis Radford, inspirada no materialismo dialético de Hegel, no conceito freiriano de educação e na escola de pensamento de Vygotski. Segundo esta teoria, o saber algébrico já está instituído culturalmente, não é algo puramente interno ao estudante, mas um saber histórico em potencial que pode ser alcançado por meio de um trabalho conjunto e interativo dos sujeitos, denominado delabor conjunto. Segundo esta teoria, três condições caracterizam o pensamento algébrico: (1) a indeterminação de grandezas, (2) a denotação e (3) a analiticidade. É também nos pressupostos metodológicos da Teoria da Objetivação que embasamos a produção dos dados, seguindo a configuração proposta para atividades de ensino-aprendizagem. Nossa atividade foi pensada a partir dos seguintes princípios pedagógicos: (1) a criação de um espaço social de interação para resolver equações, por meio de formação de um pequeno grupo; (2) o delineamento das tarefas e de sistemas semióticos visuais que promoveram a tomada de consciência de conceitos necessários para resolver equações. Quanto à análise dos dados, por entender que o pensamento algébrico pode ser revelado por linguagem que não seja exclusivamente simbólica, mas também pela linguagem natural, gestual e pictórica durante o processo de objetivação, o método de análise dos dados é o multissemiótico. Os dados produzidos apontaram que, no processo de introdução à álgebra, os estudantes seguiram um processo em que as formas algébricas de pensar as equações emergiram progressivamente na atividade conjunta com a professora. Nossas análises também evidenciaram o importante papel dos sinais, artefatos, linguagem e gestos no desenvolvimento do pensamento algébrico.

Essa pesquisa teve como objetivo propor uma Tipologia para as Condições de Letramento Estatístico dos estudantes brasileiros de Economia. Para tanto, buscou-se: i) identificar se a perspectiva do Letramento Estatístico (LE) esteve presente nas questões que envolveram Estatística no Enade/2018 (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes); ii) analisar o desempenho discente nessas questões; e iii) apresentar explicações desse desempenho por meio de um conjunto de fatores associados às características sociodemográficas do estudante, sua situação acadêmica e o nível de percepção acerca da existência das práticas de LE no ambiente de ensino e sobre o próprio Enade. A análise evidenciou que as questões de Estatística demandaram habilidades de LE, valorizando uma postura crítica diante de informações, superando crenças pessoais para interpretar dados e dispensando o uso de fórmulas e cálculos matemáticos complexos. Além disso, o contexto das questões trouxe, na maior parte das vezes, situações de pesquisas socioeconômicas verídicas. Entretanto, o percentual médio de acerto dos estudantes foi baixo (49,13% em Análise Descritiva; 39,94% em Probabilidade e 33,03% em Inferência Estatística). A Tipologia das Condições de LE - obtida, via uso do método Grade of Membersship – possibilitou a identificação de padrões caracterizadores dessas Condições de LE (Perfis Extremos), bem como estimativas dos graus de pertinência de cada estudante a tais padrões. A Tipologia revelou um complexo sistema de imbricamento entre os níveis de LE estabelecidos e as diversas características investigadas, com aspectos claramente hierárquicos em relação, principalmente, ao domínio Estatístico dos graduandos. Foram identificados três perfis extremos de Condições de LE:  Condições Avessas ao LE; Condições Intermediárias para o LE; e Condições Propícias ao Letramento. O grupo de Condições Avessas (6%) esteve mais associado aos menores níveis de desempenho, faixas etárias mais avançadas, maior nível de fragilidade familiar e maiores percentuais dos matriculados em cursos EaD particulares. Grande parte desses estudantes sentiram-se desmotivados no momento do Enade e revelaram os maiores níveis de discordância sobre práticas de LE durante sua formação. Em situação oposta, os estudantes nas Condições Propícias (35,10%) exibiram maiores percentuais de acerto, aglutinando, com maior ênfase, indivíduos mais novos, com as melhores situações familiares e oriundos de faculdades privadas. Esses perceberam, plenamente, práticas de LE durante seu processo de aprendizagem. Nas Condições Intermediárias figurou a maior parte dos estudantes (55,70%). Esse grupo esteve mais propenso a exibir um desempenho intermediário no Enade, ser proveniente de universidades públicas, apresentar maiores níveis de desenvolvimento extracurricular e perceberem, razoavelmente, a presença de práticas de LE em sala de aula. A forma de abordagem do conteúdo chamou atenção como uma das principais causas de dificuldades apontadas pelos estudantes diante das questões do Enade. Por conta disso, inferiu-se que a maior parte dos graduandos parece ter experimentado uma aprendizagem que destoou das habilidades colocadas pelo LE e pautadas pelas DNC dos cursos. A forte associação entre maiores níveis de LE com graus mais elevados de percepção plena acerca das práticas de LE tornou a percepção discente como um fator relevante e inovador para explicar o desempenho estatístico dos graduandos de Economia, no Enade/2018. Isso torna, possivelmente, a Tipologia das Condições de LE como um importante instrumental teórico-metodológico para análise do desenvolvimento do LE no ensino superior.

A pesquisa objetivou compreender a comunicação na Educação Inclusiva a partir de narrativas de professores que ensinam matemática em classes com estudantes cegos. Para tanto, ancora-se no conceito de acessibilidade da Educação Inclusiva, e de diálogo e imaginação pedagógica da Educação Matemática Crítica. Os dados foram produzidos e coletados a partir de narrativas de três professores com experiência no ensino de matemática em classe comum com estudantes cegos, por meio de entrevistas episódicas e da análise, por eles, de três propostas de atividades geométricas. A produção de dados ocorreu remotamente em dois momentos, entre 2021 e 2022, no período da pandemia da Covid-19: narrativas de situações vividas em classe com estudantes cegos; e narrativas de situações imaginadas para classes com estudantes cego, com base nas atividades geométricas propostas. Para analisá-los utilizamos as categorias analíticas acessibilidade e diálogo. Os resultados revelam que as narrativas dos professores foram influenciadas por aspectos como a formação acadêmica, o contexto das aulas, o tempo que permanecem com os estudantes cegos e apoio institucional. Colocam em evidência também a preocupação dos professores em propiciar uma comunicação acessível aos estudantes cegos e favorecer   interações dialógicas, embora nem sempre tenham explicitado como fazê-lo. As principais preocupações com a acessibilidade estão associadas ao uso de materiais concretos e adequados (dimensão instrumental); a um ensino acessível, igualitário e universal, à possibilidade de realizar experimentos e investigação (dimensão metodológica); ao apoio educacional (dimensão programática); ao medo e receio (dimensão atitudinal); bem como à oralidade e à escrita braille (dimensão comunicacional).  O fato de essas preocupações ainda existirem e não serem contempladas em ações encaminhadas pelos professores nas situações apresentadas nos leva a conjecturar que ainda há barreiras no processo de inclusão de estudantes cegos nas aulas de matemática. No exercício da imaginação pedagógica, os professores apresentaram situações que poderiam, em potencial, favorecer o diálogo na perspectiva da Educação Matemática Crítica e algumas delas foram narradas pelos professores como situações vividas em classes com estudantes cegos e outras como situações imaginadas. Cabe destacar, no entanto, que esses resultados estão respaldados nas narrativas dos professores participantes e, dessa forma, a materialização de tais situações em classes inclusivas são objetos de pesquisas futuras.

A Educação do Campo tem origem nas lutas dos movimentos sociais pelo direito à terra e à educação pública e socialmente referenciada, pensada junto aos povos do campo para contribuir com a melhoria da qualidade das escolas do campo. Os cursos de licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) fazem parte das políticas públicas de formação inicial de professores do campo comprometidos com a Educação Básica das populações campesinas. O letramento estatístico está relacionado à leitura e interpretação crítica de dados estatísticos publicadas nos veículos de comunicação por meio de textos, gráficos e tabelas. Uma pessoa estatisticamente letrada pode se posicionar criticamente diante de dados estatísticos e se comunicar com outras pessoas para possíveis tomadas de decisão em contextos sociais com base nessas informações. Portanto, o letramento estatístico pode impactar a vida das pessoas do campo ao favorecer a leitura de suas realidades. Nesse sentido, é importante abordar aspectos da educação estatística na perspectiva do letramento estatístico na formação inicial de professores do campo. Esta tese foi motivada pelas seguintes questões de investigação: Que componentes curriculares do LEdoC abordam conteúdos de estatística? Quais as concepções dos docentes do LEdoC sobre o ensino da estatística? Como as atividades podem aumentar a criticidade no ensino de estatística por professores que ensinam LEdoC para promover o letramento estatístico? O objetivo geral da pesquisa foi analisar, à luz das perspectivas de Letramento Estatístico e da Educação Matemática Crítica, as concepções de professores que formam cursos de Licenciatura em Educação do Campo sobre o ensino de estatística. O estudo tem como base o princípio da Educação do Campo, modelo de letramento Estatístico de Iddo Gal, conceito de diálogo proposto por Ole Skovsmose inspirado na dialogicidade em Paulo Freire. A produção de dados envolveu a análise dos Projetos Políticos de Curso de cinco Instituições de Ensino Superior que oferecem a formação de professores do campo de Matemática e Ciências Naturais. Além disso, foram realizadas entrevistas com docentes que lecionam componentes curriculares relacionados a conteúdos de estatística e Matemática nos cursos LEdoC selecionados. Embora as análises dos PPC tenham sugerido que existem conteúdos estatísticos que podem ser relacionados aos contextos de campo, os documentos curriculares deveriam ser mais explícitos sobre essas relações, o que poderia promover letramento estatística. As entrevistas com os docentes apontaram potencialidades para a promoção do letramento estatístico em uma concepção dialógica quando as atividades estatísticas envolvem aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais da vida dos camponeses.

O objetivo principal de nossa pesquisa foi investigar as relações entre as concepções
dos professores sobre a Matemática e seu ensino e os materiais curriculares e suas
implicações nos processos de leitura e interpretação que esses profissionais fazem
das prescrições curriculares. Para tanto, tivemos a necessidade de elaborar um
construto teórico no âmbito da educação matemática que nos permitisse desenvolver
uma visão mais ampliada do que vem a ser concepções. Nossos referências teóricos
nos levaram a aceitar a existência de pelo menos duas concepções sobre a
matemática e seu ensino, a que denominamos de concepção transmissiva e
concepção construtivista. No que concerne ao aspecto curricular, consideramos a
existência de duas relações: uma entre o professor e o material curricular e outra entre
este e o currículo prescrito. E fundamentamos tais relações nos estudos de Brown e
Edelson (2001, 2003), Brown (2009) e Sacristán (2000). Quanto ao aspecto
metodológico, a perspectiva adotada se fundamenta nos princípios de uma
abordagem qualitativa. Com vistas a atender nossos objetivos, selecionamos dois
professores de matemática do 6° ano, submetidos ao mesmo currículo prescrito, neste
caso o Currículo de Matemática do Estado de Pernambuco. Um de nossos resultados
indica que professores com tendência à concepção construtivista da matemática e seu
ensino se relacionam de forma mais crítica, reflexiva e transcendente com os materiais
curriculares, implicando no reconhecimento das prescrições como ponto de partida
para o ensino. Por sua vez, professores com tendência à concepção transmissiva se
relacionam de forma mais passiva, pragmática com os materiais curriculares,
implicando no reconhecimento das prescrições como documento rígido e com ligação
lógica fraca entre seus elementos constitutivos.

O objetivo geral desta tese é analisar desafios e possibilidades para estudantes cegos
estabelecerem relações entre aspectos visuais e conceituais na interpretação de gráficos na
perspectiva do Letramento Estatístico. Em termos específicos busca-se: investigar desafios e
possibilidades na adaptação de gráficos estatísticos para o trabalho com alunos cegos, a partir
do contexto do Instituto Benjamin Constant; identificar e analisar tarefas envolvendo gráficos
com potencial para mobilizar relações entre aspectos visuais e conceituais na perspectiva do
Letramento Estatístico em livros didáticos dos anos finais convencionais e adaptados;
caracterizar o contexto educacional em relação ao atendimento das necessidades
educacionais de um aluno cego; e analisar como o aluno cego estabelece relações entre
aspectos visuais e conceituais ao trabalhar com gráficos na perspectiva do Letramento
Estatístico. A pesquisa, de cunho qualitativo, iniciou com uma Revisão Sistemática da
Literatura (RSL) e mais quatro etapas, incluindo pesquisa documental e empírica, alinhadas
aos objetivos específicos. A RSL evidenciou serem escassas teses e dissertações nacionais
sobre o ensino e a aprendizagem de estatística para estudantes cegos. Em âmbito
internacional destacam-se artigos que avaliam de forma técnica alguns recursos destinados
à leitura e interpretação de gráficos por estudantes/pessoas cegas, mas sem enfatizar a
importância dos contextos das atividades e questionamentos críticos. Na etapa 1 realizou-se
entrevista semiestruturada com um professor do Instituto Benjamim Constant (IBC) cujos
resultados agregaram informações importantes para o trabalho com gráficos com estudantes
cegos. Na etapa 2 realizou-se mapeamento e análise de tarefas sobre gráficos em coleções
de livros didáticos dos anos finais, em tinta e adaptados em braille. Identificou-se algumas
tarefas sobre gráficos estatísticos para compor a entrevista com o estudante cego. Na escola
campo de pesquisa, identificada na etapa 3, realizou-se os seguintes procedimentos
metodológicos: análise do Projeto Político Pedagógico, entrevista semiestruturada com a
gestora escolar, sondagem com a profissional da sala de Atendimento Educacional
Especializado (AEE) e estabelecimento de contato inicial com o estudante cego e sua
genitora. O estudante cego, chamado ficticiamente José, não domina o braille e não teve
acesso à educação durante a pandemia (em 2020 e 2021). A sondagem com a profissional
da AEE foi crucial para adaptar as tarefas tornando-as acessíveis para as intervenções
realizadas com José. Por fim, na etapa 4 foi realizada entrevista semiestruturada com José,
utilizando tarefas identificadas na etapa 2 devido ao potencial delas para o alcance dos
objetivos propostos no estudo. A leitura e interpretação do gráfico por José se deu em função
da sua compreensão, sobretudo, dos elementos do conhecimento (contexto, escala unitária e
representação) e da linguagem envolvendo aspectos conceituais dos gráficos. As mediações
da pesquisadora durante as intervenções foram fundamentais para mobilizar compreensões
do estudante. Concluímos que para que estudantes cegos estabeleçam relações entre
aspectos visuais e conceituais a partir de gráficos, na perspectiva do Letramento Estatístico,
são necessárias adaptações que considerem as especificidades do usuário cego, a utilização
de tarefas que possibilitem articulações entre dimensões cognitivas e disposicionais e
processos de mediação sistematizados.

A presente pesquisa buscou analisar contribuições de uma sequência didática para o desenvolvimento do pensamento geométrico de estudantes do 9º ano dos anos finais do ensino fundamental ao trabalhar com os quadriláteros no GeoGebra. A investigação foi dividida em 3 etapas: a primeira consistiu na aplicação de um teste diagnóstico com 20 estudantes (divididos em 10 duplas) do 9º ano de uma escola da rede privada da Região Metropolitana de Recife que possibilitou identificar indícios do nível de pensamento geométrico mobilizados por cada participante. O segundo momento consistiu na elaboração e vivência de uma sequência didática envolvendo os quadriláteros notáveis e a utilização do GeoGebra. O terceiro momento mobilizou a aplicação de um teste diagnóstico final que possibilitou identificar o desenvolvimento do pensamento geométrico dos participantes da pesquisa. Em todas as etapas foram utilizados os pressupostos do trabalho de Pereira da Costa (2019) e o seu modelo de níveis de desenvolvimento do pensamento geométrico para categorizar e analisar as eventuais evoluções apresentadas pelo grupo de 20 estudantes durante as diferentes etapas da pesquisa. Os resultados obtidos no teste diagnóstico inicial – TDI revelam que os estudantes não consideram as características dos quadriláteros durante suas resoluções e os reconhecem por seu aspecto visual (abstração geométrica perceptiva). Desse modo, predominantemente se encontravam no nível n do modelo de Pereira da Costa (2019) e não conseguem utilizar critérios de inclusão de classe ao abordar os quadriláteros notáveis. Após o TDI foram vivenciadas, no GeoGebra, as atividades de nossa sequência didática e, em seguida, aplicado um teste diagnóstico final – TDF. Os principais resultados evidenciam que a sequência didática contribuiu para o desenvolvimento do pensamento geométrico dos participantes ao revelar que os estudantes passaram a utilizar critérios de inclusão de classe ao lidar com atividades envolvendo os quadriláteros notáveis. Os dados obtidos no TDF evidenciam um aumento significativo na quantidade de repostas adequadas, quando comparados com os resultados do TDI e indicam que a maioria dos estudantes conseguiu avançar do nível n em que se encontravam para o n+1 e n+2. Também houve um avanço nas abstrações geométricas mobilizadas predominantemente (perceptiva) para a analítica e descritiva. Entre os principais elementos responsáveis por esse aumento, além das atividades estruturadas à luz do modelo de Pereira da Costa (2019), destacamos a dinamicidade do GeoGebra ao permitir que os estudantes estabeleçam relações ao “arrastar” elementos dos quadriláteros ao identificar as propriedades que permanecem inalteradas e as que sofrem modificações com essas movimentações.

A presente tese de doutorado teve como objetivo geral discutir temáticas relacionadas à Educação Financeira Escolar com estudantes do 5º ano do Ensino Fundamental, observando a possível promoção de atos dialógicos do Modelo de Cooperação Investigativa. De modo mais específico, apresentamos os seguintes objetivos: 1)  Sondar, a partir da promoção de discussões, o que estudantes de 5º ano pensam sobre temáticas que envolvem a Educação Financeira Escolar; 2) Identificar, na perspectiva do Modelo de Cooperação Investigativa, atos dialógicos estabelecidos nas discussões sobre Educação Financeira Escolar; 3) Identificar, nos momentos de diálogo sobre Educação Financeira fomentados pelos estudantes, habilidades matemáticas presentes na Base Nacional Comum Curricular. Como referencial teórico, utilizamos a Educação Matemática Crítica discutida por Ole Skovsmose, mais especificamente os já citados atos dialógicos presentes no Modelo de Cooperação Investigativa (ALRø; SKOVSMOSE, 2006), sendo eles: 1) Estabelecer contato; 2) Perceber; 3) Reconhecer; 4) Posicionar-se; 5) Pensar alto; 6) Reformular; 7) Desafiar e 8) Avaliar. Como Método, desenvolvemos a pesquisa com 4 turmas de 5º ano de quatro escolas da Região Metropolitana de Recife, sendo duas da rede pública e duas da rede privada de ensino, as quais participaram, cada uma, de quatro momentos de diálogo, intitulados 1) Comprar ou não comprar? Pensando nas prioridades; 2) Qual celular escolher?; 3) Nossos hábitos de consumo e suas influências no planeta; e 4) Compras em supermercado, nos quais os estudantes participaram de discussões em âmbito geral, com toda a turma, mas também em momentos em pequenos grupos formados na sala de aula, discutindo temáticas relacionadas à Educação Financeira Escolar. Como resultados, apresentamos que estudantes do 5º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental possuem reflexões sobre temáticas relacionadas às discussões propostas, apresentando seus pontos de vista e suas experiências cotidianas, favorecendo as discussões propostas em sala. Sobre os atos dialógicos, percebemos, em grupos específicos, uma maior dificuldade para estabelecimento dos momentos de diálogo, com um possível maior condicionamento dos estudantes para realização de atividades individuais, o que pode ser um reflexo de atividades propostas durante a vida escolar desses estudantes. Apesar disso, em maior ou menor grau, percebemos que os estudantes conseguiram estabelecer contato, posicionar-se, perceber perspectivas que foram postas para discussão, desafiar os colegas, de modo que destacamos a existência de atos dialógicos nos momentos propostos, como aspectos que favoreceram as discussões propostas. Em relação à presença de habilidades matemáticas nos momentos de diálogo, foi possível identificar que tais conteúdos não foram fortemente visíveis nas discussões, possivelmente pelos contextos propostos para discussão pelos estudantes, que discutiam a temática em uma perspectiva mais abrangente, não restringindo-a a nenhum componente curricular. Como considerações, ressaltamos a importância de estudos como o atual, que proponham aos estudantes momentos de diálogo, em que eles se tornem agentes ativos nos processos de ensino e aprendizagem, de modo que, a partir de suas falas, com o professor enquanto mediador, sejam desenvolvidas discussões em sala de aula, que oportunizem aos estudantes reflexões que podem vir a ser mobilizadas em momentos de escolha. Ressaltamos, assim, a importância da discussão da temática Educação Financeira desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, com destaque para aspectos matemáticos e não-matemáticos que permeiam tais decisões.

A Educação do Campo surge de tensionamentos contra a égide capitalista e a educação urbanocentrista e fundamenta-se em mobilizar mudanças sociais e de vida para os povos do campo, resguardando sua identidade de práticas e de políticas educacionais excludentes. De modo geral, tem-se em tese que as políticas educacionais são guiadas por documentos oficiais curriculares que orientam o trabalho pedagógico das instituições escolares no que diz respeito ao ensino e à aprendizagem. Do mesmo modo, o desempenho dos estudantes seria avaliado através de métodos e instrumentos avaliativos que consideram os conhecimentos prévios e do cotidiano dos estudantes, bem como, a apreensão contextualizada dos conteúdos da matriz curricular e a capacidade de utilizá-los em sociedade. Parte-se da ideia de que os docentes já se apropriaram desse debate educacional e empenham-se em suas atividades docentes para que os discentes apresentem resultados significativos no percurso educacional e alcancem, também, as metas estabelecidas pelo Governo Federal, através dos exames de avaliação em larga escala. Nesse caso, na educação básica os resultados do SAEB apresentam o resultado do desempenho dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática, servindo de base para investimentos em políticas públicas educacionais. Em uma análise particular, as escolas do campo do município de Ipojuca apresentam distintas realidades, grande parte das escolas apresentam estruturas deficitárias e lacunas nos aspectos pedagógicos e tecnológicos, difícil acesso à internet, ausência de equipamentos para alunos e professores, falta de condições para o ensino, perdas financeiras dos docentes. A despeito dessas condições adversas o município de Ipojuca vem alcançando bons resultados no IDEB. Buscando responder se há contradição entre as orientações curriculares, os resultados dos exames e o ensino de matemática, levantamos a seguinte questão de pesquisa: O que os professores dizem sobre os resultados em matemática dos estudantes na avaliação em larga escala da rede de Ipojuca? Esta tese compreende o desempenho em matemática dos estudantes das escolas do campo na perspectiva multifatorial e contextualizado;  aborda a trajetória histórica e as bases epistemológicas da Educação do Campo; e se propõe a compreender a relação entre o ensino de matemática, o currículo, e o desempenho de alunos em matemática na avaliação em larga escala segundo professores dos anos iniciais de escolas do campo do município do Ipojuca. O estudo objetiva, especificamente, analisar no currículo oficial da rede municipal de Ipojuca a proposta do ensino de matemática para os anos iniciais e, especialmente, o que indica para as escolas do campo;  Investigar os resultados da avaliação de desempenho em matemática dos estudantes dos anos iniciais nos exames em larga escala – SAEB - em Ipojuca; Analisar o que os professores dizem acerca do ensino de matemática e sobre o desempenho dos estudantes nos anos iniciais nas escolas do campo; Cotejar os discursos produzidos pelos professores e os resultados do desempenho no SAEB dos estudantes  dos anos iniciais das escolas do campo. Realizamos na metodologia etapas interligadas: Etapa 1 - Análise documental da proposta curricular do Estado de Pernambuco para EF anos iniciais e da proposta curricular do município de Ipojuca para EF anos iniciais;  b) Etapa 2 - Análise do desempenho em matemática das escolas do campo de Ipojuca - Ideb 2014-2019/Inep - com base nos relatórios por escola segundo as categorias: Educação, Ensino, Aprendizagem, Avaliação e Matemática. Etapa 3 - Escuta do que dizem os professores das escolas do campo sobre o ensino e o desempenho dos estudantes em matemática em grupos focais online, nos quais os participantes tiveram acesso aos resultados das análises das etapas anteriores. Neste desenho metodológico qualitativo utilizamos o método analítico apoiado na análise de conteúdo de Bardin nas etapas 1 e 2, e levantamento de núcleo de significações na etapa 3. Dentre algumas conclusões, entendemos que o desempenho escolar e sua relação com a avaliação em larga escala no Brasil possui um viés político controverso à política pública como garantia de uma educação de qualidade e direito de todos. A política pública que temos, mesmo com esforços de alguns, ainda desconsidera a realidade do público-alvo e está indexada em metas curriculares descontextualizadas e excludentes.

No presente texto são apresentados os resultados de uma pesquisa de doutoramento que teve por objetivo analisar as contribuições das operações de designação, das representações auxiliares e as funções atribuídas a elas, no desenvolvimento do pensamento algébrico de alunos de 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, a partir da resolução de problemas de partilha de quantidade. Tendo a Teoria dos Registros de Representação Semiótica como aporte teórico, preconizada por Raymond Duval (2003, 2004a, 2004b, 2006, 2007, 2011, 2012, 2016), a proposta teve como questão central a seguinte indagação: quais são as operações de designação, os tipos de representação auxiliar, sua função e, como elas contribuem para o desenvolvimento do pensamento algébrico do aluno, na resolução de problemas de partilha de quantidade? Na primeira etapa da pesquisa foi realizada análise preliminar dos dados, considerando os protocolos de Oliveira e Câmara dos Santos (2011), para categorizar os tipos de representações auxiliares identificados na resolução de problemas de partilha por alunos do 6º ano, buscando-se verificar, também, qual a funcionalidade atribuída a essas representações auxiliares, e como a produção dos alunos suscita na solução dos problemas a partir da congruência semântica e operações de designação. A partir da análise realizada foi possível identificar 7 tipos de representações auxiliares utilizadas na resolução dos problemas, como: desenho ilustrativo, mista, espaço a ser preenchido, desenho por unidades, tabela, colunas e esquema e, quatros funções identificadas por essas representações, com o papel de organização, ilustração, seleção de elementos pertinentes ou material, em que as operações permeavam basicamente a designação icônica e numérica. Já na segunda etapa da pesquisa, considerou-se na produção e análise dos dados a resolução de problemas a partir de instrumento de pesquisa e entrevistas de explicitação com alunos do 6° ao 9° ano do Ensino Fundamental de uma escola pública federal em Sergipe. Com base nos estudos realizados com abordagem qualitativa de análise, pôde-se observar que a recorrência ao uso de representações auxiliares na resolução de problemas de partilha facilita a conversão entre os registros de representação semiótica em língua natural à simbólico algébrica, promovendo a compreensão em matemática a partir da coordenação entre essas representações. A designação funcional em linguagem algébrica e a dupla designação permeou os elementos de avanço no desenvolvimento do pensamento algébrico, mesmo variando-se os fatores de não congruência semântica nos problemas com duas relações e natureza multiplicativa. Dessa maneira consideramos importante o uso de representações auxiliares na resolução de problemas, já que a transição entre registros discursivos (verbal ou numérico-simbólico) incita a recorrência a uma representação visualizante e organizacional, mas, que essas representações auxiliares sejam intermediárias ao processo cognitivo entre a representação de partida e a representação de chegada.

Em uma sociedade que circula diariamente grande quantidade de informações, se faz necessário que os estudantes desenvolvam habilidades concernentes à pesquisa, como a definição da população a ser investigada (censo ou amostra), de maneira a fazer julgamentos bem fundamentados e tomar decisões apropriadas. Nesse contexto, no Ensino Fundamental, a BNCC apresenta habilidades explícitas de conceitos relacionados à amostragem do 7º ao 9º ano. Porém, não há uma efetiva gradação entre elas. Assim, essa pesquisa teve como objetivo propor uma gradação da aprendizagem de conceitos relacionados à amostragem nos anos finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). Para tanto, foram desenvolvidos três estudos interrelacionados. O primeiro analisou todos os 88 livros didáticos aprovados nas edições de 2017 e 2020 do PNLD, buscando analisar o que tem sido proposto para os alunos. No segundo estudo foi realizada uma sondagem com 307 estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental buscando saber o que os alunos sabiam sobre amostragem. E por fim, o terceiro estudo experimental, no qual foi desenvolvido um processo interventivo com turmas do 6º e 9º ano, totalizando 350 estudantes. Os resultados do Estudo 1 revelaram que as propostas de atividades atendem as demandas postas nas orientações curriculares de tal modo que o PNLD 2020 possui maior ênfase em conceitos interligados a amostragem. Nessa análise, observamos aspectos que necessitam atenção devido ao excesso de (i) dados fictícios, (ii) população/amostra em contexto de pessoas e (iii) situações de apenas identificar a técnica de amostragem utilizada na pesquisa. Além disso, notamos ausência de atividades que contemplassem a variabilidade da variável e amostral, o conceito de margem de erro e relação com tamanho da amostra. Por outro lado, percebemos aspectos positivos como orientações das atividades ao professor no formato U e as propostas de pesquisa estatística. No Estudo 2 notamos uma progressão do desempenho dos estudantes em relação a escolaridade. Verificamos que houve diferença estatística significativa no desempenho dos estudantes apenas entre o 6º e o 9º ano. Esses resultados nos propiciaram elaborar e realizar a intervenção. Realizamos um estudo experimental com pré-teste, intervenção de ensino e pós-teste. As análises estatísticas indicam, conforme esperado que, as turmas que passaram pela intervenção tiveram melhor desempenho do que as que não participaram. Entretanto, ressaltamos que o desempenho das turmas de intervenção do 6º ano no pós-teste foi estatisticamente significativo superior as turmas de 9º ano no pré-teste, sugerindo assim, a possibilidade de aprendizagem desde aquele ano escolar. Percebemos que o processo de intervenção foi eficaz, uma vez que, os estudantes puderam repensar algumas crenças e atitudes quanto as pesquisas amostrais, em especial, a margem de erro e a amostragem aleatória simples. Além do que, perceberam e justificaram adequadamente vieses na seleção de amostra, assim como, estabelecerem adequadamente a relação entre população e amostra. Isso devido a um leque de elementos de conhecimentos do Letramento Estatístico que as atividades permitiram mobilizar em ações que incentivavam o diálogo, a troca e a sistematização por parte dos estudantes. Em seguida, tivemos condições de elaborar a gradação para a aprendizagem de conceitos relacionados a amostragem, a qual se baseou nos resultados dos três estudos da tese. Distribuída nos anos finais do Ensino fundamental, a gradação apresenta habilidades das mais simples as mais sofisticadas em termos de compreensão para os estudantes. Acreditamos que ela poderá permitir um ensino sistemático e progressivo dos conceitos, possibilitando a construção de estratégias de ensino que irão favorecer professores da educação básica, como também, os estudantes, elaboradores de propostas curriculares, autores de livros didáticos, processos formativos entre outros.

Essa pesquisa tem por objetivo caracterizar a gênese instrumental do estudante sobre planificação de sólido geométrico, no ensino remoto, quando exploram artefatos simbólicos incluídos em tecnologias digitais na resolução de problemas contextualizados. Foi no cenário das aulas remotas, em tempos de pandemia, que a pesquisa se desenvolveu. Neste ambiente virtual de estudo, buscamos compreender como o estudante desenvolve sua gênese instrumental ao utilizar o Software Geogebra para resolver situações com planificação de sólidos geométricos. O quadro teórico é composto pela noção de Esquemas de Gérard Vergnaud, a Abordagem Instrumental de Pierre Rabardel, metodologicamente utilizamos a Orquestração Instrumental de Luc Trouche, a Orquestração Instrumental Online de Gitirana e Lucena e a Planificação de Sólido Geométrico (composição do estudo da geometria espacial). Os participantes da pesquisa foram quatro alunos do segundo ano médio de uma escola pública estadual de Pernambuco. Eles vivenciaram três encontros remotos com estudos voltados à compreensão da geometria espacial no dia a dia e a solução de situações com o uso do Software Geogebra. A metodologia desta pesquisa compôs quatro Orquestrações Instrumentais Online: modelo teórico que tem por objetivo contribuir com a construção de abordagens em um ambiente remoto rico em tecnologias digitais, assim como, facilitar a ocorrência da gênese instrumental dos estudantes. Ao compreender o desdobramento da gênese instrumental de estudantes em aulas remotas com artefatos simbólicos incluídos em tecnologias digitais, esperamos contribuir com o estudo científico voltado à aprendizagem da geometria espacial em ambiente virtual e impulsionar o ensino da matemática por meio das tecnologias digitais.

Pesquisas propostas nas escolas podem ser um modo de contribuir com o desenvolvimento da autonomia dos cidadãos e pode ser uma maneira de ampliar as possibilidades de aprendizagem dos alunos da Educação de Jovens e Adultos – EJA. Assim, temos como objetivo analisar o que dizem professores de Educação de Jovens e Adultos sobre suas práticas para o processo de ensino de pesquisa estatística. Mais especificamente buscamos analisar o conhecimento de conceitos estatístico do ciclo investigativo de pesquisa estatística de professoras de Eja dos anos iniciais; o que as professoras dizem sobre suas práticas didáticas para o ensino do ciclo investigativo de pesquisa estatística e comparar o conhecimento estatístico com o que dizem sobre suas práticas. Para cumprir esse objetivo realizamos entrevistas com 10 (dez) professoras da EJA de escolas municipais da Região Metropolitana de Recife do Modulo 3, turmas com equivalência ao 4º ou 5º ano do ensino regular. Foi elaborado um roteiro para traçar o perfil das professoras e seu conhecimento conceitual e didático para o ensino de estatística. Todas as entrevistas foram gravadas pela plataforma Google Meet. Foi observado que as professoras apresentam dificuldades com conceitos estatísticos, principalmente a construção de gráficos. Elas acreditam que os alunos de Eja tem muitas dificuldades para aprender e a estatística é difícil e por isso precisa ser ensinada bem devagarinho com situações bem simples, o que se configura como um equívoco. Acreditamos ser imprescindível a realização de processos de formação inicial e continuada  sobre o ensino aprendizagem de estatística que permitam de fato os alunos serem cidadãos.

Acreditamos que a literatura infantil e a história em quadrinhos são recursos com grande potencial pedagógico para a aprendizagem dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O professor pode utilizar esses recursos em diversas disciplinas permitindo um trabalho interdisciplinar e contextualizado.

Entretanto, através de uma revisão da literatura, constatou-se que existem poucos estudos que trazem uma abordagem de livros literatura infantil para o ensino e aprendizagem de Estatística e com o uso de histórias em quadrinhos, nenhum artigo foi encontrado que envolvesse conceitos estatísticos.

A pesquisa deve ser o eixo do ensino aprendizagem de Estatística como argumentam Guimarães e Gitirana (2013). Assim, nossa proposta abrange o desenvolvimento do ciclo investigativo que envolve a definição dos objetivos a serem investigados, o levantamento de hipóteses, a definição da amostra, coleta e classificação dos dados, sistematização dos dados em gráficos e/ou tabelas, análise, conclusão e novos questionamentos surgem levando a novas pesquisas, caracterizando-se, então, como um ciclo.

Desse modo, configura-se a problemática de investigação da dissertação a seguinte questão: Como o uso de diferentes recursos pedagógicos (literatura infantil e história em quadrinhos) pode favorecer no processo de ensino e aprendizagem de Estatística em turmas dos anos iniciais do Ensino Fundamental? Para tal, desenvolvemos um processo interventivo utilizando literatura infantil e histórias em quadrinhos (HQs) para a compreensão do ciclo investigativo por alunos do 5º ano os quais foram analisados e comparados, buscando ver a viabilidade e adequação dos mesmos.

Observamos que os alunos que a princípio apresentavam dificuldades relacionadas a conceitos estatísticos, a partir da vivência de duas pesquisa em sala passaram a compreender a sua função, aprenderam sobre as diferentes fases do ciclo e, muito animados elaboraram novas pesquisas que gostariam de realizar. A aprendizagem se deu forma equitativa nas quatro turmas, independente do gênero literário utilizado nas intervenções. A mediação da pesquisadora foi fundamental no sentido de levar os alunos a aprendizagem do ciclo investigativo e na promoção da autonomia deles.

Esta pesquisa investiga de que maneira licenciandos em matemática se apropriam de artefatos simbólicos, como sistemas de representação semiótica, para solucionar atividades de funções definidas por partes, por meio de tratamentos e conversões no ensino remoto. Nosso quadro teórico-metodológico é composto pela Teoria dos Registros de Representação Semiótica (TRRS) e pela Abordagem Instrumental (AI). Esta pesquisa tem como aporte metodológico a Orquestração Instrumental On-line (OI On-line), pela qual faremos uso para planejar as sessões do experimento. No contexto atual da pandemia, todas as atividades da pesquisa foram realizadas On-line, por meio de encontros remotos síncronos. A metodologia compôs-se da análise dos registros escritos, dos licenciandos, tanto à punho quanto no quadro compartilhado, além da gravação das sessões. Foram realizados dois experimentos, denominados estudo preliminar e estudo principal, nos quais os dados obtidos foram analisados por meio da técnica da videografia com a análise microgenética. Nessa análise desenvolvemos um índice de eventos que envolveram tratamentos e conversões entre registros de representação semiótica de funções, identificados durante a resolução das situações realizadas pelos licenciandos. Os resultados apontam para a necessidade de adaptações, tanto a escrita do enunciado quanto às perguntas propostas nas atividades, de modo que sejam melhor compreendidas pelos sujeitos que irão solucionar a atividade, bem como o tempo de execução seja otimizado.

No cenário educacional contemporâneo vivenciamos tempos pandêmico, causado pelo vírus Sars-Cov-2 (Covid-19). A abordagem de ensino híbrido é uma das alternativas para ressignificar o processo de ensino, presente há muitos anos no contexto da educação. A aplicabilidade do ensino híbrido requer a mesclagem da abordagem de ensino na presencialidade e on-line, além do uso de elementos tais como a personalização, interatividade, flexibilidade, tecnologia educacional, conectividade, inovações sustentada e disruptiva, dentre outras potencialidades para o ensino e aprendizagem. O estudo de dissertação tem como objetivo geral relacionar a percepção do ensino híbrido de licenciandos em ciências biológicas na formação inicial com a perspectiva interativa no ensino da biologia no contexto pandêmico. O estudo apoia-se em pesquisadores do ensino híbrido Nessa perspectiva, elencamos como objetivos específicos: 1. Levantar as atitudes e experiências prévias de licenciandos em ciências biológicas na formação inicial a respeito do uso da tecnologia educacional no ensino da biologia; 2. Identificar a percepção de licenciandos em ciências biológicas na formação inicial em relação a personalização e o uso de artefatos digitais, a partir de sua vivência com a abordagem do ensino híbrido. 3. Categorizar a percepção prévia de licenciandos em ciências biológicas na formação inicial em relação a teoria da atividade e saberes docentes no ensino de biologia. Trata-se de um estudo de campo, por isso consideramos a metodologia que mais se adequa aos nossos propósitos é de natureza qualitativa, do tipo exploratória e descritiva, utilização de formulário e entrevistas semiestruturadas ambas em formato on-line, para análise dos dados recorremos ao método indutivo e análise de conteúdo. O resultado perceptível na pesquisa foram que os licenciando em ciências biológicas percebem o ensino híbrido como um concorrente de outras abordagens tais como o ensino remoto e ensino simultâneo. Contudo, os estudantes reconhecem os elementos do ensino híbrido tais como as atividades personalizadas, flexibilidade no processo de ensino, a complexidade e a durabilidade do aumento de atividades e horário atribuído com as tecnologias educacionais, a importância da interatividade no ensino e os saberes da prática docente. 

Os processos formativos de professores/as de matemática atravessam momentos, transitam lugares e proporcionam trocas sociais que marcam a identidade profissional desses/as sujeitos/as. Nesse viés de formação docente, nossa pergunta de pesquisa emerge da realidade dos índices de retenção e terminalidade ampliada dos cursos de Licenciatura em Matemática: Quais concepções e perspectivas são mobilizadoras dos/as licenciandos/as em matemática em formação inicial para serem professores/as? A partir disso, traçamos como objetivo principal: Identificar os elementos constitutivos da identidade docente de estudantes na formação inicial de professores que ensinam matemática em um curso de Licenciatura em matemática da UFPE/ CAA.  Para esse estudo, tivemos a participação de 10 professores/as concluintes do curso de Licenciatura em Matemática da UFPE/CAA. A pesquisa é de cunho qualitativo e nos apropriamos do método autobiográfico para o seu desenvolvimento que foi dividido em duas etapas: na primeira construímos os dados através de formulário on-line para fazer o levantamento sociodemográfico referente à trajetória acadêmica desses/as docentes, e a técnica de escrevivências para as escritas de si; na segunda etapa realizamos um grupo focal on-line para conversar sobre as escolhas profissionais e as perspectivas presentes e futuras da profissão. Os dados foram analisados à luz dos Núcleos de significação, triangulados com teórico/as que nos serviram de base para a construção teórica. Como resultados, professores/as que buscam mudar a ótica cartesiana do ensino de Matemática perante as subjetividades e que acreditam na forma afetuosa da educação matemática, assim como na prática libertadora Freiriana. A sensibilidade e interação entre professor/a aluno/a foram fortemente presentes em suas narrativas e que trouxeram muito mais empatia do que queixas, apesar das barreiras que precisaram atravessar para se formar. Concluímos, portanto, que a permanência desses/as estudantes no curso de Licenciatura em Matemática se deu pelo apoio entre pares, pela compreensão de que podem fazer a diferença, a partir da escuta de seus estudantes.

A inclusão escolar da pessoa com deficiência, tem sido tema de vários debates no âmbito
educacional. Os últimos dados divulgados pela Política Nacional de Educação Especial (PNEE) e o
Censo da Educação Básica (2020, p.9), mostram o aumento do número de matrículas de pessoas
com deficiência na educação básica e profissional, como na modalidade da educação especial. Diante
das nossas formações inicial e continuada, como também das experiências como professora de
matemática e professora braillista na rede estadual de Pernambuco, surgiu nosso problema de
pesquisa: o que pensam os futuros professores de matemática sobre a inclusão escolar de pessoas
com deficiência visual. Na tentativa de obter respostas, temos por objetivo geral identificar e analisar
as representações sociais de pessoa com deficiência visual e a inclusão escolar, segundo estudantes
do curso de licenciatura em matemática, bem como analisar tais representações sociais e o que dizem os estudantes sobre a prática pedagógica nas aulas de matemática. Nossos objetivos específicos é apreender e analisar as representações sociais de pessoa com deficiência visual por licenciandos em matemática; apreender e analisar as representações sociais de pessoa com deficiência visual na escola por licenciandos em matemática; identificar e analisar as relações entre as representações sociais, e as perspectivas da inclusão escolar da pessoa com deficiência visual, segundo os futuros professores de matemática. Nos debruçamos na Teoria das Representações Sociais desenvolvida por Serge Moscovici (1961) e na Abordagem Estrutural de Jean-Claude Abric (1976). Participaram da pesquisa 197 licenciandos em matemática de universidades públicas do estado de Pernambuco, e suas representações sociais em relação à inclusão escolar da pessoa com deficiência visual têm caminhado na perspectiva da educação inclusiva.

Esta pesquisa teve como objetivo compreender o conhecimento matemático para o ensino mobilizado por professoras da Educação Infantil em relação as grandezas e medidas. Como modelo teórico, utilizamos o conhecimento matemático para o ensino de Ball e seus colaboradores (2008). A metodologia aqui adotada foi de cunho qualitativo, que teve como instrumentos para a coleta de dados uma entrevista semiestruturada, a exploração de um livro paradidático e uma lista com sugestão de materiais, na qual as docentes teriam que escolher um e elencar uma estratégia. Para a análise dos dados utilizamos a Análise de Conteúdo, proposta por Bardin (1977). As categorias utilizadas foram os seis subdomínios do conhecimento matemático para o ensino e estabelecemos critérios para suas análises. Como resultados obtidos, percebemos, a partir das respostas dadas, a mobilização de todos os subdomínios do conhecimento matemático para o ensino, porém com algumas fragilidades em relação a diferença entre materias e unidades de medidas. Nesse sentido, percebemos a necessidade de formações continuadas, para professoras dessa etapa de escolarização, com o objetivo de minimizar algumas dificuldades em relação a exploração das grandezas e medidas na Educação Infantil.

A pesquisa se insere nos domínios da Educação Matemática e da Educação do Campo, particularizando o trabalho documental dos professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental em escolas do campo, para ensinar o conceito de área de figuras planas. Delimitamos como objetivo geral compreender a trajetória documental de professores que atuam em escolas do campo para ensinar o conceito de área de figuras planas. E como objetivos específicos: identificar eventos e recursos utilizados por professores dos anos finais do Ensino Fundamental de escolas do campo no ensino de área de figuras planas; construir as trajetórias documentais de professores de matemática, a partir dos eventos e recursos identificados; validar as trajetórias construídas com os professores; e estabelecer relações entre as trajetórias documentais dos professores e as atividades produtivas camponesas do lugar. Os dados da pesquisa foram coletados com dois professores de escolas do campo, tendo por base a metodologia de investigação reflexiva no quadro da Abordagem Documental do Didático. Os recursos e eventos que tivermos acesso, por meio das respostas dos professores e das observações realizadas, nos possibilitaram construir as trajetórias documentais sobre o ensino de área de figuras planas. Considerando que a pesquisa foi realizada no período pandêmico da Covid-19, conjecturamos que as escolhas dos professores investigados, em termos de recursos e de eventos, foram influenciadas pelo uso de recursos digitais, ao mesmo tempo que podem ter limitado o uso de outros recursos, inclusive, daqueles que são mais característicos das atividades produtivas camponesas do lugar. Ao analisarem as trajetórias documentais que construímos, com fins de reflexão e validação, os professores destacaram recursos que constavam nessas trajetórias e que não haviam identificado como tal, embora os utilizassem nas suas aulas. Apontaram também eventos e recursos que consideravam importantes e não verbalizaram em suas respostas anteriores.

A presente pesquisa teve por objetivo investigar Combinatória, Probabilidade e suas
articulações em currículos prescritos e apresentados aos Anos Finais do Ensino
Fundamental, visando a construção de uma proposta que favoreça o ensino de ambas
as áreas. A mesma foi estruturada em três estudos que envolveram, à luz dos
diferentes referenciais teóricos adotados: 1) a análise de documentos oficiais nacionais
e do estado de Pernambuco para identificar se e como estão prescritos os trabalhos
com as áreas da Matemática investigadas e suas articulações; 2) a análise de coleções
de livros didáticos de Matemática voltados à etapa da escolarização em questão para
analisar como o trabalho com essas áreas da Matemática é apresentado ao professor
nesse material curricular, além de se e como aparecem articulações entre as mesmas;
e 3) a construção de um material direcionado ao professor, sendo este um produto da
tese que consiste em orientações gerais e um conjunto de problemas articulados,
visando o desenvolvimento dos raciocínios combinatório e probabilístico de estudantes
dos Anos Finais do Ensino Fundamental. Os Estudos 1 e 2 apontaram que a
Combinatória tem ganhado menos espaço que a Probabilidade, tanto no currículo
prescrito quanto no currículo apresentado. No que diz respeito às duas áreas, foram
identificadas lacunas referentes ao trabalho com problemas variados que possibilitem a
ampla compreensão dos conceitos, bem como a apropriação e uso de diferentes
representações simbólicas que se adequem, também, ao nível de escolarização e de
dificuldade dos problemas a serem trabalhados nos Anos Finais. Percebeu-se que os
currículos prescrito e apresentado possibilitam articulações a partir de representações
em comum e também de contextos aleatórios únicos que exploram situações
combinatórias e probabilísticas, ainda que de maneira não intencional. Nesse sentido, o
Estudo 3 propõe um conjunto de problemas compostos por oito blocos, visando
aprofundar a articulação entre Combinatória e Probabilidade a partir do trabalho com os
diferentes tipos de problemas defendidos pelos aportes teóricos adotados, trazendo,
ainda, orientações ao professor no sentido de explorar a importância do
desenvolvimento dos raciocínios em questão. Dessa maneira, o trabalho de tese pode
contribuir tanto para o campo de estudos da Educação Matemática, quanto diretamente
para o ensino de Combinatória e de Probabilidade (valorizando as relações e possíveis
articulações entre essas áreas da Matemática) na Educação Básica, oferecendo
possibilidades para que o professor possa enriquecer sua prática e defendendo, ainda,
que desde os primeiros anos da escolarização e em anos posteriores os estudantes
são capazes de iniciar e ampliar o desenvolvimento de seus raciocínios combinatório e
probabilístico.

Esta pesquisa de tese, apresentada ao Programa de Pós Graduação em Educação Matemática e Tecnológica da Universidade Federal de Pernambuco, vincula-se ao grupo de pesquisa Laboratório de Pesquisa e Prática - Educação, Metodologias e Tecnologias – LAB EDUCAT. Foi construída a partir dos pilares: engajamento estudantil, tecnologia social e ensino médio integral e integrado à educação profissional. Parte da perspectiva da integração das transformações sociais oriundas da produção de tecnologia social à escola. O estudo traz como pressuposto ainda que a difusão da tecnologia social é um vetor capaz de induzir o engajamento dos estudantes, a partir das múltiplas concepções de saberes derivadas dos sujeitos e de suas repercussões nas aprendizagens geradas. Tem como lócus de estudo a Escola Técnica Estadual Jurandir Bezerra Lins, situada no município de Igarassu, Pernambuco, e como sujeitos de pesquisa estudantes do ensino médio integrado à educação profissional em Guia de turismo. Seu objetivo geral é investigar como a produção de tecnologia social influencia no engajamento dos estudantes no ensino médio integrado à educação profissional em guia de turismo. Referente aos procedimentos metodológicos, os definimos enquanto uma pesquisa de natureza essencialmente qualitativa, de gênero prático e exploratória. Também nos utilizamos das pesquisas documentais e bibliográficas. Empregamos múltiplos meios para o recolhimento dos dados no campo de investigação realizando a análise dos mesmos através do método da análise dos conteúdos, com base nas categorias e subcategorias temáticas geradas à luz dos referenciais teóricos estudados. Verificamos a presença das dimensões do engajamento estudantil discutidas na literatura acerca do construto no curso da produção de tecnologia social, sendo estas refletidas através de indicadores do engajamento dos estudantes, tais como: colaboração, protagonismo, trabalho em equipe e autonomia. Também foi realçado o engajamento dos discentes
relacionando-o à habilitação técnica de nível médio em guia de turismo, o que configurou um engajamento proveniente dos contextos originários da educação profissional e tecnológica vivenciada. Salientamos que a busca pela promoção de cenários de aprendizagens nos quais a tecnologia social sirva enquanto um elo entre a escola e a sociedade configura-se enquanto instrumento de participação ativa do estudante, sendo esta refletida em seu engajamento. Em seu processo contínuo de (re) construção de saberes, os estudantes poderão reconhecer em seu próprio território um local de produção de tecnologia social, condizente à sua realidade e aos
seus sujeitos, assim como espaço de vivências da sua futura atuação profissional. 

A presente pesquisa foi um estudo sobre os sentimentos e percepções de graduandos do curso de licenciatura em Pedagogia, em uma IES privada, sobre a inclusão digital dos discentes no período da Pandemia do Covid-19. Para isso, foi utilizada a técnica para o tratamento de dados, a análise de conteúdo de Bardin (2011). Foram aplicados dois instrumentos de coleta de dados, o primeiro foi uma entrevista aberta com 269 graduandos, e o segundo um questionário digital com 259 alunos para investigar sobre o objetivo do trabalho. Os dados foram analisados com o suporte do software Altas.ti (versão 22) e foi possível identificar que o sentimento mais citado nas falas dos graduandos em relação ao período da Pandemia do Covid-19 foi o sentimento de medo, com 113 relatos. Em relação a percepção dos estudantes sobre sua realidade acadêmica durante esse período pandêmico, a dificuldade de aprendizagem foi a mais registrada, com 51% dos relatos. Um dos principais motivos para esse resultado foi a mudança do modelo de ensino presencial para o modelo de ensino remoto emergencial.

As Tecnologia Digitais Móveis adentram a sociedade criando novos tempos e espaços, redimensionando distâncias, produzindo mudanças culturais, modificando e estimulando novos costumes e práticas sociais. Chega ao campo da educação favorecendo o acesso à informação e à comunicação, propondo contribuir para a construção da aprendizagem e solicitando mudanças das práticas cotidianas da escola. E chega na Educação de Jovens e Adultos trazendo possibilidades e desafios. Este estudo apresentou como objetivo de investigação analisar como o uso das Tecnologias Digitais Móveis contribui à garantia do Direito à Aprendizagem da Educação de Jovens e Adultos, em sua fase I. Consiste em uma pesquisa de abordagem qualitativa, de caráter descritivo e analítico que teve como lócus de investigação a Rede Municipal de Educação do Recife e como sujeitos de pesquisas professores que lecionam na Educação de Jovens e Adultos dessa rede de ensino. Na etapa inicial da pesquisa participaram da investigação 52 professores e na etapa subsequente, de aprofundamento da investigação, participaram 15 dos professores que compuseram a etapa inicial. Para a coleta dos dados, foram utilizados quatro instrumentos, sendo eles: o questionário online, a entrevista onlinesemiestrutura, o diário de bordo e as gravações em vídeos dos Encontros Formativos realizados com os sujeitos da pesquisa. Para a análise dos dados foi utilizado a Análise Temática Reflexiva, e o apoio do Software ATLAS.ti. Por meio da análise dos dados foram desenvolvidos quatro temas de pesquisa: (1) A Compreensão e a Práxis do Direito à Aprendizagem; (2) Encontro Territoriais: as Tecnologias Digitais Móveis e a EJA; (3) Pertencimento Tecnológico; e (4) O Empoderamento Docente e a Concretização das Tecnologias Digitais Móveis na EJA. Entre os resultados da pesquisa, destaca-se a necessidade de ampliação da compreensão de Aprendizagem na Educação de Jovens e Adultos. Este entendimento, necessita dialogar com as necessidades de aprendizagem do aluno; conversar com a perspectiva da Aprendizagem ao Longo da Vida; e envolver a necessidade de colaborar com a formação do Sujeito de Direito e para o exercício ativo da cidadania. Neste sentido, a contribuição da inserção e uso das Tecnologias Digitais Móveis na Educação de Jovens e Adultos se concretiza como resposta às perspectivas de aprendizagem estabelecidos para esta modalidade de ensino.

Essa pesquisa investigou a influência do currículo prescrito e do currículo apresentado no currículo moldado pelos professores para ensinar Estatística nos anos iniciais. Foram realizados dois estudos articulados entre si. O Estudo 1 investigou o currículo prescrito na BNCC, Proposta Curricular do Estado da Paraíba e Edital e Guia do PNLD 2019 sobre conteúdos de Estatística. Investigou também o currículo apresentado ao professor, a partir da análise do manual de orientação de livros didáticos de todas as coleções aprovadas no PNLD 2019 nos 1º e 5º anos do Ensino Fundamental. O Estudo 2 investigou o currículo moldado do professor a partir de entrevistas com 20 professores de escolas públicas. Com relação ao currículo prescrito, os resultados mostraram que há consonância entre os documentos curriculares, sendo a BNCC o estruturador dos critérios exigidos para os demais. Sobre conteúdos de Estatística, a estrutura da BNCC ainda fica aquém do que está sendo proposto na área de Educação Estatística. Foram identificadas poucas atividades de Estatística propostas nos livros didáticos que levassem os alunos a realizar pesquisas, havendo uma concentração em atividades com interpretação de dados. Essa abordagem não propicia uma aprendizagem de estatística como forma de compreender o mundo. Quanto ao currículo apresentado ao professor nos livros didáticos, as orientações gerais continuam bem gerais. Já as orientações em formato de U, novidade dessa edição de 2019, são distribuídas ao longo do livro do professor e a maioria vai além da exigência de apresentar o descritor, como é exigido. Refletem uma maior preocupação no direcionamento das atividades, apresentando objetivos e orientações específicas. Porém, observamos que o professor diante dessas orientações, demonstraram que não as leem, mesmo diante da pouca clareza quanto à compreensão dos objetivos propostos nas atividades, uma vez que não dominam os conteúdos de Estatística, o que reconhecem. Os professores apresentaram um conhecimento comum com muitas lacunas; um conhecimento especializado bem superficial; um desconhecimento de conteúdo e estudantes que os impossibilita a alcançar as dúvidas e incompletudes que a aprendizagem dos alunos demanda; o conhecimento de ensino é muito mais pela prática escolar; e um conhecimento de horizonte e currículo que é parcial e pouco utilizado no direcionamento das aulas. Assim, o currículo prescrito influencia o currículo apresentado, mas não o moldado. O livro didático, enquanto currículo apresentado, estabelece os conteúdos de Estatística que serão trabalhados em sala de aula, mas a ausência de clareza quanto às especificidades nos conteúdos de Estatística, resulta em um ensino sem aprofundamento na temática. O conhecimento em Estatística é identificado de forma muitos superficial pelos professores, o que indica uma necessidade de aprofundamento na temática para que possam lidar com as especificidades que a mesma demanda. Portanto, para o ensino não é suficiente boas atividades em livros didáticos, orientações ao professor ou propostas curriculares. É preciso que o professor busque se apropriar do que não sabe da mesma forma que deve levar seus alunos a esse tipo de atitude.

A pesquisa de doutorado objetiva analisar a constituição de atos dialógicos com o uso do aplicativo WhatsApp e do Google Meet em um processo de formação continuada de professores dos anos iniciais do Ensino Fundamental, na perspectiva do letramento estatístico. As discussões que a fundamentam ancoram-se nos pressupostos teóricos do Letramento Estatístico a partir do modelo de Gal (2002), na Educação Matemática Crítica, particularmente no construto de atos dialógicos propostos por Skovsmose (2006) e na abordagem do M-learning. Centrada em uma abordagem de cunho qualitativo, a pesquisa envolveu inicialmente uma Revisão Sistemática da Literatura (RSL) em publicações elaboradas no período de 10 anos e levantadas na base do Portal de periódicos da Capes, Anais de dois eventos de relevância da Educação Matemática (SIPEM e ENEM), e em teses e dissertações da BDTD. O estudo empírico envolveu a Aplicação de um questionário com questões abertas e fechadas contando com a participação de 18 professores e de um processo de formação continuada em situações síncronas e assíncronas, com a participação de 9 docentes que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A participação dos professores foi voluntária e pautada em suas disponibilidades em colaborar com as atividades e reflexões voltadas para o letramento estatístico. Os dados foram produzidos a partir das respostas do questionário, videogravação das reuniões no Google Meet e captura de imagens dos diálogos estabelecidos no grupo do WhatsApp. Os resultados da RSL oferecem indícios positivos de que as pesquisas na área da Educação Estatística e das TDIC seguem uma tendência diversificada com relação ao uso de instrumentos como meios de coleta de dados. Porém, as análises dos artigos elegíveis para leitura também revelam escassez de pesquisas que tratam do diálogo na Educação estatística com o uso das TDIC voltadas ao desenvolvimento profissional docente. Os dados obtidos do questionário indicam que o aplicativo WhatsApp é amplamente utilizado pelos docentes em situações profissionais e pessoais e que esses docentes compreendem e costumam realizar atividades envolvendo conteúdos de Estatística. Com o processo de formação continuada evidenciamos que os atos dialógicos não emergem isoladamente, mas associados entre si e articulados a contextos de comunicação. Constatou-se também que os atos dialógicos em comunicações síncronas apresentam um caráter mais espontâneo do que em relação às conversações assíncronas, mas em ambas as situações, a imprevisibilidade consistiu em forte característica do diálogo. A despeito do WhatsApp e Google Meet contribuírem para interações entre sujeitos e destes com o conhecimento, ainda são escassas as pesquisas que investigam o seu uso como ferramenta pedagógica no âmbito de processos de formação de professores que ensinam Matemática. É necessário considerar o modo como a comunicação ocorre no ambiente educacional, pois a forma como a interação é estabelecida influencia no engajamento e nas aprendizagens. Acreditamos que incluir aplicativos que são utilizados amplamente pela população pode potencializar novas formas de ampliar e compartilhar o conhecimento tendo em vista colaborar com a formação de sujeitos letrados estatisticamente. 

Esta tese de doutorado foi desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa Mídias Digitais e Mediações Interculturais (MDMI), vinculado ao programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC), na linha de pesquisa Educação Tecnológica, levando em consideração as rupturas provocadas pela cultura digital e fazendo emergir uma cultura da convergência dos meios de comunicação, que dá origem a novas maneiras de estruturação do discurso e que passa a se manifestar de maneira multimodal e transmidiática. Nesse contexto, surgem demandas para o desenvolvimento de competências transmidiáticas, de modo que os indivíduos se tornem aptos à compreensão e criação de sentidos a partir da transmidiação, reconhecendo competências que surgem a partir do contato com a cultura digital transmidiática. Em contrapartida, a avaliação de aprendizagem na educação necessita de uma ruptura com a cultura do teste, fazendo emergir a cultura da avaliação. Diante disso, propomos uma avaliação formadora, evidenciada no paradigma construtivista e que possibilita ao professor atuar como mediador entre o estudante e o conhecimento. O objetivo é desenvolver indicadores avaliativos que possam mostrar caminhos para uma avaliação formadora com mobilização de competências transmidiáticas em salas de aula. Nossa hipótese é a de que é possível sistematizar as experiências da educação transmidiática, levando ao desenvolvimento de um modelo com indicadores para avaliação em dinâmicas que mobilizem competências transmidiáticas, pavimentando as bases necessárias à criação de uma dinâmica de avaliação formadora com competências transmidiáticas para criação de sentidos no processo de aprendizagem, permitindo aos docentes avaliar o desenvolvimento de competências transversais, relacionadas à práxis na cultura digital transmidiática, potencializando a abordagem em conjunto aos conteúdos presentes nos currículos de cada área de conhecimento. Como referencial teórico, utilizamos o conceito de avaliação como mediação, segundo Hoffmann (1994; 2004); e de avaliação formadora, segundo Pinto (2016). No que se refere à cultura da convergência e às competências transmidiáticas, trazemos Jenkins (2009; 2010) e Scolari (2018a; 2018b). A fim de possibilitar um olhar crítico acerca das competências transmidiáticas, utilizamos a análise realizada por Ledesma (2019) sobre o projeto Literacia Transmedia, além dos conceitos de plataformização (POELL, NIEGBORG, VAN DJICK, 2019; VAN DJICK e POELL, 2018), colonialidade e pedagogia decolonial (MIGNOLO, 2019; WALSH, 2013; 2019). Esta pesquisa é de natureza qualitativa, de caráter exploratório, descritivo e analítico, cujo percurso inicia com uma revisão sistemática de literatura (SAMPAIO e MANCINI, 2007), a partir da qual sistematizamos experiências científicas, criando duas categorias de análise: trabalhos teórico-potenciais e teórico-experienciais. Com a análise dos trabalhos teórico-experienciais, realizamos 4 ciclos de codificação de Saldaña (2013), com caráter de codificação descritiva, de procedimentos, de mapeamento de código e de padrão. Com o processo de codificação, pudemos construir 4 categorias de indicadores avaliativos para o desenvolvimento de competências transmídia: Compreensão Transmídia; Criação de Conteúdo e Sentido; Gestão Pessoal, Social e de Conteúdo; e Intervenção Transmidiática Crítica. A partir dessas categorias, sistematizamos os indicadores para viabilizar a avaliação de competências transmídiáticas em sala de aula.

Partindo do princípio que as tecnologias estiveram presentes no ensino e aprendizagem da
Língua Inglesa, desde o advento do CALL - Computer Assisted Language Learning, nos anos
50 e 60, este trabalho procurou identificar de que forma as tecnologias têm sido utilizadas
hoje em sala de aula. Temos a especificidade das aulas observadas serem de crianças e
adolescentes pois é um ponto importante analisar como seria este uso das tecnologias com
este público que está mergulhado no uso delas. O objetivo desta pesquisa foi analisar o uso
pedagógico das tecnologias digitais nas aulas de Língua Inglesa em diferentes contextos de
ensino. Para atingirmos esse objetivo elaboramos três objetivos específicos, que são: 1)
Identificar o percurso de formação dos professores de Língua Inglesa para o uso das
tecnologias digitais em sala de aula; 2) Descrever as estratégias e materiais que são utilizados
pelo professor em sala de aula ; 3) Descrever alguns aspectos observados em sala como
comportamento dos alunos, forma de uso das tecnologias, exigência da escola para uso de
tecnologias e a concepção de inovação em aula na visão do professor. Para atingirmos estes
objetivos utilizamos uma abordagem qualitativa, sendo uma pesquisa descritiva, , cuja técnica
utilizada para a coleta de dados foi a observação sistemática em sala de aula e foi utilizada
também o instrumento de coleta de dados para a realização de entrevistas com os professores.
A pesquisa foi não participante, pois o pesquisador assistiu às aulas sem participar delas,
apenas observando e tomando notas. Procurando dialogar com trabalhos recentes e de
temática semelhante fizemos também uma revisão sistemática da literatura utilizando como
banco de dados a BDTD (Biblioteca Digital de Teses e Dissertações). Este portal possui 124
universidades brasileiras e proporciona acessibilidade irrestrita aos estudos através dos
repositórios de origem. Em relação aos autores, este trabalho se baseou em Levy (1999),
Moran(2006), Kensky (2007,2012,2013), Prensky (2001), Pinto (2005) no que tange ao uso
das tecnologias digitais entre outros autores. Em relação ao aprendizado do idioma Inglês,
com tecnologias digitais, este trabalho se orientou baseado em
Paiva(1997,2005,2009,2010,2012,2013), Leffa (1999,2006,2012,2013), Brewler,Ellis e Girard
(2004), Betcher e Lee (2009) e outros autores. Os resultados apontaram que nem todos os
professores possuem formação em Letras Português-Inglês; em relação ao domínio da
tecnologia, eles estão em sua maioria na faixa intermediária; em relação a apropriação das
tecnologias digitais, muitos do professores tiveram treinamento nas escolas onde ensinam
para o domínio das tecnologias; Apesar de a maior parte das escolas oferecerem os artefatos
tecnológicos, foram utilizadas também não tecnologias não digitais; Não encontramos muitas
diferenças nas estratégias de aula adotadas; Para os professores, as tecnologias digitais, de
forma geral, motivam os alunos e conseguem fazer com que os alunos aprendam melhor.
Apesar desta resposta, a maioria dos professores acha que ela não é essencial para se aprender
o idioma Inglês; Professores também apontaram algumas dificuldades no uso das tecnologias
digitais que podem ser de ordem política, técnica e pedagógica; As escolas também
incentivam o uso das tecnologias digitais no qual para algumas é obrigatório; e por fim, o
professor deu o seu conceito de inovação em sala de aula, no qual encontramos uma
associação com o uso de novos artefatos ou com uma nova abordagem pedagógica.

Esta pesquisa, de abordagem qualitativa, teve por objetivo geral construir um modelo de
conhecimentos docentes para o Ensino de Educação Financeira Escolar para os anos
iniciais do Ensino Fundamental. Buscamos responder às seguintes questões de pesquisa:
(1) em tempos de obrigatoriedade do ensino de Educação Financeira na escola, quais
são os conhecimentos demonstrados por professores que ensinam Matemática nos anos
iniciais do Ensino Fundamental sobre a temática? (2) Quais conhecimentos são
esperados que os professores dominem para um ensino crítico de EF na escola? Para
isso realizamos entrevistas semiestruturadas individuais com cinco professoras que
ensinam Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental em Recife – PE. Como
aporte teórico utilizamos o Mathematical Knowledge for Teaching – MKT de Ball,
Thames e Phelps (2008). Como resultado, aponta-se que o modelo criado recebeu o
nome de Conhecimentos docentes para o Ensino de Educação Financeira Escolar
(CEEFE), adaptado da teoria MKT, constituído a partir de estudos anteriores sobre
Educação Financeira, entrevistas com professoras e documentos oficiais da educação,
entre eles a Base Nacional Curricular Comum – BNCC (BRASIL, 2017; 2018) que
institui a obrigatoriedade da Educação Financeira (EF) a partir de 2017, quando houve a
homologação correspondente às etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental e
em 2018, com a homologação correspondente à etapa do Ensino Médio,
compreendendo a obrigatoriedade da EF em toda a Educação Básica. Como
supracitado, as entrevistas às professoras foi um elemento importante no
desenvolvimento do modelo, auxiliando na configuração dos diferentes conhecimentos
para o ensino de Educação Financeira Escolar (EFE) a partir da discussão de suas
práticas em sala de aula e de suas habilidades. O CEEFE é composto por:
Conhecimento Comum de EF, Conhecimento Especializado de EF, Conhecimento
Horizontal de EF, Conhecimento de EF e Ensino, Conhecimento de EF e Aluno,
Conhecimento de EF e Currículo. Desse modo, o modelo consiste na imbricação de
grandes áreas do conhecimento, com ênfase em algumas subáreas e conteúdos,
considerando elementos como os matemáticos e não matemáticos, de linguagem,
econômicos, psicológicos, entre outros. Apresentamos, ainda, uma síntese do CEEFE
das professoras entrevistadas, no qual é possível perceber a reorganização de seus
conhecimentos sobre EFE à medida que a entrevista avançava, em alguns momentos
com relações mais restritas sobre EF, mais voltadas a finanças pessoais, ou confundindo
com o ensino de sistema monetário ou Matemática Financeira, em outros momentos
com observações mais amplas considerando diversos elementos, de forma integradora,
coletiva e para a coletividade. Em vista disso, defendemos formações continuadas sobre
o tema, para que os professores e as professoras consigam fazer essas interrelações entre
os diversos conhecimentos e possam abordar a EFE de forma crítica e contextualizada
com intencionalidade pedagógica de forma sistemática no decorrer dos anos escolares.

O estudo visou contribuir para a aprendizagem de Combinatória por
estudantes cegos, em interação com videntes, utilizando materiais que
exploram diferentes sentidos e atendem as necessidades de cada um. Foram
revisados problemas e materiais utilizados em estudo anterior, elaborando-se
ou adaptando-se novos problemas e materiais, explorando os sentidos do tato,
olfato e visão. Estes foram aplicados junto a uma estudante cega e uma
estudante vidente, matriculadas numa escola municipal do Recife, que os
resolveram de forma conjunta. Os resultados apontam que os materiais
desenvolvidos, bem como a interação entre as estudantes, possibilitaram a
identificação dos elementos e o estabelecimento de relações necessárias à
resolução dos problemas combinatórios, além da troca de estratégias entre as
estudantes. Posteriormente, os materiais e momentos da interação, bem como
a resolução dos problemas pelas estudantes foram apresentados a uma
professora da sala regular e outra de Atendimento Educacional Especializado,
ambas com experiência com estudantes cegos. Estas analisaram que os
materiais cumprem a proposta a que se propõem, reconheceram a importância
da interação entre as estudantes cega e vidente para a construção das
aprendizagens de Combinatória, e sugerem outras situações pedagógicas em
que os materiais podem ser utilizados, como para realizar padrões,
classificações e quantificações. Espera-se que o estudo contribua com o
campo teórico e para a prática da educação inclusiva com foco na
aprendizagem dos estudantes, partindo-se das considerações de suas
necessidades e da interação entre eles.

De acordo com Lima e Giraffa (2007), ainda que exista uma variedade muito grande de dispositivos tecnológicos e ambientes virtuais disponíveis, o maior desafio do professor está em relacionar a tecnologia com sua metodologia de trabalho e a objetivos pedagógicos bem definidos. Em consonância, Fonseca e Barrére (2013) apontam que as dificuldades metodológicas no planejamento de aula com uso de recurso tecnológico é um dos principais motivos que dificultam a utilização das TDICs nas escolas. Isto posto, fica evidente que “as TDICs demandam conhecimentos diversos os quais são necessários para que o professor de Matemática possa ‘raciocinar com’, ‘criar com’ e ‘ensinar com’ tecnologia” (COSTA; PRADO, 2015, p.102). Esta última ação poderá ser desenvolvida e potencializada por propostas metodológicas que consideram sequências de estratégias didáticas como um “conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos” (ZABALA, 1998, p.18). Especificamente no caso do estudo da Matemática com o auxílio de TDICs, é possível provocar no educando a mobilização de alguns modelos base, tais como: aprendizagem por descoberta, resolução de problemas, construção de conceito, aprendizagem social e aprendizagem de hipertexto, conforme citam Oser e Baeriswyl (2001).  Por conseguinte, este estudo busca investigar as abordagens de ensino e aprendizagem que se utilizam de tecnologias digitais presentes em LDs, com o objetivo de integrar as TDICs no cenário educacional vigente, com foco nos modelos base de aprendizagem, mais especificamente, os que são mobilizados na atividade matemática. Mais geralmente, o presente estudo visa responder os seguintes questionamentos: De que maneira vem sendo feita a integração de TDICs em LDs de Matemática? Como as Coreografias Didáticas podem potencializar o planejamento das atividades propostas com o uso da tecnologia (sugerida), de modo a evidenciar os modelos base de aprendizagem próprios da área de Matemática?Disto, objetivamos identificar nas coleções de LDs de Matemática aprovados no PNLD 2018 propostas de atividades com a implementação de tecnologias e, a partir disso, analisar as atividades propostas por meio das Coreografias Didáticas como proposta metodológica que integre a construção do conhecimento matemático com o uso da tecnologia no planejamento e na criação de situações de aprendizagem.

No cenário atual em que vivemos os contextos sociais, políticos e educacionais estão sendo potencializados com a integração das tecnologias digitais da informação e comunicação e novos métodos inovadores para a sala de aula, seja ela presencial ou online. Visivelmente a educação, requer novas metodologias e métodos ativos, criativos e construtivos. A educação a distância, historicamente se manteve com métodos tradicionais e nesta perspectiva buscaremos discutir as metodologias ativas na educação online, onde destacam-se nas discussões atuais sobre modalidades e métodos que promovem a autonomia, a criatividade e a aprendizagem significativa de professores e estudantes. Neste processo de investigação, utilizaremos a Coreografia Didática, para relacionar as metodologias ativas como modelos de ensino e aprendizagem ativos. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo é investigar a implementação de metodologias ativas na educação online no ensino superior a partir do modelo das coreografias didáticas. Tendo como objetivos específicos (1) analisar a antecipação do planejamento de metodologias ativas na educação online; (2) analisar colocação em cena de metodologias ativas na educação online; (3) analisar a avaliação de metodologias ativas na educação online; e (4) analisar a relação entre o modelo das coreografias didáticas e as metodologias ativas utilizadas. Este estudo se caracteriza como uma pesquisa de natureza qualitativa tendo como campo empírico o Curso de Licenciatura em Letras-Língua Portuguesa (EAD), e campo de análise a disciplina de didática. Com isso, definimos o professor da disciplina, como sujeito da pesquisa onde analisamos o planejamento de metodologia ativa na antecipação, investigado por através de um documental com base de análise no planejamento do professor e sua prática na colocação em cena, ou seja, no ambiente online. Posteriormente, percebemos com o aprofundamento do estudo que não existem muito estudo sobre avaliação nas práticas de metodologias ativas, contudo a atuação avaliativa do sujeito da pesquisa evidenciou convergência com os estudos encontrados. Mais adiante, percebemos características e elementos que relacionam coreografias didáticas e metodologias ativas que são importantes o contexto escolar, contudo, se diferenciam, pois um trata-se de um modelo didático e o outro as estratégias metodológicas. Para esta investigação realizamos imersões através da etnografia virtual (HINE, 2000) no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) Moodle da UFPE, com intuito coletar e analisar os dados da pesquisa através dos artefatos culturais da internet e observações sistemáticas (GIL, 2003). Por fim, os resultados dos dados da pesquisa apontaram que, a atuação do professor, sujeito da pesquisa confirmou que a utilização e implementação de metodologias ativas na educação online, mais especificamente na disciplina de didática, contribuiu para o desenvolvimento da autonomia, possibilitou uma pluralidade de atividade que correspondiam aos objetivos, de forma ativa, visando os estilos de aprendizagem dos alunos.

A presente pesquisa tem como objeto de estudo o saber razões trigonométricas no
triângulo retângulo, no qual temos por objetivo geral é verificar as relações entre a
praxeologia matemática presente em uma coleção de livro didático e as técnicas utilizadas
pelos estudantes do 3o ano do ensino médio, quanto ao estudo das razões trigonométricas
no triângulo retângulo. Como referencial teórico, nos apoiamos na Teoria Antropológica do
Didático (TAD), desenvolvida por Yves Chevallard (1999) e seus colaboradores. Essa
teoria nos fornece ferramentas teóricas e metodológicas possíveis de analisar tanto livros
didáticos como as respostas dos estudantes, por meio de praxeologias, no qual poderemos
observar a realidade matemática, assim como, modelizar as técnicas utilizadas por eles.
Em nossa metodologia, optamos por uma abordagem qualitativa com caráter de análise
documental, de modo que possibilitou alcançar o nosso objetivo geral. A escolha dos
procedimentos metodológicos está dividida em três etapas: análise da coleção do livro
didático, análise dos protocolos com as respostas os estudantes, e por fim, a comparação
entre alguns elementos da praxeologia matemática dos livros didáticos e as técnicas dos
estudantes. Quanto ao procedimento metodológico aplicamos um teste, com 54
estudantes do ensino médio, composto por quatro problemas, extraídos do Sistema de
Avaliação Educacional de Pernambuco (SAEPE), mas que apresentavam os mesmos tipos
de tarefas na coleção do livro didático. Na análise dos resultados, identificamos nessa
coleção seis tipos de tarefas referentes ao saber razões trigonométricas no triângulo
retângulo, totalizando 88 tarefas, as quais a maioria se concentra no primeiro volume da
coleção. Quanto aos resultados dos protocolos dos estudantes, percebemos que um terço
deles não respondeu nenhuma das tarefas do teste. Os demais estudantes que

O objetivo dessa pesquisa foi investigar conhecimentos cognitivos, didáticos e/ou matemáticos mobilizados por professores da Educação de Jovens e Adultos em relação à área de paralelogramos (quadrados, retângulos e paralelogramos não retângulos e não losangos). Como suporte teórico, utilizamos a Teoria dos Campos Conceituais, desenvolvida por Gérard Vergnaud e seus colaboradores, e a abordagem de área como grandeza geométrica proposta por Régine Douady e Marie-Jeanne Perrin-Glorian. O material empírico analisado foi composto pelas respostas de 24 professores que ensinam ou ensinaram matemática na EJA a um questionário elaborado no Google Forms. Além de perguntas que visavam traçar o perfil dos participantes da pesquisa, foi solicitado aos professores que analisassem algumas atividades sobre a área de paralelogramos e avaliassem resoluções de supostos estudantes da EJA ao responder essas atividades. Após as análises dos resultados, destacamos a importância de mais formações voltadas para o ensino de área de paralelogramos na EJA, visto que 45,8% dos professores comunicaram nunca terem tido formação voltada para o ensino desse conteúdo. Isso pode ter influenciado no resultado dos professores entrevistados, dado que alguns mostraram indícios de dificuldades como: falta de importância para o uso de unidades de medida; dificuldade em figuras não prototípicas; dificuldade no cálculo de área e perímetro de paralelogramos.

Este estudo está inserido no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). As Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) vêm progressivamente ampliando as possibilidades de interação entre as pessoas, as trocas de informações, a colaboração participativa, a produção de novos conteúdos e a construção de uma inteligência coletiva, nesta sociedade que está cada vez mais imersa na cultura digital. O período pandêmico da Covid-19 trouxe muitos desafios, mostrando a necessidade do desenvolvimento de determinadas habilidades; do acesso aos dispositivos digitais e à internet; e de adaptações metodológicas, para que os envolvidos no processo educativo pudessem acompanhar as aulas remotas emergenciais. Dentro deste contexto, é importante afirmar que a corresponsabilidade das ações pedagógicas é de todos, com foco na qualidade da aprendizagem dos estudantes, destacando o papel do coordenador pedagógico, que é um dos profissionais responsáveis pela articulação das ações pedagógicas entre os autores desse processo educativo. Nesse cenário, surgiu o seguinte problema de pesquisa: qual o papel dos coordenadores pedagógicos diante dos desafios das ações pedagógicas com o uso das TDIC, em tempos de pandemia, nas escolas da Rede Municipal do Recife? Assim, o objetivo geral de nosso estudo foi o de analisar o papel dos coordenadores pedagógicos em relação aos desafios das ações pedagógicas com o uso das TDIC, em tempos de pandemia, nas escolas da rede municipal do Recife. Para alcançarmos o objetivo geral, estabelecemos os seguintes objetivos específicos: a) identificar o papel dos coordenadores pedagógicos dos anos iniciais na Rede Municipal de Ensino do Recife (RMER), quanto aos usos das TDIC; b) investigar os desafios das ações pedagógicas dos coordenadores durante a pandemia com os usos das TDIC; c) relacionar o papel dos coordenadores pedagógicos dos anos iniciais na RMER quanto aos usos das TDIC com os desafios de suas ações na pandemia com os usos das TDIC. Os principais autores que contribuíram para o desenvolvimento e articulação de nosso estudo foram: a) em relação aos coordenadores pedagógicos, Placco & Almeida (2003), Placco et al.  (2012), Monteiro et al. (2012), Freire (1983, 1987), Libâneo (2012); b) em relação aos usos das TDIC, abordamos os estudos de Castells (2009), Kenski (2015), Silva, R. (2017), Bates (2016), Masseto (2000), Moreira et al. (2020) entre outros; c) no contexto dos desafios das ações pedagógicas durante as aulas remotas emergenciais na pandemia, discutimos os estudos de Joye et al (2020), Moreira e Schlemmer (2020), Palú et al (2020), Cardoso et al (2020). Decidimos realizar um estudo de caso único, utilizando uma metodologia de natureza qualitativa, com caráter exploratório e descritivo. Como instrumentos de coleta de dados, optamos por realizar uma pesquisa documental e um questionário semiestruturado online (formulário eletrônico). A análise dos dados foi realizada através da Análise de Conteúdo (AC), de Bardin (2011) e Moraes (1999), na perspectiva de realizar procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição e interpretação. Os resultados mostraram forte influência dos coordenadores pedagógicos nas práticas pedagógicas com o uso da TDIC. Eles são um dos principais responsáveis pelo incentivo, articulação e intervenção no que se refere ao uso de tecnologias digitais, contribuindo para buscas de novas possibilidades e alternativas de enfrentamentos de diferentes situações pedagógicas, nesses tempos de pandemia, nas escolas na Rede Municipal de Ensino (RMER).

Este estudo está inserido na Linha de Pesquisa de Educação Tecnológica, do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica (EDUMATEC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A Educação de Surdos está sendo amplamente discutida, mais precisamente pelo reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras), através da Lei nº10.436/2002, apontando elementos específicos quanto à formação do sujeito Surdo. E, com a popularização das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC), os estudos na área da Educação de Surdos voltaram-se para inclusão das pessoas Surdas nos meios digitais. Nesse sentido, o vídeo é um artefato difundido na Comunidade Surda, por sua facilidade de manuseio e por proporcionar que o discurso em Libras seja gravado e compartilhado com maior rapidez e veracidade. Assim, a fim de contribuir com a produção de vídeos para Educação de Surdos, propusemos responder ao seguinte questionamento: de que maneira acontece a produção de vídeos pelos professores intérpretes de Libras, do Ipojuca, na Educação de Surdos? No que se refere à metodologia, e para alcançar os objetivos do estudo, optamos por realizar uma pesquisa de natureza qualitativa, que, quanto aos objetivos, apresenta um caráter exploratório e descritivo e, quanto aos procedimentos, caracteriza-se como um estudo de caso. Os instrumentos de coleta de dados foram a pesquisa documental, o questionário (formulário online) aplicado juntos aos sujeitos desta pesquisa e a observação dos vídeos cedidos. As análises foram realizadas através da Análise de Conteúdo, de Moraes (1999). Os resultados mostram que a produção de vídeos para Educação de Surdos não possui amparo em documentos oficiais da área, é estudada por alguns autores da área, mas sem diretrizes que conduzam os professores à uma produção efetiva. Acreditamos que a produção de orientações específicas para a produção de vídeos para Educação de Surdos, precisa ser discutida entre os profissionais da área, já que para eles, essa produção ocorre de forma experimental.