AVALIAÇÃO DA EXPRESSÃO DE E5 DO HPV 16, EM TUMORES DE PULMÃO, E SUA CORRELAÇÃO COM EGFR E PD-L1
Papilomavirus humano; Neoplasia; Oncoproteínas; Carcinogênese.
A neoplasia pulmonar figura como a principal causa de mortalidade por câncer em escala global, totalizando mais de 10 milhões de óbitos, em 2020. Entre os fatores etiológicos, o papel dos vírus, como o Papilomavírus humano, têm sido destacado. Devido a relação de oncoproteínas do HPV no câncer cervical e em tumores de cabeça e pescoço, a oncoproteína E5 demonstra potencial em modular a atividade do Receptor do Fator de Crescimento Epidérmico (EGFR), que é um biomarcador estabelecido na carcinogênese de pulmão e é um alvo terapêutico prevalente em adenocarcinomas pulmonar. Adicionalmente, tem sido observada como um mediador relevante na resistência ao bloqueio de checkpoint imune mediado por PD-L1. O presente projeto propõe-se a detectar e avaliar o papel da expressão gênica de E5 do HPV 16, na atividade de EGFR e PD-L1, em linhagens celulares de câncer de pulmão. Para isso, foi realizada a clonagem de E5 do HPV 16 no vetor para expressão em células de mamíferos pcDNA3.1+. Através de experimentos in vitro, foi realizada a obtenção do RNA para análise de expressão gênica por RT-qPCR. As mutações nos éxons 19 e 21 de EGFR foram identificadas em 15 amostras de tumores pulmonares por meio de PCR bi-pasa. Nesse viés, obteve-se que a expressão relativa dos genes EGFR e PD-L1 foi significativamente maior nas células transfectadas com o vetor pcDNA E5, contendo o gene E5 do HPV16, em comparação ao grupo controle. Dentre as amostras de pacientes negativos para HPV, 44,4% (4/9) apresentaram mutação nos éxons 19/21, enquanto 33,3% (3/9) não apresentaram mutações e 22,2% (2/9) permaneceram indeterminados. Em contrapartida, no grupo positivo para HPV, observa-se uma redução na proporção de amostras com mutações presentes para 33,3% (2/6) e ausentes para 16,7% (1/6). Esses resultados sugerem que a presença do HPV pode estar associada a uma menor taxa de mutações nos éxons 19/21. Portanto, correlacionar a atividade da E5 do HPV 16 à expressão de EGFR e suas variantes mutacionais, bem como a expressão de PD-L1, em amostras tumorais, tende a contribuir para uma compreensão mais abrangente da carcinogênese de pulmão. Tais achados reiteram a pertinência do estudo dessas interações no microambiente pulmonar.