Avaliação das atividades antioxidante, anticâncer e modelagem molecular de metabólitos do óleo essencial de Algrizea minor Sobral, Faria & Proença
Planta medicinal. Atividade anticâncer. Docking molecular.
O câncer é um problema global de saúde pública com milhões de novos casos e mortes anuais, e o tratamento envolve métodos desafiadores como cirurgia, quimioterapia e radioterapia. Algrizea minor, uma planta da família Myrtaceae, é endêmica do Brasil e encontrada na Caatinga, especialmente nos estados da Bahia, Sergipe e Alagoas. Tradicionalmente, é utilizada para tratar problemas respiratórios, infecções urinárias, dores articulares e musculares, distúrbios digestivos e para cicatrização de feridas, com propriedades antimicrobianas, anti-inflamatórias e analgésicas comprovadas na literatura científica. Este estudo teve como objetivo investigar as propriedades fitoquímicas do óleo essencial de A. minor, avaliando suas atividades antioxidante e citotóxica em células tumorais e não tumorais, além de realizar docking molecular para compreender suas interações com proteínas-chave relacionadas à apoptose e proliferação celular. Para a caracterização do óleo essencial, utilizou-se cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, identificando 42 compostos, com o β-pineno como principal componente (34,5 %) α pineno(9,97 %) e β-cariofileno(5,04 %), . A atividade antioxidante foi medida pelos métodos de sequestro de radicais DPPH (2,2-difenil-1-picril-hidrazil) e ABTS (ácido 2,2'-azino-bis(3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico)), alcançando 45,20 % de sequestro de radicais a 500 µg/mL no DPPH. A citotoxicidade foi investigada pelo método do brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT) em linhagens de células tumorais humanas, incluindo adenocarcinoma de cérvix (HeLa), carcinoma de pulmão (NCI-H292), câncer de mama (MCF-7) e leucemia promielocítica aguda (HL-60), além de células não tumorais, como fibroblastos de camundongo (L929) e células epiteliais renais de macaco (Vero CCL-81). A atividade hemolítica foi incluída para avaliar a segurança do óleo, verificando sua capacidade de destruir glóbulos vermelhos humanos. Além disso, foi realizado docking molecular com as proteínas-alvo tubulina (PDB: 1SA0) e Bcl-2-xL (PDB: 2W3L) para avaliar as interações dos compostos majoritários. Os resultados indicaram que o óleo essencial de A. minor possui atividade citotóxica expressiva, com inibição de 96,30 % em células HeLa e 98,60 % em HL-60, enquanto α-pineno e β-cariofileno apresentaram inibições de 94,44 % e 96,98 %, respectivamente, para a HL-60. A mistura dos componentes majoritários também demonstrou inibição relevante nessa linhagem. Na linhagem NCI-H292, o óleo essencial de A. minor teve inibição de 98,13 %, apresentando baixa citotoxicidade em células mononucleares de sangue periférico (PBMC) e ausência de hemólise até 500 μg/mL, sugerindo seletividade e segurança em células não tumorais. Nos estudos de docking molecular, os monoterpenos β-cariofileno, α-pineno e β-pineno exibiram alta afinidade de ligação com as proteínas tubulina e Bcl-2-xL, sugerindo que esses compostos podem interagir de forma estável com os alvos moleculares e modular processos como apoptose e divisão celular. Esses achados reforçam o potencial antitumoral do óleo essencial de A. minor, que se destaca tanto pela seletividade contra células tumorais quanto pela segurança em células não tumorais, posicionando-o como um promissor candidato para o desenvolvimento de novas terapias anticâncer.