DIETA CETOGÊNICA NA LACTAÇÃO SOBRE A COMPOSIÇÃO CORPORAL E METABOLISMO ENERGÉTICO NA PROLE DE RATOS ADULTOS
Dieta cetogênica; Período perinatal; Plasticidade fenotípica.
Introdução: A aplicação de uma dieta com alteração na proporção de macronutrientes, como o aumento no teor de lipídios e diminuição no teor de carboidratos, em períodos de desenvolvimento é de interesse científico, visto que os períodos iniciais de crescimento e desenvolvimento são marcados por uma rápida proliferação e diferenciação celular de órgãos e tecidos, os quais necessitam de uma demanda energética e de nutrientes em quantidades adequadas. Objetivo: Avaliar os efeitos da dieta cetogênica durante a lactação de ratas sobre a
composição corporal, parâmetros bioquímicos, teor de gordura e composição lipídica no tecido hepático, e expressão das proteínas da via de insulina no tecido adiposo branco e músculo esquelético da prole. Metodologia: Foram utilizadas 16 ratas Wistar, nulíparas, adultas, 56 filhotes fêmeas e 58 filhotes machos provenientes das ratas. Após o parto, as ratas foram designadas para os grupos experimentais: Grupo Controle (dieta controle, GC, n=8) e Grupo Cetogênico (dieta cetogênica, GK, n=8). Os filhotes de ambos os grupos foram designados: Grupo Controle Macho (GCM, n=28), Grupo Controle Fêmea (GCF, n= 30), Grupo Ketogenic
Macho (GKM, n=30) e Grupo Ketogenic Fêmea (GKF, n=26). Durante a lactação, o GC recebeu a dieta AIN-93G (3,6cal/g, 18% proteínas, 63% carboidratos e 19% de lipídios), e o GK recebeu a dieta cetogênica, rica em gordura saturada, baseada na dieta AIN93G (5,4cal/g; 19% proteínas, 10% carboidratos e 71% de lipídios). Após o desmame, as proles de ambos os grupos receberam dieta comercial até os 90 dias de vida. Nas ratas lactantes foram quantificados o peso corporal e o consumo alimentar. Nos filhotes in vivo, foram quantificados o peso corporal e o consumo alimentar, além de ter sido aplicado dois testes de tolerância aos 90 dias de vida: teste de tolerância à glicose (GTT) e teste de tolerância à insulina (ITT), já as análises post mortem consistiram em análise do peso úmido dos órgãos, análise bioquímica, análise do conteúdo lipídico do tecido hepático e expressão de proteínas da via de sinalização de insulina no tecido adiposo e no músculo esquelético. Foram utilizados teste “T” de Student’s, o teste ANOVA two-way por medidas repetidas e o teste “T” de Student’s Paread. O nível de significância foi p<0,05. Resultados: As ratas lactantes do GK apresentaram um menor consumo alimentar no final da lactação e uma maior perda de peso neste mesmo período. O GKM apresentou maior ganho de peso ao fim da lactação e maior ganho de peso durante o período pós-lactacional. O GKM
apresentou maior concentração de glicose plasmática no ponto de tempo de 30’ do GTT, e o GKF no ponto de tempo de 60’; No ITT o GKM apresentou maior concentração de glicose plasmática na maioria dos pontos de tempo analisados, e o GKF nos pontos de tempo 0’ e 30’, o que acarretou uma maior área sob a curva glicêmica para este grupo. O GKM apresentou maior peso da gordura abdominal, e o GKF apresentou maior peso não só da gordura abdominal, mas também do fígado e dos músculos sóleo e EDL. O GKM também apresentou maior concentração sérica de colesterol total e colesterol HDL, já o GKF apresentou menor concentração sérica de
glicose e maior concentração de triglicerídeos. Conclusão: A exposição materna a dieta cetogênica rica em gordura saturada durante a lactação acarretou mudanças no ganho de peso e na composição corporal da prole na vida pós-natal, estando associado ao aumento das frações lipídicas circulantes, e comprometimento da glicemia mediante testes de tolerância à glicose e à insulina.