DESIGUALDADES SOCIAIS NO AMBIENTE ALIMENTAR COMUNITÁRIO NA PRESENÇA DE DESERTOS E PÂNTANOS ALIMENTARES: UMA ANÁLISE ECOLÓGICA EM RECIFE/PE
Varejo de alimentos. Desertos alimentares. Pântanos alimentares. Desigualdades sociais. Sistemas Alimentares.
Objetivou-se descrever o Ambiente Alimentar (AA) comunitário, desertos e pântanos alimentares e as suas associações com características demográficas e socioeconômicas de Recife. Trata-se de um estudo ecológico com dados dos setores censitários urbanos como unidades de análise. Dados dos estabelecimentos alimentares foram obtidos de fontes governamentais, em 2019, e classificados como: estabelecimentos que vendem predominantemente alimentos in natura ou minimamente processados (50% ou mais); estabelecimentos mistos (os que vendem alimentos in natura ou minimamente processados e ultraprocessados); estabelecimentos que comercializam alimentos predominantemente ultraprocessados (50% ou mais); e supermercados e hipermercados. Desertos e pântanos alimentares foram identificados, respectivamente, pela densidade de estabelecimentos saudáveis e não saudáveis. Condições socioeconômicas e
demográficas dos setores censitários foram avaliadas pelas variáveis do último censo de 2010 (renda per capita, rendimento médio, raça, alfabetização do chefe domiciliar e disponibilidade de serviços essenciais) e pelo Índice de Vulnerabilidade em Saúde (IVS). A maioria dos estabelecimentos de Recife vendem principalmente alimentos
ultraprocessados (77,3%, n=15.607). Verificou-se associação significativa entre a frequência dos estabelecimentos alimentares e o IVS, de modo que esses foram menos frequentes em áreas de IVS alto, exceto para os hipermercados e supermercados. Os bairros considerados desertos alimentares possuem maior vulnerabilidade, caracterizados por piores condições de renda e de acesso a serviços essenciais, enquanto nos bairros considerados pântanos é o inverso. O AA comunitário de Recife revela desigualdades sociais na presença de desertos e pântanos alimentares.