SÍNDROME METABÓLICA EM ADULTOS DO ESTADO DE PERNAMBUCO: EVOLUÇÃO TEMPORAL E FATORES ASSOCIADOS
Síndrome metabólica; Adultos; Prevalência.
A Síndrome Metabólica (SM) é definida como um conjunto de fatores de risco inter-
relacionados, e embora as principais causas para surgimento da etiologia
permaneçam indeterminadas, estudos sugerem que a obesidade abdominal e
resistência à ação da insulina exerçam um papel chave. Diante de sua associação
com doenças de grande impacto na saúde pública, e do elevado risco de morte que a
SM adiciona a essas causas, o presente estudo tem como objetivo analisar a evolução
temporal e fatores associados à síndrome metabólica em adultos do estado de
Pernambuco nos anos de 2006 e 2016. A presente investigação trata-se de um estudo
de delineamento transversal de base populacional, realizado com adultos, na faixa
etária entre 25 e 59 anos, de ambos os sexos. A SM foi definida a partir da
harmonização do consenso internacional de cardiologia e da Pesquisa Nacional de
Saúde como ≥ 3 componentes: circunferência abdominal, colesterol total,
triglicerídeos e hipertensão arterial elevados ou em tratamento para essas
anormalidades. As informações utilizadas para a realização desta casuística fazem
parte do banco de dados da Pesquisa Estadual de Saúde e Nutrição de Pernambuco
(PESN). Na análise dos dados foram empregadas inicialmente uma pós-estratificação
no banco, em seguida estatísticas descritivas e testes de associação pelo qui-
quadrado. Para a análise dos fatores associados à SM, foi realizado o modelo de
regressão logística. As variáveis que apresentarem nesta análise um valor de p<0,20
foram selecionadas para o modelo multivariado, considerando um nível de
significância de 5%. Para avaliar a evolução temporal entre as pesquisas foi
empregada a interação de tempo X covariável, visando identificar as variáveis
modificadoras as quais pudessem estar associadas a essa alteração prevalência da
SM entre 2016 x 2006. Aquelas variáveis cujo valor de “p” para as interações forem
≤0,20 foram consideradas como significantes para as categorias avaliadas. A
prevalência da síndrome metabólica encontrada foi 32,5% e 47,1%, em 2006 e 2016
respectivamente, sendo esse aumento significativo entre as duas enquetes (OR=1,8;
p=0,002), e principalmente devido ao aumento dos componentes colesterol e
obesidade abdominal. Na III PESN permaneceram no modelo final ajustado as
variáveis: idade (p<0,001) e destino dos dejetos (p=0,0357). Para a IV PESN,
permaneceram associadas a SM no modelo final as variáveis idade (p<0,001) e cor
da pele (p=0,0439). Para a evolução, em modelos ajustados o aumento foi maior para
mulher vs. homem (OR=2,6 vs 1,6, p=0,123), entre brancos vs. outros (OR=3,2 vs.
1,8, p=0,127), em áreas urbana vs. rural (OR=2,3 vs 1,4, p=0,204), para sujeitos com
nível intermediário de educação (OR=3,7 vs. OR=2,3 para o menor nível ou OR=1,3
para o maior, p=0,145) e entre profissionalmente ativo vs. inativo (OR=2,4 vs. 1,5,
p=0,138). Não houve efeito modificador da idade ou nos tercis do índice de condição
socioeconômica. O aumento acentuado na prevalência da SM foi principalmente
devido aos componentes de colesterol e adiposidade abdominal. O forte padrão
sociodemográfico da evolução pode oferecer subsídios para a prevenção direcionada
para conter o aumento, bem como para abordar as desigualdades.