PAPEL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA TOXICIDADE DO TRATAMENTO QUIMIOTERÁPICO DE PACIENTES COM CÂNCER ESÔFAGO-GÁSTRICO: UM ESTUDO OBSERVACIONAL PROSPECTIVO.
sarcopenia; caquexia; mortalidade; quimioterapia combinada; toxicidade.
Introdução: No câncer de esôfago e estômago a prevalência de sarcopenia é de
50,2% e 35% respectivamente. A sarcopenia associa-se a taxas mais altas de
complicações no câncer, menor sobrevida, maior recidiva tumoral, internações
hospitalares e mortalidade prematura. Objetivo: Avaliar a sarcopenia, caquexia e
obesidade sarcopênica de pacientes ambulatoriais com câncer de esôfago ou
gástrico em tratamento quimioterápico e a associação com toxicidade e
mortalidade. Métodos: Estudo de delineamento longitudinal com corte transversal,
realizado no período de março de 2021 a março de 2023, envolvendo pacientes
admitidos pelo ambulatório de oncologia clínica e triagem do Hospital de Câncer de
Pernambuco. Foram incluídos na pesquisa indivíduos adultos e idosos, de ambos os
sexos, com neoplasia do esôfago e de estômago, em qualquer estágio da doença,
iniciando o primeiro ciclo de quimioterapia isolada ou combinada com radioterapia ou
cirurgia. A toxicidade gastrointestinal foi obtida a partir de informações registradas em
prontuários e ligação telefônica ao paciente. Informações sobre a morte foram obtidas
através de ligação telefônica a um membro da família no acompanhamento de 2021–
2023 ou do registro hospitalar do Hospital de Câncer de Pernambuco. A sarcopenia e
obesidade sarcopênica foram avaliada pelos critérios do European Working Group on
Sarcopenia in Older People (2019) e a caquexia pelos propostos por Fearon (2011).
Resultados: No corte transversal a amostra foi composta por 212 pacientes e a
prevalência de sarcopenia, obesidade sarcopênica e caquexia foram de 40,5%, 5,2% e
89,2% respectivamente. No estudo longitudinal foram acompanhados 138 pacientes. A
prevalência de caquexia diminui com o tratamento, mas a prevalência de sarcopenia
aumentou. A toxicidade foi associada ao diagnóstico de sarcopenia, mas com análise
ajustada identificamos que apenas a presença de metástase foi associada ao risco 3,82
vezes maior de toxicidade. O risco de mortalidade após a análise ajustada foi associado
a presença de metástase (3,9) e a sarcopenia grave (13,2). Conclusão: A prevalência
de sarcopenia e caquexia foram elevadas, mas a obesidade sarcopênica não
teve expressividade em pacientes com câncer esofagogástrico. A toxicidade está
associada ao câncer mais avançado, com presença de metástase e o risco de
mortalidade em pacientes em tratamento quimioterápico é aumentado na
presença da sarcopenia grave.