Associação entre vício alimentar, consumo alimentar e estado nutricional: um estudo em escolares dos 7 a 10 anos de idade da rede municipal de Vitória de Santo Antão – PE
Dependência de alimentos; Obesidade Pediátrica; Alimentos Ultraprocessados; Comportamento Alimentar
Alimentos ultraprocessados (AUP) possuem em sua composição nutricional, excesso de calorias, açúcar, sal e gorduras. Grande parte da contribuição calórica da ingestão alimentar de crianças e adolescentes provém de AUP. Sabe-se que o consumo excessivo de AUP é capaz de promover alterações sobre o estado nutricional, e consequentemente a obesidade. Além disso, estudos têm demonstrado que a ingestão de AUP pode estar relacionada a sensações de dependência, impulsividade e compulsividade, caracterizando a presença de vícios alimentares (VA). Desta forma a hipótese desta tese é que a ingestão elevada de AUP está associada ao VA e aumento nos casos de sobrepeso e obesidade em escolares dos 7 aos 10 anos de idade do município de Vitória de Santo Antão. Assim, o objetivo do presente estudo é avaliar a associação entre VA, consumo alimentar e estado nutricional em escolares de 7 a 10 anos de idade residentes no município de Vitória de Santo Antão. Para alcance do objetivo, primeiramente, foi realizada uma revisão sistemática para investigar o consumo alimentar de crianças e adolescentes com VA. Foram utilizados três bases de dados, PubMed (Medline), PsycINFO e Science Direct, e os foram selecionados artigos publicados até maio/2023. Também foi realizado um estudo do tipo transversal de base populacional e caráter analítico em escolas da rede municipal urbana de Vitória de Santo Antão. Para avaliação do diagnóstico de VA foi utilizado a Escala de Vício Alimentar para crianças (YFAS-c) e para avaliação do consumo alimentar foi utilizado um questionário de frequência alimentar (QFA) quantitativo desenvolvido e validado para a população. Através deste questionário foi avaliado a ingestão de alimentos de acordo com o grau de processamento dos alimentos. Também foram avaliados o estado nutricional baseado nas curvas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS), dados sociodemográficos e comportamentais. Como resultados preliminares, observou-se uma prevalência de 47,8% de VA, não havendo diferença entre os sexos, as características sociodemográficas e estado nutricional. Tanto a revisão sistemática, quanto o estudo original, observaram que o consumo absoluto de AUP foi maior no grupo de escolares com VA. Além disso, observou-se maior ingestão de ingredientes culinários, como açúcar, no grupo com VA. Análises de associação serão realizadas posteriormente. Portanto, os resultados preliminares permitem concluir que o consumo de AUP é maior em crianças e adolescentes com VA. No início da vida, essas alterações podem influenciar alterações na trajetória do estado nutricional e consequentemente trazer repercussões negativas na vida adulta.