JEEP DE GOIANA (PE) UM MONSTRO INTELIGENTE. INDÚSTRIA 4.0. INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL AUTOMAÇÃO CIBER-FÍSICA E EXTRAÇÃO DE MAIS-VALOR NA SMARTFACTORY MAIS MODERNA DO BRASIL
Indústria 4.0. Inteligência Artificial. Jeep Goiana. Exploração do trabalho. Crise capitalista neoliberal.
Esta dissertação analisa as tendências contemporâneas da indústria 4.0 na indústria de transformação, em particular, o caso da Jeep Goiana (PE), representante da indústria automobilística, fundamentando-se no arcabouço teórico marxista. As grandes transformações tecnológicas de nossa época aplicadas à produção e nas intermediações entre capital e trabalho iniciaram-se com o conceito da Indústria 4.0 em meados de 2009 na Alemanha; hoje seu ponto de disrupção apresenta-se através das chamadas inteligências artificiais em toda as esferas da sociedade, produção, circulação e reprodução. Esta tendência, em pleno estágio de desenvolvimento, incorpora-se ao quadro internacional de reestruturação produtiva global pós crise de 2008. Inaugurada em 2016, a Jeep Goiana nos oferece uma privilegiada oportunidade de investigação, sendo uma das fábricas modelo de indústria 4.0 em contexto brasileiro de referência internacional. o que permite, portanto, comparar suas características com os modelos produtivos antecessores, como o fordismo e o toyotismo, no marco do esquema internacional da produção enxuta, assim como as tendências globais colocadas para indústria 4.0 no ramo fabril automotivo. A partir da investigação do concreto em seu modelo vigente, analisamos também sua interlocução com as características particulares da crise capitalista internacional do neoliberalismo e seu padrão de acumulação questionado pela crise de 2008. Para dar conta de tais objetivos, investigamos também as particularidades da Jeep Goiana no contexto de desenvolvimento desigual e combinado nordestino no território brasileiro, bem como as características concretas das tecnologias que compõem o espaço cyber-físico em seu interior, como big data, internet em nuvem, internet das coisas, robótica, automação algorítmica e finalmente a inteligência artificial. Do arcabouço teórico marxista, utilizamos obras clássicas de Marx, como “O Capital”, relacionando suas análises sobre a maquinaria capitalista e as relações de produção e exploração capitalista com o arsenal tecnológico contemporâneo da indústria 4.0. Também utilizamos de autores da sociologia do trabalho, como Ricardo Antunes, para dar conta das tendências de proletarização em curso semeadas pela indústria 4.0, e as obras de Iuri Tonelo para dar conta do entendimento da crise capitalista e sua relação com o neoliberalismo decadente. Nossa análise possibilitou inúmeras relações, conexões e conclusões tendenciais entre o modelo da indústria 4.0, a crise capitalista internacional e a intensificação da exploração do trabalho. Fazemos, ainda, uma interpretação marxista e reflexões iniciais a respeito das tecnologias da indústria 4.0 e a inteligência artificial, bem como um traçado processual histórico das aplicações tecnológicas da indústria automotiva fabril, comparando a Jeep Goiana com o parque industrial automotivo internacional, averiguando o incremento tecnológico específico que particulariza a indústria 4.0 enquanto modelo produtivo. Nossas conclusões apontam para a elevação do trabalho alienado estranhado, elevação da subsunção do trabalho ao capital e suas maquinarias ciber-físicas, elevação da precarização do trabalho, subordinação da economia brasileira ao imperialismo, aprofundamento do desenvolvimento desigual e combinado, e a transformação do ordenamento neo-liberal do trabalho internacionalmente.