RESÍDUO AGROINDUSTRIAL DE UVA ISABEL (Vitis labrusca L) COMO FONTE DE PIGMENTOS ANTOCIÂNICOS PARA APLICAÇÃO EM ALIMENTOS: CARACTERIZAÇÃO, ENCAPSULAÇÃO E INFLUÊNCIA DAS ANTOCIANINAS NAS CARACTERÍSTICAS FISICO-QUÍMICAS E BIOATIVIDADE EM MATRIZ ALIMENTAR
Química verde, resíduos, antioxidante, alimento funcional, corantes, tecnologia dos alimentos, flavonoides
O crescimento da fruticultura irrigada e incremento de novas tecnologias vêm estimulando
a expansão das agroindústrias processadoras de frutas, gerando volume de resíduos
descartados inadequadamente, causando assim contaminação ambiental, além de custos
financeiros. Estes resíduos são compostos principalmente de cascas e sementes ricos em
pigmentos e antioxidantes, podendo apresentar grande potencial, pois além de possuírem
açúcares, vitaminas, sais minerais e fibras apresentam teores significantes de compostos
bioativos. Esses fitoquímicos podem ser isolados para uso em suplementos nutracêuticos,
aditivos alimentares, produtos farmacêuticos e alimentos, contribuindo para a recuperação
de resíduos, trazendo, assim, benefícios econômicos e reduzindo o impacto ambiental.
Diante disso, essa pesquisa objetivou identificar, quantificar e purificar antocianinas do
resíduo de uva, da cultivar Isabel (Vitis Labrusca L.), provenientes de uma unidade
processadora de polpa congelada, e em seguida, formular um corante a partir do pigmento
microencapsulado e aplicar em diferentes matrizes alimentícias, avaliando a estabilidade
do mesmo quanto aos parâmetros de cor, antocianinas totais, teor de fenólicos totais,
atividade antioxidante, pH e acidez. As antocianinas foram quantificadas por diferencial e
sua purificação foi realizada por meio de cartuchos Sep-Pak C18. Análises
cromatográficas foram efetuadas para identificação e quantificação das antocianinas por
CLAE-DAD em fase reversa. A atividade antioxidante das antocianinas purificadas foi
avaliada pela capacidade de sequestrar os radicais DPPH• (1,1-difenil-2-picrilhidrazil) e
ABTS•+ (2,2’-azino-bis-3-etilbenzotiazolina-6-ácido-sulfônico), tendo o ácido gálico
como referência. O teor de antocianinas presentes no resíduo de uva foi de 35,56 ± 0,33
mg 100g-1. Seis antocianinas majoritárias foram identificadas: cianidina-3-O-glicosídeo;
delfinidina-3-O-glicosídeo; malvidina-3-O-glicosídeo; malvidina-3,5-O-glicosídeo;
pelargonidina-3-O-glicosídeo; e peonidina-3-O-glicosídeo, em diferentes concentrações.
Malvidina-3-O-glicosídeo foi a antocianina mais abundante (56,36%) seguida da
peonidina-3-O-glicosídeo (17,88%). As antocianinas purificadas apresentaram boa
eficiência frente ao radical DPPH• (EC50 de 0,14 ± 0,01 g. g DPPH-1 e TEC50 < 5
minutos) e forte capacidade de sequestro (> 80%). Frente ao radical ABTS•+ as
antocianinas apresentaram capacidade de sequestro de 241,36 ± 3,74 µmol TEAC. g-1 de
amostra. Evidencia-se então que o resíduo da indústria de polpa congelada de uva pode ser
considerado boa fonte de antocianinas, com potencial para ser utilizado como antioxidante
natural em novos produtos alimentícios.