LEMBRAR PARA NÃO REPETIR: Os impactos da anistia política como esquecimento na consolidação da justiça de transição no Brasil.
anistia política; justiça de transição; direito à memória; direito à verdade; consolidação democrática
A presente pesquisa pretende analisar os diferentes entendimentos em relação à natureza jurídica do instituto da anistia política, sua aplicabilidade aos processos de justiça transicional e os efeitos resultantes da sua utilização em contextos de transição. Nesse intuito, optou-se por explorar o conceito de justiça de transição, seu desenvolvimento histórico, seus mecanismos e objetivos, sempre correlacionando-os com experiências concretas de transição. Após, buscou-se investigar a anistia política em si, objetivando identificar uma acepção do instituto que não implique, necessariamente, em esquecimento. Para tanto, apontou-se sua relação com as dimensões da justiça transicional, sua importância na estruturação da justiça de transição no Brasil e os desafios de garantir-lhe aplicabilidade jurídica. Posteriormente, analisou-se a jurisprudência dos tribunais pátrios e das cortes internacionais de direitos humanos para identificar qual o entendimento desses órgãos sobre a natureza jurídica da anistia política, bem como se há circulação de entendimentos sobre o tema entre as ditas instâncias decisórias. Conclui-se que a adoção de uma concepção de anistia política que promova o esquecimento é contraditória aos próprios eixos estruturantes da transição brasileira. A metodologia utilizada foi a de revisão bibliográfica e documental, com a opção pela ferramenta metodológica do modelo coevolutivo para analisar a jurisprudência selecionada.