CORRELAÇÕES BIOESTRATIGRÁFICAS E FACIOLÓGICAS DA FASE PÓS-RIFTE DAS BACIAS DE ARARIPE, TUCANO NORTE E JATOBÁ, NORDESTE DO BRASIL
Aptiano; Andar Alagoas; Nordeste do Brasil; Ostracodes; Foraminíferos; Ambiente Transicional
As bacias mesozoicas interiores de Araripe, Tucano Norte e Jatobá representam um ramo do Rifte Sul-Atlântico abortado no Eoaptiano. A fase pós-rifte, correspondente ao Andar Local Alagoas, Biozona Ostracoda 011 (Aptiano), é registrada na Bacia do Araripe pelo Grupo Santana, que é constituído, da base para topo, pelas formações Barbalha, Crato, Ipubi e Romualdo. Nas bacias de Tucano Norte e Jatobá, a Formação Marizal é correlata à Formação Barbalha e, com exceção da Formação Ipubi, as demais unidades litoestratigráficas de mesmo nome e correlatas às do Grupo Santana são registradas. Seis testemunhos de sondagem e quinze afloramentos foram litologicamente caracterizados e amostrados, resultando em mais de 100.000 espécimes de ostracodes e mais de 9.300 espécimes de foraminíferos recuperados ao longo da sequência pós-rifte das três bacias estudadas. Os microfósseis recuperados da Bacia do Araripe se apresentaram melhor preservados, abundantes e diversos em comparação com as bacias de Tucano Norte e Jatobá, proporcionando uma taxonomia de Ostracoda mais detalhada, que, integrada à ocorrência de foraminíferos, permitiu o refinamento bioestratigráfico e paleoambiental do Grupo Santana, base para a posterior correlação com as demais bacias. Vinte e cinco táxons de ostracodes foram identificados, incluindo a proposição de cinco espécies novas: Damonella pumila, Pattersoncypris cucurves, Pattersoncypris kroemmelbeini, Ilyocypris coimbrai e Rhinocypris spinata. A Zona Pattersoncypris micropapillosa (OST-011), foi descrita e dividida nas subzonas Pattersoncypris cucurves (OST-011.1) (Camadas Batateira, Formação Barbalha), Pattersoncypris cucurves-Neuquenocypris berthoui (OST-011.2) (sequência superior da Formação Barbalha), Damonella grandiensis (OST-011.3) (Formação Crato) e Pattersoncypris crepata (OST-011.4) (formações Ipubi e Romualdo). Dois intervalos bioestratigráficos de foraminíferos planctônicos foram identificados permitindo a calibração internacional das subzonas de ostracodes, a Zona Leupoldina cabri do Eoaptiano contém as subzonas OST-011.1 e OST-011.2 e a zona composta Hedbergella infracretacea–Microhedbergella miniglobularis do Neoaptiano correlacionada com a subzona OST-011.4. Durante o Aptiano, a Bacia do Araripe evoluiu de um ambiente transicional a marinho, registrando o “Sistema Estuarino Batateira” no Eoaptiano, seguido de uma progradação continental representada pelo “Sistema Fluvial Barbalha” até uma nova transgressão que originou um delta de cabeceira. No Neoaptiano inferior, desenvolveu-se a “Baía Crato”, que posteriormente retrogradou gerando uma rampa restrita sob aridez extrema e a precipitação do “Sal Ipubi”. A última fase deposicional aconteceu no final do Aptiano com a completa instalação do mar na “Rampa Externa Romualdo”. Litologicamente e bioestratigraficamente é possível correlacionar os estratos do Grupo Santana da Bacia do Araripe e as unidades pós-rift das bacias Tucano Norte e Jatobá, a partir da análise de associações de fácies tanto macro como microscópica e das ocorrências de ostracodes e foraminíferos.