IMAGEM AVALIATIVA DA CIDADE NA VISÃO DE PEDESTRES CEGOS NAS TOMADAS DE DECISÃO EM WAYFINDING
ergonomia, design, cognição espacial, likability urbano, pedestres cegos, wayfinding
Apesar de sistemas de wayfinding com pedestres cegos abrangerem atividades perceptivas, cognitivas e comportamentais, não há conhecimento na literatura, uma abordagem interdisciplinar entre Ergonomia e Psicologia ambiental, relacionada ao significado das qualidades locacionais de uma rota urbana, como ponto âncora para sua orientação espacial e mobilidade. Diante da lacuna encontrada, a presente pesquisa objetiva entender a imagem avaliativa da cidade do Recife na visão de pedestres cegos quando motivados a andar com autonomia, à luz de affordance ambiental em busca de identidade, estrutura e significado do caminho familiar nas tomadas de decisão em wayfinding. Como resultado, busca-se ter a resposta avaliativa quanto à preferência do caminho, moldada de sentimentos e significados inferidos e memorizados para chegar a um destino. Para metodologia, toma-se como parâmetro os métodos de Lynch (1960) sobre imaginabilidade - identidade e estrutura – e de Nasar (1998) sobre likability, termo sem tradução, referindo-se à probabilidade do ambiente evocar uma forte e favorável resposta às pessoas. Estes métodos de referência foram realizados com pessoas com visão, videntes, mas de acordo com a literatura consultada, é possível adequá-los e aplicá-los às pessoas cegas, desde que o entendimento espacial - representação mental do ambiente – por pedestres cegos, seja respeitado pelos princípios da Teoria da Diferença e Teoria de Codificação Espacial, chamada “Convergent Active Processing in Interrelated Networks”, CAPIN. Afirma-se que “da mesma forma que os videntes criam uma imagem visual da cidade, a partir dos seus componentes – identidade, estrutura e significado - as pessoas cegas também, fazem o mesmo a partir da imagem amodal do cenário da rota. Ao defender essa tese, é possível, identificar a resposta avaliativa da imagem da cidade, na visão de pedestres cegos, nas tomadas de decisão em wayfinding, a partir dos componentes da imagem visual da cidade, cujos valores - objetivos e subjetivos – levam à identificação dos atributos ambientais, evocados na mente das pessoas cegas, e à hierarquização das suas necessidades de caminhar com autonomia, que podem ser, devido à viabilidade, acessibilidade, segurança, conforto e prazer. Avaliar a imagem mental das rotas preferidas por pedestres cegos em um contexto urbano familiar, justifica-se pela importância de identificar os atributos ambientais do cenário das rotas para que especialistas, designers e ergonomistas possam aplicá-los em projetos que objetivam promover legibilidade, qualidade ambiental e o “direito de ir vir” de todo cidadão.