DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS TRANSDÉRMICOS CONTENDO DULOXETINA PARA TRATAMENTO DA DOR
Cloridrato de duloxetina; dor; sistemas transdérmicos; atividade antinoceptiva; cristais líquidos
A dor está associada a um dano tecidual que gera experiências emocionais e sensoriais desagradáveis, havendo comprometimento na qualidade de vida do paciente. O cloridrato de duloxetina (DLX) é um inibidor da recaptação de serotonina e norepinefrina que apresenta eficácia no tratamento da dor crônica. Porém, o fármaco apresenta diversas reações adversas e extensivo efeito de primeira passagem hepático após administração oral. Em virtude dos inconvenientes associados a administração oral da DLX associado a escassez de medicamentos para o tratamento da dor administrados em formas farmacêuticas de liberação prolongada, o objetivo deste trabalho consiste no desenvolvimento, obtenção e avaliação de sistemas nanoestruturados contendo DLX para tratamento da dor por via transdérmica. Inicialmente foi realizada a caracterização do fármaco através da Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e do Espectrofotômetro de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR). Posteriormente, foi realizado o desenvolvimento e a validação do método para a quantificação do fármaco através da Cromatografia Líquida de Alta Eficiência com detecção de Ultravioleta (CLAE–UV). Para obtenção dos sistemas nanoestruturados, diferentes diagramas de fases pseutoternários foram construídos e avaliados utilizando óleo de licuri como fase oleosa, água como fase aquosa e diferentes misturas de tensoativos: PEG-40 óleo de castor hidrogenado, Tween 80 e Tween 20 como fase tensoativa. As formulações selecionadas foram caracterizadas quanto ao aspecto macroscópico, microscopia de luz polarizada e aspecto reológico. O estudo de liberação e de permeação/retenção cutânea in vitro foi realizado utilizando o modelo de Franz e a atividade antinoceptiva in vivo foi determinada, em modelo animal, através dos testes de contorções, formalina e cauda. Como resultados, DLX apresentou pureza de 99,3% e ponto de fusão de 168,97 0C. O método bioanalítico validado provou ser adequado para quantificação do fármaco com especificidade, precisão (< 5%), exatidão e linearidade de 0,1μg/m - 4μg/mL (R2 = 0,999). Após a obtenção dos diagramas de fases pseudoternários, sistemas nanoestruturados de alta viscosidade foram selecionados com concentração fixa de óleo de licuri 10% (p/p) e DLX 1% (p/p), porém variando o percentual de água (30%, 40% e 50% p/p) e da proporção dos tensoativos (2:1 e 1:1). A caracterização evidenciou cristais líquidos transparentes, de aspecto gelificado e isotrópicos, sugerindo a formação de sistemas cristalinos de fase cúbica. Os ensaios de permeação cutânea para o fármacomostraram um perfil de permeação semelhante do fármaco a partir das diferentes formulações, com maior concentração obtida no líquido receptor. Em relação aos estudos in vivo, os sistemas resultaram em significativa atividade antinoceptiva após administração transdérmica, resultando em 86,11% de redução da dor no teste de contorções, e 40,33% e 95,84% de redução da dor na primeira e segunda fase no teste de formalina, respectivamente. Assim sendo, a formulação de cristal líquido obtida proporcionou eficácia antinociceptiva ao cloridrato de duloxetina por via transdérmica, possibilitando sua utilização por uma via de administração alternativa, considerada mais segura, de fácil utilização.