A INSERÇÃO COMPETITIVA DE IPOJUCA À ECONOMIA MUNDO: os entraves de uma lógica periférica
globalização, portos, objetos técnicos, desterritorialização, Ipojuca.
No atual estágio da globalização com a configuração do meio-técnico-cientificoinformacional, o capital produtivo ganha maior flexibilidade graças ao desenvolvimento de novas técnicas na constituição de redes geográficas de transporte e comunicação cada vez mais eficientes, através das quais, as grandes corporações conseguem dar mais flexibilidade e fluidez a produção e comercialização de seus produtos. Em tal processo se destaca a infraestrutura portuária, pois é por ela que flui atualmente 90 por cento do comércio mundial. Diante desse contexto, o governo do Estado de Pernambuco visando resolver problemas relativos ao aumento do fluxo de cargas do porto do Recife frente as limitações de logística e urbana-ambientais do mesmo, como também, visando criar um novo polo para alavancar o desenvolvimento do Estado a partir da fluidez do comércio marítimo mundial, encontra no município de Ipojuca, as condições ideais para estabelecer um novo porto que viesse a suprir tais demandas. Assim, foi criado na década de 1970 o Complexo Industrial Portuário Eraldo Gueiroz (Suape). O projeto ancorado na moderna concepção de porto-indústria se materializou a partir de vultosos investimentos federais, estaduais e privados se tornando um objeto técnico capaz de, enquanto fixo, atrelar a região Nordeste à grande fluidez do comércio marítimo mundial, ao ponto de o Porto de Suape está entre os cinco mais movimentados do país. Os novos sistemas técnicos do polo Industrial portuário, somado ao sistema técnico do polo turístico de Porto de Galinhas e ao sistema técnico pretéritos materializados durante quase cinco séculos pela monocultura da cana de açúcar, formam uma grande simbiose no processo de configuração da dinâmica territorial do município, onde, a partir das últimas duas décadas, recorte temporal foco do trabalho, a lógica exógena passou a se sobrepor de maneira ainda mais intensa sobre a lógica endógena, passando a estabelecer novos processos de desterritorialização e conflitos de interesses no lugar. Sendo assim, o trabalho em foco se propôs a contribuir para o entendimento desses processos, tendo como referência a seguinte questão: Por que apesar de receber tantos investimentos o município de Ipojuca não consegue satisfazer satisfatoriamente as necessidades das lógicas endógenas ao seu território? Partindo da hipótese que os entes federativos da União, enquanto agentes que deveriam fazer a mediação entre as lógicas endógenas e exógenas, objetivando manter o equilíbrio entre elas, não conseguem cumprir esse caro papel, pois, a força da lógica competitiva multiescalar do mundo globalizado termina se impondo, exigindo destes cada vez mais cumplicidade em relação a adequação do território aos fluxos externos do capital, em detrimento das necessidades identitárias do lugar , mantendo Ipojuca como um espaço periférico da globalização. Para sustentar tal hipóteses, toma-se como base metodológica uma análise espaço-temporal, em que num primeiro momento, se revisou o processo de formação territorial do município tão marcado pela monocultura canavieira, para depois, juntar à análise, os novos sistemas técnicos atrelados ao polo turístico e, principalmente, ao porto de Suape. Ademais, se colhe elementos através da investigação de campo e da pesquisa comparativa para identificar e analisar distorções entre as lógicas endógenas e exógenas.