A PAISAGEM DA GEOGRAFIA DA VIOLÊNCIA E DO MEDO NOS BAIRROS DA COHAB E IBURA – RECIFE, PE
Cohab. Ibura. Geografia do medo. Aparatos de segurança.
Partindo da observação sobre o medo urbano e a crescente fortificação dos espaços residenciais instrumentalizados por aparatos de segurança, e suas possíveis consequências na paisagem e na dinâmica interna dos bairros, a presente pesquisa qualitativa na área de Geografia, aborda o fenômeno da violência e do medo urbano nas grandes metrópoles brasileiras, com foco no Bairro da Cohab-Ibura, em Recife - PE. Outra problemática recorrente ao debate foi como os elementos da paisagem poderiam desmistificar ou ampliar o estigma de que áreas pobres abrigariam exclusivamente condicionantes da violência. O problema central do estudo é analisar como a dinâmica intraurbana pode manifestar o fenômeno da violência e do medo nesse território de baixa renda. A pesquisa é fundamentada em autores como Bauman (2009), Pedrazzini (2006), Wacquant (2005; 2011), Newman (1973), Souza (2006), Sposito e Góes (2013) e Sá (2009). O objetivo geral é identificar o processo de estabelecimento da Geografia da violência e do Medo – GVM, por meio da análise dos aparatos de segurança na paisagem dos bairros da Cohab-Ibura, em Recife-PE. Os procedimentos metodológicos foram a revisão da literatura, registros fotográficos, visitas exploratórias, entrevistas semi-estruturadas, aplicação de questionários e análise de dados, com base em categorias geográficas de análise: a paisagem e as territorialidade aplicadas a noção de Geografia do Medo e da Violência (GMV). Os resultados revelaram a presença de fortes contrastes socioespaciais, com tendências arquitetônicas individualistas e menos engajadas de convívio, mas também apontou a possibilidade de resgatar o diálogo e a coesão social para integrar esforços contra a violência. A pesquisa também destacou que a busca por ambientes mais seguros na periferia resultou na criação de peculiaridades intraurbanas, como o surgimento de espaços fragmentados, produzindo fachadas com aparência de pequenas fortalezas, que tendem a alimentar uma sensação de insegurança generalizada e a diminuição do contato físico. Conclui-se que é preciso superar abordagens simplistas sobre as implicações da violência urbana, dando visibilidade a questões graves, como os meios de reverter o isolamento voluntário e à desistência do convívio social. A abordagem socioespacial da Geografia do Medo e da Violência (GMV) com seus procedimentos mistos de investigação se mostrou promissor para compreendermos a relação entre a materialidade urbana e o medo. A pesquisa propõe uma análise mais profunda das causas do isolamento voluntário e a necessidade de novas reflexões acerca do enfrentamento da violência urbana, superando alternativas imediatistas de trancafiar os lares.