PPGMedtrop-CCM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL - CCM CENTRO DE CIENCIAS MEDICAS - CCM Telefone/Ramal: Não informado

Banca de DEFESA: ISAURA ROMERO PEIXOTO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : ISAURA ROMERO PEIXOTO
DATA : 16/02/2022
HORA: 08:00
LOCAL: Videoconferência
TÍTULO:

FATORES ASSOCIADOS AO ENVELHECIMENTO BIOLÓGICO PRECOCE EM PESSOAS IDOSAS COM HIV


PALAVRAS-CHAVES:

Pessoa idosa com HIV. Envelhecimento precoce. Idade biológica. Inteligência artificial


PÁGINAS: 160
RESUMO:

A terapia antirretroviral (TARV) transformou a infecção letal pelo HIV em doença crônica, aproximando a
expectativa de vida da pessoa infectada à da população geral. Apesar desta conquista, o vírus e seu tratamento promovem
envelhecimento biológico precoce, com idade biológica (IB) sobrepujando a idade cronológica (IC) em até dez a quinze anos.
A longevidade, outra conquista da humanidade, desafia a ciência por não ter a base biológica do processo de senescência
completamente esclarecido. A simultaneidade de processos complexos – pessoa idosa com HIV e em terapia antirretroviral –
com compartilhamento de vias de envelhecimento, impõe pesquisas para que o objetivo proposto pela Organização Mundial
de Saúde para a pessoa idosa seja promovido, a saber, o envelhecimento bem sucedido. Objetivo: esta pesquisa objetivou
primariamente identificar fatores associados ao envelhecimento precoce em pessoas idosas com HIV, empregando a idade
biológica estimada por inteligência artificial. Em posse dos dados observamos elevada prevalência de disglicemia (diabetes
tipo 2 e prediabetes) e decidimos por avaliar esta doença crônica não transmissível (DCNT) no contexto da pessoa idosa com
HIV e sob TARV, buscando identificar sua prevalência e fatores associados. Material e métodos: estudo transversal e
analítico, envolvendo 59 pessoas idosas com idade de 60 anos e mais, de ambos os sexos, vivendo com HIV e em terapia
antirretroviral, recrutadas por conveniência em dois hospitais de referência em HIV/Aids em Recife (PE), entre maio/2018 e
fevereiro/2020. Foram excluídos aqueles com comprometimento da cognição e/ou comunicação, sífilis não tratada e sequela
neurológica. Foi aplicado um questionário na forma de entrevista para conhecer o perfil sociodemográfico e de saúde dos
participantes. Em prontuário foram coletados dados de exames complementares (carga viral: atual e a maior carga; contagem
de linfócitos T CD4+:atual e nadir; dosagens bioquímicas e hematológicas mais recentes, em relação à entrevista) e detalhes
acerca da TARV (data de início, número e tipos de esquemas usados). A estimativa da IB ocorreu através da aplicação de
algoritmo de inteligência artificial que inclui 19 exames laboratoriais (albumina, glicose, uréia, colesterol total, proteína total,
sódio, creatinina, hemoglobina, bilirrubina total, triglicerídeos, HDL, LDL, cálcio, potássio, hemtócrito, CHCM, VCM,
plaquetas e eritrócitos), peso, altura e informações sobre tabagismo. A IB é o resultado da subtração entre IC e a idade prevista
pela inteligência artificial. Resultado negativo (idade cronológica menor que a prevista), aponta para envelhecimento
biológico precoce; opostamente, se o resultado for positivo (idade cronológica maior que a prevista), não há envelhecimento
biológico precoce. Resultados: a maioria dos participantes eram homens (66,1%) e o envelhecimento precoce foi identificado
em 67,8% dos participantes. Carga viral foi indetectável em 54 (91,5%) participantes e 43 (72,9%) possuíam contagem de
linfócitos CD4+ atual > 350. Os participantes foram divididos em três grupos: o grupo com IB ≤ IC (n=15); e os pacientes
biologicamente mais velhos (IB>IC), que foram separados em 2 subgrupos: o primeiro com IB>IC em até 4 anos (n=20) e o
segundo com IB >IC em 5 anos ou mais (n=19). Inicialmente realizou-se comparação conjunta entre os três grupos. Nessa
análise observou-se diferença na contagem de linfócitos CD4+ atual (p=0,004) e nadir de linfócitos CD4+ (p=0,002), mas não
houve diferença nos quesitos carga viral atual (p=0,327) ou maior carga viral (p=0,748) entre os grupos. Num segundo

momento foram comparados os mesmos grupos, agora dois a dois. Os níveis de carga viral atual ou carga viral mais elevada
continuaram similares na comparação entre os grupos. Entretanto, a verificação das medidas de linfócitos CD4+ atual mostrou
diferença quando comparados os grupos: IB > IC (até 4 anos) versus IB > IC (5 ou mais anos) (p-valor = 0,013) e IB > IC (5
ou mais anos) versus IB ≤ IC (p-valor = 0,017), indicando que os pacientes com níveis de linfócitos T CD4+ atual mais baixos
apresentam com mais frequência IB > IC (5 ou mais anos). Os achados foram similares quando avaliado o nadir de linfócitos
CD4+, mostrando que o menor nadir de linfócitos CD4+ ocorreu no grupo com IB > IC (5 anos ou mais) comparado aos
outros dois grupos. O uso de canabis esteve associado ao maior envelhecimento biológico (p-valor = 0,045). Houve elevada
prevalência de disglicemia, com 20,33% de diabetes e 35,59% de prediabetes. O escore de Framinghan apresentou maior
prevalência de alto risco doença cardiovascular (DCV) no grupo de pacientes diabetes mellitus tipo 2 (91,7%) e prediabetes
(52,4%). O teste de homogeneidade foi significativo para a classificação do escore de Framingham (p-valor = 0,020),
indicando que o risco de evento cardiovascular difere entre os grupos glicêmicos, sendo maior para os diabéticos. A atividade
física apresentou diferença (p=0,01), com igual prevalência de diabetes mellitus tipo 2 e prediabetes (25,6% para ambos) no
grupo sedentário. Associados a disglicemia encontramos a doença coronariana (p-valor=0,039), menores níveis de HDL (p-
valor=0,038) e maior nível atual de glicemia (p-valor < 0,001). Conclusões: Nossos resultados apontaram que mais da metade
das pessoas idosas com HIV e em uso de TARV apresentavam envelhecimento biológico precoce, por inferência de
biomarcadores processados por algoritmo de inteligência artificial. A idade biológica suplantou a cronológica quando houve
uso de canabis e menor contagem de linfócitos T CD4 atual e nadir. A disglicemia, por sua vez, apresentou expressiva
prevalência e associação com doença coronariana, sedentarismo, nível baixo de HDL, última glicemia mais elevada e alto
risco de DCV em 10 anos pelo escore de Framingham. Registramos a importância do uso de idade biológica no cuidado a
pessoas idosas com HIV. Enfatizamos a importância do diagnóstico e do tratamento precoces para a infecção, evitando assim
o baixo nadir e a baixa contagem dos linfócitos T CD4, fatores claramente associados ao envelhecimento biológico precoce.
Recomendamos busca ativamente, em pessoas idosas com HIV e TARV, fatores sabidamente atrelados às vias de
envelhecimento como contagem de linfócitos T CD4, DCNT (disglicemia, doença coronariana) e estilo de vida (sedentarismo,
dieta que geram desequilíbrio metabólico).


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2134805 - HELOISA RAMOS LACERDA DE MELO
Externo ao Programa - 2200373 - HUGO MOURA DE ALBUQUERQUE MELO
Externa à Instituição - LADJANE SANTOS WOLMER DE MELO
Interna - 1134481 - LIBIA CRISTINA ROCHA VILELA MOURA
Interno - 2293969 - PAULO SERGIO RAMOS DE ARAUJO
Notícia cadastrada em: 20/01/2022 14:13
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