INTERVENÇÃO EDUCATIVA PARA CONHECIMENTO, ATITUDE E PRÁTICA DE GESTANTES ADOLESCENTES SOBRE O PREPARO PARA O PARTO VAGINAL: ENSAIO CLÍNICO CONTROLADO
Aplicativos móveis. Conhecimentos, Atitudes e Prática em saúde. Cuidado Pré-Natal. Gravidez na Adolescência. Parto Humanizado. Tecnologia Educacional.
O estado gravídico ocasiona mudanças nas dimensões psicológicas, biológicas e sociais, sobretudo na adolescência, fase da vida repleta de transformações físicas e psicossociais. A atenção pré-natal, com ações de educação em saúde, contribui para o preparo físico e psicológico tanto para o parto quanto para a maternidade. Percebe-se uma lacuna nas atividades de educação em saúde voltadas às adolescentes acerca do preparo para o parto vaginal. Sobretudo, verifica-se um baixo nível de conhecimento de como de se planejar para o parto entre as gestantes adolescentes. Os aplicativos móveis relacionados à gravidez e parto podem ser ferramentas para melhorar o letramento em saúde de gestantes adolescentes, a partir da mudança em conhecimentos, atitudes e práticas que fortaleçam a tomada de decisões voltadas à promoção da saúde. O estudo teve o objetivo de avaliar os efeitos do aplicativo Meu Pré-Natal na melhoria do conhecimento, atitude e prática de gestantes adolescentes quanto ao preparo para o parto vaginal humanizado. Trata-se de um Ensaio Clínico Controlado e Randomizado. A pesquisa foi desenvolvida com foco no vídeo sobre trabalho de parto, parto e plano de parto contidos no aplicativo Meu Pré-natal. O estudo foi realizado nos ambulatórios de pré-natal de dois hospitais universitários da cidade de Recife, Pernambuco. A amostra foi constituída por 42 gestantes adolescentes, sendo 21 para o grupo controle (GC) e 21 para o grupo intervenção (GI). O aplicativo foi escolhido para esta pesquisa por ter fontes bibliográficas baseadas em evidências e ligadas à órgãos oficias de saúde nacional e internacional, ter ligação com instituição de ensino e obedecer ao máximo dos critérios mHealth Evidence Reporting and Assessment (mERA). A coleta de dados ocorreu em quatro etapas. Na primeira etapa houve recrutamento das gestantes e aplicação do pré-teste utilizando o inquérito Conhecimento, Atitude e Prática (CAP) no GC e GI, que foi construído pela autora e passou por uma avaliação de 3 juízes com experiência em pesquisas com inquérito CAP. Segunda etapa: aplicação da intervenção educativa para as gestantes do GI. A intervenção foi individual, antes da consulta pré-natal. foram aplicados os pós-testes com o inquérito CAP administrados entre 30 a 60 dias após a intervenção para o GI e com 90 a 120 dias após a consulta pré-natal para as gestantes do GC. Quarta etapa: foi aplicado inquérito CAP entre 30 e 60 dias após o parto para ambos os grupos. Os pós- testes foram realizados através de contato telefônico. A análise dos dados foi realizada nos Softwares STATA/SE 12.0 e Excel 2010. Todos os testes foram aplicados com um intervalo de confiança de 95%. Foi adotado um nível de significância de 5%. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, conforme parecer de número 3.087.210 e está registrada no Registro Brasileiros de Ensaios Clínicos (REBEC) sob o protocolo RBR - 858zn7. As gestantes apresentaram mediana de idade de 17,4 anos no GI e 16,8 no GC e média de idade gestacional, de 17,4 anos no GI e 16,8 no GC. Em relação a cor da pele, em ambos os grupos, a maioria se declarou parda e preta. A mediana de número de consultas de pré-natal, no momento de inclusão na pesquisa foi 2,0. Sobre as orientações recebidas no pré-natal sobre o preparo para o parto vaginal, apenas 19% das gestantes do GI e 9,5% do GC receberam orientações. Após a intervenção, as gestantes do GI melhoraram o nível de conhecimento sobre riscos e benefícios do parto vaginal (p<0,001), dentre os benefícios o GI também melhorou o conhecimento sobre a recuperação mais rápida (p<0,001), estímulo à amamentação na 1ª hora após o parto (p<0,001), melhorou o conhecimento sobre o parto vaginal não deixar o canal vaginal mais largo (p<0,001). O GI também apresentou melhora no conhecimento sobre a existência de métodos não farmacológicos para alívio da dor(p<0,001), aumentou o conhecimento sobre o parto humanizado (p<0,001), e também sobre o plano de parto (p>0,001). As gestantes do GI também melhoram a atitude da preferência pela via de parto vaginal (p>0,001), escolha da posição em que gostariam de parir (p=0,010), a importância da construção do plano de parto (p>0,001) e benefícios do parto humanizado (p>0,001), O aplicativo móvel foi efetivo para uma prática adequada no preparo para o parto vaginal sobre a construção do plano de parto (p>0,001), via de parto (p>0,001), conformidade do parto com seu plano de parto (p>0,001), uso de métodos não farmacológicos pra alívio da dor . O aplicativo resultou em melhora nos níveis de conhecimento (p= 0,021), de atitude (p>0,001), e de prática (p>0,001), nas gestantes do GI quando comparadas ao GC. Conclui-se que a intervenção utilizada promoveu de forma positiva o aumento do nível de conhecimento, atitude e prática de gestantes adolescentes com relação ao preparo para o parto vaginal humanizado. Em relação às implicações para a prática clínica, recomenda-se que o uso do app seja aconselhado pelos profissionais de saúde que prestam assistência pré-natal às gestantes adolescentes, pois o mesmo é constituído por gestograma, contador de contrações, seção tira dúvidas, vídeo sobre o parto humanizado e plano de parto.