ESTABILIDADE DA AVALIAÇÃO DOS MARCOS DE DESENVOLVIMENTO DO SURVEY OF WELL-BEING OF YOUNG CHILDREN
Reprodutibilidade de testes; Desenvolvimento infantil; Triagem; SWY
É fundamental para o acompanhamento do desenvolvimento infantil a escolha de uma ferramenta válida e confiável. A confiabilidade de um teste é crucial para avaliações longitudinais, a fim de garantir que as diferenças encontradas nos resultados obtidos ao longo do tempo sejam pelas mudanças no desenvolvimento da criança e não da variabilidade na execução do teste. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a estabilidade a médio prazo dos marcos do desenvolvimento do Survey of Well-being of Young Children (SWYC) e verificar a associação das variáveis biológicas das crianças e socioeconômicas maternas com o desenvolvimento das crianças no momento da primeira e da segunda avaliação. Este estudo consiste na parte quantitativa de um estudo misto quali-quantitativo sequencial em que foi realizada a avaliação da estabilidade a médio prazo dos escores bruto e total do SWYC. A amostra constou de 240 crianças que foram avaliadas pelo SWYC em dois momentos distintos. Na primeira avaliação da triagem do desenvolvimento pelo SWYC as crianças tinham 6 a 24 meses e 30 meses ou mais na segunda. Na primeira avaliação 29,2% das crianças foram diagnosticadas com “necessidade de revisão” do desenvolvimento, já na segundo avaliação, houve redução para 13,8%. O coeficiente de correlação intraclasse (ICC) dos valores da pontuação total dos marcos do desenvolvimento da primeira com a segunda avaliação foi 0,69 (IC95% 0,60 a 0,76), p<0,001. O coeficiente de concordância Kappa de Cohen dos valores da classificação final do SWYC entre a primeira e a segunda avaliação foi 0,34 (IC95% 0,23 a 0,46), para o ponto de corte brasileiro. O coeficiente Kappa ajustado pela prevalência e pelo viés (PABAK) foi de 0,54. Já para o ponto de corte norte-americano, o Kappa de Cohen foi 0,41 (IC95% 0,28 a 0,53), com PABAK de 0,58. A co-positividade da classificação final dos marcos do desenvolvimento, entre a primeira e a segunda avaliação, foi 72,73%, a co-negatividade 77,78%, valor preditivo positivo 34,29% e valor preditivo negativo 94,71%. Observamos maior percentual de crianças com “necessidade de revisão” do desenvolvimento entre os filhos de mães com menor escolaridade, pertencentes a famílias de nível socioeconômico mais baixo e do sexo masculino. Houve concordância moderada dos resultados do teste quando avaliados em dois momentos distintos. A utilização deste instrumento de triagem é recomendada devido à capacidade do teste em demonstrar estabilidade a médio prazo.