ALEITAMENTO MATERNO, CONSUMO DE ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS E PERFIL ANTROPOMÉTRICOS DE LACTENTES DO ESTADO DE PERNAMBUCO
Atenção primária à saúde; Alimentação complementar; Amamentação exclusiva; Alimentos ultraprocessados; Estado nutricional.
Os primeiros mil dias de vida representam uma janela de oportunidade para que hábitos saudáveis sejam adotados, influenciando a saúde e qualidade de vida a curto e longo prazo. Assim, o aleitamento materno e a alimentação complementar são de extrema importância, apesar disso, observa-se o consumo de alimentos ultraprocessados cada vez mais cedo e o aleitamento materno exclusivo ainda aquém do desejado, contribuindo para a crescente prevalência de obesidade infantil, o que está relacionado com o surgimento de doenças crônicas mesmo na infância. Em contrapartida, a desnutrição ainda apresenta níveis expressivos na região nordeste. Por isso, o objetivo desta dissertação foi avaliar a duração do aleitamento materno exclusivo e continuado, o consumo de alimentos ultraprocessados e o perfil antropométrico de lactentes. Trata-se de um estudo ecológico, com abordagem quantitativa, realizado a partir de relatórios públicos online disponíveis no Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional, referentes ao ano de 2019. A amostra foi separada por idade, com o primeiro grupo formado pelos lactentes menores de 6 meses e o segundo grupo por lactentes entre 6 meses e 23 meses e agrupados por sexo e macrorregião de saúde. Em seguida, foi realizada a análise descritiva e bivariada dos dados, utilizando o teste de qui-quadrado de Yates para verificação de associações. A prevalência do aleitamento materno exclusivo no estado variou de 29,1% (meninos da 3ª macrorregião) à 44,5% (meninos da 4ª macrorregião). Já o aleitamento materno continuado obteve uma maior prevalência entre as meninas da 4ª macrorregião, 67,1%. O consumo de alimentos ultraprocessados evidenciou uma prevalência de 48,9%, sem diferença entre os sexos. Dentre os alimentos ultraprocessados, o mais consumido foi a bebida adoçada, seguido pelo biscoito recheado, doces ou guloseimas. Quanto a diversidade alimentar mínima, observou-se que 28,7% não teve acesso a 6 grupos de alimentos. Alimentos fontes de vitamina A não foram consumidos por 48,8% e àqueles fontes de ferro foram consumidos por menos de 1/5 dos lactentes avaliados. Entre os menores de seis meses, a prevalência de excesso de peso foi 13,9%, com uma maior prevalência entre os meninos (p<0,001), a maior prevalência foi encontrada entre os meninos da 2ª macrorregião (16,6%). Por outro lado, a prevalência de magreza oscilou entre 5,9% (meninas da 2ª macrorregião) e 11,8% (meninas da 1ª macrorregião). Com relação ao déficit estatural, foi revelada uma maior prevalência na 1ª macrorregião, 19,3% entre os meninos e 17,9% entre as meninas. Já entre os lactentes entre 6 e 23 meses a prevalência de excesso de peso foi de 20,6%, com maior percentual entre os meninos da 1ª macrorregião (23,3%), com diferença estatística entre os sexos (p<0,001). Por sua vez, a magreza apresentou uma prevalência de 7,7% no estado, com maior prevalência entre os meninos (p<0,001).Os meninos da 1ª macrorregião apresentaram o maior percentual (9,4%). Quanto ao déficit estatural, mostrou-se mais prevalente entre os meninos em todas as macrorregiões, com diferença estatística (p<0,001). Estamos diante de uma sindemia, em que medidas para garantir a segurança alimentar e nutricional precisam ser adotadas, como programas para promoção do aleitamento materno exclusivo e alimentação saudável, bem como geração de emprego e renda.