Resposta dos fluxos de CO2 aos processos de Interação Oceano-Atmosfera no Arquipélago de Fernando de Noronha
Fluxo de CO2; Interação Oceano-Atmosfera; Fernando de Noronha
O ciclo do carbono é imprescindível para a vida humana. Em equilíbrio, ele é responsável para a manutenção da vida no planeta já que o carbono é um elemento presente em todas as moléculas orgânicas e em diversas inorgânicas. Com o aumento da influência antrópica no ciclo, desde o início da revolução industrial, esse ciclo passou a sofrer alteração das suas concentrações nos principais reservatórios: atmosfera, hidrosfera e litosfera. O dióxido de carbono (CO2) é um dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Ou seja, o aumento da sua concentração acaba afetando o clima. Com isso os oceanos passaram a ter um papel significativo no equilíbrio do carbono disponível na atmosfera na forma de CO2. A porção oeste do oceano Atlântico Sul apresenta águas oligotróficas, com forte estratificação mantida por temperaturas maiores que 20°C, baixa concentração de nutrientes e produção primária. Por isso, a Ilha de Fernando de Noronha tem um importante papel na alteração dos parâmetros físicos oceânicos e atmosféricos. A influência da ilha na parte oceânica e atmosférica foi analisada através da saída de um modelo acoplado oceano-atmosfera (COAWST). Os parâmetros de estudo foram delimitados a uma profundidade de 300 m de profundidade na porção oceânica e até a altura de 100 m na porção atmosférica, para o período de três cruzeiros oceanográficos realizados nos anos de 2010, 2012 e 2014. Os dados modelados foram validados com dados in situ, onde o modelo apresentou correlações com significância estatística de 95%. Por conta da presença da ilha são identificados a formação de warm wake na porção abrigada da ilha e um enfraquecimento de correntes e de vento. Isso gera uma massa d’água mais quente com padrões distintos das regiões próximas. Os fluxos de CO2 foram estimados na interface oceano-atmosfera, a partir dos parâmetros físicos do modelo. Os resultados mostram que as alterações de temperatura e vento induzidas pela ilha causam distintos padrões na troca de fluxos de CO2 na interface oceano-atmosfera, porém sempre atuando como fonte para a atmosfera.