DIVERSIDADE TAXONÔMICA E FUNCIONAL DAS ASSEMBLEIAS DE PEIXES: INFLUÊNCIA DAS VARIÁVEIS OCEANOGRÁFICAS NA PLATAFORMA CONTINENTAL DE PERNAMBUCO
Diversidade
Peixes marinhos
Interações oceanográficas
As espécies de peixes desempenham papéis ecológicos fundamentais nos ecossistemas marinhos, destacando-se a regulação das cadeias e teias alimentares, da biodiversidade e da saúde dos ecossistemas, além disso, também contribuem para os processos socioeconômicos. No entanto, equilibrar ecologia, cultura e economia requer práticas sustentáveis para evitar a sobrexploração dos recursos. O conceito de resiliência funcional enfatiza a importância da diversidade para amortecer perturbações antrópicas sobre as comunidades biológicas. O “efeito de portfólio”, ligado à teoria do portfólio, destaca portfólios de espécies diversas para quando se visa a saúde do ecossistema. Os impactos globais nas comunidades de peixes são discutidos neste estudo, com foco na costa nordeste brasileira, onde a pesca excessiva, capturas acessórias, os derramamentos de óleo e as mudanças climáticas já perturbam os ecossistemas marinhos regionais. O índice integrativo dos números de Hill foi utilizado para medir a diversidade taxonômica e funcional e a redundância funcional. As tendências funcionais foram medidas usando análises de PCoA. As tendências funcionais com as análises do PCoA revelaram uma mudança substancial entre a primeira década (D1) e a segunda década (D2) na costa de Pernambuco, o nicho espacial apresentou uma redução notável o que significa um potencial de extinções locais e uma crescente fragilidade ecológica. A diversidade taxonômica alfa (DT) retrata fortemente um cenário de perda de espécies entre décadas que se mostrou mais fraco com espécies dominantes. A costa Sul de Pernambuco foi a mais taxonomicamente diversa, seguida pela costa Norte, com o maior número de espécies raras e comuns. A Diversidade Funcional Alfa (FD) seguiu padrões semelhantes aos da TD, onde D1 era significativamente funcionalmente mais diverso que o D2, a costa sul foi a mais rica e diversa funcionalmente, expressando uma elevada complexidade dos ecossistemas locais. O beta TD local mostra cerca de 50% de dissimilaridade de espécies raras e dominantes entre as décadas. Regionalmente, a composição de espécies raras muda cerca de 65%. A Beta FD varia, com espécies dominantes influenciando a dissimilaridade em escala local e espécies comuns afetando a escala regional. D2 tem menor redundância, a costa sul é mais resiliente para espécies raras e comuns, a costa norte destaca-se pela resiliência das espécies dominantes, a redundância funcional foi maior em nas assembleias aninhadas com D1, diminuindo entre décadas e variando entre áreas costeiras, refletindo mudanças na dinâmica dos ecossistemas e perda de espécies. Este estudo mostra impactos antrópicos significativos nos ecossistemas costeiros de Pernambuco, causando perda de biodiversidade, alteração de habitats e mudanças nos espaços funcionais da região. Os menores diversidade alfa obtidos em D2 sinaliza perda de espécies e habitats mais simples, aumentando a vulnerabilidade ao longo do tempo. A dependência de espécies raras na diversidade beta regional coloca desafios às alterações climáticas que podem levá-las a extinção, visto que são mais vulneráveis que as comuns e dominantes. O estudo traz a interacção intrínseca do homem-ecossistema, os potenciais impactos diretos e indiretos para os padrões observados e a importância das Áreas de Proteção Marinhas (MPAs) na mitigação dos impactos à comunidades biológicas e visa contribuir de forma expressiva na tomada de decisões para planos eficazes de conservação da biodiversidade marinha no Sudoeste Equatorial do Atlântico.