Banca de DEFESA: MARIANA DA FONSECA CAVALCANTI

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIANA DA FONSECA CAVALCANTI
DATA : 24/07/2023
HORA: 09:00
LOCAL: Sala virtual do Google Meet
TÍTULO:

Meiofauna, com ênfase em Nematoda, do canal principal do estuário do Rio Capibaribe (Pernambuco - Brasil)


PALAVRAS-CHAVES:

Eutrofização, bentos, nematofauna, impacto ambiental, biomonitoramenteo, UAS 


PÁGINAS: 106
RESUMO:

.Os estuários são sistemas dinâmicos e produtivos, caracterizados por ser uma região costeira de transição entre os rios e o mar, e estão entre os ecossistemas mais valiosos do mundo. A hidrodinâmica estuarina, por sua vez, é impulsionada pelas marés e descarga do rio, limitada pela morfologia do estuário. O Rio Capibaribe é o maior rio do litoral de Pernambuco, representa o corpo hídrico mais importante da Cidade do Recife. Vários são os estudos sobre as diversas contaminações nos sedimentos do estuário do Rio Capibaribe, que o caracterizam como hipereutrofizado. A excessiva entrada de matéria orgânica no estuário pode ter efeitos deletérios sobre o ecossistema e sua comunidade bentônica, dado que pode levar à deficiência de oxigênio. Dentre a meiofauna estuarina, representantes do Filo Nematoda destacam-se pela riqueza e abundância, desempenhando papéis cruciais na ciclagem de nutrientes e como fontes de alimento para outros organismos. Os nematódeos têm sido amplamente utilizados como bioindicadores de impactos ambientais; e devido aos diferentes comportamentos de alimentação e estratégias de vida, os nematódeos variam de colonizadores (r-estrategistas), que rapidamente aumentam em número em condições favoráveis, a persistentes (K-estrategistas). A partir dessas informações, foi testada a hipótese de que a variação espaço-temporal das comunidades da meiofauna, em particular a nematofauna, reflete a eutrofização do estuário do Rio Capibaribe. Além disso, um experimento in situ foi realizado a fim de verificar a eficácia de unidades artificiais de substrato (UAS) na amostragem representativa da nematofauna estuarina. Num primeiro momento, cinco pontos do médio estuário foram analisados para caracterizar as comunidades de meiofauna. O sedimento foi coletado com auxílio de um tubo cilíndrico de abertura 2.5 cm², introduzidos até 5 cm do sedimento. As amostras foram fixadas in situ em solução formalina à 5%. Num segundo momento, seis pontos do médio estuário foram analisados, em dois momentos amostrais (chuvoso e seco), para análise das comunidades de Nematoda, que seguiu a mesma metodologia de coleta e fixação do sedimento. Para a extração dos nematódeos, por sua vez, foi utilizada a metodologia de flotação por alta densidade com sílica coloidal. Também foram analisados à granulometria, concentração de matéria orgânica e carbonato de cálcio. No momento das coletas, as UAS’s foram instaladas, presas nas raízes de árvores de mangue, e 15 dias depois foram recolhidas, e o material retido lavado e fixado. A metodologia de extração da nematofauna foi também com o uso de sílica coloidal. O sedimento foi classificado como silte-arenoso, variando entre pontos amostrais e/ou momento amostral. Todos os pontos de amostragem foram caracterizados com alta concentração de matéria orgânica, variando entre os pontos. A coluna de água nos pontos de amostragem foi caracterizada com baixa concentração de oxigênio dissolvido (<5 mg/L). A meiofauna foi composta por nove táxons: Acari, Amphipoda, Cladocera, Copepoda, Cumacea, Ostracoda, Nematoda, Oligochaeta e Turbellaria. Nematoda e Copepoda foram os únicos dois táxons presentes em todos os pontos; sendo Nematoda o grupo dominante, representando entre 80 e 99% das comunidades. A nematofauna foi composta por 108 gêneros, 10 ordens e 46 famílias. A riqueza variou entre os pontos e entre os momentos amostrais, entre 14 e 50 táxons, no período chuvoso, e 16 e 40 táxons, no período seco. Os pontos que apresentaram maiores diferenças nas comunidades da nematofauna foram os pontos localizados mais distantes entre si, com influências diferentes de salinidade, concentração de matéria orgânica e granulometria. A densidade da meiofauna foi mais baixa do que os achados na Bacia do Pina, que faz parte do Complexo Estuarino do Rio Capibaribe; porém, estes valores foram maiores do que no estuário do Rio Beberibe. A riqueza da meiofauna foi maior tanto na Bacia do Pina quanto no estuário do Rio Beberibe, porém inferior à maioria dos estudos em outros estuários brasileiros. No entanto, é importante destacar que nosso estudo ocorreu na área do médio estuário, enquanto esses estudos acima citados cobrem também a parte inferior desses estuários, onde mais táxons marinhos podem ser encontrados. A densidade da nematofauna apresentou valores dentro dos esperados para estuários tropicais eutrofizados; entretanto, a riqueza de gêneros foi maior do que em outros estuários brasileiros pode ser devido à cobertura amostral, principalmente nas regiões estuarinas mais distantes da foz. Ainda assim, a alta densidade dos detritívoros Haliplectus, Neochromadora e Thalassomonhystera corrobora a hipereutrofização do médio estuário do Rio Capibaribe. Os índices de maturidade (IM) das comunidades de nematódeos variaram entre os pontos amostrais de 1.4 (P6) a 3.2 (P4), no período chuvoso, e 2.0 (P6) a 3.5 (P4), no período seco, o que refletem a deterioração ou recuperação das comunidades de nematódeo. De acordo com a literatura, a dominância de espécies depositívoras não-seletivas (1B) está associada a um IM mais baixo do que uma dominância de espécies depositívoras não-seletivas (1A), o que foi encontrado no presente estudo, onde o ponto mais distante da foz (P6), com dominância de espécies depositívoras não-seletivas (1B), apresentou o IM mais baixo, em ambos períodos amostrais. Estudos de caso sugerem que o IM é diminuído por poluição (resíduos de esgoto, óleo, metais pesados), mas aumenta durante o processo de colonização. O gênero presente em todos os pontos em ambos os períodos amostrais, Haliplectus é classificado com valor colonizador-persistente c-p 3, que é conhecido por apresentarem sensibilidade à poluentes. Essa prevalência de Haliplectus em todos os pontos, mesmo que em alguns não seja o mais dominante, pode indicar este gênero como um possível bioindicador de perturbação ambiental, umas vez que sua abundância relativa variou entre diferentes pontos amostrais. Para uma melhor compreensão do comportamento deste gênero, o refinamento taxonômico em nível específico se faz necessário. As mímicas de gramíneas artificiais se mostraram uma ferramenta eficaz na caracterização da nematofauna, umas que foi encontrado uma maior densidade e riqueza de gêneros dos do que nos sedimentos adjacentes. Isto pode se dar pela alta hidrodinâmica estuarina nos pontos amostrados, uma vez que foi observada uma alta quantidade de sedimentos finos nas mímicas de gramíneas, favorecendo a colonização dos nematódeos. Os pontos amostrais estão localizados numa região do médio estuário onde se encontra uma zona de turbidez máxima. Apenas o ponto mais próximo à foz apresentou maior densidade de nematódeos nos sedimentos do que nas mímicas, porém estas por sua vez, apresentaram maior riqueza. Apesar da diferença na densidade entre as UAS’s e o sedimento, os gêneros encontrados nos substratos artificiais foram representativos do sedimento adjacente. Por fim, uma nova espécie de Nematoda, Admirandus capibaribei sp. nov., foi descrita e este foi o primeiro registro do gênero para o Brasil. Em conclusão, apesar de todos os pontos do médio estuário do Rio Capibaribe estar sobre forte eutrofização, os diferentes pontos do estuários analisados estão sobre diferentes impactos.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1355829 - JOSE SOUTO ROSA FILHO
Interna - 1200149 - LILIA PEREIRA DE SOUZA SANTOS
Externo à Instituição - THUAREAG MONTEIRO TRINDADE - UFPA
Externa à Instituição - TACIANA KRAMER DE OLIVEIRA PINTO - UFAL
Externa à Instituição - VIRAG VENEKEY - UFPE
Notícia cadastrada em: 19/07/2023 14:37
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