A TRANSPOSICAO DIDATICA DO SABER FUNCAO AFIM: um olhar para as praxeologias do livro didatico de matematica e da pratica do professor
Transposição didática; Teoria Antropológica do Didático; Praxeologias; Livro Didático; Professor de Matemática; Função afim.
A presente pesquisa investigou as relações de aproximação e distanciamento entre a abordagem do conceito de função afim presente em um livro didático de matemática e na prática de ensino de um professor que leciona e o utilizava no primeiro ano de um curso técnico integrado ao ensino médio do IFPB. Fundamentada na Teoria Antropológica do Didático (TAD) de Chevallard e colaboradores, a investigação foi desenvolvida com ênfase na Transposição Didática e nas ideias essenciais sobre o conceito de função propostas por Cooney e demais autores. A metodologia, de abordagem qualitativa, utilizou pesquisa documental para o livro didático e estudo de caso etnográfico (observação de aulas e entrevista semiestruturada com o professor do IFPB) para a prática docente, analisando as praxeologias matemáticas e didáticas de ambos. Os resultados da análise comparativa revelaram aproximações significativas, notadamente na forma como o saber é explorado por meio da resolução de exemplos e exercícios em ambos os contextos, colocando-os dentro do eixo tecnicista, na ausência de tipos de tarefas importantes em ambos os contextos e na institucionalização do saber, que não se configura como um momento final e destacado em nenhum dos casos. No entanto, também foram identificados distanciamentos importantes, relacionados à ênfase em tipos específicos de tarefas, a apresentação do conteúdo ocorre de forma simultânea na prática do professor, enquanto no livro didático segue uma sequência mais definida, a ligação das justificativas teóricas à apresentação das técnicas (momento da tecnologia) é menos sistemática no livro em comparação com a prática, por fim, a avaliação, ausente de forma explícita no livro didático, surge na prática docente com um foco específico na aplicação das técnicas. A pesquisa conclui que, embora o livro didático exerça influência, a prática docente demonstra autonomia e adaptação. Essa divergência, no entanto, frequentemente resultou na simplificação da abordagem do livro didático por parte do professor, suprimindo aspectos importantes da riqueza conceitual e didática do material. Essa coexistência de convergências e divergências, influenciada pela transposição didática e pela autonomia docente, sublinha a importância de um olhar crítico sobre a relação entre recursos didáticos e a prática.