Privacidade e Consentimento nos Negócios Jurídicos sobre Dados Pessoais
Privacidade. Dados Pessoais. Consentimento. Invalidade. Negócio Jurídico.
As pessoas são expostas diariamente a vários termos de privacidade referentes à bens
e serviços contratados por meio digital ou não. No entanto, a disciplina dada às questões
relativas à privacidade, incluindo a proteção dos direitos do titular de dados pessoais, segue um
viés patrimonialista, mesmo que se trate de bens jurídicos extrapatrimoniais, incluídos dentre
os direitos de personalidade. A privacidade, nesse contexto, tem uma (in)disponibilidade
relativa. O presente trabalho visa demonstrar que os negócios jurídicos que têm por objeto o
tratamento de dados pessoais e demais questões de privacidade mediante consentimento do
titular têm algum nível de comprometimento, seja com a total ausência de vontade ou com uma
vontade defeituosa. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais não cumpre o seu papel na
tutela dos interesses do titular de dados pessoais, devendo ser revista e um modelo mais
adequado de tratamento mediante consentimento ser adotado. O modelo de consentimento
“notice and choice” não é adequado para resguardar os direitos do titular de dados pessoais,
pois implica em um consentimento que é juridicamente inexistente ou, na melhor hipótese,
eivado de vícios. É possível estabelecer acordos sobre o tratamento de dados pessoais, porém,
atendendo às especificidades do bem jurídico e do sujeito da relação.