EFEITO DA FRENECTOMIA LINGUAL NOS PARAMÊTROS FONÉTICO-ACÚSTICOS NA PRODUÇÃO DO FONE [ɾ] NA MAGNITUDE DOS MOVIMENTOS DE LÍNGUA POR MEIO DA ULTRASSONOGRAFIA
Ultrassonografia; Acústica da Fala; Anquiloglossia Frenectomia lingual; Fonoaudiologia
No que se refere à produção dos sons é importante conhecer também as características estruturais e funcionais dos articuladores da fala. Fatores genéticos, ambientais e/ou funcionais interferem no crescimento e no desenvolvimento do sistema estomatognático (Felício et al., 2003). A precisão dos pontos articulatórios
sofre influência da presença e posição dos dentes, da mobilidade de lábios e de bochechas, da posição e mobilidade de língua e posição de mandíbula, além da adequação do espaço intra-oral para a articulação fonêmica e a ressonância (Bianchini et al., 2003). A anquiloglossia é definida como uma anomalia oral congênita, comumente conhecida como “língua presa”, caracterizada por uma pequena porção de tecido que deveria ter sofrido apoptose durante o desenvolvimento embrionário, mas permanece na superfície sublingual,
restringindo a movimentação da língua (Knox, 2010) (Martinelli et al., 2022). Ao ter sua fixação alterada, o frênulo lingual pode ser classificado em frênulo curto, frênulo com fixação anteriorizada ou frênulo curto e com fixação anteriorizada (Suzart; Carvalho, 2016). Dessa forma, o presente estudo tem como ponto de partida a
seguinte pergunta condutora: Qual o efeito da frenectomia lingual na magnitude dos movimentos de língua e nos parâmetros acústicos na produção dos fones [r] e [l]? A anquiloglossia restringe a elevação e movimentação da língua e, consequentemente, tende a dificultar a articulação dos sons, especificamente os fones [r] e [l] que dependem da livre movimentação da língua. Com o uso da ultrassonografia e do PRAAT, podemos quantificar a importância da avaliação do frênulo lingual e da frenectomia, além de proporcionar qualidade de vida para as
crianças, levando em consideração questões sociais e emocionais. O objetivo desse trabalho é verificar se há relação do efeito da frenectomia lingual na magnitude dos movimentos de língua e nos parâmetros acústicos na produção dos fones [r] e [l] em crianças com anquiloglossia. Foi utilizado o teste de Wilcoxon e Teste T pareado. Os resultados mostram os ICCs dos formantes F1, F2 e F3 nos momentos pré e pós-intervenção. Para o F1, o ICC pré-intervenção de 1 (concordância perfeita) e o de pós-intervenção foi de 0,84 (forte concordância). O
F2 apresentou ICC de 0,91 no pré e 0,95 no pós, ambos com concordância muito forte, evidenciando alta confiabilidade das medições. Já o F3 teve ICC de 0,94 no pré e 0,88 no pós, ambos indicando forte a muito forte concordância, mas com uma leve redução na consistência após a intervenção. Nas combinações de medidas,
como "R1+R2" (mediana 2.09 para 2.04, p=0.4073), "R2+R3" (mediana praticamente constante, p=0.9626) e "R1+R3" (mediana 1.985 para 1.955, p=0.531), não foram observadas diferenças estatísticas. Os resultados obtidos reforçam a relevância de avaliações individualizadas e criteriosas, considerando tanto aspectos morfológicos quanto funcionais da língua. Essas investigações poderão consolidar o entendimento sobre os impactos funcionais e acústicos dessa intervenção, contribuindo para avanços no manejo clínico e na promoção da qualidade de vida de pacientes com alteração no frênulo lingual.