FACIOLOGIA E CONTROLE ESTRUTURAL DO ALOJAMENTO DOS DIQUES DO GRANITO DO CABO DE SANTO AGOSTINHO, NORDESTE, BRASIL
Granito do Cabo; Diques; Faciologia; Mecanismos de alojamento
O Granito do Cabo de Santo Agostinho é caracterizado como um pluton granítico
hipoabissal da Suíte Magmática Ipojuca, na Bacia de Pernambuco, atravessado por diques de
riolito e veios de pseudotaquilito. No entanto, pouco se sabe sobre os mecanismos e condições
de alojamento desses diques e sobre a formação dos pseudotaquilitos. Este estudo, portanto,
investiga os mecanismos que impulsionaram as intrusões magmáticas no Granito do Cabo,
integrando análise de fácies, caracterização estrutural e estimativas da profundidade inicial
dos diques com base na sobrepressão magmática inferida a partir das relações
comprimento/largura dos diques no momento do alojamento. Foram identificadas nove
litofácies, especialmente em zonas de monzonito, incluindo rochas hospedeiras, diques, veios
de injeção e enclaves, com algumas texturas indicando condições de alta temperatura. As
estimativas sugerem que, com E = 20 GPa, os diques na área nordeste se formaram a
profundidades de 4 a 6 km; para valores de E mais altos (40–70 GPa), as profundidades
variaram de 9 a 19 km, com resultados semelhantes para o dique A3PR1 no sudeste (6 a 20
km). Esses dados sugerem que o alojamento dos diques foi impulsionado por um campo de
tensão local, em vez de campos de tensão associados ao rift do Oceano Atlântico Sul. Os
pseudotaquilitos provavelmente se formaram devido à intrusão dos diques, influenciados pelo
acúmulo de tensões na zona de falha e pela atividade sísmica induzida pelas intrusões. A
redução na temperatura de fusão, causada pelo alto teor de minerais hidratados (anfibólio e
biotita) na rocha hospedeira de monzonito, pode ter facilitado a formação dos
pseudotaquilitos. As relações litológicas e geométricas observadas, juntamente com a
ausência de estruturas que interceptam os diques, sugerem que eles representam os pulsos
finais de um reservatório magmático raso. Com base nas estimativas de sobrepressão
magmática, conclui-se neste trabalho que a câmara magmática responsável pela origem desses
diques estava a uma profundidade de aproximadamente 5 km, refletindo o soerguimento da
região ao longo de sua evolução geológica.