Avaliação da contaminação do Sistema Estuarino do Rio Capibaribe utilizando marcadores específicos de esgoto doméstico bem como seus efeitos tóxicos para peixes
Efluentes urbanos; isótopos de carbono; alquilbenzeno linear; sedimentos; marcadores morfológicos
O Sistema Estuarino do Rio Capibaribe (SERC) é um estuário tropical localizado em uma região metropolitana densamente povoada no Nordeste brasileiro, fornecendo múltiplos serviços ecossistêmicos, incluindo pesca artesanal, turismo e navegação. Uma carga significativa de efluentes domésticos e industriais está causando visível degradação ambiental que precisa ser caracterizada. Este estudo avaliou o grau de contaminação por esgoto doméstico e a contribuição relativa de fontes de carbono orgânico (CO) em sedimentos, medindo a relação atômica carbono-nitrogênio (C/N)a, δ13C de CO e concentrações de alquilbenzenos lineares (LAB). O modelo de mistura SIAR indicou que o fitoplâncton estuarino e o esgoto contribuem com 73% e 22% para o CO, respectivamente, com base nas razões (C/N)a sedimentares que variaram de 8,5 a 12,9, e δ13C variando de -25,21 a -21,63‰. Isso sugere que a eutrofização do SERC é desencadeada pelo influxo de esgoto. O SERC foi caracterizado como moderadamente contaminado por LAB, sendo que as maiores concentrações observadas na porção interna, de 287 a 1349 ng g-1 de peso seco, sugerem retenção de esgoto. O modelo isotópico de mistura indicou um processo de diluição significativa de CO derivado de esgoto pelo fitoplâncton estuarino. A menor concentração de LAB no estuário inferior (317 – 320 ng g-1 de peso seco) provavelmente resultou da diluição marinha. A análise de componentes principais demonstrou que a lama regula o teor de CO sedimentar e que a pluma de esgoto regula o LAB sedimentar. A alta degradação dos isômeros do LAB provavelmente reflete a condição heterotrófica desse sistema, sugerindo também que esses compostos são introduzidos no SERC parcialmente degradados. Nossos resultados apontaram que a matéria orgânica degradada é resultado do aporte crônico e prolongado de esgoto. Considerando as implicações da poluição por esgotos para o meio ambiente e para a saúde pública, há uma necessidade urgente de melhores políticas para melhorar a capacidade de tratamento de efluentes domésticos, reduzindo a contaminação dos ambientes estuarinos.