EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA EM PERSPECTIVA QUILOMBOLA: uma “educação outra” na ascendência das datas de 13 de Maio e 20 de Novembro em uma Escola Quilombola no Norte do Tocantins.
Abolição da Escravatura; Consciência Negra; Educação Geográfica; Educação Escolar Quilombola; Educação étnico-racial.
O presente trabalho propõe uma reflexão acerca das possibilidades de construção de uma pedagogia decolonial a partir da análise do currículo escolar do componente curricular de Geografia do ensino fundamental II da rede estadual de ensino do estado de Tocantins, tomando como eixo crítico investigar as práticas pedagógicas formais e não formais para a educação étnico-racial no contexto da educação geográfica escolar em perspectiva quilombola, trazendo como questionamentos os conteúdos das rememorações nas datas de 13 de Maio e 20 de Novembro. O estudo busca problematizar as narrativas e conteúdos associados a estas emblemáticas datas, sendo esta última reconhecida oficialmente pela Lei no 12.519 (BRASIL, 2011) como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, e reforça a Lei no 10.639 (BRASIL, 2003), que institui a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira na Educação Básica. A pesquisa, ainda em andamento, adota uma abordagem bibliográfica e teórica, ancorada em autores que discutem as relações de colonialidade do ser, do saber e do poder, dimensões que seguem estruturando as práticas e representações sociais herdadas do período colonial (séculos XV a XIX). Compreender o processo de desconstrução dos discursos coloniais implica também compreender como se opera, no contexto brasileiro, a difícil tarefa de descolonizar o pensamento, a educação e as epistemologias que sustentam o projeto moderno-ocidental. Nesse sentido, argumenta-se que o resgate crítico do passado, entendido como um “passado utilizável”, constitui instrumento fundamental de enfrentamento à colonialidade, pois permite reconhecer, reinterpretar e ampliar os discursos anticoloniais. Assim, a pesquisa busca contribuir para a consolidação de currículos comprometidos com a justiça cognitiva, a valorização das epistemologias do Sul e a efetivação de uma educação verdadeiramente plural, crítica e emancipatória.