Territórios e Redes da Fé: um estudo das Assembleias de Deus na Região Metropolitana do Recife
Geografia da Religião; Territorialidade; Espaço Urbano; Pentecostalismo; Assembleia de Deus.
O vertiginoso crescimento do pentecostalismo no Brasil, especialmente a partir da década de 1990, constitui um fenômeno marcado pelo uso de diversas estratégias sociais e territoriais para consolidar sua expansão. Essa expansão busca ampliar os limites de atuação sobretudo no contexto urbano, operando dentro de um dinâmico
movimento dialógico entre centralidade e marginalidade urbana. Nesse cenário, essa pesquisa tem como objetivo analisar a dinâmica territorial e as estratégias de expansão da Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Abreu e Lima (IEADALPE) na Região Metropolitana do Recife, identificando seus padrões de organização espacial, estrutura hierárquica e práticas evangelísticas. O referencial teórico está ancorado em autores como Sack (1986), Raffestin (1993) e Saquet (2009), que abordam território e territorialidade como estratégias de controle, apropriação e construção de identidades. Corrêa (1992, 2010, 2016) complementa essa base ao discutir práticas espaciais e formas simbólicas, categorias que auxiliam a interpretar as ações da igreja e sua materialização no espaço urbano. Além disso, são mobilizadas contribuições da geografia da religião (Rosendahl, 1994; Gil Filho, 2008) e estudos específicos sobre o pentecostalismo no Brasil (Pepper, 1991; Araújo, 2010; Corrêa, 2012). Metodologicamente, a pesquisa adota abordagem qualitativa, com análise documental (atas, relatórios, estatutos, mídias digitais), observação simples e participante em cultos e eventos, entrevistas com fiéis e líderes, além de mapeamento dos templos na área pesquisada. Como resultados iniciais, compreendemos que a IEADALPE estrutura sua territorialidade em três dimensões: (1) ocupação e expansão, com a construção de templos, pontos de pregação e cruzadas evangelísticas; (2) gestão territorial, por meio de hierarquia eclesiástica e padronização simbólica de espaços; e (3) práticas cotidianas, como vestuário, saudações religiosas, música gospel e cultos domiciliares, que reforçam pertencimento e identidade coletiva.