O SUPER-8 PERNAMBUCANO COMO PRÁTICA ESPACIAL: CINEMA, CIDADE E MEMÓRIA
Cotidiano; Espaço vivido; Rastro da paisagem; Super-8; Recife.
O trabalho busca investigar o cinema Super-8 realizado em Pernambuco entre 1973 e 1983, articulando-o à Geografia Cultural por meio dos conceitos de espaço vivido, cotidiano e rastro na paisagem. A pesquisa parte da compreensão de que o cinema não é apenas um registro da realidade, mas uma prática cultural. No campo teórico, são mobilizados autores da fenomenologia, situados e trabalhados nas obras de Angelo Serpa, enfatizando o cotidiano como categoria geográfica fundamental, e o espaço vivido como experiência que se concretiza nas práticas sociais. Soma-se à isso o conceito de rastro, proposto por Maurício Lissovsky a partir da fotografia, mas aqui ampliado ao cinema, buscando estabelecer a existência de um cine-rastro. A dissertação, portanto, revisita a tradição cinematográfica de Pernambuco, a qual encontrou no Super-8 um espaço de resistência e experimentação cinemática. Nesse contexto, ganha centralidade a obra de Ivan Cordeiro, por registrar a experiência urbana da capital pernambucana, na qual os curtas ‘Censura Livre’ (1981) e ‘Convicentegil’ (1982) são analisados para compor a ideia do cine-rastro, onde ambos mostram como o cinema Super-8 possuiu a capacidade de contruir uma Geografia do Cotidiano. A pesquisa, por sua vez, evidencia que o cinema, ao registrar o comum, aproxima-se da Geografia enquanto ciência visual e fenomenológica para compreender como os sujeitos habitavam e atribuíram sentido ao espaço vivido recifense. Em conclusão, mostra-se que o Super-8 não apenas documentou, mas produziu espaço vivido, ao articular memória, cotidiano e afeto, presevando rastros da cidade e ampliando as reflexões sobre as espacialidades do cinema.