AS RESSIGNIFICAÇÕES DA PAISAGEM E DO PATRIMÔNIO PELO TURISMO EM PÃO DE AÇÚCAR E PIRANHAS, SERTÃO DE ALAGOAS
Paisagem cultural. Patrimônio histórico. Ressignificação. Rio São Francisco. Turismo e identidade. Sertão de Alagoas.
A presente pesquisa insere-se no campo da Geografia Cultural e tem como foco a atuação do turismo como agente de transformação e ressignificação das paisagens culturais e do patrimônio histórico nos municípios de Pão de Açúcar e Piranhas, Sertão de Alagoas. Ela compreende que a paisagem apresenta as práticas sociais, as representações simbólicas e os valores atribuídos pelas pessoas aos lugares. Nessa perspectiva, quais sentidos têm sido atribuídos à paisagem cultural e ao patrimônio histórico nos municípios de Pão de Açúcar e Piranhas, frente ao avanço da atividade turística? Em que medida tais sentidos refletem processos de ressignificação e (re)apropriação simbólica do espaço pelos diferentes grupos sociais? O objetivo geral da pesquisa consiste em investigar como o turismo promove a ressignificação da paisagem cultural e do patrimônio histórico nos municípios de Pão de Açúcar e Piranhas, a partir da análise das interações entre os aspectos históricos, socioculturais, simbólicos e espaciais, e a transformação da identidade local a partir das práticas turísticas atuais. Os objetivos específicos foram identificar as transformações simbólicas nas paisagens urbanas e rurais associadas à atividade turística; compreender como o turismo reorganiza os usos e apropriações dos espaços patrimoniais e naturais; analisar os sentidos atribuídos por moradores e visitantes aos espaços patrimonializados e ao turismo; e contribuir para o debate teórico-metodológico acerca da ressignificação da paisagem e do patrimônio perante à ação turística. A investigação teve como base teórica estudos sobre a paisagem cultural, essa que através da relação entre natureza e sociedade dão significado ao território através de narrativas e práticas sociais; e o conceito de patrimônio histórico que permitiu compreender para além dos monumentos isolados, com entendimento que as vivências culturais nos territórios fazem com que os bens sejam inseridos no contexto da paisagem cultural, marcado pela identidade local. A pesquisa é de natureza qualitativa, com base em métodos da Geografia Cultural, e envolve revisão bibliográfica, análise documental e etnográfica, interpretação das significações culturais mediante entrevistas e questionários, análise visual e cultural da paisagem. Os aspectos formais da paisagem foram analisados como referenciadores de significados culturais, revelando dinâmicas de apropriação e ressignificação simbólica promovida pelas interações sociais e pelas atividades turísticas. Os resultados evidenciam que os municípios analisados possuem paisagens de interesses culturais e turístico, e tem o rio São Francisco como elemento central na conexão da identidade regional e do turismo. Eles têm passado por modificações estruturais para responder as demandas do turismo, especialmente com a implantação de novos empreendimentos voltados à recepção turística. A paisagem e o patrimônio têm se ressignificado perante a dinâmica espacial existente, com o envolvimento dos moradores nas atividades turísticas. Contudo, a identidade sertaneja prevalece diante dessas modificações, a exemplo da apropriação cotidiana pelos moradores de espaços públicos como as praças. A pesquisa contribui para o entendimento de como a atividade turística interfere no patrimônio cultural e na vida da sociedade de Pão de Açúcar e Piranhas, ao mesmo tempo que possibilita realizar novas leituras sobre a paisagem sertaneja que se encontra em constante transformação.