SEMEANDO A MUDANÇA: A CONTRIBUIÇÃO DOS POVOS DO CAMPO E DOS MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONSTRUÇÃO DE ALTERNATIVAS AO SISTEMA AGROALIMENTAR HEGEMÔNICO
Produção de alimentos. Soberania alimentar. Mercados populares. Agricultura camponesa.
A produção de alimentos ao redor do mundo está dividida sobretudo em dois polos que seguem ideologias distintas. De um lado, um modelo de produção extensiva, baseado em grandes propriedades, forte presença de maquinários e tecnologia, focados em produtos de alta demanda e lucratividade e destinados ao comércio internacional e sob forte influência da divisão do trabalho internacional. Do outro lado, se encontra a produção de camponeses, de povos tradicionais e movimentos sociais do campo, baseada em técnicas tradicionais, diversidade de cultivos, autoconsumo e circuitos curtos de comercialização. O primeiro modelo, sob forte apoio do capital e priorizado por governos ao redor do mundo, vem em franca expansão numérica e monetária, ao passo que permanece sem resolver uma problemática antiga e da qual se colocou como solução: a fome. Diante disso, vêm construindo um caminho alternativo que perpassam ideias de soberania alimentar e reconstrução dos vínculos com a terra, em busca de garantir não só alimentação para todos, mas uma alimentação de qualidade, visando o alimento para além de uma mercadoria e pleiteando outra relação sociedade-natureza que não a atual. Este trabalho tem por objetivo discutir diferentes estratégias empreendidas por povos do campo, movimentos sociais, cooperativas produtivas, entre outros atores, na construção cotidiana e coletiva de uma alternativa ao sistema agroalimentar hegemônico vigente. O estudo indica que dentre várias práticas empreendidas por esses atores, como feiras agroecológicas, unidades de produção coletiva e sistemas agroflorestais, mercados populares, grupos de consumo consciente, entre outros, há o fortalecimento dos vínculos para além da relação de compra e venda, um reforço da relação com o alimento e com quem o produz, conscientização em relação à realidade do campo e a constituição de um consumo baseado em parâmetros que extrapolam a passividade, comodidade e utilidade dos supermercados convencionais.