A REDESCOBERTA DO AGRESTE PERNAMBUCANO PELAS ENERGIAS ALTERNATIVAS: os complexos eolicos e as suas implicacoes nas relacoes campo-cidade e rural-urbano
Energias Alternativas, Energia Eólica, Regionalização, Região, Território Usado.
O tema das fontes alternativas de energia vem se tornando cada vez mais presente em conferências, eventos acadêmicos, nos meios de comunicação e em discursos de líderes políticos, como um caminho para a descarbonização do planeta buscando atenuar as mudanças climáticas. Nesta perspectiva, no Brasil, a palavra transição energética tem ganhado muita evidência, inclusive o governo tem incentivado por meio de financiamento empreendimentos de fontes alternativas de energia, como os complexos eólicos. Nesse contexto, se insere o processo de territorialização dos complexos eólicos no Agreste Pernambucano, iniciado por volta da década de 2010 e em pleno funcionamento, um novo uso do território, de produção de energia “sustentável”. Muito se fala sobre as vantagens da energia eólica, mas pouco se discute sobre as suas implicações socioambientais nos territórios rurais. Diante disso, a ideia desta pesquisa é analisar a redescoberta do Agreste de Pernambuco pelos complexos eólicos, visando compreender como o seu processo de territorialização engendrou problemas socioambientais nos territórios rurais e implicações nas relações campo-cidade e rural-urbano. Para tanto, foram realizados os seguintes procedimentos metodológicos: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e uma pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir da consulta de artigos, livros, dissertações e teses que versam sobre o tema dos empreendimentos eólicos e sobre impactos socioambientais, com a finalidade de delinear um arcabouço teórico-metodológico para análise do fenômeno. A pesquisa documental foi desenvolvida por meio da busca de materiais publicados de dados primários como Relatório de Impactos Ambientais, e secundários, como artigos, livros, websites e publicações da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pastoral da terra, Cáritas Brasileiras Regional Nordeste, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (FETAPE), entre outras. Por sua vez, a pesquisa de campo está em fase de desenvolvimento por meio de observações in loco, com o uso de diário para anotações e com o trabalho fotográfico. Ademais, também serão utilizadas técnicas de pesquisa, como a realização de entrevistas semiestruturadas com os moradores das comunidades rurais afetadas. No tocante aos resultados, de forma preliminar constatou-se que as implicações socioambientais provocadas pelos parques eólicos apontam que as hélices dos aerogeradores e os ruídos que emitem tem causado a escassez de pássaros, abelhas, dentre outros animais silvestres, e vem afetando a pecuária dada a maior incidência de abortos e rejeição de filhotes, causando prejuízos financeiros aos produtores rurais. Soma-se a isso, a poluição hídrica, de vez que a torres eólicas liberam um pó que tem caído nas águas superficiais e também nos telhados e, por conseguinte, nas cisternas dos rurícolas, impossibilitando determinados usos da água. Além disso, de acordo com alguns moradores, a abertura de estradas e a instalação das eólicas acarretou o desmatamento de árvores centenários muito relevantes para a fauna e flora da caatinga. Por fim, os parques eólicos têm agudizado as condições de vida dos rurícolas, devido aos impactos na saúde, tais como: problemas de pele, ansiedade, depressão, entre outros.