“COMO UM PÁSSARO SEM TER UMA ÁRVORE PARA POUSAR”: OS MOVIMENTOS DE RETOMADA E AUTODEMARCAÇÃO DOS POVOS ORIGINÁRIOS NO NORDESTE
Movimento indígena. Cosmo(geo)grafias. Retomadas. Autodemarcação.
A história territorial do Brasil foi construída por meio da guerra contra as sociedades originárias, através de uma construção narrativa que transformou o invadido em invasor de sua própria terra. Este trabalho tem como intuito discutir sobre esse ordenamento territorial estruturado por uma política racista e violenta, que desterritorializa corpos e territórios de suas moradias e humanidades. A partir dos dados de conflito, em um período que vai de 2012 a 2022, presentes no Caderno de Conflitos da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e do Relatório de Violência contra os Povos Indígenas do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), vamos adentrar nesses espaços de devastação onde estão localizadas as fronteiras de expansão do capital e de um sistema moderno-colonial que avança mutilando todas as formas de vida. Imergindo dessa cenário de destruição, de um céu que desaba em nossas cabeças, iremos nos encaminhar para o outro lado dessas fronteiras, espaços de encantos e de resistências, onde geografias ancestrais vêm sendo elaboradas através de práticas socioterritoriais como as retomadas e a autodemarcação. Por meio do levantamento e mapeamento dos dados de retomadas e autodemarcação, e dos relatos e vivências em territórios de retomada indígena na região Nordeste, iremos discutir sobre as estratégias de luta e enfrentamento construídos pelo movimento indígena, que questionam uma cartografia colonial e auto demarcam territórios autônomos, através de ciências construídas nas beiras dos rios.