PREVALÊNCIA E FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO PELO HTLV-1/2 EM GESTANTES DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS(HC) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO (UFPE), NO PERÍODO DE 2022 A 2024
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O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV) é um retrovírus amplamente disseminado mundialmente, associado a diversas condições clínicas graves, como leucemia/linfoma de células T do adulto (ATLL) e paraparesia espástica tropical (HAM/TSP). A transmissão vertical, é uma das principais vias de disseminação do HTLV-1, pois ocorre predominantemente através do aleitamento materno. Estudos apontam que a taxa de transmissão vertical pode variar entre 15% e 77%, dependendo da duração da amamentação e das condições socioeconômicas das gestantes. O objetivo deste estudo foi estimar a prevalência e fatores associados à infecção pelo HTLV-1/2 em gestantes acompanhadas no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC/UFPE). Trata-se de um estudo descritivo com gestantes atendidas durante o pré-natal na Unidade de Assistência à Saúde da Mulher (UASM) do HC/UFPE, no período de 11 de novembro de 2022 a novembro de 2024.O projeto foi aprovado pelo Comite de Ética da EBSER/HC/UFPE e após a assinatura do termo de consentimento livre esclarecido (TCLE), 815 gestantes foram entrevistadas para coleta dos dados sociodemográficos, socioeconômicos e comportamentais. Em seguida foram coletados por punção sanguínea 5 mL de sangue para os testes sorológicos. Para a detecção do anti-HTLV-1/2 foi utilizado o ensaio imunoenzimático (ELISA) com o kit comercial da Murex (DIASORIN HTLV I+II) e a confirmação dos resultados do ELISA pelo INNO-LIA (HTLV I/II Score), realizados no Laboratório de Virologia do Instituo Keizo-Asami da UFPE (iLIKA). A prevalência do anti-HTLV-1/2 pelo ELISA foi de 3,19% (26/815) e de 0,49% (4/815) na confirmação pelo teste de INNO-LIA. A faixa etária das gestantes positivas foi de 17 a 34 anos, todas pardas, sendo duas moradoras da Zona da Mata de PE e duas da região metropolitana, a primeira relação sexual de uma foi com 15 anos e outra aos 17 anos, três delas usavam preservativo, todas tinham parceiro fixo, uma tinha piercing e duas tatuagens. No entanto, como o número de gestantes positivas foi relativamente baixo, não podemos inferir esses fatores como responsáveis pela aquisição da infecção. Em conclusão, a prevalência de HTLV-1/2 é o primeiro relato de prevalência em gestantes de Pernambuco mostrando que o vírus circula em nossa população e reforçando a necessidade da triagem do HTLV-1/2 durante o pré-natal de gestantes. Com a implantação recentemente da portaria no13, de 03/04/2024, do Ministério da Saúde do Brasil, espera-se minimizar a transmissão do HTLV-1/2 em nosso estado.