RESSONANCIA MAGNETICA APOS QUIMIORRADIOTERAPIA DEFINITIVA PARA CANCER DE COLO UTERINO LOCALMENTE AVANCADO: QUANDO REALIZAR?
Colo de útero; Câncer ginecológico; Neoplasia do útero; Quimiorradioterapia definitiva; Ressonância magnética; Oncologia ginecológica.
Introdução: Quimiorradioterapia definitiva é o tratamento padrão ouro para o câncer de colo uterino localmente avançado. É sabido que a resposta tumoral pode estender-se por semanas a meses após a conclusão da radioterapia. Nesse contexto, realizar a avaliação da resposta clínica de forma precoce pode subestimar a regressão tumoral e levar à adoção de condutas terapêuticas desnecessárias. Soma-se que o resgate cirúrgico pode implicar morbidade significativa. Apesar do entendimento do papel da Ressonância Magnética (RM) no seguimento dessas pacientes, não há consenso na literatura quanto ao período ideal para essa avaliação, o que pode impactar diretamente a tomada de decisão terapêutica. Dessa forma, é essencial determinar o intervalo adequado para aferição da resposta, de modo a evitar tratamentos excessivos ou desnecessários. Objetivo: Definir o momento ideal para realização da RM no seguimento de pacientes submetidas a quimiorradioterapia definitiva para tratamento de câncer de colo de uterino localmente avançado. Métodos: Foi conduzida uma análise prospectiva em uma coorte de pacientes tratadas no Hospital de Câncer de Pernambuco. Analisou-se RMs realizadas 1 mês (RM1), 3 meses (RM2), 6 meses (RM3) e 9 meses (RM4) após conclusão do tratamento. As pacientes foram classificadas quanto à resposta clínica como Resposta Completa (RC), Resposta Parcial (RP) ou Progressão de Doença (PGD). O estudo buscou compreender a dinâmica da regressão tumoral e analisou os desfechos ao longo do tempo de acompanhamento. Resultados: Das 75 pacientes inicialmente incluídas, 67 atenderam aos critérios de elegibilidade e foram analisadas. Na RM1, 50% apresentaram resposta completa e 45,2% resposta parcial. Na RM2, 66,7% das avaliadas apresentaram resposta completa. Na RM3, 84,2% das pacientes avaliadas apresentaram resposta completa. Entre as 19 pacientes com resposta parcial na RM1, 8 evoluíram para resposta completa na RM2 e 6 apresentaram resposta completa na RM3 ou RM4. Dentre as 4 pacientes que ainda apresentavam resposta parcial em RM2, nenhuma fez RM3 ou RM4 ainda. Nenhuma paciente com resposta completa em RM1 evoluiu com suspeita de doença nas RM seguintes. A adesão às ressonâncias magnéticas foi progressivamente menor com o tempo: 62,7% realizaram a RM1 (1 mês), 49,2% a RM2 (3 meses), 28,4% a RM3 (6 meses) e 3,0% a RM4 (9 meses). Foram registrados três óbitos durante o seguimento. Conclusão: Os resultados obtidos e a análise da dinâmica de resposta tumoral sugerem que a realização precoce da RM pode subestimar a resposta clínica, e que postergar a avaliação pode ser uma abordagem segura e evitar intervenções desnecessárias. Tais inferências demandam a continuidade deste estudo, bem como de novas investigações em outros trabalhos, para conclusão de respostas definitivas. A continuidade do presente estudo pode contribuir para criação de protocolos clínicos mais eficazes, seguros e custo-efetivos no seguimento do câncer de colo uterino.
Palavras-chave do trabalho: Colo de útero; Câncer ginecológico; Neoplasia do útero; Quimiorradioterapia definitiva; Ressonância magnética; Oncologia ginecológica.