Importancia da histerectomia no reparo cirurgico de prolapsos apicais: revisao sistematica e metanalise
Prolapso Uterino; Prolapso de Órgão Pélvico; Histerectomia.
Prolapso de Órgãos Pélvicos (POP) é uma condição clínica que deverá aumentar em prevalência devido ao aumento da expectativa de vida e de obesidade. O reparo cirúrgico de prolapsos uterinos tem sido realizado mais frequentemente associado a histerectomia. Mais recentemente, entretanto, estudos tem evidenciado que técnicas de preservação uterina (histeropexia) poderiam oferecer resultados melhores ou, pelo menos, similares, com relação aos resultados anatômicos e taxa de recorrência, apesar do impacto da permanência do útero a longo prazo na anatomia do assoalho pélvico ainda não ter sido estabelecido. Ademais, estudos comparando ambas as técnicas ainda são limitados, bem como os guidelines demonstram-se ambíguos, resultando em variações no tratamento (VAN IJSSELMUIDEN, 2015).
O objetivo deste estudo foi identificar a importância da histerectomia no reparo cirúrgico de prolapsos apicais, comparando seus resultados com técnicas de preservação uterina, com relação aos resultados anatômicos e taxa de recorrência.
Foi realizada busca sistemática nas bases de dados Pubmed, EMBASE, Scopus, CINAHL, LILACS e Web of Science até 03 de maio de 2024, com a análise de dados realizada com R, versão 4.5.0, R Core Team, 2025. A estrutura da revisão seguiu os guidelines PRISMA. Após triagem, 07 estudos (04 estudos de coorte e 03 estudos randomizados controlados) foram incluídos na revisão sistemática e metanálise. Houve análise do risco de viés dos estudos e avaliação de qualidade da evidência para cada desfecho.
Foram realizadas 03 comparações distintas, todas envolvendo histerectomia transvaginal com suspensão de ligamentos uterossacros (HTV-US) em comparação com outro ramo de análise entre os seguintes: histeropexia com fixação dos ligamentos sacroespinhosos (HX-SE) com fio, HX-SE com Uphold, histerectomia com sacrocolpofixação minimamente invasiva (HI SCP MI). Foi possível a criação de 06 forest plots, entre os quais três apresentaram resultados estatisticamente relevantes: falha anatômica no braço HTV-US significativamente maior em comparação com HX-SE com Uphold (n: 339; log OR: 0,95; IC 95%: 0,45 a 1.45; p=0,0002); comprimento vaginal total (sigla em inglês: TVL) significativamente menor no braço HTV-US em relação a HX-SE com Uphold ( n:339; MD:-0,88; IC 95%: -1,10 a -0,66; p=<0,0001) e HI SCP MI (n:146; MD:-1,03; IC 95%: -1,81 a -0,25; p=0,01).
Esse resultado sugere que histeropexia com uso de material sintético (tela) pode ser mais eficaz que histerectomia com reparo nativo na abordagem do POP apical. Estudos subsequentes, preferencialmente ensaios clínicos randomizados, devem ser realizados para confirmação dos achados do presente estudo.
Palavras-chave do Resumo (3 palavras): Prolapso Uterino; Prolapso de Órgão Pélvico; Histerectomia.