AVALIAÇÃO DO BENEFÍCIO DE MANUTENÇÃO DA VENTILAÇÃO MECÂNICA DURANTE A CIRCULAÇÃO EXTRACORPÓREA EM CIRURGIAS CARDÍACAS CONGÊNITAS PEDIÁTRICAS: ENSAIO CLINICO RANDOMIZADO
Palavras-chave do trabalho: Cirurgia cardíaca, crianças, cardiopatia congênita, ventilação mecânica, complicações pós-operatórias.
INTRODUÇÃO: As complicações pulmonares em crianças submetidas à cirurgia cardíaca estão em torno de 34%, sendo essa a principal complicação pós-operatória. A sua ocorrêcia tem significativo impacto na morbidade e mortalidade. Guidelines e diretrizes especifícos a respeito da melhor estratégia de ventilação pulmonar durante a CEC ainda são ausentes na literatura. O objetivo deste estudo é avaliar se a manutenção da ventilação mecânica durante a CEC está associado com menores complicações respiratórias e melhores desfechos. MÉTODO: Este é um ensaio clínico randomizado. Os participantes foram divididos em dois grupos: um sem ventilação pulmonar durante a CEC (SVM) e outro com ventilação pulmonar (CVM). O desfecho primário avaliado foi a incidência de complicações pulmonares, e o secundário o tempo de extubação, o tempo de internamento na UTI, o tempo de internamento hospitalar e a mortalidade intra hospitalar. RESULTADOS: Participaram do estudo 31 pacientes, 16 no grupo SVM e 15 no grupo CVM. As complicações pulmonares foram mais frequentes no grupo sem ventilação mecânica, 19 pacientes contra 8 no outro grupo (p = 0,026). A duração da ventilação mecânica foi menor no grupo CVM (p = 0,014), em que 14 pacientes foram extubados na primeiras 48 horas contra 9 no outro grupo. O tempo de internação na UTI também foi inferior no grupo CVM (p = 0,22), sem diferença significativamente estatística quando se compara o tempo de internamento hospitalar. Em relação aos parâmetros de oxigenação, no grupo CVM a redução da PO2/FIO2 em relação aos valores iniciais foi de 9,4% ao final da cirurgia e de 5,6% após uma hora de estadia na UTI. No grupo SVM, a redução dos valores foram de 19,7% ao final da cirurgia e de 11,4% após uma hora da estadia na UTI. Em relação a complacência do sistema respiratório, no grupo CVM a redução em relação aos valores inicias foi de 1,07% ao final da cirurgia e de 0,4% uma hora após a estadia na UTI. No grupo SVM, a redução dos valores em relação ao valores inicias foram de 10,5% no final da cirurgia e de 6% uma hora após a estadia na UTI. CONCLUSÃO: Os resultados desse estudo evidenciam que a ventilação mecânica durante a CEC está relacionado com menores taxas de complicações pulmonares, melhores parâmetros de oxigenação e função pulmonar.