ESTUDO DO IMPACTO DAS MANOBRAS DE ROTAÇÃO DO OMBRO E DA MESA CIRÚRGICA NA SONOANATOMIA LOMBAR E TORÁCICA DE IDOSOS
Idoso; Anestesia Epidural; Ligamento Longitudinal Posterior
Pacientes idosos representam desafio à anestesia do neuroeixo decorrente de alterações anatômicas, fisiológicas e associadas a comorbidades. Múltiplas tentativas de punção, além de desconfortável, podem gerar complicações, como o hematoma do subdural. Visando facilitar a técnica, manobras de rotação dorsal da mesa cirúrgica (table tilt) e do ombro se mostraram capazes de aumentar a janela do neuroeixo em pacientes jovens, porém os dados na população idosa ainda são escassos. O presente estudo teve como objetivo avaliar se as manobras de table tilt e rotação do ombro são capazes de aumentar o tamanho do Ligamento Longitudinal Posterior (LLP) visualizado no ultrassom aos níveis de L3-L4 e T10-T11 em pacientes idosos e se esse aumento é de pelo menos 1mm. Trata-se de estudo transversal realizado no Hospital das Clínicas de Pernambuco e no Hospital da Restauração com a participação de 50 voluntários idosos dos quais foram coletadas imagens ultrassonográficas do LLP nos níveis L3-L4 e T10-T11 em 3 posições: sentada com flexão da coluna (posição N); rotação de ombro de 45º (posição R); e rotação da mesa cirúrgica de 10º (posição T). Do total, 4 pacientes foram excluídos por não tolerarem os posicionamentos e 1 por perda das imagens. Ao nível L3-L4, as dimensões do LLP foram de 15,2mm, 16,4mm (p = 0,014) e 17,9mm (p < 0,001) para as posições N, R e T, respectivamente. Ao nível T10-T11, os resultados foram 13,0mm, 14,3mm (p < 0,001) e 14,8mm (p < 0,001) para as posições N, R e T, respectivamente. O table tilt foi superior à rotação de ombro no nível L3-L4 (p < 0,001), mas não ao nível T10-T11 (p = 0,176). Não houve diferença do aumento do LLP entre os níveis lombar e torácico tanto para a manobra de rotação do ombro (p = 0,688) quanto para a rotação da mesa cirúrgica (p = 0,15). Na análise de aumento do LLP em pelo menos 1mm, houve significância estatística para a rotação da mesa cirúrgica nos níveis L3-L4 (p < 0,001) e T10-T11 (p = 0,029); contudo a rotação do ombro não obteve significância estatística nos níveis L3-L4 (p = 0,797) e T10-T11 (p = 0,166). As manobras de rotação de ombro e rotação dorsal da mesa cirúrgica são capazes de aumentar a janela acústica lombar (L3-L4) e torácica (T10-T11) de idosos. O table tilt foi capaz de aumentar em pelo menos 1mm o tamanho do LLP, o que não se verificou com a rotação de ombro.