Curvas salariais para os trabalhadores formais e informais: Uma análise para o Brasil urbano entre 2012 e 2023
Mercado de Trabalho. Curva de Salário Espacial. Desigualdade.
Informalidade.
Em um cenário econômico marcado por variações significativas nas taxas de desemprego e transformações no
mercado de trabalho, este estudo tem como objetivo principal investigar a relação entre salários e desemprego no Brasil, com foco na compreensão das curvas salariais e suas implicações para o mercado de trabalho. Para alcançar esse objetivo, os salários individuais dos trabalhadores formais e informais são examinados, considerando especialmente o recorte geográfico das unidades federativas para o cômputo das taxas de desemprego regionais. Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), considerando o período de 2012 a 2023. A análise empírica tem por base Baltagi e Başkaya (2022), e consiste na estimação das curvas salariais com as devidas correções para a seletividade amostral dos indivíduos ocupados, bem como ponderando os possíveis efeitos espaciais da taxa de desemprego regional. Para corrigir a possível seletividade amostral, foi empregado um modelo logit multinomial, que examina a probabilidade de participação na força de trabalho, considerando explicitamente emprego formal, emprego informal e não emprego, com base em características domiciliares que determinam a situação ocupacional dos indivíduos. Um aspecto inovador desta pesquisa é a incorporação de pesos espaciais baseados em atividade econômica, capazes de captar as pressões salariais enfrentadas pelos trabalhadores devido ao aumento das taxas de desemprego em outros estados. Ademais, a ponderação da seleção para o emprego formal e informal parece ser importante ao se mensurar a magnitude das curvas salariais. Os resultados sugerem a validade da relação da curva salarial espacial no Brasil, tanto para trabalhadores formais quanto informais. A análise revela que os salários dos trabalhadores informais são mais sensíveis às taxas de desemprego da própria região e das localidades vizinhas, em comparação aos salários dos trabalhadores formais. Tal realidade é verificada para homens e mulheres, mas a magnitude da elasticidade salarial é ligeiramente maior para os trabalhadores homens informais, comparativamente ao estimado para as mulheres que trabalham no setor informal. Além disso, aqueles com maior nível de escolaridade apresentam uma visível sensibilidade aos choques econômicos, especialmente quando consideradas as influências espaciais, expondo que uma qualificação mais elevada não implica, necessariamente, uma maior estabilidade salarial.