ABRAM ALAS QUE ELAS ESTÃO REGENDO: uma análise sobre a atuação de uma mulher na regência de banda marcial escolar na cidade de João Pessoa - PB
Representatividade Feminina; Banda Marcial Escolar; Educação Musical; Mulheres na Regência; Relações de Gênero.
A presente dissertação buscou responder a seguinte questão de pesquisa: Como são desenvolvidas as atividades de regência de banda marcial escolar na perspectiva de uma regente atuante na cidade de João Pessoa? O objetivo geral foi compreender como são desenvolvidas as atividades de regência de banda marcial escolar na perspectiva de uma regente atuante na cidade de João Pessoa. Os objetivos específicos foram: caracterizar a função de regente de banda marcial escolar; identificar a metodologia aplicada pela regente para a formação da banda; caracterizar os espaços de aula e ensaios utilizados pela regente para a realização das práticas musicais com a banda marcial; analisar a concepção da regente com relação à função que exerce. A pesquisa, de abordagem qualitativa, teve apenas uma participante e utilizou, como procedimentos metodológicos, a observação, a entrevista narrativa e a entrevista semiestruturada. Para a realização desta pesquisa fizemos uma revisão de literatura para obtermos uma visão ampla das discussões sobre a presença das mulheres na regência. A pesquisa também discute teorias feministas de Beauvoir (1967), Butler (2018) e Perrot (2005; 2007), como também apresenta o conceito de Habitus de Bourdieu (2012). A análise foi concretizada através do entrecruzamento dos textos da revisão de literatura e dos textos da fundamentação teórica juntamente com os dados coletados e assim chegarmos à resposta da questão de pesquisa. A partir das análises, reconhecemos que as mulheres regentes desenvolvem as atividades desta função utilizando uma metodologia imitativa e unida a prática e atividade mais interativa em meio a várias dificuldades na questão dos espaços físicos de ensaios e aulas, manutenção de instrumentos, desconfianças em sua capacidade profissional, além de preconceitos, concepções de gênero e estereótipos. Concluímos que, apesar de muitas lutas, pesquisas e melhoria à respeito da posição e dos direitos de igualdade das mulheres na sociedade, ainda não estamos em um mundo ideal, pois a sociedade contemporânea apresenta as condições e ideais calcadas no sistema patriarcal de opressão, subordinação e sexualização das mulheres. Desde modo, entendemos que o cargo de regente de banda marcial escolar é complexo e multifacetado e que a regente entrevistada desempenha sua função com dedicação e profissionalismo. Porém, enfrenta diversos desafios, preconceitos de gênero e esteriótipos por estar inserida no campo de trabalho historicamente masculino. Contudo, é preciso continuar enfrentando essas barreiras e padrões que afastam as mulheres e as deixam à margem das questões sociais.