PPGH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA - CFCH DEPARTAMENTO DE HISTORIA - CFCH Telefone/Ramal: (81) 98676-7258
Dissertações/Teses

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2025
Dissertações
1
  • BRUNNA FERNANDA FREIRE BEZERRA DA CRUZ
  • O enigma dos Povos do Mar:

    questões étnicas em sociedades mediterrânicas da Idade do Bronze Tardia (sécs. XIII - XII AEC)

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • KATIA MARIA PAIM POZZER
  • MARCIA SEVERINA VASQUES
  • RENATO PINTO
  • RONALDO GUILHERME GURGEL PEREIRA
  • Data: 13/02/2025

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  • Entre os séculos XIII e XII AEC o Mediterrâneo Oriental passou por uma série de abalos e transformações que impactaram suas sociedades. O Império Hitita colapsou, entre o Egeu e o Levante diversos assentamentos foram destruídos ou abandonados, e o Egito viu suas fronteiras diminuírem. Simultaneamente encontramos em diversas fontes egípcias, ugaríticas e hititas, menções a populações misteriosas atacando as costas do Mediterrâneo Oriental ou navegando por ele, a historiografia irá nomeá-las de "Povos do Mar". Nesse contexto, apesar de muitas pesquisas terem sido realizadas na tentativa de compreender quem seriam os Povos do Mar, poucas buscaram o apoio dos estudos étnicos nessa empreitada. Dessa forma, parto da seguinte problemática: É possível identificar os Povos do Mar por meio de uma abordagem étnica? Para lidar com essa questão busco analisar como uma abordagem étnica pode ser empregada no caso dessas populações, depois avalio a iconografia dos Povos do Mar em Medinet Habu, buscando características que sirvam de indícios sobre as suas identidades étnicas, para só então (re)analisar as fontes textuais e arqueológicas vinculadas a eles de modo a sugerir suas possíveis regiões de origem.


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  • Entre os séculos XII e XI AEC, o Mediterrâneo Oriental passou por uma série de abalos e transformações que impactaram suas sociedades. O Império Hitita colapsou, entre o Egeu e o Levante diversos assentamentos foram destruídos ou abandonados, e o Egito viu suas fronteiras diminuírem. Simultaneamente encontramos em diversas fontes egípcias, ugaríticas e hititas, menções a populações misteriosas atacando as costas do Mediterrâneo Oriental ou navegando por ele, a historiografia irá nomeá-las de "Povos do Mar". Nesse contexto, apesar de muitas pesquisas terem sido realizadas na tentativa de compreender quem seriam os Povos do Mar, poucas buscaram o apoio dos estudos étnicos nessa empreitada. Dessa forma, parto da seguinte problemática: qual contribuição uma abordagem étnica pode oferecer na identificação dos Povos do Mar? Para lidar com essa questão busco analisar como a Etnicidade pode ser empregada na Antiguidade, depois reavalio as fontes textuais e arqueológicas – incluindo as mais recentes – por meio de uma abordagem étnica, para só então investigar as possíveis origens e identidades étnicas das populações que compõem os Povos do Mar.

2
  • SILVIO ROMERO TAVARES NEIVA COELHO
  • Cortesãos e Ascéticos depravados: Discursos sobre os eunucos em Eusébio de Cesareia e Procópio de Cesareia sob uma perspectiva Queer

     

  • Orientador : BRUNO UCHOA BORGONGINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO UCHOA BORGONGINO
  • RENATO PINTO
  • WENDELL DOS REIS VELOSO
  • Data: 17/02/2025

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  • Os eunucos eram proeminentes no universo bizantino tardo-antigo, circulando desde os espaços de corte aos ambientes eclesiásticos. Sua presença é diversificada, passando pelos espaços da aristocracia bizantina, pelas heranças culturais tardo romanas e até os espaços eclesiásticos dos primeiros cristianismos. Nesses contextos, os estereótipos atribuídos a esses sujeitos eram de moralmente depravados, participantes de maquinações e traições da aristocracia, deformados fisicamente e contrários à natureza. Eram símbolos de uma outridade inferiorizada em relação aos papeis hegemônicos de gênero. Nesse sentido, as perspectivas de gênero oriundas da Teoria Queer se tornam bem-vindas a investigar esses sujeitos que foram colocados, dentro do contexto bizantino tardo-antigo, em uma posição discursiva de não-normatividade. Neste trabalho, serão analisadas duas narrativas historiográficas produzidas no espaço do Império Bizantino durante a Antiguidade Tardia: Historia Ecclesiae de Eusébio de Cesareia (C. 326 E.C.) e Anedocta de Procópio de Cesareia (c. 550 E.C.) . O objetivo é investigar como esses estereótipos são construídos e em que medida eles indicam uma condição de queeriedade.


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  • O eunuco é um sujeito bastante presente no universo bizantino tardo-antigo. Sua presença é diversificada, passando pelos espaços de côrte bizantinos, os textos médicos, as heranças culturais tardo romanas e até os espaços eclesiásticos dos primeiros cristianismos. Dentro desses contextos os discursos e estereótipos sobre esses sujeitos são de sujeitos moralmente depravados, participando das maquinações e traições da aristocracia; deformados fisicamente, quando acusados de serem contra a natureza; símbolo de uma outridade, quando apropriados para criar uma imagem de outro inferior. Nesse sentido, as perspectivas de gênero oriundas da Teoria Queer se tornam bem-vindas a investigar esses sujeitos que foram colocados, dentro do contexto bizantino tardo-antigo, em uma posição discursiva de não-normatividade. Neste trabalho serão investigados dois tratados historiográficos produzidos no espaço do Império Bizantino, durante a Antiguidade Tardia: Historia Ecclesiae de Eusébio de Cesareia e Anedocta de Procópio de Cesareia, para investigar como esses estereótipos são construídos e em que medida eles indicam uma condição de queeriedade.

3
  • HEITOR ABREU FERREIRA
  • Didática da História e Educação Histórica: perspectivas para o ensino de história na modernidade tardia

  • Orientador : ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANA PAULA RODRIGUES CARVALHO
  • ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • MARCIA ELISA TETÉ RAMOS
  • MARCIO ANDRE MARTINS DE MORAES
  • Data: 19/02/2025

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  • O presente trabalho aborda as transformações na relação dos indivíduos com a temporalidade no contexto contemporâneo, marcado pela hiperaceleração social, política e econômica. Ancorando-se em referenciais teóricos como François Hartog, Jörn Rüsen, Reinhart Koselleck, entre outros, a pesquisa investiga as implicações da crise da experiência temporal para o ensino de História e a formação da consciência histórica. A metodologia combina análise teórica com uma revisão aprofundada de literatura, explorando as contribuições da Didática da História enquanto campo teórico-pedagógico. A pesquisa foca em como a narrativa histórica, estruturada a partir dos conceitos de consciência histórica, evidência, empatia e significância, pode contribuir para a História exercer sua função enquanto ciência orientadora em tempos de fragmentação temporal e desafios à democracia. Os resultados destacam a capacidade e potencialidade da Didática da História resistir aos reveses sofridos pelas ciências humanas, apontando-a como um paradigma capaz de responder às carências de orientação temporal dos indivíduos. Ao propor estratégias de ensino que alinhem o aprendizado histórico às vivências práticas dos alunos, a Didática da História reafirma a relevância do pensamento histórico como ferramenta crítica e reflexiva para compreender o passado, interpretar o presente e projetar futuros possíveis. Ao promover uma abordagem multiperspectivada e inclusiva, o trabalho demonstra como a Didática da História pode atuar como um agente transformador, garantindo que a disciplina História continue a contribuir significativamente para o entendimento e a ação no mundo contemporâneo.


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  • O presente trabalho explora as percepções e concepções dos estudantes do Ensino Médio em relação à disciplina de História nas escolas públicas da Região Metropolitana do Recife. A pesquisa se insere no campo teórico da Educação Histórica e da Didática da História, investigando como os alunos compreendem e atribuem sentido ao ensino da História no contexto escolar. A partir de uma análise qualitativa, a dissertação busca identificar as expectativas e os desafios enfrentados pelos discentes, contribuindo para a reflexão sobre práticas pedagógicas mais eficazes e significativas no ensino de História.

4
  • ELÍDA NATHALIA OLIMPIO DA SILVA
  • A LIBERDADE NAS NOTAS DO TABELIÃO: PROPRIEDADE E ALFORRIAS NA COMARCA DE PAUDALHO (1840-1876)

  • Orientador : ROBSON PEDROSA COSTA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • LIDIA RAFAELA NASCIMENTO DOS SANTOS
  • ROBSON PEDROSA COSTA
  • Data: 20/02/2025

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  • O presente trabalho busca caracterizar as dinâmicas sociais e econômicas de acesso à liberdade e de negociação da propriedade escrava na Comarca de Paudalho no século XIX, em específico entre as décadas de 1840 e 1870. Este período é marcado pela criação da estrutura jurídica da dita comarca e de sua maior abrangência territorial, momento no qual era formada pelas freguesias do Divino Espírito Santo do Pao d’Alho, Nossa Senhora da Luz e de Nossa Senhora da Glória do Goitá. Para tal, caracterizar o processo de formação territorial e jurídico da Comarca de Paudalho no oitocentos à luz de conceitos da história demográfica e do urbanismo se fez imprescindível. É importante ressaltar que as múltiplas formas de produção da liberdade em contextos escravistas nas Américas têm sido objeto de estudo da historiografia sob diferentes aportes teóricos e, no Brasil, não é diferente. Não apenas novas abordagens sobre temas conhecidos de historiadores, mas principalmente o olhar aguçado para outros espaços e territórios ditos “periféricos” para além dos grandes centros produtores possibilitam uma compreensão mais ampla do cotidiano da escravidão e da sua capilaridade nos pequenos grupos sociais. Nesse sentido, a aplicação do “jogo de escalas” da micro-história permite aos historiadores observarem os pormenores de sociedades circunscritas num termo ou comarca, possibilitando assim o entendimento das relações e dos arranjos sociais dos mais diferentes grupos. Isso se configura pela necessidade de compreender os processos e as forças sociais e políticas que tangenciam o território em estudo e que neste caso está inserido geograficamente na zona da mata seca de Pernambuco e tem sua formação marcada pela paisagem canavieira. Assim, a partir da rica documentação notarial associada a múltiplas fontes como jornais e relatórios oficiais, esta dissertação caracteriza as teias da liberdade em Paudalho identificando os caminhos percorridos por senhores e cativos para a manutenção da ordem senhorial em contrapartida aos mecanismos de busca pela liberdade aqui representada pelas alforrias. Para além da luta cotidiana pela liberdade, identificamos os caminhos pelos quais os senhores exerceram sua posse sobre os escravizados, usando-os como ativos em seus negócios. Os diversos eixos de análise permitem, a partir das teorias da história social, compreender de forma mais ampla e cuidadosa as relações entre senhores e seus cativos não só no exercício do domínio, mas principalmente na busca pela liberdade. Assim procura-se compreender de que forma a propriedade de pessoas escravizadas estava materializada na comarca de Paudalho, sobretudo considerando o contexto de mudanças no qual esta pesquisa se insere. O recorte temporal escolhido foi marcado por amplas modificações na ordem escravista sobretudo no campo jurídico com o fim oficial do tráfico atlântico e a promulgação de leis antiescravistas a exemplo da Lei do Ventre Livre. Além disso, este período foi marcado pela reorganização da burocracia e estrutura administrativa do Estado que resultou em movimentos que atingiram os mais distintos grupos sociais. Dessa forma, esta pesquisa transita entre o local e o nacional no sentido de reconhecer os sujeitos que direta ou indiretamente estiveram inseridos nestes contextos de amplas mudanças e colocá-los da centralidade do estudo da História.


  • Mostrar Abstract
  • As múltiplas formas de produção da liberdade em contextos escravistas nas Américas têm sido objeto de estudo da historiografia sob diferentes aportes teóricos e, no Brasil, não é diferente. Não apenas novas abordagens sobre temas conhecidos de historiadores, mas principalmente o olhar aguçado para outros espaços e territórios ditos “periféricos” para além dos grandes centros produtores possibilitam uma compreensão mais ampla do cotidiano da escravidão e da sua capilaridade nos pequenos grupos sociais. Nesse sentido, a aplicação do “jogo de escalas” da micro-história permite aos historiadores observarem os pormenores de sociedades circunscritas num termo ou comarca, possibilitando assim o entendimento das relações e dos arranjos sociais dos mais diferentes grupos. Partindo desta compreensão, o presente trabalho busca caracterizar as relações e dinâmicas sociais e econômicas da Comarca de Paudalho no século XIX, em específico entre as décadas de 1840 e 1870. Este período é marcado pela criação da estrutura jurídica da dita comarca e de sua maior abrangência territorial, momento no qual era formada pelas freguesias do Divino Espírito Santo do Pao d’Alho, Nossa Senhora da Luz e de Nossa Senhora da Glória do Goitá. Para tal, caracterizar o processo de formação territorial e jurídico da Comarca de Paudalho no oitocentos à luz de conceitos da história demográfica e do urbanismo se fez imprescindível. Isso se configura pela necessidade de compreender os processos e as forças sociais e políticas que tangenciam este território que está inserido geograficamente na zona da mata seca de Pernambuco e tem sua formação marcada pela paisagem canavieira. Assim, a partir da rica documentação notarial associada a múltiplas fontes como jornais e relatórios oficiais, esta dissertação caracteriza as teias da liberdade em Paudalho identificando os caminhos percorridos por senhores e cativos para a manutenção da ordem senhorial em contrapartida aos mecanismos de busca pela liberdade aqui representada pelas alforrias. Para além da luta cotidiana pela liberdade, dimensionaremos as propriedades e seus donos tendo por base suas negociações de venda, troca e de transferências de propriedades, visando um maior entendimento da organização da classe senhorial em uma comarca da zona açucareira pernambucana. Os diversos eixos de análise permitem, a partir das teorias da história social e de conceitos como paternalismo, compreender de forma mais ampla e cuidadosa as relações entre senhores e seus cativos e entre essa elite proprietária de terras e de escravos. Assim procura-se compreender de que forma a propriedade estava materializada na comarca de Paudalho, sobretudo considerando o contexto de mudanças no qual esta pesquisa se insere. O recorte temporal escolhido foi marcado por amplas modificações na ordem escravista sobretudo no campo jurídico com o fim oficial do tráfico atlântico e a promulgação de leis antiescravistas a exemplo da Lei do Ventre Livre. Além disso, este período foi marcado pela reorganização da burocracia e estrutura administrativa do Estado que resultou em movimentos que atingiram os mais distintos grupos sociais. Dessa forma, esta pesquisa transita entre o local e o nacional no sentido de reconhecer os sujeitos que direta ou indiretamente estiveram inseridos nestes contextos de amplas mudanças e colocá-los da centralidade do estudo da História.

5
  • RAFAELLA MARQUES FARIAS
  • "GEOFFREY CHAUCER E A CONSTRUÇÃO DA TRADIÇÃO LITERÁRIA INGLESA:
    MEDIEVALISMO E IDENTIDADE CULTURAL NOS SÉCULOS XIV e XIX"

  • Orientador : BRUNO UCHOA BORGONGINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO UCHOA BORGONGINO
  • DANIELE GALLINDO GONÇALVES SILVA
  • RENATO PINTO
  • Data: 26/02/2025

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  • Esta pesquisa analisa a construção da figura de Geoffrey Chaucer como um ícone central da tradição literária inglesa no século XIX. O estudo investiga como o medievalismo vitoriano, aliado às agendas culturais e ideológicas da época, moldou a imagem de Chaucer, consolidando-o como "pai da poesia inglesa" e símbolo de identidade cultural inglesa. A pesquisa aborda as estratégias utilizadas por críticos e intelectuais para posicioná-lo no cânone literário, destacando também o papel do multiculturalismo da Inglaterra e das influências pós-coloniais nesse processo. Com base em teorias do medievalismo, do nacionalismo cultural e do pós-colonialismo, este trabalho reflete sobre como a literatura foi instrumentalizada para reafirmar valores identitários e ideológicos no período vitoriano.


  • Mostrar Abstract
  • Este estudo investiga a recepção e a canonização da obra de Geoffrey Chaucer, explorando como o poeta foi apropriado e reinterpretado ao longo dos séculos em diferentes contextos históricos, sociais e culturais. Utilizando a Estética da Recepção como base teórica, o trabalho analisa como Chaucer, considerado o "pai da literatura inglesa", teve sua imagem moldada por narrativas e mitos que cercam sua vida e obra, especialmente nos séculos XIX e XX. A pesquisa também discute a relação entre a obra de Chaucer e os movimentos literários e ideológicos. A partir de uma abordagem crítica e pós-colonial, o estudo questiona o conceito tradicional de cânone literário, sugerindo que o valor das obras de Chaucer foi construído socialmente e está sujeito a revisões e reconstruções ao longo do tempo.

6
  • HELLEN DANIELLY SOARES
  • ENTRE VERSOS E RITMOS: música, identidade e representações da cidade de Caruaru (PE) (1950-1980)

  • Orientador : PAULO JULIAO DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • GEOVANNI GOMES CABRAL
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • PAULO JULIAO DA SILVA
  • Data: 27/02/2025

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  • Este estudo investiga como a música contribuiu para a construção da identidade cultural de Caruaru, Pernambuco. Localizada no agreste pernambucano, a cidade é reconhecida por vários apelidos, como "Capital do Agreste" e "Cidade Princesa", que refletem diferentes aspectos de sua história e cultura. Essas denominações ajudaram a moldar o imaginário coletivo e a percepção pública de Caruaru. Desde a década de 1950, a cidade tornou-se tema recorrente de diversas composições musicais, que narram sua história, aspectos culturais e econômicos, consolidando representações sociais. A pesquisa, que abrange o período de 1950 a 1980, utiliza os conceitos de Roger Chartier, Gilbert Durand e Michel Foucault para examinar como a música funcionou como veículo de identidade cultural e coesão social. Além disso, analisa o papel das rádios locais na disseminação da imagem de Caruaru para além de seus limites municipais. A relação entre a música e a memória da cidade é explorada, evidenciando como as composições reforçaram elementos identitários e culturais, ao mesmo tempo que dialogam com processos históricos e sociais. Inicialmente examina-se as primeiras composições sobre a cidade e como elas se conectaram a momentos históricos, como o centenário de Caruaru, em 1957, quando a música se tornou um instrumento de celebração e memória. Além disso, o estudo investiga o papel fundamental das rádios locais que funcionaram como mediadoras culturais. As composições musicais, analisadas como fontes principais da pesquisa, revelam elementos que conectam a história do baião à trajetória cultural de Caruaru. O gênero, popularizado por Luiz Gonzaga, reflete as transformações sociais e econômicas da cidade e da região. As letras exploram personagens, monumentos e símbolos urbanos que moldam a forma como a cidade é vista. Por meio das análises, o estudo revela como essas composições, somadas ao papel das rádios e aos debates culturais, projetaram Caruaru.


  • Mostrar Abstract
  • Este estudo examina como a música ajudou a construir a identidade cultural da cidade de Caruaru, Pernambuco. Localizada no agreste pernambucano, a cidade é reconhecida por vários apelidos, como "Capital do Agreste" e "Cidade Princesa", cada um refletindo aspectos diferentes de sua história e cultura. Essas denominações contribuem para o imaginário coletivo que molda a percepção pública de Caruaru. Desde a década de 1950, Caruaru se tornou tema de diversas composições musicais, que narram sua história e características distintivas, consolidando representações sociais da cidade. A pesquisa, que abrange de 1950 a 1980, destaca eventos como o centenário da cidade em 1957 e o álbum "O Corte do Bolo" do Trio Nordestino, lançado em 1980, que fortaleceu o título de "Capital do Forró". Utilizando conceitos de Roger Chartier, Gilbert Durand e Michel Foucault, o estudo investiga como a música funcionou como um veículo de identidade cultural e coesão social em Caruaru. O papel da radiodifusão local entre as décadas de 1950 e 1960 também é analisado, mostrando como as rádios ajudaram a disseminar a imagem de Caruaru além dos limites municipais. O primeiro capítulo discute teoricamente as representações e o poder no contexto de Caruaru, enquanto o segundo capítulo explora o impacto das rádios na construção da imagem da cidade. O terceiro capítulo planeja uma análise detalhada de cerca de 30 composições sobre Caruaru, além de discutir a importância do baião e de Luiz Gonzaga, o "Rei do Baião", na formação da identidade cultural da cidade. Este estudo contribui para a historiografia cultural ao demonstrar como a música molda e reflete a realidade social, oferecendo uma nova perspectiva sobre a construção de identidades urbanas.

7
  • VITOR CÂNDIDO AZOUBEL ABRAM
  • Os "Sarfatim" Pina: atividade e mobilidade socioeconomica da familia do comerciante portugues Thomas Nunes Pina em Amsterda e Pernambuco no inicio do seculo XVII


  • Orientador : BRUNO ROMERO FERREIRA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • BRUNO ROMERO FERREIRA MIRANDA
  • JANAINA GUIMARAES DA FONSECA E SILVA
  • Data: 06/08/2025

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  • Este trabalho versa sobre a documentação histórica relativa ao comércio e a participação na comunidade judaica da família Sarfatim, tanto em Amsterdã, quanto no Recife, particularmente durante a primeira metade do século XVII. Em vista desse escopo, a princípio a pesquisa busca examinar uma grande variedade de fontes históricas que tratem sobre a emergência dos judeus portugueses na Holanda e em Pernambuco, de modo assim contextualizar a conjuntura histórica em que viviam os judeus à época, bem como familiarizar o leitor sobre a documentação histórica utilizada pelo trabalho em geral. Por conseguinte, a pesquisa intenta destacar não tão só a importância de Thomas Nunes Pina dentro das instâncias judaicas comunitárias, mas também qual a relevância interpretada por ele na cidade de Amsterdã em virtude do comércio que então praticava com o Mundo Ibérico, sobretudo antes, durante, e depois do armistício de doze anos que vingou a partir de 1609 entre a Coroa espanhola e a República neerlandesa. Afinal, a pesquisa logra término a destacar também a sobrelevada relevância que cada um dos seis filhos conhecidos de Pina também desenvolveu como prática comercial ou ainda nas instâncias comunitárias judaicas, a salientar particularmente a presença especial de três filhos desse patriarca no Brasil durante a ocupação neerlandesa de Pernambuco pela Westindische Compagnie, entre 1630 e 1654.


  • Mostrar Abstract
  • This thesis deals with historical documentation related to trade and participation in the Jewish community of the Sarfatim family, both in Amsterdam and in Recife, particularly during the first half of the 17th century. In this sense, this research initially examines a wide variety of historical sources that deal with the emergence of Portuguese Jews in the Netherlands and Brazil, thus contextualizing the historical circumstances in which the Jews lived at the time, as well as familiarizing the reader with the documentation used in this work. Consequently, the research aims to highlight not only the importance of Thomas Nunes Pina within the Jewish community, but also the relevance interpreted by him in the city of Amsterdam due to the trade he practiced with the Iberian World, especially before, during, and after the twelve-year armistice that took place in 1609 between the Spanish Crown and the Dutch Republic. Ultimately, this research also manages to highlight the relevance that each of Pina's six known children also developed as a commercial practice or even in Jewish community instances, particularly highlighting the presence of three of his children in Brazil during an occupation of Pernambuco by the Dutch Westindische Compagnie, between 1630 and 1654.

8
  • EMERSON RODRIGO BARRETO DE ANDRADE
  • "Um epitafio para as aguas": poluicao fluvial e injustica ambiental na agroindustria sucroalcooleira (Pernambuco, decada de 1980)

  • Orientador : JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • JOSÉ RODRIGO DE ARAÚJO SILVA
  • Data: 06/08/2025

  • Mostrar Resumo
  • O Proálcool foi um dos principais programas de investimentos federais brasileiros ao longo da década de 1980. Ele aumentou consideravelmente a produção nacional de álcool, garantindo uma injeção de investimentos e um boom produtivo ao setor sucroalcooleiro que conta com uma longeva história em Pernambuco. Porém, desse contexto também adveio o agravamento de um problema ambiental que já caracterizava o setor há décadas: a poluição fluvial com diversos efluentes industriais, em especial o vinhoto, subproduto da fabricação alcooleira. Essa poluição impactou a diversos seres humanos e não humanos, causando: a morte da fauna ictiológica, adoecimento dos trabalhadores canavieiros que se serviam dos cursos hídricos das propriedades rurais e, principalmente, privou os pescadores artesanais e marisqueiras de seu meio de reprodução social. Um cenário que configurou um violento quadro de injustiça ambiental. Além de evidenciar esses impactos ambientais, a presente pesquisa busca elucidar como se deram os conflitos ecológicos distributivos decorrentes dessa conjuntura e que envolveram pescadores, marisqueiras, canavieiros, cientistas, empresariado do setor sucroalcooleiro e o Estado (na figura da CPRH, o órgão ambiental estadual fiscalizador), na zona canavieira de Pernambuco, na década de 1980. Para isso, utilizou-se como recorte espacial municípios da Zona da Mata Norte (Goiana e Chã de Alegria) e da Região Metropolitana do Recife (Recife, Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata e Cabo de Santo Agostinho), e suas respectivas bacias hidrográficas.

     


  • Mostrar Abstract
  • O Proálcool foi um dos principais programas de investimentos federais ao longo da década de 1980, aumentando consideravelmente a produção nacional de álcool, o que garantiu uma injeção de investimentos e um boom produtivo ao setor sucroalcooleiro que conta com uma longeva história em Pernambuco. Porém, desse quadro também adveio o agravamento de um problema ambiental que já caracterizava o setor há décadas: a poluição fluvial com diversos efluentes industriais, em especial o vinhoto, subproduto da fabricação alcooleira. Essa poluição impactou a diversos seres humanos e não humanos: desde a morte da fauna ictiológica até os canavieiros que se serviam dos cursos hídricos das propriedades rurais açucareiras e, principalmente, os pescadores artesanais e marisqueiras que tinham o ambiente flúvio-marinho como fonte de sua reprodução social, configurando um violento quadro de injustiça ambiental. Além de evidenciar esses impactos ambientais, a presente pesquisa busca elucidar como se deram os conflitos ecológicos decorrentes dessa conjuntura e que envolveram pescadores, marisqueiras, canavieiros, empresariado do setor sucroalcooleiro e o Estado (na figura da CPRH, órgão ambiental estadual fiscalizador).

Teses
1
  • RAPHAELA FERREIRA GONÇALVES
  • “A libertação do ventre dá às escravas uma certa elevação moral que as exaltará, e com razão... Prevejo conflitos”: mulheres e seus projetos de emancipação em Pernambuco (1860-1871)

     

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CASSIA PAIGEN ROTH
  • LIDIA RAFAELA NASCIMENTO DOS SANTOS
  • MÔNICA MARIA DE PÁDUA SOUTO DA CUNHA
  • ROBSON PEDROSA COSTA
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 21/02/2025

  • Mostrar Resumo
  • Esta tese tem como objetivo investigar, a partir da História Social, processos civis ajuizados na província de Pernambuco, com ênfase nas questões relacionadas à alforria de mulheres e crianças escravizadas. O recorte temporal de 1860 a 1871 é especialmente relevante, pois permite explorar não apenas os debates políticos sobre a emancipação do elemento servil, mas também abarca o período entre a Lei Eusébio de Queiros (1850) e a Lei Rio Branco (1871), que foram importantes marcos legislativos na trajetória da escravidão no Brasil. Neste contexto, propõe-se examinar projetos femininos de emancipação incluindo as categorias de classe, gênero e raça, que estruturaram materialmente a exploração do trabalho no âmbito da cultura escravista e patriarcal pernambucana e do Império. A análise destaca, ainda, a reprodução da escravização a partir do ventre materno, peculiar às mulheres escravizadas, ressaltando o papel indissociável do gênero na manutenção e perpetuação do sistema escravista.


  • Mostrar Abstract
  • Essa tese tem como objetivo analisar os projetos femininos de emancipação, engendrados por mulheres escravizadas na província de Pernambuco, no período de 1860 a 1871, utilizando como chave teórica o conceito de desregramento, presente no artigo As mulheres por cima, de Natalie Zemon Davis. A autora explora uma ideia que surgiu no início da Era Moderna na Europa, que retratava o gênero femininohoje entendido como uma construção social, sendo caracterizado por temperamentos, emoções, sentimentalismos e fragilidade. Ao sugerir que as mulheres consideradas desregradas, eram as que transgrediam os limites impostos ou as que nem atingiaum ideal moral – que incrivelmente só era possível ao homem –o conceito pode ser mobilizado para compreender, ou ao menos assinalar, que os projetos de emancipação poderiam ser considerados transgressõesVisto que mulher desregrada foi uma imagem frequentemente utilizada como pretexto para sujeição das mulheres na Europa e no Brasil, defendemos que ela representou uma estratégia política de mulheres, mães ou não, para adquirir status e a liberdade jurídica para siseus filhos e parentes.

2
  • LANA CAMILA GOMES DE ARAÚJO
  • O BOM E O MAU GOVERNO DAS GENTES

    Capitães-mores e governadores na Capitania da Paraíba (c.1707 - c.1750)

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRENO ALMEIDA VAZ LISBOA
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • JUCIENE RICARTE APOLINÁRIO
  • LUANNA MARIA VENTURA DOS SANTOS OLIVEIRA
  • Data: 26/02/2025

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  • Esse trabalho tem como proposta se inserir em uma renovação de estudos sobre as dinâmicas e estruturas políticas com o objetivo de analisar a administração colonial da Capitania da Paraíba durante a primeira metade do século XVIII, problematizando as dinâmicas do poder, assim como o desenvolvimento de estratégias, alianças e negociações interétnicas dos capitães-mores e governadores da dita capitania no exercício de sua função, partindo da concepção de que essas relações eram fundamentais para compreender as práticas políticas. Analisar as governabilidades dentro Império português, especificamente na capitania da Paraíba permite a construção de uma entidade política com proporções transoceânicas ou pluricontinentais, que por muito tempo foi desprezada pelos estudos mais estruturais e economicistas. Defendendo que o estudo da história política não deve renunciar à dinâmica socioeconômica, nem negligenciar os conflitos que moldaram o espaço e os poderes, pois são essas narrativas que nos permitem visualizar as várias facetas político-administrativas no ultramar. As atuações e trajetórias dos capitães-mores e governadores são uma importante ferramenta para discutir o poder local e seus arranjos, sobretudo, pelas manifestações dos administrados frente a atuação dos administradores régios. Para tanto, as principais fontes documentadas utilizadas foram, predominantemente, os documentos avulsos e em códices do Arquivo Histórico Ultramarino, no âmbito do Conselho Ultramarino, bem como os documentos contidos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a fim de examinar como se colocavam os elogios e as queixas contra os administradores. Por fim, verificou-se que as tramas reais evidenciam o caráter dinâmico das administrações da capitania e as relações entre os diversos protagonistas históricos consubstanciadas em uma ampla rede de articulação, nas quais as condutas misturavam-se com os interesses pessoais. Logo, para além do desejo de informar sobre um bom ou mau governo, escondiam-se as estratégias para manter privilégios e prejudicar seus opositores. Dessa forma, os agentes coloniais devem ser compreendidos como sujeitos posicionados para ação.


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  • Esse trabalho tem como proposta se inserir em uma renovação de estudos sobre as dinâmicas e estruturas políticas com o objetivo de analisar a administração colonial da Capitania da Paraíba durante a primeira metade do século XVIII, problematizando as dinâmicas do poder, assim como o desenvolvimento de estratégias, alianças e negociações interétnicas dos capitães-mores e governadores da dita capitania no exercício de sua função, partindo da concepção de que essas relações eram fundamentais para compreender as práticas políticas. Analisar as governabilidades dentro Império português, especificamente na capitania da Paraíba permite a construção de uma entidade política com proporções transoceânicas ou pluricontinentais, que por muito tempo foi desprezada pelos estudos mais estruturais e economicistas. Defendendo que o estudo da história política não deve renunciar à dinâmica socioeconômica, nem negligenciar os conflitos que moldaram o espaço e os poderes, pois são essas narrativas que nos permitem visualizar as várias facetas político-administrativas no ultramar. As atuações e trajetórias dos capitães-mores e governadores são uma importante ferramenta para discutir o poder local e seus arranjos, sobretudo, pelas manifestações dos administrados frente a atuação dos administradores régios. Para tanto, as principais fontes documentadas utilizadas foram, predominantemente, os documentos avulsos e em códices do Arquivo Histórico Ultramarino, no âmbito do Conselho Ultramarino, bem como os documentos contidos no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a fim de examinar como se colocavam os elogios e as queixas contra os administradores. Por fim, verificou-se que as tramas reais evidenciam o caráter dinâmico das administrações da capitania e as relações entre os diversos protagonistas históricos consubstanciadas em uma ampla rede de articulação, nas quais as condutas misturavam-se com os interesses pessoais. Logo, para além do desejo de informar sobre um bom ou mau governo, escondiam-se as estratégias para manter privilégios e prejudicar seus opositores. Dessa forma, os agentes coloniais devem ser compreendidos como sujeitos posicionados para ação.

3
  • ANDERSON GUIMARÃES MENDONÇA
  • UM PLANETÁRIO DA LUTA NEGRA CONTEMPORÂNEA:

    Raízes do combate, meandros da violência policial e racismo no Brasil republicano (1978-2012)

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • DIOGO ARRUDA CARNEIRO DA CUNHA
  • ELIO CHAVES FLORES
  • GISELDA BRITO SILVA
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • Data: 08/04/2025

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  • Esta tese de doutorado tem como objetivo estudar e apresentar a trajetória dos movimentos sociais negros, principalmente o movimento negro unificado contra a discrminação de sua criação, passando pelo auge até a diminuição de sua importância na história do Brasil, bem como apresentar uma nova fase de luta negra no século XXI por meio de organizações não-governamentais. Utilizando de documentação policial, panfletos dos movimentos sociais negros e jornais da imprensa profissional, a pesquisa busca cruzar informações e construir um panorama da luta negra brasileira contra as diversas formas de racismo a fim de demonstrar o caminho longo e difícil traçado pelos militantes e ativistas para alcançar a igualdade racial.


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  • Este tese de doutorado tem como objetivo estudar e apresentar a trajetória dos movimentos sociais negros, principalmente o movimento negro unificado contra a discrminação de sua criação, passando pelo auge até a diminuição de sua importância na história do Brasil, bem como apresentar uma nova fase de luta negra no século XXI por meio de organizações não-governamentais. Utilizando de documentação policial, panfletos dos movimentos sociais negros e jornais da imprensa profissional, a pesquisa busca cruzar informações e construir um panorama da luta negra brasileira contra as diversas formas de racismo a fim de demonstrar o caminho longo e difícil traçado pelos militantes e ativistas para alcançar a igualdade racial.

4
  • EVERTON ROSENDO DOS SANTOS
  • ELITES MILITARES:

    OS OFICIAIS DOS TERÇOS AUXILIARES DAS CAPITANIAS DO NORTE (1739-1806)

  • Orientador : SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PAULO CESAR POSSAMAI
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • GIOVANE ALBINO SILVA
  • KALINA VANDERLEI PAIVA DA SILVA
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 17/04/2025

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  • Esta tese analisa a instituição auxiliar, efetivo militar presente em diversas possessões do império marítimo português, dedicando atenção especial ao estudo dos sujeitos que atingiram o posto mais elevado na infantaria desse corpo nas chamadas capitanias no Norte: os mestres de campo. Para tanto, a tese toma como ponto de partida a medida de 1739, onde a Coroa portuguesa colocou em prática uma medida que reordenou a estrutura beligerante no território americano. A medida ampliou os efetivos auxiliares nas regiões litorâneas do continente e suprimindo uma variedade de postos considerados irregulares, visando eliminar com a multiplicidade de incoerências do modelo vigente, identificadas especialmente nas ordenanças. Para os colonos, conduzidos à uma nova modalidade de tropa – a auxiliar, em teoria, mais atuante –, essa mudança trouxe implicações diretas para a manutenção das suas atividades de subsistência. Entretanto, para um grupo da elite colonial, que pôde se apropriar estrategicamente da reforma, a medida serviu para ampliar mecanismos e ações que visavam o acrescentamento social e o enriquecimento. Por isso, a pesquisa adota o período citado como marco inicial, buscando investigar as trajetórias coletivas dos homens que deram entrada nos efetivos de infantaria auxiliares a partir de 1739 a 1806. De forma relacional, analisamos três governos na capitania de Pernambuco do final do Setecentos, a saber: José César de Menezes, D. Tomás José de Mello e a Junta Provisória. O objetivo foi compreender a composição dos efetivos auxiliares nas capitanias do Norte, bem como as particularidades relativas à distribuição de cargos e dos contingentes militares nesse quadro espacial. Com isto, buscamos elucidar os mecanismos proporcionavam a circularidade dos postos. Posteriormente, com o propósito de descortinar as ações que motivaram novas nomeações dentro das organizações estudadas, em abordagem que englobou várias modalidades de efetivos, destacamos como diversos mecanismos, tais como licenças, baixas, reformas, ausências, falecimentos e as moléstias, podem ser entendidos à luz da circularidade ocorrida com os provimentos militares, e permitem compreender o funcionamento interno das instituições e o comportamento das pessoas que as integravam.


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  • Esta tese analisa a instituição auxiliar, efetivo militar presente em várias possessões do império marítimo português, dedicando especial atenção ao estudo dos sujeitos que alcançaram o posto mais elevado na infantaria desse corpo nas chamadas capitanias no Norte: os mestres de campo. Para tanto, a tese toma como ponto de partida a medida de 1739, onde a Coroa portuguesa colocou em prática uma medida que reordenou a estrutura beligerante no território americano. Ela ampliou os efetivos auxiliares nas regiões litorâneas do continente e suprimindo uma variedade de postos que julgou irregulares, visando acabar com a multiplicidade de incoerências do modelo vigente, identificadas especialmente nas ordenanças. Para os colonos, conduzidos à uma nova modalidade de tropa – a auxiliar, em teoria, mais atuante –, essa medida trazia consigo implicações diretas para a manutenção das suas atividades de subsistência. Contudo, para um grupo da elite colonial, que pôde se apropriar estrategicamente da mudança, a medida serviu para incrementar mecanismos e ações que visavam o acrescentamento social e o enriquecimento. Por isso, este trabalho toma como baliza inicial o período citado, buscando investigar as trajetórias coletivas dos homens que deram entrada nos efetivos de infantaria auxiliares a partir de 1739 a 1806. De forma relacional, buscamos fazer uma comparação entre três governos no Pernambuco do final do Setecentos, a saber: José César de Menezes, D. Tomás José de Mello da Junta Provisória. O objetivo aqui será o de compreender a composição dos auxiliares nas capitanias do Norte, e as particularidades no que diz respeito a distribuição de postos, e dos efetivos por este quadro espacial. Com isto, busca-se entender os mecanismos que ocasionam a circularidade e dos postos. Posteriormente, com o propósito de descortinar as ações que motivaram novas nomeações dentro das organizações estudadas, de forma relacional abarcando várias modalidades de efetivos, procurou-se sublinhar como diversos mecanismos, tais como licenças, baixas, reformas, ausências, falecimentos e as moléstias, podem ser entendidos à luz da circularidade ocorrida com os provimentos militares, e permitem compreender o funcionamento interno das instituições e o comportamento das pessoas que as integravam.

5
  • RAPHAEL HENRIQUE ROMA CORREIA
  • ENSINO DE HISTÓRIA EM TRANSIÇÃO: Currículos de Estudos Sociais e de História - 1978 a 1997

  • Orientador : ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • JULIANA ALVES DE ANDRADE
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • THIAGO NUNES SOARES
  • Data: 06/06/2025

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  • Esta tese apresenta um estudo sobre a Ditadura Militar em Pernambuco por meio do Ensino de História entre os anos de 1978 e 1997. Acompanhamos a Redemocratização a partir dos indícios que os Currículos, as leis, os projetos políticos e os documentos educacionais ofereceram. Ou seja, a pesquisa guiou-se pelas diretrizes presentes nos Currículos de Estudos Sociais, de 1978, e de História, de 1986, 1992 e 1997. Vinculamos, nesse sentido, a trajetória do Ensino de História à produção historiográfica sobre a estrutura política da Ditadura Militar, inspirados em novas análises do político e/ou da política (Julliard, 1995; Rémond, 1996). A fim de fundamentar nossas análises sobre os documentos curriculares, dialogamos com os pensamentos de, entre outros, Tomás Tadeu da Silva (2018) e Ivor Goodson (1997; 2018). Além deles, produzimos nossas críticas sobre Memória a partir de Montenegro (2010), Ricoeur (2007), Sarlo (2007); sobre a Redemocratização com leituras de Lemos (2002), Rodeghero (2020) Reis Filho (2004; 2014); sobre ensino de Estudos Sociais e História por meio das reflexões de Boclin (2009) Oliveira (2013), Nadai (1988), Nascimento (2019) Cruz (1984), Fenelon (2012), da Silva (1990). Nesse sentido, a tese indicou que o Ensino de História e o Ensino da Ditadura Militar, durante a Redemocratização, foram atravessados pelo projeto de conciliação, produzindo esquecimentos e avaliações controversas sobre a experiência autoritária. Essa dinâmica provoca desafios contemporâneos para o ensino e o estudo da temática, além de ser fundamental para a construção da Democracia.


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  • Este estudo analisa os Currículos Prescritos pela Secretaria de Educação de Pernambuco, durante os anos 1970 e 1990, para o Ensino de Estudos Sociais e de História. Desenvolveu-se uma investigação sobre Currículos produzidos em 1978 (de Estudos Sociais), em 1986 e 1994 (de História) a partir de uma metodologia proposta, entre outros, por Ivor Goodson, Michel Foucault, Tomaz Tadeu da Silva, Circe Bittencourt e Elza Nadai. Apresenta-se, ao longo da pesquisa, as conexões destes Currículos com as Políticas Públicas de Educação do período conhecido como Transição Democrática, isto é, o fim da Ditadura Militar e o início da Democracia Representativa dos anos 1980. A ênfase na dimensão prescrita destes Currículos não permitiu que fossem analisadas as práticas de Ensino, contudo é apresentada uma tese que aprofunda as relações entre política e história, ensino e ditadura militar no Brasil.

6
  • VLADIMIR JOSÉ DANTAS
  • VIVENCIA NEGRA NO SERTAO DE SERGIPE - 1850 1888

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • JOSÉ VIEIRA DA CRUZ
  • LEANDRO NASCIMENTO DE SOUZA
  • PEDRO ABELARDO DE SANTANA
  • SHEYLA FARIAS SILVA
  • Data: 16/06/2025

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  • Este estudo objetiva compreender as vivências familiares de pessoas negras escravizadas ou não, na Vila de Nossa Senhora do Porto da Folha, Sertão de Sergipe, na faixa temporal entre 1880 a 1850. Para tanto procuramos identificar os arranjos familiares em fontes de tipologia cartorário, tais como Inventários Post-Mortem, Registro de Compra e venda de escravos Cartas de liberdade. Com o intuito de melhor explorar o tema, outras fontes foram essenciais como Jornais de época, Lista de Eleitores e Censos demográficos. A História Social e mais recentemente a História Social da Escravidão em conjunto com a Micro-história foram os fundamentos teóricos e metodológicos utilizados no estudo. Homens e mulheres negros no Sertão de Sergipe formaram famílias e procuraram diminuir o fardo da escravidão e de viver numa sociedade que legitimou várias formas de torná-los invisíveis. No entanto, a pesquisa narra a história de duas mulheres negras, Rita Izabel, forra que adquiriu pequenos ganhos econômicos como uma casa, uma roça e brincos de ouro, e Rita uma menina que era livre e foi reduzida a escravidão pelo seu tio, pois ela engravidou. Foi vendida e levada para o Sertão onde passou o resto da vida tentando provar que era livre e ao mesmo tempo viu suas filhas serem vendidas.

     


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  • A formação da família cativa no Sertão de Sergipe e os caminhos percorridos compõe o foco principal desse estudo. Partindo de pressupostos arraigados na historiografia da inexistência da vida familiar dos escravizados, percebemos que não apenas existiu, como revelou-se agência fundamental na vida de homens e mulheres que, envoltos na dinâmica social procuram se livrar da escravidão. As margens do rio São Francisco, onde outrora sediava a Vila de Nossa da Senhora do Porto da Folha, hoje município do mesmo nome, região sanfranciscana e sertaneja, será o local onde as famílias se concentraram. Elegemos o período de mudanças na sociedade brasileira a segunda metade do século XIX e os momentos finais da escravidão no país, 1888. Essa clave cronológica não será rigidamente respeitada, ao contrário, o tempo e sua fluidez na vida humana está sempre presente. A tese aqui apresentada buscar estudar a vida de homens e mulheres escravizados e suas ações protagonistas com o intuito de se agruparem em quanto família e neste sentido, os dados apontam que, em sua maioria caracterizava-se por ser famílias matrifocais, ou seja, mães solteiras acompanhando seus filhos. Essa hipótese não exclui os casos de famílias nucelares, ou famílias mistas e os condicionamentos locais favoreceram o arranjo de diversos grupos familiares. Foram utilizados documentos com tipologias diferenciadas como Inventários post mortem, Registro de Compra e Venda de Cativos e Cartas de alforrias. Utilizando a leitura paleográfica as fontes foram cruzadas e lidas seguindo as assertivas da História Social.

7
  • RAISSA ORESTES CARNEIRO
  • ORDENAR PARA EXPLORAR: MODERNIDADE E POLITICAS DE REFLORESTAMENTO NA ERA VARGAS (1930-1945)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • EDNEIDA RABELO CAVALCANTI
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • MARCOS ANTONIO BEZERRA FIGUEIREDO
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • Data: 10/07/2025

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  • Ainda no chamado Governo Provisório, Getúlio Vargas publicou uma série de Decretos relativos a temáticas ambientais: Código de Minas, Código de Águas, Código de Pesca, Código Florestal. Embora não fosse uma discussão nova, era a primeira vez que um governante brasileiro adotava medidas tão concretas e tão numerosas em âmbito nacional. No que diz respeito especificamente a sua política florestal, pode-se dizer que ela acompanhava o que vinha acontecendo em outros países, num padrão de ordenar para controlar e explorar, associado à construção de identidades nacionais e a um ideal supostamente racional de modernidade. Ante o exposto, o que se propõe é a análise da construção e da implantação dessa política, especialmente após a publicação do Código Florestal de 1934, demonstrando sua inserção no contexto mais amplo de difusão da Silvicultura e construção de nacionalismos em vários países e os reflexos dessa política em Pernambuco, com a designação do Horto Florestal de Dois Irmãos como centro irradiador da mesma em âmbito local.

     


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  • Ainda no chamado Governo Provisório, Getúlio Vargas publicou uma série de Decretos relativos a temáticas ambientais: Código de Minas, Código de Águas, Código de Pesca, Código Florestal. Embora não fosse uma discussão nova, era a primeira vez que um governante brasileiro adotava medidas tão concretas e tão numerosas em âmbito nacional. No que diz respeito especificamente a sua política florestal, pode-se dizer que ela acompanhava o que vinha acontecendo em outros países, num padrão de ordenar para controlar e explorar, associado à construção de identidades nacionais e a um ideal supostamente racional de modernidade. Ante o exposto, o que se propõe é a análise da construção e da implantação dessa política, especialmente após a publicação do Código Florestal de 1934, demonstrando sua inserção no contexto mais amplo de difusão da Silvicultura e construção de nacionalismos
    em vários países e os reflexos dessa política em Pernambuco, com a designação do Horto Florestal de Dois Irmãos como centro irradiador da mesma em âmbito local.

2024
Dissertações
1
  • DIONSON FERREIRA CANOVA JUNIOR
  • O MANGÁ PELA DIDÁTICA DA HISTÓRIA: as histórias sensíveis e os traumas da Segunda Guerra Mundial a partir de Gen Pés Descalços

  • Orientador : ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • FABIO DA SILVA PAIVA
  • BRUNO SANCHES MARIANTE DA SILVA
  • Data: 29/01/2024

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  • A Segunda Guerra Mundial produziu incontáveis memórias que ainda ecoam no Tempo Presente. Perceber suas articulações e discursos com a sociedade é fundamental para compreender os vestígios do passado. A memória produz conhecimento a partir da experiência daqueles que a nível individual ou coletivo deixaram suas vivências, permitindo assim, que o passado esteja vivo no presente. É nesse contexto que situamos as histórias sensíveis ou traumáticas, aquelas que estão politicamente carregadas de emoções e que são imprescindíveis para o debate referente ao Ensino de História. Desse modo, a presente dissertação trata sobre o testemunho de Keiji Nakazawa (1939-2012), sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima, e que por meio de sua obra, o mangá Gen Pés Descalços (は だしのゲン Hadashi no Gen), buscou representar um passado traumático da sociedade japonesa. A dissertação está dividida em três capítulos e tem como objetivo principal analisar o uso de mangás como fonte para o Ensino de História. O nosso embasamento teórico partiu de autores como Rüsen (2009;2010;2011;2015) historiador da teoria e metodologia do ensino de história; Bodo von Borries (2018) teórico da Didática da História; Rots (2015) pesquisador de religião, cultura e natureza do Japão moderno e contemporâneo; Igarashi (2011) pesquisador da história cultural japonesa, especialmente entre guerras e pós-Segunda Guerra Mundial; Groensteen (2015) teórico das histórias em quadrinhos; Koselleck (2006) teórico da história dos conceitos e experiência humana no tempo e Lee (2003) teórico da Educação Histórica. A pesquisa nos levou a compreensão de que o uso do mangá permite a construção dos estudantes em sua alteridade e identidade em relação ao outro, além de que enquanto ferramenta de aprendizagem histórica, possibilita a formação de competências do pensamento histórico acerca do uso de fontes na elaboração da consciência histórica acerca das narrativas do passado e na capacidade de criticidade sobre a realidade.


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  • A Segunda Guerra Mundial produziu incontáveis memórias que ainda ecoam no Tempo Presente. Perceber suas articulações e discursos com a sociedade é fundamental para compreender os vestígios do passado. A memória produz conhecimento a partir da experiência daqueles que a nível individual ou coletivo deixaram suas vivências, permitindo assim, que o passado esteja vivo no presente. É nesse contexto que situamos as histórias sensíveis ou traumáticas, aquelas que estão politicamente carregadas de emoções e que são imprescindíveis para o debate referente ao Ensino de História. Desse modo, trataremos sobre o testemunho de Keiji Nakazawa, sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima, e que por meio de sua obra, o mangá Gen Pés Descalços (Hadashi no Gen), buscou representar um passado traumático da sociedade japonesa. À vista disso, se faz necessário discutir as memórias traumáticas da guerra no Oriente e como a consciência histórica (RÜSEN, 2001) e a aprendizagem histórica (RÜSEN, 2012) são importantes para lidar com o passado na produção de sentido que objetiva tratar as histórias em quadrinhos como fonte para a disciplina de História em sala de aula.

2
  • ARTHUR FELLER RIGAUD CARDOSO
  • O DOCE DO AÇÚCAR E O PERFUME DAS ESPECIARIAS: discursos políticos sobre os Estados do Brasil e da Índia na Monarquia Hispânica

  • Orientador : KLEBER CLEMENTINO DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ADRIANA ROMEIRO
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • KLEBER CLEMENTINO DA SILVA
  • Data: 06/02/2024

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  • A partir de finais do século XVI, centralmente no período em que Portugal se insere como parte da Monarquia Hispânica (1580 – 1640), a presença portuguesa na Ásia passa a enfrentar dificuldades estruturais e conjunturais, impactando a produção escrita da época com um certo tom de pessimismo e desengano. Ao mesmo tempo, a conquista e colonização do Brasil começa a ser desenvolvida de forma mais ampla, multiplicando também a produção de obras e textos que versavam sobre a região. Ao passo que a historiografia comumente entende esse processo enquanto uma “viragem estrutural” ou “transição de olhares” do Índico ao Atlântico, centrada mais em aspectos econômicos, uma leitura mais ampla da produção literária do período nos permitiu perceber outras facetas das relações políticas da época. Portanto, analisamos o discurso político português, buscando caracterizar a relação entre a produção de projetos políticos para o Brasil com as propostas de reforma para o Estado da Índia. Ao longo da pesquisa, partimos de uma análise das obras concebendo o discurso como ação política, almejando entender o que os autores estavam fazendo quando escreveram. Para tanto, enfatizamos aspectos do contexto sócio-político relativos ao império português, mas centralmente o contexto intelectual e a linguagem política em que esses discursos foram desenvolvidos, a partir de obras e textos de gêneros diversos, impressos ou manuscritos. Foi possível perceber que os interesses e preocupações pelo Brasil, durante a União Ibérica, surgiam e eram concebidos em relação à Índia, e não em oposição a ela, de forma que os discursos da época apresentam múltiplas preocupações e aspectos que não se esgotam no econômico e mercantil.


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  • A partir de finais do século XVI, centralmente no período em que Portugal se insere como parte da Monarquia Hispânica (1580 – 1640), a presença portuguesa na Ásia passa a enfrentar dificuldades estruturais e conjunturais, impactando a produção escrita da época com um certo tom de pessimismo e desengano. Ao mesmo tempo, a conquista e colonização do Brasil começa a ser desenvolvida de forma mais ampla, multiplicando também a produção de obras e textos que versavam sobre a região. Ao passo que a historiografia comumente entende esse processo enquanto uma “viragem estrutural” ou “transição de olhares” do Índico ao Atlântico, centrada mais em aspectos econômicos, uma leitura mais ampla da produção literária do período nos permitiu perceber outras facetas das relações políticas da época. Portanto, analisamos o discurso político português, buscando caracterizar a relação entre a produção de projetos políticos para o Brasil com as propostas de reforma para o Estado da Índia. Ao longo da pesquisa, partimos de uma análise das obras concebendo o discurso como ação política, almejando entender o que os autores estavam fazendo quando escreveram. Para tanto, enfatizamos aspectos do contexto sócio-político relativos ao império português, mas centralmente o contexto intelectual e a linguagem política em que esses discursos foram desenvolvidos, a partir de obras e textos de gêneros diversos, impressos ou manuscritos. Foi possível perceber que os interesses e preocupações pelo Brasil, durante a União Ibérica, surgiam e eram concebidos em relação à Índia, e não em oposição a ela, de forma que os discursos da época apresentam múltiplas preocupações e aspectos que não se esgotam no econômico e mercantil.

3
  • TAYANE FERREIRA DE ALMEIDA
  • DIDÁTICA DA HISTÓRIA E ARQUÉTIPOS EM QUADRINHOS DE TERROR: UMA ANÁLISE A PARTIR DE “CARNIÇA E A BLINDAGEM MÍSTICA”

  • Orientador : ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANDRE MENDES SALLES
  • ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • VALERIA APARECIDA BARI
  • Data: 06/02/2024

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  • Esta dissertação investiga a partir da Didática da História a potencialidade do gênero de terror para a construção de saber histórico, buscamos desenvolver esta investigação a partir das HQs, analisando em específico a narrativa presente em “Carniça: a blindagem mística” do autor SHIKO (2020). Para tanto este trabalho foi dividido em três capítulos, que defendem a seguinte hipótese: o terror apresenta temas comuns ao campo da experiência histórica (medo, violência, ansiedades, moralidade, preconceitos, dentre outros) desta forma a utilização destas narrativas no Ensino de História se apresenta de maneira lógica. No primeiro capítulo buscamos investigar os espaços de saber que cercam o conceito de terror. Analisando o próprio medo sob viés histórico através da construção de discurso - qual fator causa medo, a quem e em qual período histórico - percebendo alguns padrões narrativos utilizados no gênero. No segundo capítulo objetivando delimitar o conceito de terror enquanto gênero literário e sub gêneros (sobrenatural, horror, gótico, thriller, etc). Em seguida, será desenvolvido um breve histórico acerca das HQs e o gênero do terror, buscando seus processos de desenvolvimento iniciais nos EUA, e em seguida focando nas fases de produção brasileira. No terceiro capítulo será desenvolvida uma análise considerando os aspectos discutidos nos capítulos anteriores tendo em vista a obra “Carniça: a blindagem mística” volumes 1 e 2, para evidenciar a potencialidade que os quadrinhos de terror carregam para aprendizagem histórica a partir desta obra em específico. Concluimos que este quadrinho apresenta e representa medos palpáveis a sociedade contemporânea como a violência contra a mulher, além de inserir na sua história símbolos culturais do sertão nordestino e fontes históricas acerca do movimento do Cangaço.


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  • O gênero de terror apresenta aspirações, medos, esperanças, ansiedades e frustrações de determinado grupo e contexto, sendo assim, os símbolos, alegorias e narrativas desenvolvem veículos de expressão para um imaginário que compõem dimensões da Cultura Histórica. Esta pesquisa tem como objetivo compreender a potencialidade do gênero de terror para o Ensino de História a partir dos quadrinhos. Investiga-se os espaços de saber históricos que cercam o gênero de terror e o sentimento do medo, apresenta-se os espaços narrativos do terror e seu histórico com as HQs e por fim discute-se o espaço atual que estas ocupam a partir da análise da obra Carniça e a sua perspectiva em sala de aula.

4
  • SAMUEL PABLO COSTA DE ALMEIDA
  • O ESPETÁCULO NÃO PODE PARAR: AS CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS DA IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS DEMARCADAS ENTRE O DIABO E A PROSPERIDADE NO TEMPO PRESENTE (2018-2023)

  • Orientador : PAULO JULIAO DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS ANDRE SILVA DE MOURA
  • GUSTAVO GILSON SOUSA DE OLIVEIRA
  • KARLA REGINA MACENA PEREIRA PATRIOTA
  • PAULO JULIAO DA SILVA
  • Data: 16/02/2024

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  • A História Cultural das Religiões defende uma abordagem que historicize conceitos, credos, ritos, instituições e todos as representações ou símbolos religiosos, os quais são considerados como produções humanas. É partindo desta perspectiva que este trabalho se insere, objetivando discutir acerca das construções discursivas da Igreja Universal do Reino de Deus no Brasil, analisando os aspectos que giram em torno da figura do Diabo e das noções de prosperidade no tempo presente, especificamente entre 2018 e 2023. Para atingir as finalidades propostas, a priori, realizou-se uma revisão de literatura a partir de livros e artigos científicos já publicados sobre o assunto. Posteriormente, essas abordagens foram confrontadas com os dados obtidos por meio de uma imersão etnográfica nas agências religiosas e com as respostas das entrevistas realizadas com fiéis. Ademais, houve a utilização de matérias de jornais e vídeos publicados nas redes sociais da Igreja com o fito de fazer uma análise da atuação da imprensa e dos testemunhos religiosos veiculados nas mídias. A partir disso, foi possível concluir que as lógicas desse consumo religioso são amparadas pelo contexto histórico vigente do neoliberalismo e neoconservadorismo. Por fim, há a demonização de comportamentos, crenças e experiências, ao passo que se educa o fiel por meio dos testemunhos religiosos. Portanto, espera-se com esse trabalho contribuir para as discussões sobre IURD, sobretudo com o reforço político dos últimos anos aos discursos neoliberais e neoconservadores.


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  • As construções discursivas no âmbito do neopentecostalismo, particularmente da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), demarcam, através dos testemunhos religiosos, perspectivas de prosperidade material e a demonização de práticas consideradas desviantes da proposta cristã. Compreendendo o panorama teórico da História Cultural das Religiões e da Análise do Discurso, objetiva-se discorrer sobre como o movimento do neopentecostalismo surgiu, ganhando força e influência no Brasil do tempo presente, sobretudo com a IURD (1989-2023). Ademais, pretende-se realizar a análise das estratégias discursivas das igrejas neopentecostais à luz do imbricamento com a ‘Teologia da Prosperidade’ e com os parâmetros das vidas consideradas precárias por natureza, principalmente a partir da noção de ‘empreendedorismo’ religioso e da assimilação da ideia de que o consumo de bens refletem a felicidade espiritual e terrena dos fiéis. Nesse sentido, para atingir as finalidades propostas, será realizada uma revisão de literatura para abarcar o corpo teórico acerca da História Cultural das Religiões, da Análise do Discurso e do neopentecostalismo. Além disso, será feita uma revisão dos dados coletados através da etnografia e de entrevistas e, por fim, os materiais analisados serão confrontados com documentos primários, havendo destaque para jornais, programas televisivos e documentários sobre a Igreja Universal.

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  • PEDRO IVO SZPAK FURTADO CORREIA
  • SER E/OU NÃO SER: A DUPLA NATUREZA DO DISCURSO SENHORIAL EM ANÚNCIOS DE ESCRAVIZADOS NO DIÁRIO DE PERNAMBUCO (1837-1843)

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JEFFREY AISLAN DE SOUZA SILVA
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • Data: 24/04/2024

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  • O presente trabalho aborda uma aparente dicotomia na base do discurso senhorial no século XIX visualizada a partir de anúncios de venda e fuga de escravizados no Diário de Pernambuco. Seu objetivo envolve reivindicar a viabilidade e a relevância de uma proposta de interdisciplinaridade entre a história e a linguística, contribuindo para a história social da escravidão no Brasil, demonstrando a realidade oitocentista do cotidiano do cativeiro a partir do discurso senhorial. A teoria desta pesquisa é de base materialista e crítica, sendo composta, principalmente, pelo conceito marxiano de totalidade; pela dinâmica da negociação e do conflito, de J. J. Reis e E. Silva; pela crítica à historiografia tradicional do escravismo, em C. Moura, A. Nascimento e B. Nascimento; pela Análise Crítica do Discurso, em N. Fairclough, T. van Dijk e T. van Leeuwen; e pelo conceito de signo linguístico, de F. de Saussure. As fontes históricas são centenas de anúncios de venda e de fuga de escravizados em setenta edições do Diário, entre 1837 e 1843, e os dicionários de L. M. da Silva Pinto (1832) e A. de Moraes e Silva (1823). A metodologia, de teor indutivo-dedutivo, envolve uma proposta qualitativa de análise do discurso e outra quantitativa de investigação dos signos encontrados. A partir disso, descortina-se a aparente dupla natureza do discurso senhorial, composta por uma dimensão comodificadora e outra subjetivadora dos agentes históricos escravizados. Nos anúncios, tendo a primeira dimensão como perspectiva, visualiza-se a predominância de menções às “nações” africanas, a indivíduos entre 16 e 20 anos, a mulheres vendidas e homens fugidos e a ofícios domésticos entre os vendidos e ofícios do ganho entre os fugidos. Quanto à segunda dimensão, vê-se características físicas genéricas e “sedutoras” na venda e específicas e “sinceras” na fuga; ausência de defeitos entre os vendidos; alta frequência de cicatrizes, vícios e sequelas de doenças entre os fugidos; menções às habilidades da fala e ao semblante; a frequência com a qual os fugidos se “intitulavam forros”; o uso de adereços como brincos e a presença de “marcas de nação”; e a primazia de peças de roupa de algodão ou de chita.


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  • O presente trabalho aborda uma aparente dicotomia no discurso senhorial no século XIX a partir de anúncios de escravizados no Diário de Pernambuco. Proponho uma abordagem interdisciplinar entre ferramentas próprias da historiografia e da linguística, com foco na Análise Crítica do Discurso (ACD), para investigar a contradição determinante da natureza discursiva dos anúncios de venda e de fuga, entre 1837 e 1843, em Pernambuco. No interior das dimensões comodificadora (nação, idade, sexo e ofício) e subjetivadora (o físico, o psíquico e o social), analiso as implicações históricas dos signos linguísticos identificados e as potenciais contribuições de sua investigação semiótica para a historiografia da escravidão no Brasil.

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  • ANA FRANCISCA DE LIMA ALVES
  • DAS COZINHAS PERNAMBUCANAS PARA AS SALAS DE AULA:
    contribuições da História da Alimentação para o Ensino de História

  • Orientador : RENAN MARQUES BIRRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARIO RIBEIRO DOS SANTOS
  • RENAN MARQUES BIRRO
  • ROZELIA BEZERRA
  • Data: 02/05/2024

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  • Nesta dissertação analisamos a alimentação para além de uma necessidade biológica/nutricional, é possível percebê-la como um tema que reúne conhecimentos resultantes de diferentes campos científicos, que estabelece conexão com múltiplos aspectos da vida humana como a religião, economia, política, cultura e identidade. Nessa perspectiva, este trabalho analisou as contribuições da História da Alimentação para o Ensino de História, durante os Anos Finais do Ensino Fundamental, a partir da exploração de receitas enquanto linguagem absoluta para a educação histórica na sala de aula. Os cadernos e livros de receitas marcam a trajetória de muitas famílias pernambucanas, a receita engloba a descrição de nomenclaturas, ingredientes e modos de preparo de comidas e bebidas que apresentam valor simbólico e/ou sentimental para o núcleo familiar, comunitário e identitário dos indivíduos. Ainda retrata informações pertinentes aos contextos histórico-cultural em que encontra-se inserida, por isso é capaz de favorecer o Ensino de História a partir da sua utilização enquanto fonte de pesquisa. À vista disso, a presente pesquisa é de natureza aplicada e exploratória. Realizamos, para sua concepção, pesquisa bibliográfica; estudo de caso de duas receitas presentes no livro intitulado Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil, de Gilberto Freyre, reedição publicada em 1997; e análise intertextual de uma coleção de livros didáticos de História dos Anos Finais do Ensino Fundamental, denominada Araribá mais: história, de Ana Claudia Fernandes, aprovada na edição 2020 do PNLD. Em uma abordagem de cunho qualitativo foi possível perceber que a História da Alimentação pode dinamizar o Ensino de História por se tratar de um aspecto que faz parte do cotidiano dos estudantes, ao mesmo tempo em que é capaz de revelar muitos conhecimentos históricos por estabelecer elo com todos os âmbitos das sociedades. Logo, a linguagem das receitas pode ser utilizada para o Ensino de História, porque é capaz de favorecer a aprendizagem dos contextos históricos e facilitar o estabelecimento de relações longevas entre passado, presente e futuro.


  • Mostrar Abstract
  • Nesta dissertação, exploramos a alimentação para além de necessidade biológica/nutricional, ou seja, enquanto tópico que reúne conhecimentos de diferentes áreas. Neste ínterim, compreendemos que a comida estabelece conexão com múltiplos aspectos da vida humana, como a religião, economia, política, cultura e identidade. Desta feita, este trabalho busca analisar as contribuições da História da Alimentação para o Ensino de História a partir de um estudo de caso das narrativas de Gilberto Freyre no tocante aos hábitos alimentares do Nordeste brasileiro. Este notório sociológo é alvo de releituras favoráveis ou desfavoráveis - visões contraditórias que se confrontam e devem ser observadas de maneira minuciosa. Seja como for, nota-se um interesse do autor em tratar dos hábitos alimentares nordestinos. Assim sendo, a presente pesquisa é de natureza básica e exploratória e configura-se em um estudo de caso documental bibliográfico que possui o livro Açúcar: uma sociologia do doce, com receitas de bolos e doces do Nordeste do Brasil, edição 1977, como principal fonte para análise crítica. Consequentemente, a pesquisa envereda por uma abordagem de cunho qualitativo. Com a conclusão do estudo, espera-se que reste evidente a importância da história da alimentação de maneira dialogada com a história regional e o ensino de história.

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  • RAISSA GOUVEIA DE MELO EFREM
  • A OPERAÇÃO HISTÓRICO-FILOSÓFICA DE ALBERT CAMUS E DE JEAN-PAUL SARTRE EM TORNO DA GUERRA DA ARGÉLIA (1954 - 1962): ENGAJAMENTO E OS PAPÉIS DO INTELECTUAL

  • Orientador : ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • HELDER REMIGIO DE AMORIM
  • Data: 05/07/2024

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  • O objetivo da presente dissertação, com base no fio condutor que nos guiou nesse processo investigativo - a operação historiográfica de Michel de Certeau (2010), é desenvolver acerca do papel do intelectual no decurso de uma conjuntura de revolução, a fim de compreender como determinado acontecimento pode ser estudado sob perspectivas distintas a depender da fonte escolhida para tal. Para isso, tomamos como enredo as lutas pela independência da Argélia (1954-1962) a partir da leitura dos filósofos Albert Camus e Jean-Paul Sartre. A primeira seção busca explorar como a dupla nacionalidade de Albert Camus influenciou na sua escrita sobre a Revolução da Argélia; a segunda objetiva investigar a reação francesa contra Jean-Paul Sartre, que apoiava os insurgentes argelinos em detrimento de sua própria nação, abordando os debates acerca de nacionalismo e ideologia; e, por fim, a terceira seção, visa além de compreender o papel do intelectual em uma situação de guerra, com base nas
    análises do filósofo húngaro György Lukács, busca, também, analisar o impacto global do conflito entre Albert Camus e Jean-Paul Sartre nos domínios acadêmico e social, considerando as contribuições de outros intelectuais proeminentes da época, como Simone de Beauvoir, Franz Fanon e Mario Vargas Llosa.


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  • A presente dissertação tem como foco principal desenvolver acerca das participações de intelectuais franceses dentro da conjuntura da Revolução Argelina (1954-1962), a partir das narrativas de Albert Camus, em Actuelles III (1958), Notebooks 1951-1959 (2008) e O homem revoltado (2017); de Jean Paul Sartre, em Colonialismo e Neocolonialismo (1968); e de Simone de Beauvoir, em A força das coisas (2009). Vale considerar que, apesar de os ideais da superestrutura prevalecerem nos âmbitos socioculturais, as microrrelações ainda existem nas vidas individuais. Desse modo, nem todos os indivíduos presentes na categoria de colonizadores, por exemplo, compactuam com os ideais de colonização. Visamos a abordar, portanto, a problemática do papel social de intelectuais franceses no período estudado.

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  • MARIA LUIZA SOARES DE MEDEIROS
  • LAXDOELA SAGA E BRENNU-NJÁLS SAGA: um estudo acerca das relações de gênero nas sagas islandesas medievais

  • Orientador : FELIPE AUGUSTO RIBEIRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FELIPE AUGUSTO RIBEIRO
  • ISABELA DE ALBUQUERQUE ROSADO DO NASCIMENTO
  • LUKAS GABRIEL GRZYBOWSKI
  • Data: 22/08/2024

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  • Este projeto se debruça sobre as relações e a hierarquia de gênero nas obras Laxdoela saga (saga de Laxdaela) e Brennu-Njáls saga (saga de Njáll), ambas produzidas na Islândia do século XIII. O estudo das relações de gênero permite propor às sagas questões sobre a construção do saber acerca da diferença sexual e de que forma esses saberes são legitimados e naturalizados; deste modo, a pesquisa problematiza como tais relações são perpassadas, nessas narrativas, por aspectos como o cristianismo, conflitos políticos e a cultura antiga, através do casamento, da genealogia, da violência, da política e da religião. Com isso, o objetivo é analisar como as relações de gênero estão presentes na narrativa das sagas e entrelaçam-se com a dinâmica complexa de contemporaneidade de sua produção. Assim, em um primeiro momento, o trabalho aborda a sociedade islandesa medieval e seu contexto social, político, econômico e religioso; posteriormente, analisa o contexto de produção de manuscritos nórdicos medievais, com ênfase nas sagas enquanto gênero literário, e discutirei seus aspectos de oralidade, letramento e religiosidade, tanto cristãos quanto antigos, destacando a distância temporal entre os fatos narrados e seu período de produção; em seguida, por fim, discute a categoria de gênero e as possibilidades de seu uso nas sagas definidas.


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  • This project focuses on gender relations and classification in the works Laxdoela saga (Laxdaela’s saga) and Brennu-Njáls saga (Njáll’s saga), both produced in 13th century Iceland. The study of gender relations allows sagas to pose questions about the construction of knowledge about sexual difference and how this knowledge is legitimized and naturalized; In this way, the research problematizes how such relationships are permeated, in these narratives, by aspects such as Christianity, political conflicts and ancient culture, through marriage, genealogy, violence, politics and religion. With this, the objective is to analyze how gender relations are present in the narrative of the sagas and intertwined with the complex contemporary dynamics of their production. Thus, initially, the work addresses medieval island society and its social, political, economic and religious context; subsequently, it analyzes the context of production of medieval Norse manuscripts, with an emphasis on sagas as a literary genre, and discusses their aspects of orality, literacy and religiosity, both Christian and ancient, highlighting the temporal distance between the narrated facts and their period of production; then, finally, it discusses the genre category and the possibilities of its use in defined sagas.

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  • PAULO LUCIO BATISTA DE SOUSA
  • O SERTÃO NOTICIADO: O MASSACRE DA COMUNIDADE PAU DE COLHER E A PRODUÇÃO DISCURSIVA DA POLÍCIA E DA IMPRENSA BAIANA (1934-1938)

  • Orientador : ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • ANTONIO JORGE DE SIQUEIRA
  • HELDER REMIGIO DE AMORIM
  • Data: 23/08/2024

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  • Pau de Colher, comunidade no interior da Bahia, enfrentou a brutalidade das forças policiais, exemplificando como a violência estatal se manifestava de várias formas, destinadas a silenciar e controlar as manifestações populares nos anos de 1934-1938. Contextualizar os acontecimentos de Pau de Colher em um panorama mais amplo permite uma compreensão mais profunda e significativa de sua importância. Esses eventos não são isolados, mas fazem parte de um movimento maior de violência, repressão e autoritarismo que marcou a história do Brasil durante o Estado Novo, período em que a desproporção da utilização da violência se fazia presente principalmente contra os mais vulneráveis – populações periféricas e pobres – ou qualquer manifestação que desafiasse os cânones e a vigilância do Estado Novo. As discussões em torno desse tema ajudam a entender as condições históricas que proporcionaram a formação de Pau de Colher, as relações de seus moradores com o catolicismo popular e os conflitos que levaram à sua extinção. Partindo de um repertório de fontes, livros de memórias, pesquisas já desenvolvidas e discussões sobre Pau de Colher, e considerando outras possibilidades que o tema oferece, nos interessamos em analisar os discursos sobre a comunidade e as relações que o Estado e a imprensa estabeleceram entre os conflitos existentes e os possíveis perigos que os sertanejos representavam. O Estado utilizou a violência para aniquilar qualquer forma de dissidência ou manifestação popular que desviasse das normas estabelecidas. Pau de Colher foi representada nos discursos como um lugar no sertão, uma espacialidade marcada pelo atraso, banditismo social, revoltas populares, e sujeitos perigosos, entre outros, que não se adequavam às perspectivas de ideia de nação e de cidadão fomentadas nos anos de 1930. Essas representações "oficiais" corroboraram para a efetivação de medidas autoritárias da polícia dos estados do Nordeste. Aqui, discute-se a comunidade Pau de Colher e o conflito de 1938, problematizando-a enquanto uma espacialidade que foi definida a partir do olhar do outro, do olhar externo, onde predominaram discursos carregados de estigmas.


  • Mostrar Abstract
  • As discussões envoltas à temática da comunidade Pau de Colher, corroboram para entendermos as condições históricas que proporcionaram a formação de Pau de Colher, as relações de seus moradores com o catolicismo popular e os conflitos que ocasionaram a sua inexistência. Partindo de um repertório de fontes, livros de memórias, pesquisas já desenvolvidas e discursões sobre Pau de Colher e considerando outras possibilidades que o tema possui, nos interessamos aqui analisar os discursos sobre a comunidade Pau de Colher e as relações que o Estado e a imprensa estabeleceram entre os conflitos existentes e os possíveis perigos que os sertanejos representavam, isto é, nos interessamos em abordar acerca de como Pau de Colher foi representada nos discursos como um lugar no sertão, como uma espacialidade marcada pelo atraso, banditismo social, de revoltas populares, de sujeitos perigosos, entre outros; que naquele momento não se adequavam as perspectivas de ideia de nação e de cidadão fomentadas nos anos de 1930. Considerando essas discussões e entendendo o espaço enquanto objeto de estudo central para essa pesquisa, discute-se aqui a comunidade Pau de Colher e o conflito em 1938 pensando como uma espacialidade que configurou definições a partir do olhar do outro, do olhar externo, em que se predominou discursos carregados de estigmas. Diante disto, os discursos sobre a comunidade Pau de Colher retomaram estratégias discursivas acerca do sertão do início da República para se justificar ações do Estado. Diante disso, pensamos o conflito na comunidade afim de entender as noções que se construíram acerca do sertão.

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  • DAVID BORGES DE FRAGA
  •  “EXPERIÊNCIAS DA ESCRAVIDÃO: território, população e resistências na Zona da Mata Norte de Pernambuco (comarca de Goiana, 1850-1875).”

  • Orientador : BRUNO AUGUSTO DORNELAS CAMARA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO AUGUSTO DORNELAS CAMARA
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MARIA EMILIA VASCONCELOS DOS SANTOS
  • Data: 23/08/2024

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  • Neste trabalho procurei analisar as experiências da escravidão e da liberdade na comarca de Goiana, território situado na Mata Norte canavieira de Pernambuco. O período escolhido foi entre 1850 e 1888. Decidi enveredar em vários aspectos da vida em cativeiro, com o intuito de identificar indícios, rastros e pistas das múltiplas experiências da escravidão e da liberdade numa região que se forjou historicamente no plantio da cana, na produção de açúcar e no trabalho de pessoas escravizadas. A partir de temas como demografia da população livre e escravizada, estrutura da posse de escravos, experiências de fuga e a vida em liberdade, essa última recheada de perigos patentes de reescravização, procurei investigar as experiências da escravidão fisgando as relações entre senhores e escravizados, examinando questões como a resistência, os limites do exercício do poder senhorial, assim como a criação, ampliação e manutenção de espaços diversos de negociação e de autonomia, assentados em noções de direitos costumeiros que se tornaram imprescindíveis na efetivação de projetos de liberdades nas últimas décadas do Brasil escravista. O pano de fundo é uma zona de plantation que estava bem distante de uma imagem construída por uma historiografia tradicional erguida no século XX, repleta de propriedades com grandes quantidades de escravizados, dedicados quase que exclusivamente a uma única atividade agrária cujo produto era destinado ao mercado externo. Na verdade, os variados arranjos produtivos de diversos gêneros agrícolas conviviam com o cultivo da cana realizado não só de modo extensivo, mas também por pequenos proprietários escravistas que tinham algum acesso à terra. Por fim, identificar e analisar as experiências da escravidão e da liberdade nesse grande contexto recheado de nuances, particularidades e complexidades, foi o maior desafio que me propus debruçar. 


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  • Neste trabalho procuramos analisar as experiências da escravidão na comarca de Goiana, situada na região canavieira da Zona da Mata Norte de Pernambuco, entre 1850 e 1888, período que engloba a desarticulação do sistema escravista e o crescimento da luta emancipatória. Para isso, escolhemos três principais eixos temáticos de análise, a saber: as fugas, as alforrias e a liberdade precária. Com o intuito de investigar nos detalhes as experiências da escravidão e da liberdade, analisaremos, a partir desses três eixos temáticos, as relações entre senhores e escravos, examinando questões como a resistência escrava, os limites do exercício do poder senhorial, bem como a criação, ampliação e manutenção de espaços diversos de negociação e de autonomia, assentados em noções de direitos costumeiros que se tornaram imprescindíveis na efetivação de projetos de liberdades. Tendo em vista a situação particular de Pernambuco na segunda metade do século XIX, sobretudo no que tange à utilização, cada vez mais intensa, de livres e libertos, tanto nos trabalhos da lavoura da cana quanto nos da produção do açúcar, acreditamos que as expectativas dos escravizados em torno da liberdade sofreram, durante as últimas décadas da escravidão, grande impacto devido ao convívio cada vez maior com homens e mulheres livres e libertos. Além disso, procuramos analisar o território denominado comarca de Goiana, atestando sua fluidez no período em tela, evidenciando, portanto, que não se tratava de algo engessado, tampouco fixo no tempo. Acreditamos que o entendimento do território é indispensável na tentativa de estudar a população de livres, libertos e de escravizados. Por fim, como desdobramento da análise demográfica, também investigamos a estrutura da posse de escravos numa região comumente atribuída a grandes posses. Como ficará evidente no percurso deste trabalho, o estudo das experiências da escravidão na comarca de Goiana precisará levar em conta a pequena posse, a mais recorrente em toda a comarca.

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  • GUSTAVO SANDRES DA SILVA OLIVEIRA
  • NAZARENOS: ALISTAMENTO E CONFLITOS NO SERTÃO PERNAMBUCANO NOS ANOS DE 1923 A 1928

  • Orientador : WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARCOS LUIZ BRETAS DA FONSECA
  • TIAGO DA SILVA CESAR
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 26/08/2024

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  • Esta dissertação investigou o processo de alistamento de jovens pernambucanos na região do sertão do Pajeú durante a década de 1920, forçados pelo fortalecimento das estruturas do cangaço, sob as ordens daquele que se tornou o mais afamado cangaceiro, Lampião. O bando de Virgulino colocou a região de Nazaré do Pico, em Floresta, Pernambuco, sob o risco dos ataques e ameaças constantes, em uma guerra pela autopreservação. Concomitante a ascensão do cangaceiro houve o processo de estabelecimento definitivo dos quarteis policiais na mesma região, que levou os nazarenos a engajarem massivamente seus filhos, no intuito de conseguir meios para lutar contra o perigo crescente. Dessa forma, com material coletado nos arquivos da Policia Militar de Pernambuco e as narrativas deixadas em livros e jornais pelos personagens envolvidos, compreendemos a diferente perspectiva do soldado volante nazareno, que não tinha experiência alguma dentro da vida militar, mas contribuiu com suas próprias vivências para combater os perigos do cangaço em todo o Nordeste. Para a instituição, Lampião era mais um, dentre tantos, problemas de segurança. Contudo, aos nazarenos, ele foi um amigo de infância que optou pela vida errante e desejou castigar a quem creditava infortúnios. A pesquisa nos levou a compreensão da tropa, tendo a separação do militar, como indivíduo, da Instituição, suas motivações, frustrações e seus erros e acertos no enfrentamento a Virgulino.


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  • This dissertation investigated the process of enlistment of young men from Pernambuco in the backlands of Pajeú during the 1920s, forced by the strengthening of the cangaço structures, under the orders of what became the most famous cangaceiro, Lampião. Virgulino's band put the region of Nazaré do Pico, in Floresta, Pernambuco, at risk of constant attacks and threats, in a war for self-preservation. At the same time as the cangaceiro's rise, there was the process of the definitive establishment of police quarters in the same region, which led the Nazarenes to massively engage their children in order to find the means to fight against the growing danger. Thus, with material collected from the archives of the Pernambuco Military Police and the narratives left in books and newspapers by the characters involved, we can understand the different perspective of the Nazarene foot soldier, who had no experience of military life, but contributed his own experiences to fighting the dangers of the cangaço throughout the Northeast. For the institution, Lampião was just one of many security problems. However, to the Nazarenes, he was a childhood friend who had opted for the wandering life and wished to punish those he credited with his misfortunes. The research led us to an understanding of the troop, separating the soldier as an individual from the institution, his motivations, frustrations and his mistakes and successes in confronting Virgulino.

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  • MATEUS BERNARDO GALVÃO COUTO
  • O PODER DE REGISTRAR. UM ESTUDO SOBRE OS ESCRIVÃES DE CÂMARAS MUNICIPAIS DA AMÉRICA PORTUGUESA (OLINDA, SÉC. XVII, E RECIFE, SÉC. XVIII).

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARMEN MARGARIDA OLIVEIRA ALVEAL
  • FABIO KUHN
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • Data: 26/08/2024

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  • A partir de uma aproximação da escala de análise, este trabalho se concentra no estudo do grupo de escrivães da Câmara do Recife durante a primeira metade do século XVIII. Observamos que os escrivães de câmaras municipais desempenhavam funções fundamentais na administração, frequentemente assumindo poder significativo para decidir os rumos administrativos. Esses fatores questionam a sua categorização como oficiais “subalternos”. O contexto histórico desse período foi marcado pelas constantes disputas entre as elites terratenentes (de Olinda) e mercantis (do Recife), que influenciaram diretamente a ocupação e a sucessão do cargo de escrivão. Nesse sentido, foi possível traçar parte da trajetória da família Miranda de Almeida, que transitou entre os ofícios de escrivão das câmaras de Olinda, no século XVII, e do Recife, no século XVIII, além de suas principais estratégias de distinção social. Além disso, analisamos o grau de relação das trajetórias administrativas e militares dos cinco sujeitos que sucederam a Manoel de Miranda de Almeida no ofício da escrita da Câmara do Recife, entre 1721 e 1757. Identificamos que o posto de escrivão da câmara muitas vezes servia como um acesso para sólidas carreiras administrativas e, certamente, como um meio de inserção na nobreza local. Notou-se também que o sucesso nas carreiras administrativas estava relacionado à consolidação de trajetórias militares, demonstrando uma interdependência entre títulos, honras e concessões no sistema de mercês.


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  • Esta dissertação tem como objetivo contribuir para os estudos sobre os oficiais de baixo escalão das câmaras municipais do Brasil colonial, especificamente os escrivães da Câmara do Recife da primeira metade do século XVIII. A primeira parte do trabalho dedica-se à importância que este oficial adquiriu no contexto do Império ultramarino português, configurando-se como peça fundamental para a administração colonial e alcançando poder de decisão com potencial para definir alguns rumos governativos. A segunda parte abordará a trajetória da família de Manoel de Miranda de Almeida, primeiro escrivão da municipalidade recifense, em 1714. O recorte se estende do início do século XVII à metade do século XVIII, através do qual foi possível analisar a carreira de três gerações – totalizando quatro componentes – a fim de traçar as principais estratégias de negociação e ascensão social, o grau de influência enquanto estiveram no ofício e como a família declinou na cena política e administrativa do Pernambuco colonial. Considera-se que os escrivães camarários eram um dos principais agentes administrativos que, assim como todo “funcionário colonial”, ora cediam, ora se colocavam contra a centralização para benefício de seus próprios interesses.

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  • LUCAS CARLOS MARTINIANO DE ALMEIDA
  • TEIAS EMARANHADAS:

    Terra e Riqueza no Vale do Mamanguape na Zona da Mata Paraibana (1850-1877)

     


  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO AUGUSTO DORNELAS CAMARA
  • CARLOS DE OLIVEIRA MALAQUIAS
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • JONIS FREIRE
  • Data: 27/08/2024

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  • A presente dissertação, analisou os aspectos socioeconômicos e políticos da região do Vale do Mamanguape, na Província da Paraíba do Norte, entre 1850 e 1877, marcado pela promulgação e efeitos da Lei n.o 601 de 1850, também conhecida pela “Lei de Terras” e dos anos findos da administração do Barão de Mamanguape, enquanto presidente de província e o início da grande seca que afetaria os próximos anos a província. O estudo se inicia demostrando a formação da estrutura agrária, discutindo o acesso à terra e os dilemas vivenciados sobre essas propriedades, seus principais proprietários e também das pessoas livres e pobres que estavam inseridos nesse núcleo. Entendemos que a terra é o lugar onde se iniciam as atividades e comportamentos humanos, notadamente a região do Vale do Mamanguape nasce de um processo antigo de ocupação baseado no extrativismo e nas atividades agropecuárias, que corrobora na formação da riqueza local no período de nosso estudo. Percebemos que as propriedades e a riqueza dos agentes históricos apresentados, estão intrinsecamente ligadas, sob uma evolução social e econômica e de suas metamorfoses, no qual homens e mulheres sobrevivem a partir da terra e dela produzem suas fortunas em várias escalas. Estamos lidando com uma sociedade que vivia em conflitos sobre as terras destinadas a aldeamentos que compreendia, até o final do Século XIX, quase todo o território estudado. As terras dos indígenas Potiguaras serão constantemente ameaçadas, seja pelas vias hostis ou administrativas como mecanismos de expropriação. Para isso, nos munimos com um diverso corpus documental e bibliográfico, por meio de um levantamento serializado para a construção de um banco de dados quantificado, no qual exibimos após a qualificação as principais informações e dados que nos permitissem ter uma melhor compreensão e interpretação da sociedade em questão. Ainda, do domínio do comércio local, pelas mãos de estrangeiros que centralizavam o mercado de retalho no vale. Portanto, enxergamos a área estudada como uma grande rede de problemas que estão entrelaçados, sobre as terras e as atividades sociais, da economia e do político que emaranham um mutuado de processos que conectam seus principais agentes que sofrem sob os efeitos das relações interpessoais em uma sociedade de base agrária. Dessa maneira, traçaremos um estudo que considere os problemas entre terra, riqueza e comércio que ligam à estrutura fundiária e o político, que corrobora nas relações do cotidiano.


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  • A presente dissertação, tratou de analisar os aspectos socioeconômicos e políticos da região do Vale do Mamanguape na Província da Paraíba do Norte, entre 1850 e 1877, marcado pela promulgação e efeitos da Lei no 601 de 1850, também conhecida pela “Lei de Terras” e dos anos findos com o fim da administração do Barão de Mamanguape enquanto presidente de província e o início da grande seca que afetaria os próximos anos à Província da Parahyba do Norte. O estudo inicia demostrando a formação da estrutura agrária, percebendo o acesso à terra e os dilemas vivenciados sobre essas propriedades, seus principais proprietários e também dos homens livres e pobres que estariam inseridos nesse núcleo. Entendemos que a terra é o lugar onde se inicia as atividades e comportamentos humanos, notadamente a região mamanguapense nasce de um processo antigo de ocupação baseado no extrativismo, que corrobora na formação das riquezas locais no período de nosso estudo. Percebemos que as propriedades e a riqueza dos agentes históricos que serão apresentados, estão densamente ligadas, sob uma evolução social e econômica e de suas metamorfoses, no qual homens e mulheres sobrevivem a partir da terra e dela produzem suas fortunas em várias escalas. Estamos lidando com uma sociedade que vivia em conflitos sobre as terras destinadas a aldeamentos que compreendia até o final do Século XIX, quase todo o território estudado. As terras dos indígenas Potiguaras serão constantemente ameaçadas, seja pelas vias hostis ou administrativas como mecanismos de expropriação. Para isso, nos munimos com um diverso corpus documental e bibliográfico, por meio de um levantamento serializado para a construção de um banco de dados quantificado no qual exibimos após a qualificação as principais informações e dados que nos permitissem ter melhores compressões e interpretações da sociedade em questão. Portanto, enxergamos a área estudada como uma grande teia de problemas que estão entrelaçados, sobre as terras e das atividades sociais, da economia e do político que emaranham um mutuado de processos que conectam seus principais agentes que sofrem sob os efeitos das relações interpessoais em uma sociedade de base agrária. Dessa maneira, traçaremos um estudo que considere as atividades de abastecimento e as principais atividades econômicas ligadas à sua estrutura fundiária e no que isso afeta nas relações socioeconômicas e políticas.

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  • FELIPE RIBEIRO DE MELO
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    "O sonho iluminado da linda terra onde nasci": Lula Cardoso Ayres e as representações das Culturas Populares (1932-1944)

  • Orientador : PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • EDUARDO DIMITROV
  • JOSÉ BEZERRA DE BRITO NETO
  • Data: 27/08/2024

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  • O presente estudo explora a trajetória de Lula Cardoso Ayres (1910-1987) e sua contribuição na construção de uma identidade artística e cultural para Pernambuco, com foco nas representações da cultura popular. A pesquisa examina criticamente um certo idealismo na obra de Ayres, revelando as complexidades e silêncios que permeiam suas representações. Além disso, a análise contextualiza sua formação, redes sociais e o papel das elites e das relações de poder na moldagem de uma identidade regional, destacando as interações e resistências dos grupos populares.


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  • A presente dissertação procura analisar as representações da Cultura Popular na obra do artista plástico pernambucano Lula Cardoso Ayres (1910-1987). Tendo um produção e atuação profícuas, se tornou conhecido por suas pinturas regionais, com temáticas como o maracatu e o frevo. Tentar-se-á, então, apreender os porquês desse emaranhado que possibilitou sua estada e destacamento desse indivíduo como um dos principais nomes artísticos de nossa cidade, ou o que sua trajetória pode lançar luz referentes a outras questões, como o entendimento da construção da nossa identidade regional.

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  • JESUS ANDERSON BEZERRA DE JESUS
  • PATRIMONIALIZAÇÃO DO FORTE DE SANTO ANTÔNIO DO BURACO:

    a salvaguarda, a batalha, o silêncio e a ruína.

  • Orientador : DANIEL DE SOUZA LEAO VIEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • DANIEL DE SOUZA LEAO VIEIRA
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • ROZEANE PORTO DINIZ
  • Data: 28/08/2024

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  • Este trabalho tem como elemento central a patrimonialização, processo pelo qual objetos culturais, históricos ou naturais são oficialmente reconhecidos, protegidos e valorizados como parte da identidade de um grupo. Por meio dela são elaboradas estratégias preservacionistas para o bem histórico-cultural, com o propósito de assegurar que os conhecimentos e as manifestações das dinâmicas socioculturais sejam repassados às gerações. Baseado nisto, foi observada a evolução da prática preservacionista no Brasil ao longo do século XX, tendo como
    base o estudo de caso do Forte de Santo Antônio do Buraco, em Recife-PE, considerando as alterações em sua valoração em distintos recortes temporais. Isso inclui: o tombamento da fortificação como edificação (1938); o cancelamento do tombamento (1955), que reverberou na Batalha do Forte do Buraco; as tratativas para o restabelecimento da salvaguarda (1985-1995); e o novo tombamento do equipamento histórico como ruína (2000). Da mesma forma, esta investigação se concentrou nas legislação referente à proteção do patrimônio histórico nacional em todas as instâncias, e na participação dos articuladores políticos e sociais em diretrizes implementadas sobre a fortaleza. Diante disso, as ações patrimonializadoras podem ser compreendidas como um universo amplo que reúne e se articula com outros conceitos históricos, desde o patrimônio e sua contínua evolução, os processos de atribuição de valor e suas narrativas legitimadoras, passando pela memória e os lugares de memória na construção da identidade coletiva, pela representação social na produção e reprodução de significados culturais compartilhados, incluindo asrelações de poder nas disputas pelo controle da narrativa do patrimônio histórico e, sobretudo, pelo tempo histórico, influenciado pelas ações humanas. Assim, os processos de patrimonialização examinados podem ser compreendidos como resultantes de práticas sociais, culturais e políticas, tendo em vista a participação da sociedade civil na solicitação da salvaguarda da Fortaleza do Buraco, assim como a disputa política entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, órgão responsável pela preservação da fortificação, e a Marinha do Brasil pela jurisdição da edificação.


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  • Esta proposta discute a ação de salvaguarda do bem histórico no Brasil resultante de práticas sociais, culturais e políticas, tendo como base os processos de patrimonialização do Forte Madame Bruyne, em Olinda – Pernambuco, tais como: o tombamento do forte como edificação (1938), o cancelamento do tombamento (1955), as tratativas para o restabelecimento do tombamento (1985-1995), e o novo tombamento do equipamento histórico como ruína (2000). Para tal, observei distintas historicidades que atravessaram o bem cultural em diversas temporalidades, considerando ainda atores políticos e sociais que contribuíram em ações implementadas sobre a fortificação, através da análise de salvaguarda, incluídos nos processos de salvaguarda da fortificação. Como metodologia, realizei pesquisas bibliográficas utilizando os conceitos de patrimônio cultural desenvolvidos por François Hartog (2006), de atribuição de valor por Dominique Poulot (2009), de temporalidade, proposto por Reinhart Koselleck (2006), e, de representação social abordado por Stuart Hall (2016). Desta forma, considero fatores sociais e políticos, à medida que houve a participação da sociedade civil na solicitação da salvaguarda da edificação, assim como a disputa política entre o SPHAN, órgão responsável pela preservação da fortificação, e o Governo Federal.

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  • ANNY CAROLINE SILVA DE ALBUQUERQUE
  • NA TRAMA DAS ROUPAS:

    As vestimentas de mulheres negras em Recife (1850-1884)

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JACIMARA SOUZA SANTANA
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • LUIZA NASCIMENTO DOS REIS
  • MACIEL HENRIQUE CARNEIRO DA SILVA
  • Data: 29/08/2024

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  • Vestir-se é utilizar uma das linguagens mais antigas do mundo: a linguagem das roupas. Contudo, ao longo dos séculos, os estudos sobre modo e modas de grupos sociais fora do Ocidente foram negligenciados e por vezes invisibilizados. A roupa, enquanto ferramenta e linguagem, era exclusividade da Europa? Este trabalho tem como objetivo compreender os usos e significados das vestimentas das mulheres negras entre 1850 e 1884. Buscamos identificar como a linguagem da indumentária foi utilizada por mulheres africanas e afrodescendentes como ferramenta para pertencer e criar um novo lugar, distante do estigma da escravidão. Partimos da análise de que não existia um modo fechado, um padrão de vestimenta dos escravizados, mesmo diante da escravização, ou da pobreza para livres e libertos. Homens e mulheres conseguiam adquirir roupas que tinham diversos significados materiais e simbólicos que também eram construídos por eles. Entender a agência dos nossos sujeitos em todas as suas dimensões estratégicas é perceber a relevância da imagem no caminho da resistência e da liberdade. O estudo das vestimentas de mulheres negras durante a escravidão nos possibilita perceber como essas mulheres subverteram a sua condição jurídica, expressando a sua agência enquanto sujeitos que construíam suas visualidades por meio do vestir. É necessário perceber que os traços da colonização, do racismo e da subjugação da população negra também podem ser visualizados na falta das análises da indumentária negra. Os sujeitos que viveram de algum modo sob o jugo da escravidão foram agentes da sua história e, assim como a população branca europeia, construíam a sua visualidade por meio do vestir. O que pretendemos investigar é a possibilidade de composição individual de uma imagem que fazia consonância, de um lado, com as origens étnicas dessas mulheres, bem como com as construções culturais promovidas pela diáspora, e do outro lado, uma dissimulação da condição cativa.


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  • A moda enquanto um complexo sistema social e histórico, foi analisada pela primeira vez nas ciências humanas, por meio de uma ótica ocidental, especificamente europeia. No contexto nacional, esse cenário pode ser constatado nos poucos estudos sobre as vestimentas das mulheres africanas e afro-brasileiras. É necessário perceber que os traços da colonização, do racismo e da subjugação, também podem ser visualizados na falta das análises da indumentária negra. De maneira geral, esse trabalho tem como objetivo compreender os usos e significados das vestimentas pelas mulheres negras entre 1860-1889. Buscamos identificar como a linguagem da indumentária foi utilizada por mulheres africanas e afrodescendentes como ferramenta para pertencer e criar um novo lugar distante do estigma da escravidão. Partimos da análise que não existia um modo fechado, padrão de vestimenta dos escravizados, mesmo diante da escravização, ou da pobreza para os livres e libertos. Homens e mulheres conseguiam adquirir roupas que tinham diversos significados materiais e simbólicos que também eram construídos por eles. Entender a agência dos nossos sujeitos em todas as suas dimensões estratégicas é também perceber a relevância das visualidades no caminho da resistência e da liberdade. A escolha do período 1860-1889 se deu pela intensificação das representações imagéticas por meio das fotografias e do aumento da produção de roupas com a popularização da máquina de costura. Esse período assiste uma diminuição do trabalho escravo, dando abertura para homens e mulheres, que antes eram cativos ou filhos de escravizados, “viverem sobre si”.

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  • ANDERSON LINALDO DE LIMA NASCIMENTO
  • DESMANDOS E TROPELIAS:

    formação e atuação da Guarda Local de Pernambuco (1870 – 1879)

  • Orientador : WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • JEFFREY AISLAN DE SOUZA SILVA
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 30/08/2024

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  • A presente dissertação tem por objetivo examinar a formação e estruturação da instituição policial pernambucana denominada Guarda Local. Seu advento ocorreu em 1874 e está relacionado com o contexto de desmobilização da Guarda Nacional, que em virtude da lei imperial no 2395 de 10 de setembro de 1873, não pôde mais atuar como polícia nas províncias. Entretanto, era fundamental esse serviço desempenhado pela Milicia Cidadã nas províncias que tinham as forças policiais precarizadas e Pernambuco encontrava-se nesse cenário. Essa medida provocou um espaço de vacuidade no policiamento do interior pernambucano, fazendo com que os parlamentares na Assembleia Legislativa Provincial tivessem que se mobilizar para reorganizar a guarnição nas localidades mais afastadas do Recife. Sendo assim, a reestruturação veio a partir da lei provincial no 1130 de 30 de abril de 1874, que materializava todas as discussões realizadas pelos deputados sobre o projeto de força policial para o ano financeiro 1874 – 1875. Ficou decidido que o ofício policial em Pernambuco seria desempenhado por duas forças, sendo a primeira o Corpo de Polícia atuando no Recife, e a segunda uma Guarda Local sem estrutura militar ou aquartelamentos criada nos municípios do interior onde houvesse maior necessidade. Ademais, era possível observar a atuação de seus componentes nos periódicos da
    época, especialmente casos em que se destacavam os desmandos e tropelias dos guardas e dos sujeitos desempenhavam funções de comando. É sobretudo a partir dessas ocorrências que podemos relacionar o emprego policial com a dinâmica sociopolítica do período, destacando-se a conexão, por exemplo, com temas como o clientelismo e a sociedade escravistas.


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  • A presente dissertação tem por objetivo examinar a formação e estruturação da Guarda Local pernambucana, instituição essa que ficou voltada para atuar no policiamento do interior da província a partir de 1874. Posto que, na década de 1870 em Pernambuco foi promovido um rearranjo no serviço policial, em virtude da lei imperial no 2395 de 10 de setembro de 1873. Ela alterava a organização da Guarda Nacional, conservando para essa instituição somente suas atribuições originais, ou seja, ficando proibida de ajudar no emprego policial cotidiano. A instituição mencionada anteriormente foi criada em 1831, tendo por objetivo, guardar a constituição, os princípios da liberdade e independência, além de velar pela obediência às leis, conservação da ordem e tranquilidade pública, e manutenção da integridade do império brasileiro. Também deveria atuar auxiliando o exército na defesa das fronteiras e costa. (Brasil, 1837). No entanto, em Pernambuco, assim como em outras províncias, a “milicia cidadã” era essencial para o andamento do serviço policial, sobretudo nas localidades mais afastadas da capital, onde os destacamentos do Corpo de Polícia eram insuficientes e até mesmo inexistentes. Sendo assim, para preencher o vazio no policiamento os parlamentares provinciais criaram por meio da lei no 1130 de 30 de abril de 1874, essa nova força policial denominada Guarda Local.

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  • FRANCISCO LIMA TAVARES
  • CINEMA E HISTÓRIA NA DÉCADA DE 1980 NA ARGENTINA: UM ESTUDO SOBRE A HISTÓRIA OFICIAL (1985)

  • Orientador : PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ARTHUR GUSTAVO LIRA DO NASCIMENTO
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • Data: 30/08/2024

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  • Desde a sua criação, o filme tem se apresentado como uma linguagem privilegiada para representação de períodos históricos dado o seu alcance e popularização, rompendo o isolamento acadêmico e alcançando públicos mais abrangentes. Este trabalho pretende abordar as possibilidades de relações entre a história e o cinema no estudo dos períodos ditatoriais latino-americanos. Nesse sentido, buscamos abordar a representação cinematográfica do período da última ditadura argentina (1976-1983) no cinema argentino da década de 1980 através do estudo do filme La Historia Oficial (1985). Objetiva-se compreender como a narrativa mobiliza esse tema na obra, identificando os elementos internos do filme, suas ligações e relações com o panorama histórico-social do período de redemocratização e como o filme foi recebido pela sociedade da época. Para isso, nos baseamos principalmente na proposta metodológica dos pesquisadores Eduardo Morettin e Marcos Napolitano, que enxergam o cinema portado de uma função de “mediação” na sociedade, buscando na análise de seus elementos internos e externos os diálogos existentes entre o projeto ideológico-estético de um grupo e sua formatação em imagem. Com esta análise, procuramos ir além da crítica do filme inicialmente feita por intelectuais ligados aos movimentos de direitos humanos, e posteriormente consolidada de forma quase unânime nos estudos sobre cinema, centrada na “teoria dos dois demônios” e propor uma outra compreensão ajustada ao contexto histórico da retomada da democracia.


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  • Desde a sua criação, o filme tem se apresentado como uma linguagem privilegiada para representação de períodos históricos dado o seu alcance e popularização. Este trabalho pretende abordar as possibilidades de relações entre a história, o cinema e a memória no estudo dos períodos ditatoriais latino-americanos. Nesse sentido, buscamos abordar a representação cinematográfica do período da última ditadura argentina (1976-1983) no cinema argentino da década de 1980 através do estudo do filme La Historia Oficial (1985) e que sentidos ele produz na constituição da memória acerca da última ditadura no país. Objetiva-se compreender como a narrativa mobiliza esse tema na obra, identificando os elementos internos do filme, suas ligações e relações com o panorama histórico-social do período de redemocratização. Para isso, nos baseamos na proposta metodológica dos pesquisadores Eduardo Morettin e Marcos Napolitano, que enxergam o cinema portado de uma função de “mediação” na sociedade, buscando na análise de seus elementos internos e externos os diálogos existentes entre o projeto ideológico-estético de um grupo e sua formatação em imagem. Com esta análise, procuramos ir além da crítica de época centrada na “teoria dos dois demônios” e propor uma outra compreensão ajustada ao contexto histórico da retomada da democracia.

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  • VANESSA VAZ RODRIGUES ALVES
  • PERCORRENDO AS PROVÍNCIAS DO NORTE: a cultura alimentar no relato dos viajantes Henry Koster (1811), George Gardner (1836) e Freire Alemão (1859), na Província do Ceará.

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • DIOGO ARRUDA CARNEIRO DA CUNHA
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU
  • Data: 30/08/2024

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  • No século XIX, devido à abertura dos portos da colônia para o comércio com outros reinos, um número significativo de personagens empreenderam viagens às terras da colônia e Império brasileiros. Nomes como Henry Koster (em 1811) e George Gardner (em 1836) (aqui já não é colônia) fizeram essa jornada pela então região Norte, hoje Nordeste do Brasil. Por meio dos registros de suas viagens condensados em diários de viagem, descreveram a fauna e a flora locais, bem como a arquitetura, a população e aspectos culturais como a alimentação. Já em 1859, sob a égide do Império, Freire Alemão chega à Província do Siará junto à comissão exploradora para “desbravar as riquezas” do Ceará e descrever a cultura e sociedade da Província do Ceará. Todos esses autores produziram diários, em que a presente pesquisa investiga Nos diários estão presentes aspectos socioculturais da alimentação no Siará novecentista, a partir dos contatos feitos com a população pelos autores que passaram pela Capitania/Província. Dessa forma, entendemos o ato de comer como um complexo de valores individuais, sociais, afetivos e de classe. A partir dos diários produzidos buscamos investigar alguns aspectos acerca da alimentação da população local, a cultura alimentar, suas preferências, escolhas e repulsas alimentares e potenciais significados dos alimentos para diversos grupos sociais.


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  • A presente pesquisa investiga a alimentação das populações na Capitania/Província do Siará, com ênfase nos relatos de viajantes, somado aos censos populacionais, as correspondências trocadas entre a administração local, ouvidores e Coroa portuguesa. No século XIX, devido a abertura dos portos da colônia para tráfego com outros reinos, um número significativo de viajantes empreendeu viagem às terras da colônia brasileira. Nomes como Henry Koster (em 1811) e George Gardner (em 1836) fizeram essa jornada pela então região Norte , hoje Nordeste do Brasil. Nestas os autores, por meio de seus diários de viagem, descreveram fauna e flora local, bem como arquitetura, população, cultura, e também a alimentação. Já em 1859, sob a égide do Império, Freire Alemão chega à Província do Siará junto à comissão exploradora para “desbravar as riquezas” do Ceará. É a partir desses relatos que buscamos investigar as facetas histórico-sociais da alimentação da população local, suas preferências, escolhas, repulsas e significados. Partindo da premissa de que o ato de comer é influenciado por valores individuais, sociais, afetivos, que fizemos o presente estudo para inquirir as fontes sobre essas dinâmicas.

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  • GUSTAVO HENRIQUE RIBEIRO TINÉ
  • Imagens da festa: Ensino de História e itinerários iconográficos a partir do Paço do Frevo

  • Orientador : RENAN MARQUES BIRRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANDRE MENDES SALLES
  • RENAN MARQUES BIRRO
  • SANDRA SIMONE MORAES DE ARAÚJO
  • Data: 06/09/2024

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  • Dentro do museu, entre fotografias, pessoas, objetos e identidades, é possível aprender história? Partindo do princípio que a imagem pode e deve contribuir para a aprendizagem histórica (BITTENCOURT, 2008), levamos algumas indagações para dentro de um museu e colocamos em perspectiva algumas possibilidades acerca de como seria a construção de uma proposta de itinerário iconográfico para o ensino de história a partir de um conjunto expográfico, bem como as temáticas possíveis de se trabalhar, baseadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais e no currículo de Pernambuco. Podemos interrogar as fotografias, assim como os documentos históricos necessitam de contextualização, e, conforme Burke (2004), as imagens, os textos e os testemunhos orais constituem uma forma importante de evidência histórica, por registrarem atos de testemunha ocular. Estas evidências expressas nas fotografias da exposição “O Ciclo do Carnaval” compõem nosso objeto de análise, instrumentalizados numa proposta que será uma alternativa complementar às mediações realizadas, aproximando o ensino de História no museu a partir do conjunto expográfico disponível no Paço do Frevo, centro de referência em salvaguarda e difusão da memória viva deste patrimônio imaterial da humanidade, o Frevo.


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  • Dentro do museu, entre fotografias, pessoas, objetos e identidades, é possível aprender história? Partindo do princípio que a imagem pode e deve contribuir para a aprendizagem histórica (BITTENCOURT, 2008), levamos algumas indagações para dentro de um museu e colocamos em perspectiva algumas possibilidades acerca de como seria a construção de uma proposta de itinerário para o ensino de história a partir de um conjunto expográfico, bem como as temáticas possíveis de se trabalhar. Podemos interrogar as fotografias, assim como os documentos históricos necessitam de contextualização. Pensamos como Burke (2004), as imagens, os textos e os testemunhos orais constituem uma forma importante de evidência histórica, por registrarem atos de testemunha ocular. Estas evidências compõem nosso objeto de análise, instrumentalizados numa proposta que será uma alternativa complementar às mediações realizadas, aproximando o ensino de História no museu a partir do conjunto expográfico disponível no Paço do Frevo, centro de referência em salvaguarda e difusão da memória viva deste patrimônio imaterial da humanidade, o Frevo.

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  • RAFAELA RODRIGUES DOS SANTOS
  • O PROGRESSO DO CONHECIMENTO:

    FRANCIS BACON E O LUGAR DA RELIGIÃO EM SEU PROJETO DE REFORMA DO SABER (INGLATERRA, 1603-1610)

  • Orientador : BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • MARILIA DE AZAMBUJA RIBEIRO MACHEL
  • VERÔNICA CALSONI LIMA
  • Data: 20/09/2024

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  • A figura de Francis Bacon foi frequentemente marcada por suas relações com a ciência e, no que concerne a religião, as interpretações foram variadas: apontou-se o frequente uso bíblico como recurso retórico a fim de estabelecer influência nas elites intelectuais e políticas; e mesmo um posicionamento associado ao ateísmo. Apesar disso, poucas conclusões foram dadas a respeito das relações entre ciência e religião no seu pensamento. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo compreender, através da obra The Advancement of Learning, publicada em 1605, a organização teológica e o subsequente lugar da religião na classificação do conhecimento proposta pelo filósofo inglês. Nesse sentido, objetivamos identificar as discussões teológicas vigentes na Inglaterra no século XVII, visando analisar como as divergentes perspectivas concernentes a uma prática e vivência religiosa circulavam em um momento marcado pela transição de Dinastias e de agitação político-religiosa, bem como analisar quais concordâncias e discordâncias Bacon se associou, dentro de tais discussões, para a construção e concepção de suas propostas reformadoras. Compreende-se a tentativa do filósofo, e político, em apaziguar as divergências religiosas e as agitações sociais que ocorriam na Inglaterra, mas principalmente de estabelecer uma nova percepção para o conhecimento humano cujo papel da fé e da religião estava equilibrado com a ciência. A partir de um esquema teológico bem estabelecido, o estudo da natureza e o subsequente progresso do conhecimento redimia a raça humana do seu pecado original.


  • Mostrar Abstract
  • A figura de Francis Bacon foi frequentemente marcada por suas relações com a ciência e, no que concerne a religiosidade, as interpretações foram variadas: apontou-se o frequente uso bíblico como recurso retórico a fim de estabelecer influência nas elites intelectuais e políticas; e mesmo um posicionamento associado ao ateísmo. (Mcknight, 2006) Apesar disso, poucas conclusões foram dadas a respeito das relações entre ciência e religiosidade no seu pensamento. Assim, a presente proposta tem como objetivo compreender as fundamentações teológicas utilizadas por Francis Bacon (1561-1626) na composição de seu projeto de reforma do saber, e que tem como primeiro passo a classificação do conhecimento humano e divino – vislumbrado principalmente em sua obra The Advancement of Learning (1605). Nesse sentido, objetivamos identificar as discussões teológicas vigentes na Inglaterra na primeira década do século XVII, visando analisar como as divergentes perspectivas concernentes a uma prática e vivência religiosa circulavam em um momento marcado pela transição de Dinastias e de agitação político-religiosa, bem como analisar em quais destas proposições Francis Bacon esteve associado – ou não – para a construção e concepção de suas propostas científicas. Compreende-se principalmente a tentativa baconiana de apaziguar as divergências religiosas e as agitações sociais que ocorriam na Inglaterra, no iniciar do século XVII, através de sua proposta filosófica de divisão do conhecimento humano e divino, e que estabelecia uma quebra com a tradição escolástica no âmbito filosófico e religioso: a Palavra de Deus, visualizada na Bíblia, divergia das Obras de Deus, esta última associava-se principalmente ao estudo da natureza.

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  • JOSÉ MATEUS GUEDES LINS
  • OS FIOS DO CONFLITO: OS TRABALHADORES DA COMPANHIA DE TECIDOS PAULISTA NA BUSCA POR DIREITOS (1962-1967)

  • Orientador : JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 30/09/2024

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  • A seguinte pesquisa tem como objetivo analisar a atuação dos trabalhadores da Companhia de Tecidos Paulista na busca por direitos no contexto do golpe empresarial-militar de 1964. Inseridos em um complexo sistema de dominação de “fábrica com vila operária”, a classe trabalhadora de Paulista teve diversos aspectos de sua vida controlados pela Companhia, desde o acesso à moradia, emprego e alimentação, até o desenvolvimento de espaços de lazer e sociabilidade. Ao longo de seu fazer-se, a classe operária do Paulista desafiou o comando dos Lundgren – família proprietária da fábrica de tecidos, (e de) quase todo o território da cidade e outros empreendimentos - através da associatividade sindical e organização de movimentos de reivindicação de melhorias. No início dos anos 1960, os operários paulistenses participaram de importantes greves contra a CTP e a falta de aplicação dos direitos trabalhistas pela empresa. Após o golpe empresarial-militar, as reivindicações dos trabalhadores urbanos e camponeses foram bruscamente interrompidas pelos aparelhos de desmobilização, controle e repressão instalados. Dessa forma, essa pesquisa está inserida no campo da História Social do Trabalho, e tem como objetivo estudar as contradições entre classe trabalhadora e patronato no período da ditadura militar. Com o raio de ação limitado, a judicialização transformou-se em principal ferramenta para exigências de melhorias do proletariado. Por meio da análise quantitativa dos processos da J.C.J. de Paulista e de atas de assembleias do sindicato, examinaremos como se desenvolveu a atuação desses operários na justiça, e de que forma o contexto político e econômico do período modificou as relações de trabalho e abriu espaço para ações danosas da CTP contra seus empregados.


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  • A seguinte pesquisa tem como objetivo analisar a atuação dos trabalhadores da Companhia de Tecidos Paulista na busca por direitos no contexto do golpe empresarial-militar de 1964. Inseridos em um complexo sistema de dominação de "fábrica com vila operária", a classe trabalhadora de Paulista teve diversos aspectos de sua vida controlados pela companhia, desde o acesso à moradia, emprego e alimentação, até o desenvolvimento de espaços de lazer e sociabilidade. Com o início da formação de uma consciência de classe, esses trabalhadores começaram a desafiar o comando dos Lundgren – família que era dona da fábrica de tecidos, (e de) quase todo o território da cidade e outros empreendimentos - através da associatividade sindical e organização de movimentos de reivindicação de melhorias. No início dos anos 1960, os operários paulistenses participaram de importantes greves contra a CTP e a falta de aplicação dos direitos trabalhistas pela empresa. Após o golpe empresarial-militar, as reivindicações dos trabalhadores urbanos e camponeses foram bruscamente interrompidas pelos aparelhos de desmobilização, controle e repressão instalados. Dessa forma, essa pesquisa está inserida no campo da História Social do Trabalho, e tem como objetivo estudar as contradições entre classe trabalhadora e patronato no período da ditadura militar. Com o raio de ação limitado, a judicialização transformou-se em principal ferramenta para exigências de melhorias do proletariado. Por meio da análise quantitativa dos processos da J.C.J. de Paulista e de atas de assembleias do sindicato, examinaremos como se desenvolveu a atuação desses operários na justiça, e de que forma o contexto político e econômico do período modificou as relações de trabalho e abriu espaço para ações danosas da CTP contra seus empregados.

Teses
1
  • TEREZA CÂNDIDA ALVES DINIZ
  • O TEMPO GRAVADO: ARTE, MEMÓRIAS E TRAJETOS - AS XILOGRAVURAS DE STÊNIO DINIZ (1971-2006)


  • Orientador : REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • ELSON DE ASSIS RABELO
  • MARIA DO ROSARIO DA SILVA
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • SÔNIA MARIA DE MENESES SILVA
  • Data: 20/02/2024

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  • Esta tese tem como objetivo analisar as imagens de José Stênio Silva Diniz, xilógrafo, gravador, poeta e compositor juazeirense na década de 1970, investigando as condições históricas, culturais, políticas e sociais, memórias e práticas de escrita. Por meio de sua vasta produção de xilogravuras, podemos compreender diversos fragmentos de sua trajetória, especificamente quando Stênio Diniz, o gravador do tempo, imprimiu em
    suas imagens fragmentos historicamente situados, que permitem, por sua vez, verificar como o artista transitou em distintos espaços culturais, intelectuais e sociais. Além de suas xilogravuras, mobilizamos um corpus documental produzido intelectualmente pelo artista, tais como: seu arquivo de memórias, contendo catálogos de exposições, fotografias, escritos memorialísticos, recortes de jornais, sua biblioteca particular e seus relatos de memórias. Outros documentos externos ao artista foram inseridos: entrevistas, jornais e bibliografia especializada. Os documentos selecionados se conectam apresentando um artista múltiplo, inventivo e dinâmico que foi se construindo na luta cotidiana, no enfrentamento as injustiças sociais por meio da arte, alcançando o título de Mestre da Cultura pelo Governo do Estado do Ceará em 2006. A tese é dividida em quatro capítulos. No primeiro capítulo, A paisagem da memória do passado, tomamos como eixo condutor o “arquivo de memórias” do artista. O protagonismo de Stênio se percebe na invenção do seu “acervo” particular cujo objetivo
    é a perpetuação de suas memórias e a luta contra o esquecimento. No segundo capítulo, Na volta uma reviravolta: parcerias, bienais e exposições, destacam-se análises sobre as redes de relacionamentos entre Stênio Diniz, poetas, artistas, intelectuais, militantes e ativistas políticos. Investiga-se o trânsito desses grupos pela tipografia São Francisco e como tais influências corroboraram na formação artística, política e social do artista. O terceiro capítulo, A história das imagens de Stênio, privilegiou as xilogravuras como suportes de memórias, sintomas culturais e políticos da sociedade, com destaque para o álbum Retirada produzidas em parceria com a artista Mariza Viana. No quarto capítulo, Um artista em trânsito num mundo em transição. As décadas de 1980 e 1990 marcam o reconhecimento internacional da produção artística de Stênio Diniz. As imagens aparecem mais refinadas do ponto de vista plástico e de intensa crítica ao governo. As parcerias culturais na Alemanha fomentaram projetos significativos e estimularam a criatividade do artista resultando numa arte preocupada com questões ecológicas. A pesquisa indicou que, os estudos sobre imagens somente recentemente se detiveram sobre a visualidade das xilogravuras. Ignorada por décadas a relevância dessas imagens e dos seus artistas, apontam para a criatividade, memórias e distintas temporalidades históricas. Portanto, as imagens nesta tese migram no espaço-tempo carregando em seus suportes passado sobre passado, resultado da capacidade que as xilogravuras possuem em reter memórias, adaptar-se, resistir e adquirir novos sentidos.


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  • Esta tese tem como objetivo analisar as imagens de José Stênio Silva Diniz, xilógrafo, gravador, poeta e compositor juazeirense na década de 1970, investigando as condições históricas, culturais, políticas e sociais, memórias e práticas de escrita. Por meio de sua vasta produção de xilogravuras, podemos compreender diversos fragmentos de sua trajetória, especificamente quando Stênio Diniz, o gravador tempo, imprimiu em suas imagens fragmentos historicamente situados, que permitem por sua vez, verificar como o artista transitou em distintos espaços culturais, intelectuais e sociais. Além de suas xilogravuras, mobilizamos um corpus documental produzido intelectualmente pelo artista, tais como: seu arquivo de memórias, contendo catálogos de exposições, fotografias, escritos memorialísticos, recortes de jornais, sua biblioteca particular e seus relatos de memórias. Outros documentos externos ao artista foram inseridos: entrevistas, jornais e bibliografia especializada. Os documentos selecionados se conectam apresentando um artista múltiplo, inventivo e dinâmico que foi se construindo na luta cotidiana, no enfrentamento as injustiças sociais por meio da arte, alcançando o título de Mestre da Cultura pelo Governo do Estado do Ceará em 2006. A tese é dividida em quatro capítulos. O primeiro capítulo, A paisagem da memória do passado, tomamos como eixo condutor o “arquivo de memórias” do artista. O protagonismo de Stênio se percebe na invenção do seu “acervo” particular cujo objetivo é a perpetuação de suas memórias e a luta contra o esquecimento. No segundo capítulo, Na volta uma reviravolta: parcerias, bienais e exposições, (em construção) destacam-se como análises as redes de relacionamentos entre Stênio Diniz, poetas, artistas, intelectuais, militantes e ativistas políticos. Investiga-se o trânsito desses grupos pela tipografia São Francisco e como tais influências corroboraram na formação artística, política e social do artista. O terceiro capítulo, A história das imagens de Stênio, privilegiou as imagens, com destaque para o álbum Retirada produzidas em parceria com a artista Mariza Viana. No quarto capítulo, Um artista em trânsito num mundo em transição (ainda em construção) as imagens aparecem mais refinadas do ponto de vista plástico e de intensa crítica ao governo (Década de 1980/1990). A pesquisa indicou que, os estudos sobre imagens somente recentemente se detiveram sobre a visualidade das xilogravuras. Ignorada por décadas a relevância dessas imagens e dos seus artistas, apontam para a criatividade, memórias e distintas temporalidades históricas.

2
  • ARTHUR VICTOR GONÇALVES GOMES DE BARROS
  • "Despertai com orações o avanço industrial vem trazer nossa redenção": O Grupo de Estudos do Açúcar e a modernização da agroindústria canavieira em Pernambuco (1963-1966)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • HELDER REMIGIO DE AMORIM
  • ROBERTA BARROS MEIRA
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 23/02/2024

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  • A pesquisa aborda o Grupo de Estudos de Açúcar (GEA), uma instituição estabelecida em 1963 pelos usineiros de Pernambuco, com foco na análise da produção e disseminação das ideias de seus membros no contexto do planejamento da modernização agrícola do complexo agroindustrial açucareiro durante a década de 1960. A investigação sobre a formação do grupo diante do fenômeno da modernização possibilita a construção de uma narrativa sobre a união da classe patronal em defesa da plantation canavieira como modelo de produção. Essa defesa fundamenta-se em uma perspectiva que enaltece a importância desse modo de produção, ancorada em uma visão idealizada do passado, concebida sob a ótica da longa duração e que exalta os colonizadores. Utilizando uma documentação vasta e até então inédita, a pesquisa insere-se no campo da história do açúcar e de uma historiografia que analisa as diversas fases da produção açucareira no Nordeste. O Fundo Grupo de Estudos do Açúcar constitui a principal fonte do corpo documental, organizado por Jordão Emerenciano, coordenador geral do GEA e patrono do Arquivo Público que leva o seu nome. As discussões apresentadas ao longo do trabalho abordam a imposição da plantation canavieira no Brasil, seus impactos na formação socioeconômica e a função dos intelectuais da classe dominante na reprodução de uma herança colonial que ainda hoje afeta sujeitos. Além disso, procuram construir uma história do Grupo de Estudos do Açúcar, de seus membros e das relações dessa instituição com órgãos da administração pública e agências internacionais. Trata-se de uma iniciativa de expansão sobre uma história antes contada apenas em notas explicativas, agora recebendo uma atenção dedicada.


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  • Esta pesquisa procura analisar o Grupo de Estudos de Açúcar, criado em 1963, a partir dos seus intelectuais e suas produções, que estavam voltadas para a elaboração de soluções destinadas ao melhoramento do rendimento agrícola do complexo agroindustrial açucareiro durante a primeira metade da década de 1960. Valendo-se de uma documentação vasta, e até então inédita, a pesquisa se insere no âmbito da história do açúcar e de uma  historiografia que analisa as diversas fases da produção açucareira no Nordeste, com ênfase em Pernambuco durante a segunda metade do século XX. Do mesmo modo, a pesquisa desenvolve uma análise sobre o papel dos intelectuais, não canonizados e classificados enquanto técnicos, na formação de uma interpretação sobre a plantation canavieira, seus problemas e a sua relação com a economia estatal. Trata-se, portanto, de uma iniciativa no campo das pesquisas voltadas para o estudo de um grupo de intelectuais orgânicos atuando em defesa dos interesses de uma classe, neste caso, os usineiros, e amparados por uma noção de passado edênico da economia açucareira em Pernambuco.

3
  • AMANDA BARLAVENTO GOMES
  • POLÍTICOS E CAPITALISTAS: A TRAJETÓRIA DE AUGUSTO FREDERICO DE OLIVEIRA, HERDEIRO DE UM

    TRAFICANTE NO RECIFE OITOCENTISTA (1855 – 1879)

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS GABRIEL GUIMARAES
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MÔNICA MARIA DE PÁDUA SOUTO DA CUNHA
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • Data: 28/02/2024

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  • Esta tese tem como objetivo contribuir para as discussões acerca do que aconteceu com as grandes fortunas advindas do tráfico ilegal de escravizados para o Brasil, a partir da trajetória de vida do herdeiro do traficante pernambucano, o Barão de Beberibe, Augusto Frederico de Oliveira, entre os anos de 1855 a 1879. A tese abarca não apenas a trajetória de Augusto em si, sua atuação como deputado, como banqueiro capitalista, fundador de empresas e herdeiro. Ela discute vários momentos da História do Brasil através da inserção deste personagem no mundo em que ele viveu. A trajetória de Augusto perpassou por momentos importantes, desde a Confederação do Equador, quando foi estudar na Europa, passando pelo período regencial, quando foi introduzido nos negócios da família, a Revolução Praieira, onde lutou como voluntário ao lado do pai e do irmão contra os liberais. Através das relações sociais que este indivíduo estabeleceu, da sua formação educacional, dos investimentos financeiros que fez, das metas que traçou, oferecem-se indícios, elementos, para aprofundarmos cada vez mais o debate sobre este importante tema que tem reflexos diretos para compreensão do Brasil contemporâneo. Pretende-se, assim, contribuir para a discussão sobre esta questão.


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  • Esta tese tem como objetivo contribuir para as discussões acerca do que aconteceu com as grandes fortunas advindas do tráfico ilegal de escravizados para o Brasil, a partir da trajetória de vida do herdeiro do traficante pernambucano, o Barão de Beberibe, Augusto Frederico de Oliveira, entre os anos de 1855 a 1879. A tese abarca não apenas a trajetória de Augusto em si, sua atuação como deputado, como banqueiro capitalista, fundador de empresas e herdeiro. Ela discute vários momentos da História do Brasil através da inserção deste personagem no mundo em que ele viveu. A trajetória de Augusto perpassou por momentos importantes, desde a Confederação do Equador, quando foi estudar na Europa, passando pelo período regencial, quando foi introduzido nos negócios da família, a Revolução Praieira, onde lutou como voluntário ao lado do pai e do irmão contra os liberais. Através das relações sociais que este indivíduo estabeleceu, da sua formação educacional, dos investimentos financeiros que fez, das metas que traçou, oferecem-se indícios, elementos, para aprofundarmos cada vez mais o debate sobre este importante tema que tem reflexos diretos para compreensão do Brasil contemporâneo. Pretende-se, assim, contribuir para a discussão sobre esta questão.

4
  • HUGO PAZ DE FARIAS BRAGA
  • A PARAÍBA NO IMPÉRIO: Estado e sociedade (1837-1871)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • GERVACIO BATISTA ARANHA
  • LUCIANO MENDONÇA DE LIMA
  • PEDRO VILARINHO CASTELO BRANCO
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 08/03/2024

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  • A presente tese tem como objetivo historizar e problematizar a formação do Estado Nacional brasileiro a partir da província da Paraíba do Norte. O recorte temporal abrange o período de 1837, início do Segundo Reinado, até 1871, momento em que as instituições do Império já se encontram bem estabelecidas. O enfoque direcionar-se-á para a análise da criação e consolidação da estrutura de poder político e administrativo na(da) província da Paraíba, assim como sua relação com o centro do Império, abordando o debate clássico na historiografia sobre o Segundo Reinado: centralização vs. descentralização. Para análise do tema, será investigada a formação de uma camada de intelectuais denominada "elite de classe", formada (pelo) e formadora do Estado Nacional na Paraíba, e sua relação com os "potentados locais", isto é, os proprietários comandantes políticos municipais.


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  • Este trabalho tem por finalidade perscrutar, analisar e problematizar o processo de formação, consolidação e debacle do Estado Imperial na então Província da Paraíba do Norte. Entendendo assim que por se tratar de parte do Estado Imperial o processo na Paraíba não se desenrola, necessariamente, como reflexo do que acontece no país. Neste percurso serão analisados e problematizados os grupos detentores do poder, sua relação com a sociedade, as relações entre “poder local x central” — um dos grandes debates da historiografia brasileira sobre o Império e a Primeira República — a partir das categorias de coronelismo e oligarquia. Sem nunca perder de vista esta primeira questão, se buscará analisar a crise do Estado Imperial na Paraíba e como temas nacionais (escravidão, movimento republicano, decadência econômica, problemas sociais) refletiram nos grupos políticos paraibanos e como eles buscaram oferecer respostas a tais impasses.

5
  • RENATA BORBA CAHÚ SIQUEIRA
  • "FECUNDAS, IMENSAS E OCUPADAS, MÃOS LABORIOSAS...":

    OS MÚLTIPLOS TRABALHOS DAS CANAVIEIRAS E SUA CONTRIBUIÇÃO À SOBREVIVÊNCIA DA CLASSE TRABALHADORA RURAL (ZONA DA MATA SUL DE PERNAMBUCO, ANOS 1970)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • MARIANA YANTE BARRETO PEREIRA
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • Data: 27/05/2024

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  • A presente tese estuda os múltiplos trabalhos das canavieiras e a contribuição destes à sobrevivência da classe assalariada rural, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, nos anos de 1970. O sistema de plantação, no qual estavam inseridos os trabalhadores e trabalhadoras do açúcar, impôs aos mesmos, para além das adversidades próprias da exploração capitalista, condições de existência precárias. No recorte temporal da presente pesquisa, os incentivos do Estado à agroindústria sucroalcooleira foram intensos. Com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool, 1975), houve um aumento da pauperização dos trabalhadores devido, entre outras causas, à perda dos sítios para a expansão monocultora da cana-de-açúcar. Somava-se a essa realidade o período autoritário (1964-1985) e as consequências advindas dessa “longa noite”: agravamento da violência; perseguições políticas; intervenções em sindicatos; achatamento salarial. Foi nesse contexto de “exploração e miséria”, com parcos recursos monetários, e em uma época de reduzidas políticas públicas voltadas ao auxílio dos assalariados rurais, que as canavieiras atuaram. Trabalharam em diferentes esferas: nas plantações, semeando, cortando cana, limpando mato; e nos lares cuidando dos “afazeres domésticos”. Intentamos demonstrar, como escreveu Cora Coralina, que foi através das “fecundas, imensas e ocupadas, mãos laboriosas...” das trabalhadoras rurais que foi possível a manutenção, mesmo em condições adversas, da vida. A presente pesquisa foi pautada pela análise de fontes primárias, processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Catende e Palmares; além das Atas do Instituto do Açúcar e do Álcool, as séries históricas do IBGE; os Diários do Congresso Nacional, a Legislação Trabalhistas, entre outras.


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  • A presente tese estuda os múltiplos trabalhos das canavieiras e a contribuição destes à sobrevivência da classe assalariada rural, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, nos anos de 1970. O sistema de plantação, na qual estavam inseridos os trabalhadores e trabalhadoras do açúcar, impôs aos mesmos, para além das adversidades próprias da exploração capitalista, condições de existência precárias. No recorte temporal da presente pesquisa, os incentivos do Estado à agroindústria sucroalcooleira foram intensos. Com a criação do Programa Nacional do Álcool (Proálcool, 1975), houve um aumento da pauperização dos trabalhadores devido, entre outras causas, à perda dos sítios para a expansão monocultora da cana-de-açúcar. Somava-se a essa realidade o período autoritário (1964-1985) e as consequências advindas dessa “longa noite”: agravamento da violência; perseguições políticas; intervenções em sindicatos; achatamento salarial. Foi nesse contexto de “exploração e miséria”, com parcos recursos monetários, e em uma época de reduzidas políticas públicas voltadas ao auxílio dos assalariados rurais, que as canavieiras atuaram. Trabalharam em diferentes esferas: nas plantações, semeando, cortando cana, limpando mato; e nos lares cuidando dos “afazeres domésticos”. Intentamos demonstrar, como escreveu Cora Coralina, que foi através das “fecundas, imensas e ocupadas, mãos laboriosas...” das trabalhadoras rurais que foi possível a manutenção, mesmo em condições adversas, da vida. A presente pesquisa foi pautada pela análise de fontes primárias, processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Catende e Palmares; além das Atas do Instituto do Açúcar e do Álcool, as séries históricas do IBGE; os Diários do Congresso Nacional, a Legislação Trabalhistas, entre outras.

6
  • JÚLIO CÉSAR PEREIRA DOS SANTOS BENTO
  • "AO NEGRO DEVE O BRASIL UMA FECUNDA CONTRIBUIÇÃO":

    Monteiro Lopes e Elyseu César e a busca pela cidadania por homens de "cor" no pós-abolição brasileiro       

    (1888-1923)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • PETRÔNIO JOSÉ DOMINGUES
  • TERESINHA DE JESUS MESQUITA QUEIROZ
  • WALDECI FERREIRA CHAGAS
  • Data: 20/06/2024

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  • Este trabalho teve como objetivo comparar e analisar as trajetórias dos intelectuais de "cor" Manoel da Motta Monteiro Lopes (1867-1910) e Elyseu Elias César (1871-1923) que vivenciaram o fim do século XIX e as primeiras décadas do XX, passando dessa maneira entre a escravidão e o pós-abolição. Esses indivíduos vivenciaram um período de mudanças tanto no sistema político como na condição social para as pessoas negras e mesmo sem se conhecerem (pessoalmente), comungaram de escolhas comuns que nos permitem essa análise comparativa. Dessas experiências comuns, destacamos como tese central a repetição de três pontos principais: a atuação em diversas áreas, a criação de redes de sociabilidades durante toda as suas vidas e as questões raciais enfrentadas, sentidas ou apresentadas em produções literárias. Tanto Monteiro Lopes como Elyseu César tiveram trajetórias plurais e multifacetadas, percorrendo províncias/estados como a Parahyba do Norte, Pernambuco, Pará, Amazonas, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Em relação a atuação Monteiro Lopes foi político, promotor, advogado, jornalista e membro de associações e clubes; Elyseu César também foi político, jornalista, promotor, advogado, professor, secretário de intendência e orador em eventos. Ambos vieram camadas médias urbanas e por meio dos seus pais seguiram o caminho da educação indo da formação primária local ao curso de Direito de Recife. As trajetórias desses dois sujeitos nos permitiram passar por temas sintomáticos e relevantes do período como a imigração, as teorias raciais, as práticas políticas do período e as possibilidades de ascensão a sujeitos negros no pós-abolição brasileiro. As duas trajetórias apontam caminhos em comum e um "horizonte de possibilidades" para as populações negras que almejassem galgar novos espaços sociais e políticos no período. Monteiro Lopes e Elyseu César em perspectiva comparada serviram para compreender como mesmo em um contexto adverso de segregação social de pessoas negras, alguns sujeitos conseguiram contornar ou enfrentar as barreiras do sistema, ora por meio da política e suas alianças, ora por meio de sua intelectualidade, burlaram a exclusão social fruto do racismo científico e foram reconhecidos pela sociedade da época. A metodologia escolhida para a análise foi a do estudo comparativo construindo a trajetória dos dois sujeitos em paralelo pontuando as suas semelhanças e diferenças a partir das leituras bibliográficas a respeito do pós-abolição, Primeira República, racismo científico, clientelismo e cidadania. O trabalho foi construído a partir de documentos físicos e digitais como jornais e periódicos, atas, revistas, livros de memorialistas e outros documentos oficiais.


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  • Este trabalho teve como objetivo comparar e analisar as trajetórias dos intelectuais de “cor” Manoel da Motta Monteiro Lopes (1867-1910) e Elyseu Elias César (1871-1923) que vivenciaram o fim do século XIX e as primeiras décadas do XX, passando dessa maneira entre a escravidão e o pós-abolição. Esses indivíduos vivenciaram um período de mudanças tanto no sistema político como na condição social para as pessoas negras e mesmo sem se conhecerem (pessoalmente), comungaram de escolhas comuns que nos permitem essa análise comparativa. Dessas experiências comuns, destacamos como tese central a repetição de três pontos principais: a atuação em diversas áreas, a criação de redes de sociabilidades durante toda as suas vidas e as questões raciais enfrentadas, sentidas ou apresentadas em produções literárias. Tanto Monteiro Lopes como Elyseu César tiveram trajetórias plurais e multifacetadas, percorrendo províncias/estados como a Parahyba do Norte, Pernambuco, Pará, Amazonas, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro. Em relação a atuação Monteiro Lopes foi político, promotor, advogado, jornalista e membro de associações e clubes; Elyseu César também foi político,
    jornalista, promotor, advogado, professor, secretário de intendência e orador em eventos. Ambos vieram camadas médias urbanas e por meio dos seus pais seguiram o caminho da educação indo da formação primária local ao curso de Direito de Recife. As trajetórias desses dois sujeitos nos permitiram passar por temas sintomáticos e relevantes do período como a imigração, as teorias raciais, as práticas políticas do período e as possibilidades de ascensão a sujeitos negros no pós-abolição brasileiro. As duas trajetórias apontam caminhos em comum e um “horizonte de possibilidades” para as populações negras que almejassem galgar novos espaços sociais e políticos no período. Monteiro Lopes e Elyseu César em perspectiva comparada serviram para compreender como mesmo em um contexto adverso de segregação social de pessoas negras, alguns sujeitos conseguiram contornar ou enfrentar as barreiras do sistema, ora por meio da política e suas alianças, ora por meio de sua intelectualidade, burlaram a exclusão social fruto do racismo científico e foram reconhecidos pela sociedade da época. A metodologia escolhida para a análise foi a do estudo comparativo construindo a trajetória dos dois sujeitos em paralelo pontuando as suas semelhanças e diferenças a partir das leituras bibliográficas a respeito do pós-abolição, Primeira República, racismo científico, clientelismo e cidadania. O trabalho foi construído a partir de documentos físicos e digitais como jornais e periódicos, atas, revistas, livros de memorialistas e outros documentos oficiais.

7
  • ALINE EMANUELLE DE BIASE ALBUQUERQUE
  • Nos sertões das rainhas Jingas:

    Guerra, soberania e comércio no interior angolano (1744-1839)

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • VALERIA GOMES COSTA
  • LUCILENE REGINALDO
  • MARIANA BRACKS FONSECA
  • ROQUINALDO AMARAL FERREIRA
  • Data: 21/06/2024

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  • Este trabalho analisa as ações do povo e das chefias do reino jinga do Ndongo e da Matamba no vale do rio Kwango, região de concentração dos grandes mercados de escravos no interior angolano. Após a morte da famosa rainha Njinga Mbandi, no século XVII, seu território e seu povo passaram a ser referenciados nas fontes portuguesas como "reino de Jinga", "Estados da Jinga" ou "jingas". Do século XVII ao XIX, os soberanos jingas, em sua maioria mulheres, lutaram e prejudicaram os portugueses na vizinhança de seu principal enclave político e comercial no sertão, o presídio de Ambaca. Neste trabalho, investigaremos o papel desempenhado pelo reino jinga do Ndongo e da Matamba na geopolítica e no comércio dos sertões e destacaremos a resistência desse estado em meio às disputas internas e ao aumento da escravização para o tráfico atlântico. O recorte adotado vai desde 1744, quando o reino luso decretou guerra a rainha jinga D. Ana II, até 1839, período de uma nova batalha, que culminou com a fundação do presídio de Duque de Bragança nas terras jingas. A partir do diálogo com a historiografia e com as fontes do Arquivo Histórico Ultramarino, do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, destacaremos as estratégias de resistência e soberania desse povo originado nas lutas de Njinga, a atuação de seu concorrente e rival, o reino de Cassanje, e uma gama de outras populações aliadas dos jingas na política e no comércio. Os vários embates entre os jingas e o poder em Luanda nos permitem destacar a fragilidade lusitana naqueles sertões, apontando como as vitórias lusas nas guerras e os acordos de paz assinados eram efêmeros frente a uma resistência duradoura das diversas jingas ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, aqueles sertões fortemente influenciados pela política soberana do reino de Jinga pode ter sido cenário e origem de grande parte das vítimas do tráfico transatlântico embarcadas na África Centro-Ocidental. Por fim, a despeito do discurso colonial português, os jingas não foram vencidos.


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  • Este trabalho trata da resistência do povo e das chefias do Ndongo e da Matamba em meio à expansão portuguesa e à escravização de pessoas no interior angolano. Após a morte da famosa rainha Njinga Mbandi, no século XVII, seu território e seu povo passaram a ser referenciados nas fontes portuguesas como “reino de Jinga”, “Estados da Jinga” ou “jingas”. Ao longo dos séculos XVIII e XIX, os soberanos jingas, em sua maioria mulheres, lutaram e desafiaram os portugueses na vizinhança de seu principal enclave político e comercial no sertão, o presídio de Ambaca. Neste trabalho, analisaremos a etnia jinga a fim de observar os conflitos e o comércio no vale do Kwango, região que mais fornecia escravizados para as rotas negreiras que desembocavam em Luanda e nos portos do norte. O recorte adotado vai desde 1744, quando o reino luso decretou guerra a rainha jinga D. Ana II, até 1839, período em que os portugueses conseguiram invadir as terras dos jingas e fundaram o presídio de Duque de Bragança. A partir do diálogo com a historiografia e com as fontes do Arquivo Histórico Ultramarino, do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, destacaremos tanto as estratégias de resistência e soberania desse povo originado nas lutas de Njinga, quanto de seu concorrente, o reino de Cassanje, e uma gama de outras populações aliadas dos jingas na política e no comércio. Finalmente, analisaremos como esse reino de Jinga pode ter sido cenário e origem de grande parte das vítimas do tráfico transatlântico embarcadas na África Centro- Ocidental.

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  • TATIANNE ELLEN CAVALCANTE SILVA
  • NARRADORAS DA RESISTÊNCIA: MULHERES, MEMÓRIAS E DITADURA NO NORDESTE DO BRASIL (1964-1985)

  • Orientador : ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • DAYANE NASCIMENTO SOBREIRA
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 22/07/2024

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  • Este trabalho analisa as memórias de mulheres militantes de esquerda como ação de resistência à política de apagamento e esquecimento estabelecida pós-ditadura civil-militar brasileira, entendendo que, ao se projetarem no espaço público, tais memórias desestabilizam os discursos hegemônicos e potencializam narrativas plurais sobre as experiências durante este período. Para tanto, ao historicizarmos os lugares designados aos testemunhos de mulheres, arguirmos sobre a passagem da memoria di cucina, conceito elaborado por Luiza Passerini (2011), para o que denominamos de memórias da ágora, ou seja, a passagem das narrativas de memórias tecidas no espaço privado para o testemunho produzido no espaço público enquanto ação política. Essas memórias, ao serem declaradas no espaço público, possibilitam o confronto, o debate, mostram as redes de relações nas quais estão inseridas, ajudam a compor, no entrelaçamento com outras fontes, os fios que alinhavam as vivências e experiências destas mulheres no exercício de militância política entre os anos de 1960-1980. Nesse sentido duas temáticas ganham centralidade nos relatos dessas mulheres: a militância política de esquerda e as experiências na prisão. Para tal construção consideramos como fontes os prontuários individuais elaborados na Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, Informes e dossiês do Serviço Nacional de Segurança – SNI, testemunhos e relatos escritos e orais. Por fim, o diálogo com as teorias feministas de autoras como Luísa Passerini, Danielle Tega, Leonor Arfuch, Susel O. da Rosa, Margareth Rago e Virginia Woolf, nos auxiliam no debate sobre memória e gênero.


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  • Este trabalho tece as trajetórias políticas de Dulce Pandolfi, Eridan Magalhães, Lilia Gondim, Helena Serra Azul, Maria Yvone Loureiro, Vera Rocha e Yara Falcón. E tem como objetivo compreender as trajetórias políticas de mulheres que se inseriram na resistência à ditadura civil–militar no Brasil, subvertendo a ordem patriarcal de gênero e construindo novos espaços de atuação política. Para tanto, como objetivos específicos destacamos: a) Problematizar o testemunho de mulheres que se opuseram à ditadura civil-militar como ato de resistência ao silenciamento imposto no processo de redemocratização; b) Discutir a construção das mulheres enquanto sujeito político atuante na resistência à ditadura civil-militar nas décadas de 1960-1970; c) Analisar o entrelaçamento entre as violências patriarcal de gênero e dos órgãos de repressão, bem como as resistências tecidas pelas mulheres no espaço de prisão; d) Refletir sobre a reelaboração das ações políticas das mulheres à frente dos movimentos democráticos e na produção das micropolíticas nas décadas de 1970-1980. Para a elaboração dessas trajetórias as epistemologias feministas e as tessituras da História das mulheres foram às lentes pelas quais lemos e re-elaboramos esse passado, o encontro com o pensamento de autoras como Margareth Rago, Judith Butler, Heleieth Saffioti, Susel Oliveira da Rosa, entre outras, trazem ressonâncias à escrita desta tese. A historiografia sobre ditadura civil-militar é fundamental para a construção dessas trajetórias, bem como as teorias sobre memória, testemunho, resistências, relações de gênero e patriarcado são bussolas nesse percurso. Esse passado, cujos fragmentos nos chegam a partir das pequenas pinceladas em papéis amarelados, ou como lampejos nos testemunhos orais e escritos, são indagados mediante a análise externa e interna das fontes. A análise externa concerne que todo resquício do passado, transformado pela/o historiador/a em fonte histórica é produzida e engendrada pelas relações sociais e de poder que as constitui e permeada pelo eixo espaço-tempo na qual está inserida. Quanto à análise interna serão tratadas como um acontecimento discursivo dotado de características próprias, de particular existência, regras de produção, atentando como e por que algo foi dito (ALBUQUERQUE Jr, 2009).

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  • LUIZ FELIPE BATISTA GENÚ
  • Nuances da Guerra Fria Cultural em Pernambuco: intelectuais, instituições e disputas políticas (1960-1964)

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • DIMAS BRASILEIRO VERAS
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • JOSE BATISTA NETO
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • Data: 05/08/2024

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  • O trabalho que se segue aborda as relações entre o campo intelectual e o campo político no Pernambuco do início da década de 1960. Nosso enfoque privilegia a administração estadual de Cid Sampaio e a criação da Fundação da Promoção Social. Procuramos entender e situar o papel institucional que alguns intelectuais adquiriram e seu uso no sentido de conferir legitimidade ao governo, ao assumirem tarefas de planejamento de políticas públicas. Nesse processo, analisamos quais preceitos orientavam os intelectuais em suas atuações bem como os valores e projetos de sociedade que procuravam estabelecer. Também investigamos algumas formas de articulação que as disputas intelectuais e políticas em Pernambuco assumiram dentro de um período que antecede o golpe de 1964 e é marcado, internacionalmente, pelo recrudescimento da Guerra Fria na América Latina e, internamente, pelas teses desenvolvimentistas.


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  • O trabalho que se segue aborda as relações entre o campo intelectual e o campo político no Pernambuco do início da década de 1960. Nosso enfoque privilegia a administração estadual de Cid Sampaio e a criação da Fundação da Promoção Social. Procuramos entender e situar o papel institucional que alguns intelectuais adquiriram no sentido de conferir legitimidade ao governo, ao assumirem tarefas de planejamento de políticas públicas. Nesse processo, analisamos quais preceitos orientavam os intelectuais em suas atuações bem como os valores e projetos de sociedade que procuravam estabelecer. Igualmente, investigamos as diversas formas de articulação que as disputas intelectuais e políticas em Pernambuco assumiram dentro de um período que antecede o golpe de 1964 e é marcado, internacionalmente, pelo recrudescimento da Guerra Fria e internamente pelas teses desenvolvimentistas.

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  • JOÃO VINICIUS GONDIM FEITOSA
  • Afastado de ti, ninguém é feliz:

    A deusa Higeia e as mulheres médicas no final do Período Clássico

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FÁBIO VERGARA CERQUEIRA
  • JOSE MARIA GOMES DE SOUZA NETO
  • MARCIA SEVERINA VASQUES
  • PEDRO PAULO ABREU FUNARI
  • RENATO PINTO
  • Data: 13/08/2024

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  • Entre os séculos V e IV a.C., o culto de cura do deus Asclépio começou a se expandir no mundo grego. Em Atenas, o discurso em relação à saúde ganha mais robustez, pois ela passou a ser utilizada politicamente como um dos valores centrais da polis. Simultaneamente a isso, é possível notar uma maior aparição das mulheres em diferentes atividades nas fontes que nos restam. Por exemplo: textos médicos demonstram especial interesse na saúde feminina; as mulheres passaram a ser mais representadas no espaço público, entre outras coisas, por meio de suas estelas funerárias e, pela primeira vez, uma delas foi intitulada como “médica”. Nesse contexto, a saúde tomou corpo sob a forma de uma deusa de nome Higeia. Ela foi feita filha de Asclépio e passou a ser muito representada em relevos, estátuas e inscrições ao lado de seu pai, formando com ele um par ritualístico quase que indissociável. Assim, parto da seguinte problemática: haveria alguma ligação entre Higeia e a atuação/representação das mulheres em funções médicas? A tese central desse trabalho, portanto, é a defesa de que a notada presença da deusa Higeia nas produções gráficas e escritas, no contexto de expansão do culto de Asclépio no mundo grego antigo, especificamente em sua fase inicial (final do século V e século IV a.C.), poderia representar expectativas e agências de uma sociedade em mudança que, aos poucos, construía um ambiente mais favorável ao reconhecimento de mulheres na medicina, sendo o culto de Asclépio/Higeia uma via importante de legitimação para a atuação dessas mulheres em atividades de cura/saúde.


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  • Entre os séculos V e IV a.C., o culto de cura do deus Asclépio começou a se expandir no mundo grego. Em Atenas, o discurso em relação à saúde ganha mais robustez, pois ela passou a ser utilizada politicamente como um dos valores centrais da polis. Enquanto isso, é possível notar uma maior aparição das mulheres em diferentes atividades nas fontes que nos restam. Por exemplo: textos médicos demonstram especial interesse na saúde feminina; as mulheres passaram a ser mais representadas no espaço público, entre outras coisas, por meio de suas estelas funerárias e, pela primeira vez, uma delas foi intitulada como “médica”. Nesse contexto, a saúde tomou corpo sob a forma de uma deusa de nome Higeia. Ela foi feita filha de Asclépio e passou a ser muito representada em relevos, estátuas e inscrições ao lado de seu pai, formando com ele um par ritualístico quase que indissociável. Assim, parto da seguinte problemática: haveria alguma ligação entre Higeia e a atuação/representação das mulheres em funções
    médicas? A tese central desse trabalho, portanto, é a defesa de que a notada presença da deusa Higeia nas produções gráficas e escritas, no contexto de expansão do culto de Asclépio no mundo grego antigo, especificamente em sua fase inicial (final do século V e século IV a.C.), poderia representar expectativas e agências de uma sociedade em mudança que, aos poucos, construía um ambiente mais favorável ao reconhecimento de mulheres na medicina, sendo o culto de Asclépio/Higeia uma via importante de legitimação para a atuação dessas mulheres em atividades de cura/saúde.

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  • PRISCILA GUSMÃO ANDRADE
  • ENTRE A FÉ E O MEDO: CRISTÃOS-NOVOS PRESOS PELO SANTO OFÍCIO (PARAÍBA, SÉCULO XVIII)

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • CARLA CRISTINA COSTA VIEIRA
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MARCO ANTÔNIO NUNES DA SILVA
  • MARILIA DE AZAMBUJA RIBEIRO MACHEL
  • Data: 30/08/2024

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  • Este estudo investiga uma comunidade marrana na capitania da Paraíba durante o século XVIII, utilizando diferentes processos inquisitoriais que documentam prisões efetuadas pelo Santo Ofício nessa região entre os anos 1529 e 1535. As famílias envolvidas foram gradualmente acusadas de práticas judaicas em um ambiente de proibições e perseguições dentro de uma sociedade oficialmente católica. Através da análise desses processos, o trabalho revela como as famílias marranas, vivendo sob um regime católico de proibições, mantiveram sua identidade judaica em segredo, adaptando suas práticas ao ambiente clandestino. O estudo compreende a definição de marranismo, conforme Cecil Roth, como a resistência cultural e religiosa dos judeus forçados a se converter ao cristianismo, e explora a complexidade da identidade dos criptojudeus, marcada pela ambiguidade entre a aparência cristã e a prática judaica secreta. Além disso, o trabalho destaca a importância da transmissão oral das tradições judaicas e a adaptabilidade dos marranos ao contexto colonial. A pesquisa também examina a influência da presença holandesa na Paraíba, destacando a importância do período de judaísmo livre na região, e analisa as dinâmicas das denúncias e processos inquisitoriais, oferecendo um panorama detalhado das práticas religiosas e da vida material dos cristãos-novos. Com base em uma revisão extensa da literatura acadêmica, de documentos inquisitoriais e outras fontes historiográficas, o estudo contribui para uma compreensão mais profunda da vivência dos criptojudeus na Paraíba do século XVIII, revelando a complexidade das estratégias de sobrevivência e resistência dessa comunidade.


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  • Este trabalho procura entender o criptojudaísmo de famílias que viveram na Paraíba, durante primeira metade do século XVIII. A partir, principalmente, de cinquenta processos inquisitoriais que foram movidos pelo tribunal da Inquisição contra cristãos-novos acusados pelo crime de judaísmo, na citada capitania. Buscamos analisar as redes de vivências e práticas, vistas como transgressoras pelo mundo cristão, e que eram realizadas pelo grupo, em uma sociedade onde o monopólio e as proibições católicas os levaram a serem denunciados, presos, processados e, então, condenados pelo Santo Ofício no século XVIII.

     

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  • JOSÉ HUMBERTO CARNEIRO PINHEIRO FILHO
  • A cidade pornotópica: corpos e espaços da prostituição em Fortaleza (1887-1940)

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • ELIANE ROBERT MORAES
  • FABIANA MORAES DA SILVA
  • IVONETE PEREIRA
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 29/11/2024

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  • Esta tese é um estudo histórico sobre as relações entre prostituição e (in)disciplinamento de corpos e espaços na configuração urbana da cidade de Fortaleza, capital do Ceará, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Ao longo dessas décadas, emergiram discursos e práticas que fizeram do meretrício um problema do ordenamento urbano, social e moral da cidade, que também passou a ser descrita, pensada e disputada do ponto de vista da moralidade sexual. Esse foi um período em que se tentava regular e controlar as existências e os comportamentos considerados inadequados e desviantes em relação às normas e a um modelo do que seria uma sociedade civilizada e moderna. Os indivíduos e os grupos marcados e estigmatizados com as imagens e os perfis desses "desvios" eram objetos das tentativas de repressão e segregação que estavam sendo organizadas e institucionalizadas. Foi nesse contexto em que a prostituta apareceu como uma das figuras dessa galeria de párias sociais e a prostituição passava a ser falada e definida como uma ameaça e um perigo aos "bons costumes" da capital cearense. Durante aqueles anos, a identificação, a presença, a circulação e a localização das meretrizes fortalezenses se tornaram um tema do debate público e das estratégias de controle social e de suas resistências. Censo populacional, reportagens e matérias jornalísticas, relatórios de governo e decretos policiais fizeram do meretrício um registro e uma referência do cotidiano urbano. A prostituição entrava nos "cálculos" do governo e das tentativas de controle populacional, tornando-se um mecanismo de divisões e hierarquias corporais e espaciais da cidade. É esse processo, que chamo de "cidade pornotópica", que analiso neste trabalho.


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  • A história da prostituição em Fortaleza, que apresento neste trabalho, inclui a discussão acerca das relações entre moralidade sexual, corpos e espaços no cotidiano urbano da cidade, entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX. Quero mostrar que os discursos dos jornais e as ações da burocracia estatal cearense, nesse período, ao tentarem questionar e definir o meretrício como um problema de (des)ordem moral, forjaram concepções e práticas de (des)organização do espaço urbano. Para esta pesquisa, as disputas em torno da tipificação e nomeação das personagens que compunham o universo da prostituição fortalezense são pensadas como um eixo de referências e perspectivas a partir do qual foram configuradas tentativas de controle e segregações corporais e espaciais nas relações urbanas. Observo que, entre o final do XIX e o início do XX, no bojo de transformações e tensões materiais e sociais que marcaram (e produziram) o cotidiano fortalezense, a questão da prostituição emergiu, na imprensa e na gestão pública, como um resultado e um elemento dessas mudanças e conflitos e como parte da explicação do que então era classificado como “problemas” de ordenamento da cidade. As práticas que fizeram da prostituição um parâmetro para pensar e falar de Fortaleza configuraram o que eu chamo de uma cidade pornotópica.

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  • RAFAEL NÓBREGA ARAÚJO
  • "A MEGERA ESQUELÉTICA":

    UMA HISTÓRIA DA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE EM JOÃO PESSOA-PB (1909 – 1946)

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • AZEMAR DOS SANTOS SOARES JÚNIOR
  • ANDRE MOTA
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • DILENE RAIMUNDO DO NASCIMENTO
  • Data: 09/12/2024

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  • Esta tese analisa o processo de constituição de discursos médicos e políticas públicas no enfrentamento à tuberculose na cidade de João Pessoa, outrora, Parahyba do Norte, entre 1909 e 1946. Nesse ínterim, a tuberculose se configurou como a doença infectocontagiosa que causou mais óbitos na cidade. O argumento que comprovo ao longo da tese é o de que o combate à tuberculose em João Pessoa visou intervir no corpo social para transformá-lo, almejando, por um lado, imiscuir-se no espaço urbano, especialmente, nas habitações tidas como insalubres para dotar a cidade e os casebres de palha da população de aspectos higiênicos e, por outro, agir profilaticamente no intuito de educar os sentidos e os hábitos dos seus habitantes para tentar conter a disseminação do bacilo. Os discursos e práticas médicas incidiam, ao mesmo tempo, sobre o corpo individual, são ou doente, e sobre o corpo social, a população, tendo como objetivo intervir sobre esses corpos agindo com efeitos regulamentadores sobre o coletivo de seres humanos e seus processos biológicos de saúde e doença. A luta contra a tuberculose em João Pessoa foi caracterizada pelo que classifiquei em quatro fases. A primeira, de regularização, iniciou-se com a criação do Serviço de Estatística Demógrafo-Sanitária, em 1909, cujos dados referentes aos óbitos provocados pela tuberculose contribuíram para formular a compreensão da doença como um problema de saúde pública. No entanto, a ausência de políticas para o seu enfrentamento somente foi sanada durante a segunda fase, identificada como de institucionalização, mediante a criação do Serviço de Profilaxia da Tuberculose e a instalação do primeiro dispensário, em 1923, que se estendeu até a instalação do segundo dispensário, em 1934, assinalando a efetivação do modelo de assistência dispensarial. A terceira fase, que qualifiquei como de consolidação, estendeu-se de 1934 a 1943 e demarcou o recrudescimento da mobilização da classe médica paraibana em torno da luta contra a tuberculose por meio da realização da Semana da Tuberculose, em 1937, que culminou na organização da Liga Paraibana Contra a Tuberculose e na implantação da vacinação pelo BCG. Por fim, a quarta fase, denominada de hospitalização, iniciou-se em 1943 a partir do acordo firmado com o Serviço Nacional da Tuberculose, mediante o qual o governo federal subvencionou a construção do Hospital Clementino Fraga, em 1946, o primeiro nosocômio destinado aos tuberculosos, reverberando pelas décadas seguintes. As implicações dessa fase impuseram uma mudança na própria compreensão da doença, pois compreendo que o processo de hospitalização da tuberculose em João Pessoa concomitante ao alvorecer da terapêutica antibiótica, implica uma ruptura no modelo de combate à doença que passa a se basear em outra racionalidade médica, justificando-se dessa forma a baliza temporal que delimita o recorte cronológico desta tese e abrindo-se, de igual modo, a possibilidade para investigações posteriores.


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  • Esta Tese analisa o processo de constituição de discursos médicos e políticas públicas no enfrentamento à tuberculose na cidade de João Pessoa, outrora, Parahyba do Norte, entre 1909 e 1946. Nesse ínterim, a tísica se configurou como a doença infectocontagiosa que causou mais óbitos na cidade. O argumento que pretendo comprovar ao longo da Tese é o de que o combate à tuberculose em João Pessoa visou intervir no corpo social para transformá-lo almejando, por um lado, imiscuir-se no espaço urbano, especialmente, nas habitações tidas como insalubres para dotar a cidade de ares de salubridade e, por outro, agir profilaticamente no intuito de educar os sentidos e os hábitos dos seus habitantes para tentar conter a disseminação do bacilo. Nesse sentido, o conceito de tecnologias de poder conforme formulado por Michel Foucault permite visualizar como os discursos e práticas médicas se configuram em um saber-poder que incide ao mesmo tempo sobre o corpo e sobre a população tendo, portanto, efeitos disciplinares sobre os indivíduos e regulamentadores sobre o coletivo de seres humanos e seus processos biológicos. A luta contra a tuberculose em João Pessoa foi caracterizada pelo que identifiquei e classifiquei como quatro fases. A primeira, pré-institucional, tem início com a criação do Serviço de Estatística Demógrafo-Sanitária, em 1909, cujos dados referentes aos óbitos provocados pela peste branca contribuíram para formular a compreensão da fimatose como um problema de saúde pública. No entanto, a ausência de políticas para o seu enfrentamento somente foi sanada durante a segunda fase, identificada como de institucionalização, mediante a criação do Serviço de Profilaxia da Tuberculose e a instalação do primeiro dispensário, em 1923, que se estendeu até a instalação do segundo dispensário, em 1934, assinalando a efetivação do modelo de assistência dispensarial. A terceira fase, que qualifiquei como de consolidação, estendeu-se de 1934 a 1941 e demarcou o recrudescimento da mobilização da classe médica paraibana em torno da luta contra a tuberculose por meio da realização da Semana da Tuberculose, em 1937, que culminou na organização da Liga Paraibana contra a Tuberculose e na implantação da vacinação pelo BCG. Por fim, a quarta fase, denominada de hospitalização, diante da necessidade premente de aparelhar o armamento antiuberculose do estado, culmina na inauguração dos primeiros hospitais para fimatosos, como o Hospital Arlinda Marques para crianças tuberculosas, em 1943, e depois o Hospital Clementino Fraga, o primeiro hospital de isolamento para pectários da Paraíba, em 1946. Desse modo, o estudo do processo de quatro décadas de luta contra a tuberculose na cidade de João Pessoa confluiu com o alvorecer da era dos antibióticos no tratamento tísica, abalizado pela redefinição das bases de compreensão da própria doença.

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  • JOSÉ CARLOS SILVA
  • A DIDÁTICA DA HISTÓRIA NO BIOMA CAATINGA: UMA ABORDAGEM CULTURAL DAS PRÁTICAS AMBIENTAIS, ALIMENTARES E MEDICINAIS DE USO DOS CACTOS E DAS BROMÉLIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA EM   BOQUEIRÃO-PB (2002-2023)

  • Orientador : IRANILSON BURITI DE OLIVEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ARNALDO PINTO JUNIOR
  • ARNALDO MARTIN SZLACHTA JUNIOR
  • FÁBIO PESSOA VIEIRA
  • IRANILSON BURITI DE OLIVEIRA
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • Data: 13/12/2024

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  • Esta pesquisa tem por objetivo analisar as memórias da comunidade escolar (estudantes, professores, diretores, pais, mães, avós etc.) da rede municipal de ensino de Boqueirão/PB sobre as práticas ambientais, alimentares e medicinais provenientes do uso dos cactos e das bromélias no campo de investigação do ensino de história. Problematizamos como essas práticas fizeram parte das experiências desses sujeitos e como a escola, por meio do ensino de história, pode contribuir para a formação da Consciência Histórica (Rüsen, 2006; 2012; 2015) sobre o Semiárido brasileiro. Este trabalho argumenta que o estudo dessas memórias colabora para a segurança e a diversidade alimentar de forma sustentável, contribui para a compreensão dos usos das propriedades medicinais das plantas da Caatinga e combate as mudanças climáticas. Além disso, desnaturaliza no ambiente escolar, pelo ensino de história, o discurso que associa as práticas de uso dos cactos e das bromélias à fome, à miséria, à pobreza e ao exótico (Silva, 2008, 2019, 2020; 2021; Silva; Oliveira, 2022, 2023). Para termos acesso a essas memórias (Candau, 2019, Nora, 1996), usamos a História Oral (Alberti, 2004; 2019) e, como metodologia, utilizamos a cartografia sentimental (Rolnik, 2016; Guatarri; Rolnik, 1996) para ler os documentos. Pautados em Certeau (1982; 2019; 2023), construímos uma história do cotidiano, dando destaque às sensibilidades (Pesavento, 2007; 2008) e aos afetos (Espinosa, 2009) presentes nas experiências (Larrosa, 2019) ambientais, alimentares e medicinais da comunidade escolar boqueirãoense sobre os usos dos cactos e das bromélias. Ao término das análises, constatamos que essas práticas, além de problematizarem o sistema atual de produção de alimentos (devastação ambiental, agrotóxico, fertilizante, conservante, hormônio entre outros), podem ser uma alternativa para a diversidade e para a segurança alimentar de forma saudável e servir como aporte para futuras pesquisas, principalmente na área das Ciências Humanas, em especial, no campo da história das práticas de cura. Portanto, o estudo cultural e histórico das memórias sobre o bioma Caatinga, especificamente sobre o uso dos cactos e das bromélias no ensino de história no ambiente escolar (por meio de entrevista, receitas, cartazes, poesias, palestras, história em quadrinhos, contação de história, oficinas e aula
    de campo), leva o estudante a formar a sua consciência histórica sobre o Semiárido e consequentemente a amenizar os problemas socioambientais (efeito estufa, desmatamento, queimadas, enchentes, fome, doenças etc.) que prejudicam a natureza e a humanidade na contemporaneidade.


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  • Esta pesquisa tem por objetivo analisar as memórias da comunidade escolar (estudantes, professores, diretores, pais, mães, avós etc.) da rede municipal de ensino de Boqueirão-PB sobre as práticas ambientais, alimentares e medicinais provenientes do uso dos cactos e das bromélias no campo de investigação do ensino de história. Problematizamos como essas práticas fizeram parte das experiências desses sujeitos e como a escola, por meio do ensino de história, pode contribuir para a formação da Consciência Histórica (Rüsen, 2006; 2012; 2015) sobre o Semiárido brasileiro. Este trabalho argumenta que o estudo dessas memórias colabora para a segurança e a diversidade alimentar de forma sustentável, contribui para a compreensão dos usos das propriedades medicinais das plantas da Caatinga e combate as mudanças climáticas. Além disso, desnaturaliza no ambiente escolar, pelo ensino de história, o discurso que associa as práticas de uso dos cactos e das bromélias à fome, à miséria, à pobreza e ao exótico (Silva, 2008, 2019, 2020; 2021; Silva e Oliveira, 2022, 2023). Para termos acesso a essas memórias (Candau, 2019, Nora, 1996), usamos a História Oral (Alberti, 2004; 2019) e como metodologia, utilizamos a cartografia sentimental (Rolnik, 2016; Guatarri e Rolnik, 1996) para ler os documentos. Pautados em Certeau (1982; 2019; 2023), construímos uma história do cotidiano, dando destaque às sensibilidades (Pesavento, 2007; 2008) e aos afetos (Espinosa, 2009) presentes nas experiências (Larrosa, 2019) ambientais, alimentares e medicinais da comunidade escolar boqueirãoense sobre os usos dos cactos e das bromélias. Ao término das análises, constatamos que essas práticas, além de problematizarem o sistema atual de produção de alimentos (devastação ambiental, agrotóxico, fertilizante, conservante, hormônio entre outros), podem ser uma alternativa para a diversidade e para a segurança alimentar de forma saudável e servir como aporte para futuras pesquisas, principalmente na área das Ciências Humanas, em especial, no campo da história das práticas de cura. Portanto, o estudo cultural e histórico das memórias  sobre o bioma Caatinga, especificamente sobre o uso dos cactos e das bromélias no ensino de história no ambiente escolar (por meio de entrevista, receitas, cartazes, poesias, palestras, história em quadrinhos, contação de história, oficinas e aula de campo), leva o estudante a formar a sua consciência histórica sobre o Semiárido e consequentemente a amenizar os problemas socioambientais (efeito estufa, desmatamento, queimadas, enchentes, fome, doenças etc.) que prejudicam a natureza e a humanidade na contemporaneidade.

2023
Dissertações
1
  • FABRÍCIO LEAL NOVAES
  • A Companhia de Jesus em Angola: Uma política de cristianização e conquista (1560-1626)

  • Orientador : BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • GUSTAVO ACIOLI LOPES
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 03/03/2023

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  • Desde o século XVI, os missionários da Companhia de Jesus estiveram realizando missões religiosas entre diferentes povos e em diversas partes do mundo. Ao chegarem em Angola, em 1560, os jesuítas se depararam com um rei poderoso e que recusou o cristianismo. Nesse sentido, os jesuítas passaram a defender que para que a fé cristã fosse propagada naquele reino seria necessária a sua conquista por parte dos portugueses. O presente trabalho pretende discutir quais estratégias os jesuítas utilizaram para levar o cristianismo àquele território e demonstrar como essas estratégias se alinharam com o projeto de conquista da Coroa portuguesa. Também discutiremos como os líderes dos ambundos reagiram ao projeto jesuíta, e em que circunstâncias aceitaram a fé cristã.


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  • Desde o século XVI, os missionários da Companhia de Jesus estiveram realizando missões religiosas entre diferentes povos e em diversas partes do mundo. Ao chegarem em Angola, em 1560, os jesuítas se depararam com um rei poderoso e que recusou o cristianismo. Nesse sentido, os jesuítas passaram a defender que para que a fé cristã fosse propagada naquele reino seria necessária a sua conquista por parte dos portugueses. O presente trabalho pretende discutir quais estratégias os jesuítas utilizaram para levar o cristianismo àquele território e demonstrar como essas estratégias se alinharam com o projeto de conquista portuguesa. Também discutiremos como os ambundos reagiram ao projeto jesuíta, e em que circunstâncias aceitaram a fé cristã.

2
  • MARIA GABRIELA VIEIRA DE SOUZA
  • FERMENTO DA MASSA:

    Formação da militância da ação católica rural nos primeiros anos de fundação (1965-1968)

  • Orientador : BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FRANCISCO FAGUNDES DE PAIVA NETO
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • Data: 15/03/2023

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  • Esta pesquisa de mestrado desenvolvida parcialmente teve como objetivo, primeiramente, compreender as mudanças pelas quais a sociedade brasileira estava passando no período anterior ao Golpe Militar, assim como os projetos de sociedade que emergiram da polarização política nestes anos. Segundamente, pretendemos investigar como se seguiu a atuação da Ação Católica Rural, fundada em 1965, nos seus primeiros anos prestando assistência e trabalho de formação política aos trabalhadores rurais. Tomamos como referência a utilização de bibliografia vinculada aos historiadores da História Social, revisitando novos paradigmas apresentados por Thompson e Hobsbawm ao estabelecer uma pesquisa que esteja atenta a novas categorias de estudo das “lutas de classe” e de conscientização política de determinado grupo social. As principais fontes utilizadas estão alocadas no Núcleo de Documentação dos Movimentos Sociais de Pernambuco, na Universidade Federal de Pernambuco, onde se conduziu uma pesquisa sobre as atas de reuniões e encontros regionais e nacionais localizadas no acervo da organização principal que concentramos a dissertação. Forja-se um panorama da difusão de temas que buscavam politizar o cotidiano dos camponeses à luz do evangelho no catolicismo progressista. A iniciativa deste setor da Igreja Católica está vinculada às mudanças que a instituição passava até a formação do Concílio Vaticano II no debate internacional, assim como no contexto nacional, onde lutas sociais cresciam no país e muitos padres e católicos desenvolveram trabalhos relacionados à Educação Popular. A ACR surge no momento de interrupção das atividades dos movimentos sociais na democracia e de renovação da Igreja frente a uma abordagem concreta da Doutrina social nesta. O conjunto documental debruçado, utilizando-se inclusive de depoimentos consultados, gera um entendimento da atuação da organização que se dispôs a repensar as estruturas de poder na sociedade rural e a consolidação de uma fé desinteressada na questão social, para então convertê-la em catalisadora da transformação da realidade dos camponeses. As experiências destes sujeitos, a linguagem utilizada no veículo das informações difundidas e o levantamento de debates da exploração do homem do campo através ACR são alguns dos objetos deste estudo a partir da associação a uma compreensão histórica de grupos que se movimentavam num contexto de repressão política visando suas formas de resistência com os recursos disponíveis no momento.


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  • Esta pesquisa de mestrado desenvolvida parcialmente teve como objetivo, primeiramente, compreender as mudanças pelas quais a sociedade brasileira estava passando no período anterior ao Golpe Militar, assim como os projetos de sociedade que emergiram da polarização política nestes anos. Segundamente, pretendemos investigar como se seguiu a atuação da Ação Católica Rural, fundada em 1965, nos seus primeiros anos prestando assistência e trabalho de formação política aos trabalhadores rurais. Tomamos como referência a utilização de bibliografia vinculada aos historiadores da História Social, revisitando novos paradigmas apresentados por Thompson e Hobsbawm ao estabelecer uma pesquisa que esteja atenta a novas categorias de estudo das “lutas de classe” e de conscientização política de determinado grupo social. As principais fontes utilizadas estão alocadas no Núcleo de Documentação dos Movimentos Sociais de Pernambuco, na Universidade Federal de Pernambuco, onde se conduziu uma pesquisa sobre as atas de reuniões e encontros regionais e nacionais localizadas no acervo da organização principal que concentramos a dissertação. Forja-se um panorama da difusão de temas que buscavam politizar o cotidiano dos camponeses à luz do evangelho no catolicismo progressista. A iniciativa deste setor da Igreja Católica está vinculada às mudanças que a instituição passava até a formação do Concílio Vaticano II no debate internacional, assim como no contexto nacional, onde lutas sociais cresciam no país e muitos padres e católicos desenvolveram trabalhos relacionados à Educação Popular. A ACR surge no momento de interrupção das atividades dos movimentos sociais na democracia e de renovação da Igreja frente a uma abordagem concreta da Doutrina social nesta. O conjunto documental debruçado, utilizando-se inclusive de depoimentos consultados, gera um entendimento da atuação da organização que se dispôs a repensar as estruturas de poder na sociedade rural e a consolidação de uma fé desinteressada na questão social, para então convertê-la em catalisadora da transformação da realidade dos camponeses. As experiências destes sujeitos, a linguagem utilizada no veículo das informações difundidas e o levantamento de debates da exploração do homem do campo através ACR são alguns dos objetos deste estudo a partir da associação a uma compreensão histórica de grupos que se movimentavam num contexto de repressão política visando suas formas de resistência com os recursos disponíveis no momento.

3
  • VITTORIA SILVA PAZ BARRETO
  • A União de Mulheres de São Paulo e o Histórico de Luta Feminina Durante os Anos 1975-1985

  • Orientador : BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANA MARIA DA CONCEICAO VELOSO
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • Data: 17/03/2023

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  • Esse trabalho tem o objetivo de trazer à luz a importância da União de Mulheres de São Paulo, entidade fundada em 1981 que visava lutar contra a opressão feminina assim como buscava o fim dos demais tipos de exploração às quais as classes trabalhadoras estavam sujeitas, além de se posicionar-se contra a Ditadura ainda existente. Destacando essas mulheres que não mediam esforços diante de toda uma estrutura patriarcal que as aprisionavam. Enfrentando dificuldades, buscavam superar limites e conquistar direitos sociais e políticos mais significativos e definitivos, numa luta que segue até os nossos dias. Apoiada em algumas autoras que no final do século XX se destacaram por trazer importantes reflexões sobre o patriarcado e a questão de gênero como Heleieth Saffioti, Silvia Federici e Joan Scott, esta dissertação utilizou como fonte principal o material produzido pela própria UMSP.


  • Mostrar Abstract
  • Esse trabalho tem o objetivo de trazer à luz a importância da União de Mulheres de São Paulo, entidade que visava lutar contra a opressão feminina assim como buscava o fim dos demais tipos de exploração às quais as classes trabalhadoras estavam sujeitas. Destacando essas mulheres e seus esforços diante de toda uma estrutura patriarcal que as aprisionavam, mas que elas não permitiam que as limitassem inteiramente. Expor a força dessas trabalhadoras ao longo de parte do século XX e como, pouco a pouco, elas alcançaram mudanças e vitórias continuando uma luta que segue até os dias atuais e nos serve de modelo e de inspiração.

4
  • HYGOR FRANCISCO CARVALHO GONÇALVES
  • "COMO SE FOSSE DA FAMÍLIA": DISCURSOS E REPRESENTAÇÕES SOBRE AS AMAS DE LEITE NO RECIFE DO

    SÉCULO XIX (1871 – 1889)

  • Orientador : ROBSON PEDROSA COSTA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MACIEL HENRIQUE CARNEIRO DA SILVA
  • ROBSON PEDROSA COSTA
  • Data: 28/04/2023

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  • O século XIX no Brasil foi conhecido como o período das inovações tecnológicas, científicas e sociais, ao passo que o país ostentava uma ideia moderna de progresso que era contrastada com a prática colonial da escravidão. Na cidade do Recife, a escravidão já aparecia urbanizada, e instituições como a imprensa, a medicina e a família senhorial se dedicavam a debater o papel do sujeito negro na sociedade escravista enquanto também vislumbravam o fim do regime de cativeiro. Tendo em vista a importância do trabalho doméstico para os debates sobre escravidão, questiona-se: como as transformações das práticas cotidianas e dos processos discursivos reverberaram nas representações das amas de leite no Recife do fim do século XIX? Com esta questão, as amas de leite surgem como personagem central para o entendimento de como os dispositivos operantes na sociedade brasileira do século XIX articulavam o público e o privado. O estudo sobre o papel desempenhado pela mulher negra, dentro do sistema da escravidão e a partir das representações circulantes sobre ela, é a porta de entrada para entender as formas de dominação exercidas dentro das casas senhoriais, local de atuação das amas de leite. Dessa forma, a dissertação tem como objetivo debater os discursos normativos, reformadores das práticas sociais e das representações, abrangendo os debates sobre o sujeito negro em contato com as famílias senhoriais e burguesas. Nesse sentido, enquadra-se os conceitos de raça, gênero e ciência empregados durante o século XIX no Recife. Portanto, estando inserida nos Estudos da Escravidão e do Brasil Império, a pesquisa destrincha a série de discursos e representações sobre a mulher negra e as amas de leite e o papel que os dispositivos normativos tiveram na prática das amas de leite e na reorganização do trabalho doméstico. Toma-se para a centralidade do debate as representações que foram gestadas na literatura, nos retratos de família e na imprensa, ponderando sobre as interações discursivas entre as diferentes instituições. Ao fim da pesquisa, considera-se que os diversos discursos circulantes na época, ao mesmo tempo que se confrontavam a partir de diferentes projetos para a mulher negra, corroboravam ideais racistas basilares, muitas vezes reiterando noções higienistas da medicina e do racismo científico – mesmo quando estamos tratando com discursos progressistas.


  • Mostrar Abstract
  • A pesquisa busca analisar o cotidiano e as representações das amas de leite, no Recife, durante o findar do século XIX, tendo em vista a vasta variante de discursos circulantes na sociedade da época. Neste sentido, atenta-se principalmente para a dicotomia estabelecida entre o público e o privado, bem como para o processo legislativo e abolicionista que previa a extinção da escravidão, que gerou novos rumos tomados pela categoria das amas em relação ao trabalho doméstico. Como embasamento teórico, toma-se os conceitos postulados por Roger Chartier, Michel Foucault, Nobert Elias e Michel de Certeau no que diz respeito aos estudos do discurso e das representações. Além disso, também é conduzida uma ampla discussão historiográfica com autores que dialogam sobre o crescimento urbano, a escravidão e a sociedade da época, como Lilia Schwarcz, Mariana Muaze, Sandra Koutsoukos e Lorena Telles. Dentre os arquivos analisados estão fotografias, anúncios de compra, venda e aluguel, cartas, diários, teses higienistas e processos criminais, visando dar conta de diferentes esferas de aparições das amas de leite nos discursos da época. Ao fim, considera-se que a pesquisa colabora na compreensão sobre como a mudança de regime trabalhista do sistema escravista para o assalariado ainda preservou a permanência de perspectivas senhoriais presentes nas relações que envolvem o trabalho doméstico.

5
  • EDMILSON BEZERRA DO NASCIMENTO JÚNIOR
  • PARDO? POR QUE NÃO, PRETO?!

    Uma análise historiográfica do termo pardo a partir do contexto dos fins dos oitocentos em Pernambuco

  • Orientador : BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • JOEL CARLOS DE SOUZA ANDRADE
  • Data: 05/06/2023

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  • A dissertação “Pardo? Por que não, Preto?! Uma análise historiográfica do termo pardo a partir do contexto dos fins dos oitocentos em Pernambuco” aborda questões de pesquisa histórica racial envolvendo o uso do termo “pardo” em registros de batismo realizados, entre 1868 à 1888, nos livros das paróquias das cidades de Floresta, de Santa Maria da Boa Vista e de Tacaratu. Trata-se de pesquisa em fontes primárias desenvolvida com viés historiográfico realizada em livros eclesiásticos reunidos pelo projeto Itaparica de Salvamento Arqueológico e Histórico, UFPE-CHESF, na década de 1980, preservadas de forma digital no acervo do Laboratório de Pesquisa e Ensino de História da UFPE. A pesquisa, também, foi desenvolvida nos acervos do Arquivo Público Estadual Jordão Emericiano (APEJE) e na Biblioteca da Agência de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem). O principal objetivo desta pesquisa foi juntamente com a documentação eclesiástica das três cidades supramencionadas, investigar o uso do termo pardo como denotador de raça frente à sociedade brasileira. Nos capítulos que compõem essa dissertação verificaremos diversos significados da palavra “pardo” e como ela era utilizada socialmente, tendo como marco histórico seu uso por um órgão oficial do governo que a incluiu no primeiro recenseamento de 1872. Osório (2013), Pizza e Rosemberg (1999) foram fundamentais para este estudo. Porém, para entender a utilização do termo pardo pela sociedade pernambucana, era necessário entender, também, de forma macro a sociedade brasileira do período imperial, momento esse ainda fortemente marcado por uma sociedade escravocrata e de todos parâmetros de controle social utilizados na época, como as teorias racialistas, do século XIX, e a dinâmica, em si, da sociedade brasileira. Chalhoub (2012), Britto e Soares (2021) e Costa (2015) foram essenciais para esta análise. Assim como, Silva (2018) e Bezerra (2010) foram autores fundamentais para a realização desta pesquisa.


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  • A dissertação “Pardo? Por que não, Preto?! Uma análise historiográfica do termo pardo a partir do contexto dos fins dos oitocentos em Pernambuco” aborda questões de pesquisa histórica racial envolvendo o uso do termo “pardo” em registros de batismo realizados, entre 1868 à 1888, nos livros das paróquias das cidades de Floresta, de Santa Maria da Boa Vista e de Tacaratu. Trata-se de pesquisa em fontes primárias desenvolvida com viés historiográfico realizada em livros eclesiásticos reunidos pelo projeto Itaparica de Salvamento Arqueológico e Histórico, UFPE-CHESF, na década de 1980, preservadas de forma digital no acervo do Laboratório de Pesquisa e Ensino de História da UFPE. A pesquisa, também, foi desenvolvida nos acervos do Arquivo Público Estadual Jordão Emericiano (APEJE) e na Biblioteca da Agência de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco (Condepe/Fidem). O principal objetivo desta pesquisa foi juntamente com a documentação eclesiástica das três cidades supramencionadas, investigar o uso do termo pardo como denotador de raça frente à sociedade brasileira. Nos capítulos que compõem essa dissertação verificaremos diversos significados da palavra “pardo” e como ela era utilizada socialmente, tendo como marco histórico seu uso por um órgão oficial do governo que a incluiu no primeiro recenseamento de 1872. Osório (2013), Pizza e Rosemberg (1999) foram fundamentais para este estudo. Porém, para entender a utilização do termo pardo pela sociedade pernambucana, era necessário entender, também, de forma macro a sociedade brasileira do período imperial, momento esse ainda fortemente marcado por uma sociedade escravocrata e de todos parâmetros de controle social utilizados na época, como as teorias racialistas, do século XIX, e a dinâmica, em si, da sociedade brasileira. Chalhoub (2012), Britto e Soares (2021) e Costa (2015) foram essenciais para esta análise. Assim como, Silva (2018) e Bezerra (2010) foram autores fundamentais para a realização desta pesquisa.

6
  • PAULO VINICIUS DA SILVA
  • "VOU INVADIR O NORDESTE, SEU CABRA DA PESTE": REPRESENTAÇÕES SOBRE O NORDESTE NAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO (1970 – 1979)

  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • IVALDO MARCIANO DE FRANCA LIMA
  • MARIO RIBEIRO DOS SANTOS
  • Data: 05/06/2023

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  • Este trabalho tem como objetivo compreender os discursos sobre a região Nordeste contidos nos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro durante a década de 1970. Notamos que a partir dos anos 1960 essas agremiações carnavalescas passam a pautar constantemente a região Nordeste em seus enredos. A década seguinte foi responsável pelo maior número de enredos sobre o Nordeste durante todo o século XX. Assim, objetivamos compreender: quais os discursos apresentados por essas escolas de samba sobre o Nordeste brasileiro? Essa pesquisa utilizou como documentação os jornais do Rio de Janeiro contidos na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, em especial o Jornal do Brasil, devido a grande quantidade de matérias sobre essa temática. Nosso referencial para realização de um debate historiográfico pode ser dividido em dois grupos, autores que pesquisam as Escolas de Samba e a temática do Nordeste. Entre os primeiros, podemos destacar Monique Augras, Luiz Antônio Simas, Sérgio Cabral e César Maurício Batista da Silva. Acerca das discussões sobre o Nordeste, destacamos Durval Muniz de Albuquerque Jr, Gilberto Freyre. Ao final da pesquisa foi possível
    constatar que ao longo dos anos 1970 a abordagem das temáticas nordestinas compõe uma exaltação do Brasil e de sua cultura. A utilização do conceito “Nordeste” é feita majoritariamente junto a Estados que compõem a divisão regional do país anterior à década de 1970. A Bahia não deixa de ser entendida como parte da região Nordeste, mas frequentemente é apresentada como um espaço à parte, peculiar e original: o tema mais apresentado pelas escolas de samba ao longo da década de 1970. A partir de 1975, a crise econômica vivida pelo país junto ao cenário de abertura política estimulou a apresentação de enredos críticos à pobreza, ao desmatamento e demais problemas vividos no país. Sobre a região Nordeste, alguns desfiles abordagem a fome, a seca, a imigração e demais problemas associados à região Nordeste. Este espaço passa a ser apresentado não apenas pelas suas belezas naturais e manifestações culturais, mas também a partir de enredos literários, sobre o arraial de Canudos e a obra de Euclides da Cunha.


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  • Este trabalho objetiva compreender os discursos sobre a região Nordeste contidos dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro na década de 1970. Notamos que a partir dos anos 60 essas agremiações carnavalescas passam a pautar a região Nordeste em seus enredos. A década seguinte foi responsável pelo maior número de enredos sobre o Nordeste no século XX. Assim, objetivamos compreender as razões desse amplo interesse das escolas em discutir esse espaço geográfico brasileiro.

7
  • JAQUELINE CALIXTO DOS SANTOS
  • A TRAJETÓRIA DE CARLOS ALBERTO DE MENEZES ENTRE A FÁBRICA TÊXTIL DE CAMARAGIBE E O COLÉGIO SALESIANO DO RECIFE (1874-1904)

  • Orientador : PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANDRE GUSTAVO FERREIRA DA SILVA
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MARCIO ANANIAS FERREIRA VILELA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • Data: 07/07/2023

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  • A partir da primeira metade do século XIX discussões em torno da laicidade do estado brasileiro ganharam força no país, sobretudo em virtude de discussões provocadas por algumas linhas de pensamento, tais como liberalismo e positivismo. Para fazer frente às diversas correntes que defendiam a laicidade do estado, um setor da igreja católica brasileira, chamado de ultramontano, arregimentou forças em defesa da instituição. Mobilizaram não apenas o clero, mas os leigos católicos, sobretudo os que ocupavam postos de destaque no cenário econômico e social. Esta dissertação se propõe a narrar parte da trajetória de um desses leigos, o engenheiro civil natural do estado do Rio de Janeiro, mas radicado em Pernambuco, Carlos Alberto de Menezes, com destaque para sua atuação em dois projetos específicos: A implementação de um modelo de administração cristã na fábrica têxtil de Camaragibe, inspirado no movimento da Democracia cristã francesa, e a criação de um colégio da congregação católica italiana dos padres Salesianos na cidade do Recife. O período histórico delimitado compreende o ingresso de nosso personagem na escola politécnica do Rio de Janeiro (1874) e sua morte na cidade do Recife (1904). Faremos uso de jornais da época, relatórios, cartas e boletins informativos presentes nas coleções Carlos Alberto de Menezes e fábrica de Camaragibe, que compõem o acervo da Fundação Joaquim Nabuco. Cartas e boletins disponíveis no arquivo do colégio Salesiano da cidade do Recife, além de jornais digitalizados que compõem a Hemeroteca Digital. A pesquisa aponta que Carlos Alberto aproveitou seus espaços de atuação para propagar a religião católica, ao mesmo tempo que buscava atender seus interesses enquanto diretor de uma fábrica têxtil pernambucana, sobretudo em relação às suas tentativas de formar um trabalhador atravessado pela lógica religiosa católica.


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  • De posse do desafio de narrar a trajetória de um engenheiro que nasceu na cidade do Rio de Janeiro e chegou ao estado de Pernambuco, desconhecido de todos e de tudo, mas que ainda assim pôs em prática um programa de gerenciamento cristão em uma fábrica de tecidos, propomos apresentar algumas reflexões e análises, que nos chegaram através da pesquisa de dissertação aqui apresentada. Carlos Alberto de Menezes foi um homem católico, integrante de uma elite econômica e social, que entre fins do século XIX e início do século XX, desenvolveu ações em prol do catolicismo, que buscava o prestígio que se esvaia junto com o fim do regime do padroado régio e ascensão da república. O cenário que se desenhava exigia ação por parte dos católicos, e Carlos Alberto assim o fez até seus últimos dias de vida: organizou e discursou em congressos, trouxe congregações religiosas da Europa para educar e formar a classe operária que atuaria no setor industrial, colocou a igreja dentro da fábrica. Cartas, relatórios, discursos e matérias de jornais ajudarão a contar esta história.

8
  • FELLIPE DENNILSON RIBEIRO FEIJO
  • Ecos da Revolução: "A República" de 1817 no Ceará

  • Orientador : ROBSON PEDROSA COSTA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANA SARA RIBEIRO PARENTE CORTEZ IRFFI
  • JEFFREY AISLAN DE SOUZA SILVA
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • Data: 24/08/2023

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  • Desde muito tempo, narrativas foram criadas por alguns pesquisadores, memorialistas e historiadores brasileiros e estrangeiros sobre uma parte complexa, mas fascinante da nossa história: o processo de emancipação política do Brasil. Essa pesquisa alinha-se aos estudos sobre essa temática, na medida em que propõe analisar quem eram os partícipes da Revolução e da Contrarrevolução de 1817 na capitania do Ceará. Para este fim, entendemos a Independência brasileira, assim como a historiografia mais recente, como um processo iniciado por volta da vinda da corte portuguesa para sua colônia americana, em 1808, e finalizando-se com a abdicação do primeiro imperador do Brasil: Pedro Primeiro do seu nome no Brasil, e quarto em Portugal, no 07 de abril de 1831. Aproveitando as documentações publicadas nos Documentos Históricos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – DHBNRJ, propomos esse estudo. A base da pesquisa foi desenvolvida em cima das listas dos acusados de participarem da Revolução do Crato e dos supostos conspiradores da vila da Fortaleza. Historicizamos esses nomes como proposto por Carlo Ginzburg no seu artigo “O nome e o como”. A partir desses nomes seguimos a trajetória de alguns desses sujeitos e como eles atuaram no meio de uma sociedade em transformação, como a cearense do início do século XIX.


  • Mostrar Abstract
  • Desde muito tempo, narrativas foram criadas por alguns pesquisadores, memorialistas e historiadores brasileiros e estrangeiros sobre uma parte complexa, mas fascinante da nossa história: o processo de emancipação política do Brasil. Essa pesquisa alinha-se aos estudos sobre essa temática, na medida em que propõe analisar quem eram os partícipes da Revolução e da Contrarrevolução de 1817 na capitania do Ceará. Para este fim, entendemos a Independência brasileira, assim como a historiografia mais recente, como um processo iniciado por volta da vinda da corte portuguesa para sua colônia americana, em 1808, e finalizando-se com a abdicação do primeiro imperador do Brasil: Pedro Primeiro do seu nome no Brasil, e quarto em Portugal, no 07 de abril de 1831. Aproveitando as documentações publicadas nos Documentos Históricos da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro – DHBNRJ, propomos esse estudo. A base da pesquisa foi desenvolvida em cima das listas dos acusados de participarem da Revolução do Crato e dos supostos conspiradores da vila da Fortaleza. Historicizamos esses nomes como proposto por Carlo Ginzburg no seu artigo “O nome e o como”. A partir desses nomes seguimos a trajetória de alguns desses sujeitos e como eles atuaram no meio de uma sociedade em transformação, como a cearense do início do século XIX.

9
  • ANDERSON EMANUEL BEZERRA NUNES
  • VIGILÂNCIA E SILENCIAMENTO DE GÊNERO:   

    O Sistema Nacional de informações (SISNI) espiando periódicos feministas (1975-1985)

  • Orientador : BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MARIA DO ROSARIO DE FÁTIMA ANDRADE LEITÃO
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • Data: 24/08/2023

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  • O gênero sustentou e sustenta diversas relações de poder na sociedade. Não haveria de ser diferente no período ditatorial brasileiro de 1964. Variados trabalhos já apontam a importância das lutas femininas no período, em movimentos de resistências e combate ao regime. Ainda há aqueles que analisam a organização do aparelho estatal em relação às mulheres, sob a ótica da tortura ou da moral e dos bons costumes. Cabe um olhar historiográfico com mais acurácia sobre as ações ditatoriais em relação aos usos e debates de gênero e aos organismos e sujeitos que propunham esses debates, sendo inegável a centralidade da categoria gênero no debate público brasileiro e a confluência dessas questões com a Doutrina de Segurança Nacional ditatorial. Desse modo, esse trabalho busca compreender a organização do aparelho censório, investigativo e informativo do SISNI (Sistema Nacional de Informações) na perspectiva do gênero. Para isto, concentraremos nossa analise em relatórios ditatoriais, em relação à imprensa escrita e que contenham debates de gênero, presentes nos arquivos do SISNI no Arquivo Nacional, focando especialmente o fundo da Divisão de Segurança e Informações, do Ministério da Justiça (DSI/MJ) e o fundo do Serviço Nacional de Informações (SNI). Esse estudo desenvolver-se-á em dois eixos investigativos: primeiramente sintetizaremos algumas das questões e papéis de gênero feminino que foram vigiados de perto pelo monstro informacional da ditadura brasileira de 1964, que estavam presentes em periódicos feministas e alternativos do período, e que eram correlacionados à subversão, ao comunismo ou à propaganda adversa; em sequência observaremos como os tentáculos do SISNI atingiram um periódico de temática e produção feminista, o Mulherio. Compreendemos que essas intervenções investigativas e autoritárias visavam controlar a circulação de discursos gênero-dissidentes, impedindo às mulheres acessos a outras formas de ser e estar naquela sociedade. Ademais, o fluxo de controle informacional pretendido pelo regime ditatorial brasileiro indica que as tentativas de sufocamento aos debates de gênero de mulheres que lutavam por liberdades políticas, sexuais ou culturais na imprensa escrita era parte do próprio sentido de existência da Ditadura: o combate à dissidência de gênero era, na visão do aparelho informacional do regime, um combate direto ao malvisto comunismo e suas infiltrações na sociedade brasileira.


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  • O gênero sustentou e sustenta diversas relações de poder na sociedade. Não haveria de ser diferente no período ditatorial brasileiro de 1964. Variados trabalhos já apontam a importância das lutas femininas no período, em movimentos de resistências e combate ao regime. Ainda há aqueles que analisam a organização do aparelho estatal em relação às mulheres, sob a ótica da tortura ou da moral e dos bons costumes. Cabe um olhar historiográfico com mais acurácia sobre as ações ditatoriais em relação aos usos e debates de gênero e aos organismos e sujeitos que propunham esses debates, sendo inegável a centralidade da categoria gênero no debate público brasileiro e a confluência dessas questões com a Doutrina de Segurança Nacional ditatorial. Desse modo, esse trabalho busca compreender a organização do aparelho censório, investigativo e informativo do SISNI (Sistema Nacional de Informações) na perspectiva do gênero. Para isto, concentraremos nossa analise em relatórios ditatoriais, em relação à imprensa escrita e que contenham debates de gênero, presentes nos arquivos do SISNI no Arquivo Nacional, focando especialmente o fundo da Divisão de Segurança e Informações, do Ministério da Justiça (DSI/MJ) e o fundo do Serviço Nacional de Informações (SNI). Esse estudo desenvolver-se-á em dois eixos investigativos: primeiramente sintetizaremos algumas das questões e papéis de gênero feminino que foram vigiados de perto pelo monstro informacional da ditadura brasileira de 1964, que estavam presentes em periódicos feministas e alternativos do período, e que eram correlacionados à subversão, ao comunismo ou à propaganda adversa; em sequência observaremos como os tentáculos do SISNI atingiram um periódico de temática e produção feminista, o Mulherio. Compreendemos que essas intervenções investigativas e autoritárias visavam controlar a circulação de discursos gênero- dissidentes, impedindo às mulheres acessos a outras formas de ser e estar naquela sociedade. Ademais, o fluxo de controle informacional pretendido pelo regime ditatorial brasileiro indica que as tentativas de sufocamento aos debates de gênero de mulheres que lutavam por liberdades políticas, sexuais ou culturais na imprensa escrita era parte do próprio sentido de existência da Ditadura: o combate à dissidência de gênero era, na visão do aparelho informacional do regime, um combate direto ao malvisto comunismo e suas infiltrações na sociedade brasileira.

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  • NAIRAM SANTANA DA CUNHA
  • "O QUE SE VÊ PODE NÃO SER... SERÁ?": A FIGURA DE MÁRIO MIRANDA NO XANGÔ PERNAMBUCANO (1960-1979)

     

  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • IVALDO MARCIANO DE FRANCA LIMA
  • ZULEICA DANTAS PEREIRA CAMPOS
  • Data: 25/08/2023

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  • Este trabalho se propõe a narrar a trajetória de vida de Amaro José Martins, conhecido popularmente como Mário Miranda e/ou Maria Aparecida. Mário Miranda nasceu em 1929 e faleceu no ano de 1991, obtendo visibilidade no meio social durante a década de 1970, em virtude da religiosidade e participação nas agremiações carnavalescas. Em vida exerceu o ofício de babalorixá no culto aos orixás, como também tornou-se conhecido pela sua performatividade de gênero ao assumir a personalidade feminina Maria Aparecida. Assim, o objetivo deste trabalho, ao construir a trajetória de Mário Miranda, é compreender como sua presença atuante foi percebida pela imprensa, por produções literárias, fotográficas, áudios-visuais e pela memória de quem o conheceu. O período em destaque compreende a fase em que Mário Miranda recebeu notoriedade na cidade de Recife, mas não se limita a essa temporalidade, abrangendo acontecimentos da infância à morte. Para tanto, nos servimos de bibliografia considerável acerca do objeto, periódicos locais, fotografias, vídeos e entrevistas. 


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  • Esse trabalho pretende narrar a trajetória de vida de Amaro José Martins, conhecido popularmente como Mário Miranda e/ou Maria Aparecida. Mário Miranda nasceu em 1929 e faleceu no ano de 1991, obtendo visibilidade no meio social durante a década de 1970, por meio dos periódicos locais. Em vida exerceu o ofício de babalorixá no culto aos orixás, como também tornou-se conhecido pela sua travestilidade, ultrapassando as fronteiras da identidade de gênero. Assim, o objetivo deste trabalho, ao construir a trajetória de Mário Miranda, é compreender como o seu passado enquanto babalorixá e corpo subversivo de travesti foi apresentado pela imprensa, por produções literárias, fotográficas, áudios-visuais e pela memória de quem o conheceu. Com isso, analisar como Mário Miranda transitou na sociedade recifense durante os anos de 1960 e 1970 por meio do referenciais teóricos da História Cultural e História Oral que dará suporte para as discussões propostas neste trabalho.

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  • LARISSA BESERRA DOS SANTOS
  • ENTRE OS FIOS DA LOUCURA:

    UMA HISTÓRIA DO "RASGA TRISTEZA" CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL I EM SALGUEIRO – PE  

     

  • Orientador : CLÁUDIA FREITAS DE OLIVEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JUNIELE RABÊLO DE ALMEIDA
  • CLÁUDIA FREITAS DE OLIVEIRA
  • LEDA MENDES PINHEIRO GIMBO
  • YONISSA MARMITT WADI
  • Data: 13/09/2023

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  • Nesta dissertação, tive como objetivo principal problematizar as relações de poder engendradas no processo da Reforma Psiquiátrica Brasileira, bem como identificar os sujeitos e suas histórias de vida subjetivas, perpassadas por experiências de sofrimento, no sertão central de Pernambuco, mais especificamente no município de Salgueiro, tendo como ponto norteador a implantação do Centro de Atenção Psicossocial I “Rasga Tristeza”, em 2007. Para atender ao objetivo proposto, estruturo a pesquisa em três momentos. Na tecitura dos fios que compõem a primeira parte da narrativa, busquei historicizar o processo de Reforma Psiquiátrica investigando as influências dos movimentos internacionais na experiência brasileira e em travessia pela legislação da saúde mental, em âmbitos federal e estadual, analisando os discursos da Reforma Psiquiátrica nas suas múltiplas camadas espaciais. No segundo momento, problematizo o cenário de inauguração e funcionamento do CAPS I “Rasga Tristeza”, analisando as disputas de interesses e tensões gestadas no próprio município, os seus espaços físicos de atuação no território e as suas dinâmicas cotidianas. Por fim, redireciono os fios historiográficos para os sujeitos, a partir de fragmentos de histórias de vida de dois usuários, Liberdade e Margarida, identificando as suas experiências subjetivas de sofrimento em um território que se (re)elabora. Para esta realização, a pesquisa foi constituída a partir do entrecruzamento de quatro principais tipologias de fontes: bibliográficas, legislativas, entrevistas orais e prontuários. Os percursos teóricos delineiam-se a partir das percepções de Michel Foucault no que diz respeito às relações de poder e do conceito de território proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, em diálogo com uma história das emoções de Alain Corbin, Jean-Jacques Courtine e Georges Vigarello. Na trama metodológica, perpasso pela história oral e memória além de manusear o conceito de análise do discurso, elaborados respectivamente por Alessandro Portelli, Michael Pollak e Foucault. Dessa maneira, intenciono discutir
    acerca da história recente da loucura, refletindo sobre as suas implicações e experiências enquanto parte dos cenários macro e micro da(s) Reforma(s) Psiquiátrica(s).


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  • Nesta dissertação, tivemos como objetivo principal problematizar as relações de poder engendradas no processo de Reforma Psiquiátrica em esfera local, pensado a partir da criação e experiência do Centro de Atenção Psicossocial I “Rasga Tristeza” (CAPS I), no ano de 2007, localizado no município de Salgueiro, sertão de Pernambuco. Para atender ao objetivo proposto, estruturamos a pesquisa em três momentos. Assim, na tecitura dos fios que compõem a primeira parte de nossa narrativa, buscamos historicizar o processo de Reforma Psiquiátrica a partir de uma travessia entre a legislação da saúde mental, em âmbitos federal e estadual, analisando as experiências históricas da Luta Antimanicomial no Brasil e no estado de Pernambuco. No segundo momento, que ainda encontra-se em desenvolvimento, pretendemos problematizar o cenário de inauguração e funcionamento do CAPS I “Rasga Tristeza”, analisando tanto as disputas de interesses e tensões gestadas no próprio município, quanto as suas dinâmicas cotidianas. Por fim, intencionamos redirecionar os nossos fios historiográficos para os sujeitos, a partir de fragmentos de suas histórias de vida, identificando suas experiências subjetivas de sofrimento em um território que se (re)elabora. Para esta realização, a nossa pesquisa está sendo constituída a partir do entrecruzamento de quatro tipologias de fontes: bibliográficas, legislativas, entrevistas orais e prontuários médicos. Os percursos teóricos delineiam-se a partir das percepções de Michel Foucault no que diz respeito às relações de poder e do conceito de território proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, em diálogo com uma história das emoções de Alain Corbin, Jean-Jacques Courtine e Georges Vigarello. Na trama metodológica, perpassamos pela história oral, a partir dos ensinamentos de Alessandro Portelli, além de manusearmos o conceito de análise do discurso elaborado por Foucault. Dessa maneira, intencionamos discutir acerca da história recente da loucura em sua esfera local, percebendo as suas implicações, continuidades e experiências enquanto parte do(s) cenário(s) macro e micro da(s) Reforma(s) Psiquiátrica(s).

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  • PAULO JOSÉ FALCÃO PATRIOTA
  • De Homens à Mártires: A fabricação dos Quarenta Mártires do Brasil a partir da iconografia jesuíta. (1608 - 1680)

  • Orientador : BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • CAMILA CORREA E SILVA DE FREITAS
  • Data: 13/12/2023

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  • A presente dissertação analisa o desenvolvimento da produção iconográfica sobre o padre jesuíta Inácio de Azevedo e seus 39 companheiros, conhecidos como Quarenta Mártires do Brasil, e sua relação com a noção de martírio apropriada pela Companhia de Jesus, entre 1608 e 1680. Os jesuítas liderados por Azevedo, assassinados por huguenotes franceses na região das Ilhas Canárias em 1570, foram escolhidos por representar um caso que percorre e sofre às mudanças estruturais da Igreja Católica na época moderna, desde a alteração dos cânones relativos às artes pictóricas pós-Concílio de Trento, até a estabilização de uma nova estrutura de santificação iniciada pela Congregação dos Ritos em 1588. Dessa forma, elaboramos este trabalho com a intenção de iluminar a trajetória artístico-cultural sobre os Quarenta Mártires do Brasil, bem como analisar sua transformação de homens em mártires a partir de gravuras e pinturas produzidas pela Companhia de Jesus ao longo do século XVII.


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  • Nesta dissertação, objetivamos compreender a cultura martirológica gerada pela Companhia de Jesus mediante sua produção iconográfica no período compreendido entre 1608 e 1680. Para alcançar este objetivo, empenhamos nossas diligências na análise do caso dos chamados Quarenta Mártires do Brasil, jesuítas liderados pelo padre Inácio de Azevedo, que foram mortos sob as mãos de corsários huguenotes franceses nas águas das ilhas Canárias, em 15 de julho de 1570. O grupo liderado por Azevedo foi escolhido por representar um caso que extravasa as reconfigurações estruturais da Igreja Católica na época moderna, desde a alteração dos cânones relativos às artes pictóricas pós-Trento até a estabilização de uma nova estrutura de santificação iniciada pela Congregação dos Ritos em 1588. Dessa forma, confeccionamos a presente obra com a intenção de iluminar a trajetória artístico-cultural sobre o padre Inácio de Azevedo e seus 39 companheiros, bem como sua gradual e lenta transmutação no âmbito do conceito de martírio. Com essa aspiração, analisamos as vicissitudes artísticas da Igreja, notadamente no seio da Companhia de Jesus pós-Concílio de Trento, o desenvolvimento das representações iconográficas sobre os Quarenta Mártires e as mudanças sofridas por elas no decorrer dos processos canônicos ao longo do século XVII.

Teses
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  • THIAGO BRAGA TELES DA ROCHA
  • “APELANDO PARA A JUSTIÇA DE DEUS, NA VOZ DA HISTÓRIA”: A FABRICAÇÃO DE PASSADOS POR PADRES EM SOBRAL (1922 - 1991)

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • TEMÍSTOCLES AMÉRICO CORRÊA CEZAR
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • FRANCISCO DENIS MELO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 13/02/2023

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  • Esta tese estuda textos escritos por sacerdotes católicos responsáveis pela fabricação de passados sobre a cidade de Sobral, através da historiografia e de outros gêneros, como biografias, genealogias e livros de memórias, publicados entre os  anos de 1922 e 1991. Tais textos são tratados como referências à historiografia contemporânea e ao poder público; fundamentais a construção de identidades e para o ordenamento do tempo em Sobral. A pesquisa busca analisar o lugar social, a prática e a escrita das obras de cinco clérigos (Fortunato Alves Linhares, Vicente Martins da Costa, Dom José Tupinambá da Frota, João Mendes Lira e Francisco Sadoc de Araújo), divididos em duas gerações, na qual se problematiza, a partir das respectivas operações historiográficas, as definições de arquivos, as construções de conceitos e a consolidação de narrativas historiográficas que proporcionaram a montagem de imagens sobre a cidade de Sobral, que foram apropriadas, ao longo do tempo, pelo poder público, onde se consolidam visões idealizadas de uma cidade modelar, católica e branca, que deveria ter seu modelo exportado para outras espacialidades. No primeiro capítulo, estudamos um pouco sobre os protagonistas da escrita da história na cidade, na busca em elucidar acerca do lugar social de cada um. No capítulo seguinte, analisa-se de forma mais densa sobre o fazer historiográfico realizado pelos clérigos, especialmente na prática e na escrita da história. No terceiro capítulo, analisamos a construção de autoimagens associadas que ajudam a compor o conceito de sobralidade, fundamental para a política sobralense. Por fim, no quarto capítulo, realizamos reflexões sobre a produção de discursos na história, e a utilização destes pelo poder público, acerca das expedições para verificação da Teoria da Relatividade, no ano de 1919.


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  • Este trabalho se baseia no estudo acerca da fabricação da historiografia sobralense produzida por padres-historiados, entre os anos de 1922 e 1991. A pesquisa busca analisar o lugar social, a prática e a escrita das obras de cinco clérigos (Fortunato Alves Linhares, Vicente Martins da Costa, Dom José Tupinambá da Frota, João Mendes Lira e Francisco Sadoc de Araújo), divididos em duas gerações, problematizando, a partir das respectivas operações historiográficas, as definições de arquivos, as construções de conceitos e a consolidação de redistribuições recorrentes nas narrativas historiográficas que proporcionaram a montagem de imagens sobre a cidade de Sobral que foram apropriadas, ao longo do tempo, pelo poder público, consolidando visões idealizadas de uma cidade modelar, católica e branca, que deveria ter seu modelo exportado para outras espacialidades. Tais imagens serviram como mote para consolidar uma cidade com “raízes históricas” bem definidas, mas que também se move para o “progresso”, buscando, a partir da história, proteger o passado da cidade ao passo que tenta pavimentar um discurso para o futuro, almejando uma posse da ordem do tempo, tratando as obras historiográficas como bíblias para a cidade. No primeiro capítulo, estudamos um pouco sobre os protagonistas da escrita da história na cidade, tentando entender um pouco do lugar social de cada um. No capítulo seguinte, realizamos uma análise mais densa sobre o fazer historiográfico realizado pelas padres-historiadores, adentrando especialmente na prática e na escrita da história. No terceiro capítulo, analisamos a construção de autoimagens associadas que ajudam a compor o conceito de sobralidade, fundamental para a política sobralense. Por fim, no quarto capítulo, realizamos reflexões sobre a produção de discursos na história, e a utilização destes pelo poder público, acerca das expedições para verificação da Teoria da Relatividade, no ano de 1919.

2
  • JOSÉ RODRIGO DE ARAÚJO SILVA
  • Violência, crime e prisão: a atuação do aparato jurídico-policial em processos de trabalhadores rurais na Zona da Mata Sul de Pernambuco (1946-1964)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MONIQUE GUIMARÃES CITTADINO
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MARCÍLIA GAMA DA SILVA
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 03/03/2023

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  • Este trabalho versa sobre as práticas de violência, crime e prisão nas plantações açucareiras de Pernambuco (plantation), durante o período democrático (1946-1964). Defendo a tese de que os usos sistemáticos da violência só foram possíveis graças a uma série de fatores, dispositivos e mecanismos da segurança pública e do judiciário na Zona da Mata que atuaram no sentido de viabilizar – direta e indiretamente - a violência patronal. Desta forma, faz-se necessário uma análise dos modos de atuação dos agentes públicos e das instituições, bem como um detalhamento dos inquéritos, processos e sentenças sobre os trabalhadores. O estudo parte da premissa de que a violência estrutural do cotidiano canavieiro era um fator determinante para o funcionamento do sistema monocultor. Sendo assim, a participação do Estado foi fundamental através do aparato jurídico-policial na região. Se por um lado havia uma omissão estatal diante da violência patronal organizada, por outro, a Polícia e a Justiça colaboravam através de instituições, órgãos de segurança e espaços de encarceramento e trabalho, garantindo assim a estrutura das plantações nas terras do açúcar.


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  • Este trabalho versa sobre as práticas de violência, crime e prisão nas plantações açucareiras de Pernambuco (plantation), durante o período democrático (1946-1964). Defendo a tese de que os usos sistemáticos da violência só foram possíveis graças a uma série de fatores, dispositivos e mecanismos da segurança pública e do judiciário na Zona da Mata que atuaram no sentido de viabilizar – direta e indiretamente - a violência patronal. Desta forma, faz-se necessário uma análise dos modos de atuação dos agentes públicos e das instituições, bem como um detalhamento dos inquéritos, processos e sentenças sobre os trabalhadores. O estudo parte da premissa de que a violência estrutural do cotidiano canavieiro era um fator determinante para o funcionamento do sistema monocultor. Sendo assim, a participação do Estado foi fundamental através do aparato jurídico-policial na região. Se por um lado havia uma omissão estatal diante da violência patronal organizada, por outro, a Polícia e a Justiça colaboravam através de instituições, órgãos de segurança e espaços de encarceramento e trabalho, garantindo assim a estrutura das plantações nas terras do açúcar.

3
  • ARYANNY THAYS DA SILVA
  • MULHERES FOTÓGRAFAS NO RECIFE (1978-2019): Trajetórias, gênero e fotografia


  • Orientador : REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ELSON DE ASSIS RABELO
  • ISABELLA CHIANCA BESSA RIBEIRO DO VALLE
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • SILVANA LOUZADA DA SILVA
  • Data: 10/03/2023

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  • A tese apoia-se na compreensão da prática fotográfica como parte da experiência histórica contemporânea.  Tem como base o estudo da trajetória de quatorze fotógrafas que atuaram na cidade do Recife entre 1978-2019. Ao longo deste período inscrevem-se três gerações de mulheres fotógrafas que ousaram se afirmar em uma profissão majoritariamente masculina e sujeitas as violências assimétricas de gênero. Opera-se com a noção de biografias coletivas ou prosopografia, como instrumento metodológico na circunscrição do universo de fotógrafas estudadas. Na segunda parte da tese procurou-se alinhavar como a prática fotográfica feminina se desdobrou em uma produção visual diversa – no fotojornalismo, passando pelo fotodocumentarismo e chegando à fotografia artística – e na mesma medida engajada com os projetos delimitados por cada fotógrafa dentro do campo de possibilidades que lhes foi apresentado. A pesquisa apresenta documentação baseada em entrevistas orais, matérias de jornais, fotografias, livro de artista, documentos oficiais. O escopo de análise dessas fontes avalia a pluralidade de espaços em que as fotógrafas transitaram, suas redes de sociabilidade em comum e as estratégias de enfrentamento adotadas em seu fazer fotográfico.



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  • A tese apoia-se na compreensão da prática fotográfica como parte da experiência histórica contemporânea.  Tem como base o estudo da trajetória de quatorze fotógrafas que atuaram na cidade do Recife entre 1978-2019. Ao longo deste período inscrevem-se três gerações de mulheres fotógrafas que ousaram se afirmar em uma profissão majoritariamente masculina e sujeitas as violências assimétricas de gênero. Opera-se com a noção de biografias coletivas ou prosopografia, como instrumento metodológico na circunscrição do universo de fotógrafas estudadas. Na segunda parte da tese procurou-se alinhavar como a prática fotográfica feminina se desdobrou em uma produção visual diversa – no fotojornalismo, passando pelo fotodocumentarismo e chegando à fotografia artística – e na mesma medida engajada com os projetos delimitados por cada fotógrafa dentro do campo de possibilidades que lhes foi apresentado. A pesquisa apresenta documentação baseada em entrevistas orais, matérias de jornais, fotografias, livro de artista, documentos oficiais. O escopo de análise dessas fontes avalia a pluralidade de espaços em que as fotógrafas transitaram, suas redes de sociabilidade em comum e as estratégias de enfrentamento adotadas em seu fazer fotográfico.


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  • PAULO DE OLIVEIRA NASCIMENTO
  • NAS TERRAS DO "NORTE DISTANTE"

    A legislação fundiária, a propriedade rural e a política imperial na Província do Amazonas (c. 1850 – c. 1880)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • DAVI AVELINO LEAL
  • MARIA JOSÉ DOS SANTOS
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • VITORIA FERNANDA SCHETTINI
  • Data: 15/03/2023

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  • Nessa tese, analisamos a aplicação da Lei n. 601/1850 na Província do Amazonas, na segunda metade do Oitocentos, momento em que se fazia necessária uma atuação mais efetiva do Estado Imperial na fronteira amazônica. Guiados por alguns dos principais acontecimentos ocorridos nesse contexto – a criação e instalação da Província do Amazonas, respectivamente em 1850 e 1852, e o chamado “boom” da borracha – fomos em busca dos vestígios sobre a ocupação e os usos da terra nesse vasto território, cortado por rios e banhado por uma exuberante floresta, cujas águas e árvores foram – e ainda o são – recursos basilares de processos históricos. O nosso recorte temporal se dilata entre as décadas de 1850 e 1880, período no qual ocorreu não apenas a promulgação e implementação da Lei de Terras, mas também a (re)elaboração daquela que estamos chamando de uma legislação complementar àquela, gestada para atender as especificidades das demandas por terras na Amazônia. Analisamos não apenas a gestão e o conteúdo, mas também os desdobramentos do § 22 do Art. 11 da Lei Geral n. 1.114/1860, dos Avisos Ministeriais de 19 de janeiro de 1864 e de 5 de janeiro de 1865 e do Decreto n. 5655/1874, do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, além da Portaria Provincial n. 27/1885, atos legislativos e executivos da Coroa concebidos para tornar legal a posse e propriedade daquelas terras onde os seringalistas fundaram os seus respectivos seringais, nas quais estavam fincadas as raízes da Hevea brasiliensis. Da análise empreendida, portanto, foi possível perceber que a compilação de um conjunto de normativas complementares foi uma medida necessária para atender às idiossincrasias e demandas da (re)composição da propriedade nas terras do “Norte distante”.


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  • O trabalho discute a aplicação da Lei n. 601/1850 na Província do Amazonas, na segunda metade do Oitocentos, momento em que se fazia necessária uma atuação mais efetiva da geopolítica imperial na fronteira amazônica. Da análise documental, é possível perceber que – dadas as idiossincrasias daquela província – foi necessária a compilação de um conjunto de normativas que serviriam como uma legislação complementar à Lei de Terras e seu regulamento, ao longo das décadas de 1860 e 1870, criando especificidades na (re)composição da propriedade da terra na Província do Amazonas.

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  • ROMULO GABRIEL DE BARROS GOMES
  • "PORQUE HOMEM É HOMEM, NÃO É?": CONSTRUÇÕES E DESCONSTRUÇÕES DA(S) MASCULINIDADE(S) NAS PORNOCHANCHADAS DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • ARTHUR GUSTAVO LIRA DO NASCIMENTO
  • CATARINA AMORIM DE OLIVEIRA ANDRADE
  • MARCÍLIA GAMA DA SILVA
  • RENATO PINTO
  • Data: 08/05/2023

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  • Esta tese investiga as construções e desconstruções das representações masculinas presentes nos discursos veiculados nas pornochanchadas – filmes eróticos, (geralmente) de apelo humorístico, baixo orçamento e grande retorno financeiro, voltados ao público masculino, produzidos durante as últimas décadas da ditadura civil-militar brasileira (décadas de 1970 e 1980). A narrativa foca, primeiramente na construção dos comportamentos e expectativas que atravessam a masculinidade no ocidente desde a modernidade à contemporaneidade, visando dar bases para a compreensão da presença ou ausência de determinados traços pertinentes ao ―ser homem‖ no contexto analisado. Para tal, utiliza-se o pensamento de Daniel Welzer-Lang, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, Pedro Paulo Oliveira, Elizabeth Badinter e outros. Além deste aspecto, a narrativa aborda também a construção do espaço denominado Boca do Lixo, a saber, o centro irradiador da produção cinematográfica nacional no período analisado. Objetivando compreender a trajetória histórica deste espaço, suas disputas de poder, bem como quais estratégias e táticas moveram os atores envolvidos na construção do mesmo como uma região de baixo meretrício, jogos de azar e outros delitos, até a instalação de um polo cinematográfico cujo foco das produções tampouco deixou de explorar estas mesmas atividades já tão arraigadas ao cotidiano da região. Partindo-se desta temática, indaga-se também quais teriam sido as posturas do regime ditatorial frente à persistência da exploração de comportamentos moralmente avessos ao que pregavam os discursos oficiais. Pensa-se a ditadura, suas instituições e agentes, especialmente os da Censura Federal, de maneira não uníssona e heterogênea, composta por sujeitos distintos e disputas internas nos mais variados campos. Acerca da trajetória das pornochanchadas e da Boca do Lixo, faz-se valer dos escritos de Nuno César Abreu, Sidney Chalhoub, Hiroito Joanides, Alfredo Sternheim, entre outros. Acerca da Censura Federal e seus meandros, notadamente concernentes à Divisão de Censura de Diversões Públicas - DCPD, para tal, utilizou-se dos estudos de Carlos Fico, Beatriz Kushnir, Marcília Gama da Silva, Creuza Berg e Jean-Claude Bernadet, por exemplo. Após tratar da censura e seus mecanismos, a análise segue para as produções cinematográficas elencadas para conformar o principal elemento do corpus documental desta tese. Num primeiro momento, são analisadas as obras de David Cardoso e Cláudio Cunha, dois produtores/diretores deste circuito que alcançaram grandes bilheterias e cuja produção repercutiu fortemente no discurso de expectadores comuns e de especialistas. Cunha e Cardoso foram aqui eleitos para representar o que de mais recorrente se viu no gênero denominado como Pornochanchada. Na contramão destes cineastas, destacou-se a breve obra de Tereza Trautman e seu filme Os Homens Que Tive; e dedicou-se em seguida uma especial atenção à obra de Carlos Reichenbach, cujas características autorais e intelectuais o distinguem da maioria dos cineastas daquele momento. O pornô-político de ambos é mote para uma última e mais detalhada análise de como ser homem durante o regime ditatorial não se restringia à masculinidade hegemônica anteriormente destacada.


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  • Esta tese investiga as construções e desconstruções das representações masculinas presentes nos discursos veiculados nas pornochanchadas – filmes eróticos, (geralmente) de apelo humorístico, baixo orçamento e grande retorno financeiro, voltados ao público masculino, produzidos durante as últimas décadas da ditadura civil-militar brasileira (décadas de 1970 e 1980). A narrativa foca, primeiramente na construção dos comportamentos e expectativas que atravessam a masculinidade no ocidente desde a modernidade à contemporaneidade, visando dar bases para a compreensão da presença ou ausência de determinados traços pertinentes ao ―ser homem‖ no contexto analisado. Para tal, utiliza-se o pensamento de Daniel Welzer-Lang, Michel Foucault, Pierre Bourdieu, Pedro Paulo Oliveira, Elizabeth Badinter e outros. Além deste aspecto, a narrativa aborda também a construção do espaço denominado Boca do Lixo, a saber, o centro irradiador da produção cinematográfica nacional no período analisado. Objetivando compreender a trajetória histórica deste espaço, suas disputas de poder, bem como quais estratégias e táticas moveram os atores envolvidos na construção do mesmo como uma região de baixo meretrício, jogos de azar e outros delitos, até a instalação de um polo cinematográfico cujo foco das produções tampouco deixou de explorar estas mesmas atividades já tão arraigadas ao cotidiano da região. Partindo-se desta temática, indaga-se também quais teriam sido as posturas do regime ditatorial frente à persistência da exploração de comportamentos moralmente avessos ao que pregavam os discursos oficiais. Pensa-se a ditadura, suas instituições e agentes, especialmente os da Censura Federal, de maneira não uníssona e heterogênea, composta por sujeitos distintos e disputas internas nos mais variados campos. Acerca da trajetória das pornochanchadas e da Boca do Lixo, faz-se valer dos escritos de Nuno César Abreu, Sidney Chalhoub, Hiroito Joanides, Alfredo Sternheim, entre outros. Acerca da Censura Federal e seus meandros, notadamente concernentes à Divisão de Censura de Diversões Públicas - DCPD, para tal, utilizou-se dos estudos de Carlos Fico, Beatriz Kushnir, Marcília Gama da Silva, Creuza Berg e Jean-Claude Bernadet, por exemplo. Após tratar da censura e seus mecanismos, a análise segue para as produções cinematográficas elencadas para conformar o principal elemento do corpus documental desta tese. Num primeiro momento, são analisadas as obras de David Cardoso e Cláudio Cunha, dois produtores/diretores deste circuito que alcançaram grandes bilheterias e cuja produção repercutiu fortemente no discurso de expectadores comuns e de especialistas. Cunha e Cardoso foram aqui eleitos para representar o que de mais recorrente se viu no gênero denominado como Pornochanchada. Na contramão destes cineastas, destacou-se a breve obra de Tereza Trautman e seu filme Os Homens Que Tive; e dedicou-se em seguida uma especial atenção à obra de Carlos Reichenbach, cujas características autorais e intelectuais o distinguem da maioria dos cineastas daquele momento. O pornô-político de ambos é mote para uma última e mais detalhada análise de como ser homem durante o regime ditatorial não se restringia à masculinidade hegemônica anteriormente destacada.

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  • JAQUELINE LEANDRO FERREIRA
  • A ATUAÇÃO DE DOM JOSÉ MARIA PIRES E DO CENTRO DE DEFESA DOS DIREITOS HUMANOS (CDDH) NA PARAÍBA: lugar de poder e práticas de resistência (1965-1980)

  • Orientador : ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MARCIO ANANIAS FERREIRA VILELA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • PAULO GIOVANI ANTONINO NUNES
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 18/08/2023

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  • A presente pesquisa buscou analisar as atuações sociais de sacerdotes e leigos, membros do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) da Arquidiocese da Paraíba, criada em 1976 pelo então arcebispo Dom José Maria Pires. Investigamos, a partir dos documentos produzidos pelo Serviço Nacional de Informação (SNI), dos documentos do Arquivo Eclesiástico da Paraíba, e de uma fonte de entrevista oral com o frei franciscano Herman Josef, como os membros do CDDH passaram a ser vigiados e perseguidos pelos agentes da repressão. Também identificamos como o CDDH, dotado de um poder estratégico vinculado à Igreja Católica, foi capaz de criar espaços de resistência em um contexto de repressão e violência, como foi o da ditadura militar no Brasil. Para tanto, recorremos à ideia de lugar de poder estratégico produzido pelo autor Michel de Certeau (1994). Estudamos a atuação do CDDH e os tensionamentos e conflitos entre a Igreja e a ditadura militar a partir da experiência social de seus membros.


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  • A presente pesquisa propõe narrar a atuação de Dom José Maria Pires, na Arquidiocese da Paraíba, através da investigação sobre as duas instituições criadas por ele: o Centro de Promoção Humana (CPH) e o Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH). Analisaremos, ainda, como o Serviço Nacional de Informação produziu informações sobre o arcebispo da Paraíba criando um perfil subversivo para o mesmo. Estudaremos, assim, as instituições do CPH e do CDDH como de práticas de resistência no interior da Igreja Católica, ressaltando o lugar de poder do arcebispo como campo de criação de possibilidades de atuação. Essas práticas, alvos do SNI, serão abordadas, também, a partir dos documentos de informação e repressão que foram produzidos ao longo (1965-1976). A partir desses documentos, pesquisaremos a visão que os órgãos de repressão tinham sobre a atuação de Dom José Maria Pires e do CPH e CDDH, os discursos que compunham esses documentos e os conflitos identificados e suas repercussões na relação entre o governo e a Igreja.

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  • JOSINALDO SOUSA DE QUEIROZ
  • RELIGIÃO E FEITIÇARIA NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO NO SÉC. XVIII (1700-1799)

  • Orientador : ROMULO LUIZ XAVIER DO NASCIMENTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ALEXANDRE ALMEIDA MARCUSSI
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • JUCIENE RICARTE APOLINÁRIO
  • VALERIA GOMES COSTA
  • Data: 25/08/2023

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  • Durante décadas a historiografia tem se dedicado a entender o africano e seus descendentes na América Portuguesa. A partir do sistema escravista foi possível conhecer de forma mais aprofundada a presença do negro na sociedade brasileira. Porém, um dos aspectos mais marcantes destes povos que vieram para o lado de cá do Atlântico foi a sua religiosidade. Sendo assim, este trabalho é voltado para as práticas afrorreligiosas trazidas da África e aqui desenvolvidas. O marco temporal deste trabalho engloba todo o século XVIII e o seu recorte espacial são algumas cidades e freguesias que formam a capitania de Pernambuco durante o período de análise. Para tanto, recorrermos aos processos e denúncias produzidos pelo antigo Santo Oficio da Inquisição de Lisboa, que registram a perseguição contra a cosmovisão dos escravizados, livres e libertos. Com isso, buscamos analisar o complexo cenário afrorreligioso criado e recriado durante o setecentos. O objetivo central deste trabalho é discutir, através dos rituais de transe e possessão, adivinhações, bolsas de mandinga, confecção de objetos mágicos, altares e o uso da flora local, como se deu a formação da religiosidade africana em Pernambuco que, no século XIX, viria a ser chamada de candomblé.


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  • Durante décadas a historiografia tem se dedicado a entender o africano e seus descendentes na América Portuguesa. A partir do sistema escravista foi possível conhecer de forma mais aprofundada a presença do negro na sociedade brasileira. Porém, um dos aspectos mais marcantes destes povos que vieram para o lado de cá do Atlântico foi a sua religiosidade. Sendo assim, este trabalho é voltado para as práticas afrorreligiosas trazidas da África e aqui desenvolvidas. O marco temporal deste trabalho engloba todo o século XVIII e o seu recorte espacial são algumas cidades e freguesias que formam a capitania de Pernambuco durante o período de análise. Para tanto, recorrermos aos processos e denúncias produzidos pelo antigo Santo Oficio da Inquisição de Lisboa, que registram a perseguição contra a cosmovisão dos escravizados, livres e libertos. Com isso, buscamos analisar o complexo cenário afrorreligioso criado e recriado durante o setecentos. O objetivo central deste trabalho é discutir, através dos rituais de transe e possessão, adivinhações, bolsas de mandinga, confecção de objetos mágicos, altares e o uso da flora local, como se deu a formação da religiosidade africana em Pernambuco que, no século XIX, viria a ser chamada de candomblé.

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  • ARTHUR DANILLO CASTELO BRANCO DE SOUZA
  • CORROENDO A ÁRVORE DA ESCRAVIDÃO: O CLUBE DO CUPIM E O MOVIMENTO ABOLICIONISTA EM PERNAMBUCO 1880-1900.

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • FELIPE AZEVEDO E SOUZA
  • LUCIAN SOUZA DA SILVA
  • PETRÔNIO JOSÉ DOMINGUES
  • SOLANGE PEREIRA DA ROCHA
  • Data: 28/08/2023

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  • Estudar a formação e a atuação do Clube do Cupim constituiu uma tentativa de enxergar o movimento abolicionista em Pernambuco por todos os ângulos possíveis, pois, longe de ser uma instituição exclusivamente de “elite”, como eram a maior parte das associações emancipacionistas , o Cupim aceitou em suas fileiras membros de diversas camadas sociais. O Clube do Cupim foi oficialmente fundado em 15 de outubro de 1884, e sua formação foi incentivada pelo conjunto de processos que, desde pelo menos o início da década de 1880, vinham se desenrolando no Império. Estudar o Clube do Cupim é, para além de estudar a história do movimento abolicionista, investigar o nascimento do movimento das classes populares, principalmente da população negra, na virada do século XIX para o XX, por cidadania, educação e trabalho. Perscrutar e revelar histórias que foram silenciadas e que podem emergir a partir de uma análise pormenorizada da ação de alguns abolicionistas e dos próprios escravizados , ações que, apesar de menos divulgadas e homenageadas, muito contribuíram para a crise e para o fim da escravidão no Brasil.


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  • Nosso trabalho pretende investigar o movimento abolicionista radical no Brasil e mais especificamente no Norte do Império durante os anos de 1880-1888. Faremos também do Clube do Cupim e da vida do abolicionista maranhense João Ramos os nossos fios condutores nessa tese. Demonstraremos como esse movimento se interligou a diferentes partes do Império brasileiro, de Norte a Sul e como o movimento abolicionista e toda desobediência civil daquele período foi crucial para que a lei da Abolição passasse no Parlamento brasileiro. Em síntese, fomos atrás daquilo que a historiografia macroanalítica deixou de fora das suas narrativas, dos esquecidos da História, do povo “sem nome”, das ações que foram “invisibilizadas”, procurando trazer à tona a ação cotidiana e complementar daqueles que destruíram a escravidão e se sentiram participantes e autores de tal feito. Em se tratando de metodologia podemos dizer que fomos influenciados e nos baseamos em vários trabalhos de trajetórias, biografias e prosopografia histórica, que acompanham a formação das complexas redes dos seus personagens e nos indicaram os caminhos e como analisar os documentos sem nos limitarmos somente a um estudo memorialístico ou biográfico.

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  • GLÁUCIA DE SOUZA FREIRE
  • A TERRA GUARDARÁ AS RAÍZES:

    TRABALHO E AGÊNCIAS INDÍGENAS NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO E SUAS ANEXAS (SÉCULOS XVII-XVIII)

  • Orientador : SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • AGATA NATALIA BLOCH
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • GIAN CARLO DE MELO SILVA
  • JUCIENE RICARTE APOLINÁRIO
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 29/08/2023

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  • Esta tese tem como objetivo central estudar como os povos indígenas da capitania de Pernambuco e suas anexas elaboraram agências e estabeleceram negociações com os colonizadores portugueses diante das novas formas de trabalho impostas pelo processo de invasão e tomada de seus territórios. Durante todo o período colonial, os indígenas desempenharam diversas atividades laborais que contrastavam com seus tradicionais modos de existência, mas que, não raro, foram usadas como espaço de negociação e busca pelo direito à terra. É preciso destacar, contudo, que esses aspectos das relações de poder entre indígenas e colonizadores são traçados em um contexto de violência e gradativa tomada de terras e corpos dos povos originários. A escravização indígena, mantida pelos princípios da “guerra justa” e do “resgate” atravessou os séculos de colonização portuguesa e representou uma constante ameaça para os povos que se mantinham em levante contra a invasão. Além disso, os grupos que se aliavam aos portugueses e ficavam sob missão nos aldeamentos tinham sua força de trabalho constantemente explorada por colonos e missionários, que arrastaram uma intensa disputa pela administração temporal dos indígenas aldeados. Para entender as tessituras dessa complexa teia de relações de poder, utilizamos como fontes para investigação e análise correspondências de caráter político-administrativo, que circulavam principalmente no âmbito do Conselho Ultramarino. Além disso, a legislação colonial e relatos de missionários e viajantes foram fundamentais para pensarmos as relações interétnicas, as relações de poder, marcadas pela violência, mas também pelas negociações, bem como os processos de territorialização e agências indígenas na travessia das fronteiras coloniais da capitania de Pernambuco e suas anexas.


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  • Esta tese tem como objetivo central estudar como os povos indígenas da capitania de Pernambuco e suas anexas elaboraram agências e estabeleceram negociações com os colonizadores portugueses diante das novas formas de trabalho impostas pelo processo de invasão e tomada de seus territórios. Durante todo o período colonial, os indígenas desempenharam diversas atividades laborais que contrastavam com seus tradicionais modos de existência, mas que, não raro, foram usadas como espaço de negociação e busca pelo direito à terra. É preciso destacar, contudo, que esses aspectos das relações de poder entre indígenas e colonizadores são traçados em um contexto de violência e gradativa tomada de terras e corpos dos povos originários. A escravização indígena, mantida pelos princípios da “guerra justa” e do “resgate” atravessou os séculos de colonização portuguesa e representou uma constante ameaça para os povos que se mantinham em levante contra a invasão. Além disso, os grupos que se aliavam aos portugueses e ficavam sob missão nos aldeamentos tinham sua força de trabalho constantemente explorada por colonos e missionários, que arrastaram uma intensa disputa pela administração temporal dos indígenas aldeados. Para entender as tessituras dessa complexa teia de relações de poder, utilizamos como fontes para investigação e análise correspondências de caráter político-administrativo, que circulavam principalmente no âmbito do Conselho Ultramarino. Além disso, a legislação colonial e relatos de missionários e viajantes foram fundamentais para pensarmos as relações interétnicas, as relações de poder, marcadas pela violência, mas também pelas negociações, bem como os processos de territorialização e agências indígenas na travessia das fronteiras coloniais da capitania de Pernambuco e suas anexas.

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  • SIMONE BEZERRIL GUEDES CARDOZO
  • "APLAUDIR A MUDANÇA, QUE NOS ABRE PERSPECTIVAS NOVAS"
    Sentidos inaugurais de república e cidadania em espaços jornalísticos paraibanos (1889-1895)

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CLÁUDIA ENGLER CURY
  • ELIO CHAVES FLORES
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • PAULO GIOVANI ANTONINO NUNES
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 29/08/2023

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  • Esta tese tem o propósito de analisar os sentidos inaugurais de república e cidadania em espaços jornalísticos paraibanos nos anos iniciais do regime político instaurado em 1889. Trata-se de uma temporalidade marcada por incertezas quanto aos rumos e à estruturação da nova ordem que, por conseguinte, viu emergir a possibilidade de definição/redefinição dos citados conceitos em formação. Para tanto, investigou-se que contornos e configurações acerca de tais noções foram articulados e postos em circulação por um conjunto de veículos que se autoproclamava independente. O presente trabalho está centrado entre os anos de 1889-1895, período que engloba o tempo de vida dos jornais analisados: Gazeta da Parahyba, Gazeta do Sertão e Verdade. São impressos que, nascidos no império, recepcionaram a república munidos por uma espécie de “dever de cidadania”, que se relacionava com a própria construção do regime republicano. A imprensa é aqui tomada como uma força central na fixação de repertórios conceituais, ou seja, crucial para bem apreender os termos em que se dá o debate público. Contudo, tem-se consciência de que tal poder apresenta limitações, pois as acepções que se dinamizam pelo mundo social não podem ser direta e exclusivamente correlacionadas àquelas que circulam nos meios jornalísticos. Por outro turno, observa-se que jornais e jornalistas, enquanto sujeitos ativos na sociedade, possuem peculiaridades próprias, que necessitam ser examinadas à luz de seu tempo, como condição essencial para se descortinar, a cada período, a teia de sociabilidade que estabelecem. Desse modo, este estudo se movimenta a partir da dimensão historiográfica que relaciona a história política à cultural, que apreende o político de forma ampliada, considerando seus diferentes modos de representação.


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  • Esta tese tem o propósito de analisar os sentidos inaugurais de república e cidadania em espaços jornalísticos paraibanos nos anos iniciais do regime político instaurado em 1889. Trata-se de uma temporalidade marcada por incertezas quanto aos rumos e à estruturação da nova ordem que, por conseguinte, viu emergir a possibilidade de definição/redefinição dos citados conceitos em formação. Para tanto, investigou-se que contornos e configurações acerca de tais noções foram articulados e postos em circulação por um conjunto de veículos que se autoproclamava independente. O presente trabalho está centrado entre os anos de 1889-1895, período que engloba o tempo de vida dos jornais analisados: Gazeta da Parahyba, Gazeta do Sertão e Verdade. São impressos que, nascidos no império, recepcionaram a república munidos por uma espécie de “dever de cidadania”, que se relacionava com a própria construção do regime republicano. A imprensa é aqui tomada como uma força central na fixação de repertórios conceituais, ou seja, crucial para bem apreender os termos em que se dá o debate público. Contudo, tem-se consciência de que tal poder apresenta limitações, pois as acepções que se dinamizam pelo mundo social não podem ser direta e exclusivamente correlacionadas àquelas que circulam nos meios jornalísticos. Por outro turno, observa-se que jornais e jornalistas, enquanto sujeitos ativos na sociedade, possuem peculiaridades próprias, que necessitam ser examinadas à luz de seu tempo, como condição essencial para se descortinar, a cada período, a teia de sociabilidade que estabelecem. Desse modo, este estudo se movimenta a partir da dimensão historiográfica que relaciona a história política à cultural, que apreende o político de forma ampliada, considerando seus diferentes modos de representação.

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  • RIVALDO AMADOR DE SOUSA
  • Entre dominação e resistência: cotidiano e lutas de homens e mulheres do campo em Alagoa Grande e região - 1964-1985

  • Orientador : MARIA DO SOCORRO FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MARIA DO SOCORRO FERRAZ BARBOSA
  • MARTINHO GUEDES DOS SANTOS NETO
  • PAULO GIOVANI ANTONINO NUNES
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 31/08/2023

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  • Durante a segunda metade do século XX, as transformações por que passaram a área da zona canavieira da Paraíba estão estritamente relacionadas à exploração da cultura da cana-de-açúcar. Nesse espaço e numa conjuntura política de um estado autoritário (1964-1985) um conjunto de eventos históricos explicam, em sua própria imbricação, essas tranformações e mudanças experienciadas por homens e mulheres que laboravam no mundo rural dessas áreas. A chamada “modernização” da indústria da sacarose; a intensificação desenfreada da concentração fundiária; a expansão dos canaviais; a crescente violência patronal contra a gente despossuida do campo; a expulsão de moradores de engenhos, obrigando-os a migrarem para as periferias urbanas, o que redesenhou os perímetros urbanos das grandes e pequenas cidades. O modelo de governo antidemocrático instituido durante o período de 1964 a 1985 empoderou as classes dominantes que concentrou ainda mais em suas mãos capitais econômico, político, social e simbólico. Todos esses fatores permitiram a precarização ainda maior das condições de trabalho e de vida; a intensificação da pobreza, da miséria no campo e nas pontas de rua. Essa tese de doutoramento estuda as práticas de dominação de senhores de terra e de política e de resistência da classe trabalhadora rural em Alagoa Grande - município localizado na microrregião do Brejo, aproximadamente a 120 km a oeste da capital do Estado - em diálogo constante com as diversas experiências ocorridas em outras regiões da zona canavieira da Paraíba. Foram várias as formas pelas quais homens e mulheres do campo mobilizaram esforços no sentido de conter esse processo de dominação, investindo forças, por meio de diferentes formas de resistência, contra a todas as formas de opressão vivenciadas em seus cotidianos e refletidas diretamente em suas condições de vida e de trabalho. Os embates travados entre empregadores e empregados, moradores e proprietários, rendeiros e senhores de terra constituiram na zona canavieira um espaço de tensão e ocuparam páginas de jornais, mobilizando uma parcela da sociedade. Em sua arte de resistir, trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam diversos espaços formais e não formais, denunciando e promovendo embates. Além das página da imprensa, sindicatos, fóruns, ruas, praças, igrejas também se tornaram lugares de uma luta política que permitiu o enfraquecimento da dominação das elites agrárias e políticas, denunciando a exploração, a violência patronal e do próprio estado. Assim, homens e mulheres do campo mobilizaram esforços no sentido de conter esse processo de dominação, investindo forças, por meio de diferentes formas de resistência contra a todas as formas de opressão vivenciadas em seus cotidianos e refletidas diretamente em suas condições de vida e de trabalho. O abundante material documental que tivemos acesso nos permitiu reescrever as experiências dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da zona canavieira da Paraiba, posibilitando identificar que as suas lutas de resistência lhes consentiram fraturar as velhas relações no campo e construir condições para uma reconfiguração nas relações de poder e de trabalho no mundo rural, o que lhes proporciou sair do silêncio e evocar seus lugares na sociedade enquanto sujeitos de direitos.


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  • Durante a segunda metade do século XX, as transformações por que passaram a área da zona canavieira da Paraíba estão estritamente relacionadas à exploração da cultura da cana-de-açúcar. Nesse espaço e numa conjuntura política de um estado autoritário (1964-1985) um conjunto de eventos históricos explicam, em sua própria imbricação, essas tranformações e mudanças experienciadas por homens e mulheres que laboravam no mundo rural dessas áreas. A chamada “modernização” da indústria da sacarose; a intensificação desenfreada da concentração fundiária; a expansão dos canaviais; a crescente violência patronal contra a gente despossuida do campo; a expulsão de moradores de engenhos, obrigando-os a migrarem para as periferias urbanas, o que redesenhou os perímetros urbanos das grandes e pequenas cidades. O modelo de governo antidemocrático instituido durante o período de 1964 a 1985 empoderou as classes dominantes que concentrou ainda mais em suas mãos capitais econômico, político, social e simbólico. Todos esses fatores permitiram a precarização ainda maior das condições de trabalho e de vida; a intensificação da pobreza, da miséria no campo e nas pontas de rua. Essa tese de doutoramento estuda as práticas de dominação de senhores de terra e de política e de resistência da classe trabalhadora rural em Alagoa Grande - município localizado na microrregião do Brejo, aproximadamente a 120 km a oeste da capital do Estado - em diálogo constante com as diversas experiências ocorridas em outras regiões da zona canavieira da Paraíba. Foram várias as formas pelas quais homens e mulheres do campo mobilizaram esforços no sentido de conter esse processo de dominação, investindo forças, por meio de diferentes formas de resistência, contra a todas as formas de opressão vivenciadas em seus cotidianos e refletidas diretamente em suas condições de vida e de trabalho. Os embates travados entre empregadores e empregados, moradores e proprietários, rendeiros e senhores de terra constituiram na zona canavieira um espaço de tensão e ocuparam páginas de jornais, mobilizando uma parcela da sociedade. Em sua arte de resistir, trabalhadores e trabalhadoras rurais ocuparam diversos espaços formais e não formais, denunciando e promovendo embates. Além das página da imprensa, sindicatos, fóruns, ruas, praças, igrejas também se tornaram lugares de uma luta política que permitiu o enfraquecimento da dominação das elites agrárias e políticas, denunciando a exploração, a violência patronal e do próprio estado. Assim, homens e mulheres do campo mobilizaram esforços no sentido de conter esse processo de dominação, investindo forças, por meio de diferentes formas de resistência contra a todas as formas de opressão vivenciadas em seus cotidianos e refletidas diretamente em suas condições de vida e de trabalho. O abundante material documental que tivemos acesso nos permitiu reescrever as experiências dos trabalhadores e trabalhadoras rurais da zona canavieira da Paraiba, posibilitando identificar que as suas lutas de resistência lhes consentiram fraturar as velhas relações no campo e construir condições para uma reconfiguração nas relações de poder e de trabalho no mundo rural, o que lhes proporciou sair do silêncio e evocar seus lugares na sociedade enquanto sujeitos de direitos.

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  • ANTONIO ALVES PEREIRA DA SILVA SOBRINHO
  • SURGIMENTO DA HISTÓRIA DA ARTE E DA CRÍTICA DE ARTE NO BRASIL:

    DA MISSÃO ARTÍSTICA FRANCESA À SEMANA DE ARTE MODERNA (1816-1922)


  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • JOANA D ARC DE SOUSA LIMA
  • MARIA GABRIELA MARTIN AVILA
  • PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES
  • Data: 31/08/2023

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  • A proclamação da República (1889) trouxe,  entre outras coisas, uma visão parcial e depreciativa sobre a produção cultural brasileira durante o século XIX, em especial desde a chegada da Missão Artística Francesa (1816) até o golpe republicano. No campo das Artes Plásticas esta visão depreciativa denunciava um atraso de nossa produção pictural e escultórica, configurada como uma imitação tosca e pouco criativa dos modelos acadêmicos europeus;  a Semana de Arte Moderna (1822) vai consolidar estes equívocos. A partir dos anos 1930, uma série de pesquisadores ligados ao serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional deu início a uma investigação descritiva e crítica sobre a arquitetura,  a talha, as imagens sacras, as pinturas produzidas desde o século XVI até o século XIX, valorizando em especial artistas e artífices nascidos na então colônia (1500-1815) e no Brasil Reino Unido (1816-1822) e no Brasil Império (1822-1889). Debruçados sobre essas pesquisas (1930-1950), novos pesquisadores aprofundaram a temática e derramaram luzes de crítica positiva às obras produzidas por artistas e artífices desse recorte espaço-temporal.  Nos anos 1960,  outro bloco de pesquisadores passou a fazer análise crítica das visões depreciativas sobre nossa arte colonial e imperial. Ao mesmo tempo, traçava-se as bases para o estudo da História da Arte e da crítica de Arte no Brasil e das influências que nossos artistas,  artífices, historiadores e críticos de arte sofreram para produzirem suas obras. O doutorando Antônio Alves Sobrinho expõe em  sua tese como surgiram a História da Arte e da Crítica de Arte no Brasil entre 1816 e 1922.



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  • A proclamação da República (1889) trouxe,  entre outras coisas, uma visão parcial e depreciativa sobre a produção cultural brasileira durante o século XIX, em especial desde a chegada da Missão Artística Francesa (1816) até o golpe republicano. No campo das Artes Plásticas esta visão depreciativa denunciava um atraso de nossa produção pictural e escultórica, configurada como uma imitação tosca e pouco criativa dos modelos acadêmicos europeus;  a Semana de Arte Moderna (1822) vai consolidar estes equívocos. A partir dos anos 1930, uma série de pesquisadores ligados ao serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional deu início a uma investigação descritiva e crítica sobre a arquitetura,  a talha, as imagens sacras, as pinturas produzidas desde o século XVI até o século XIX, valorizando em especial artistas e artífices nascidos na então colônia (1500-1815) e no Brasil Reino Unido (1816-1822) e no Brasil Império (1822-1889). Debruçados sobre essas pesquisas (1930-1950), novos pesquisadores aprofundaram a temática e derramaram luzes de crítica positiva às obras produzidas por artistas e artífices desse recorte espaço-temporal.  Nos anos 1960,  outro bloco de pesquisadores passou a fazer análise crítica das visões depreciativas sobre nossa arte colonial e imperial. Ao mesmo tempo, traçava-se as bases para o estudo da História da Arte e da crítica de Arte no Brasil e das influências que nossos artistas,  artífices, historiadores e críticos de arte sofreram para produzirem suas obras. O doutorando Antônio Alves Sobrinho expõe em  sua tese como surgiram a História da Arte e da Crítica de Arte no Brasil entre 1816 e 1922.


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  • JOSÉ DE ARIMATÉA VITORIANO DE OLIVEIRA
  • NORMAS E FORMAS DA ESCRITA DA HISTÓRIA DO CEARÁ (1884-1903)

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • GLEUDSON PASSOS CARDOSO
  • KLEITON DE SOUSA MORAES
  • MARIA REGINA SANTOS DE SOUZA
  • Data: 31/08/2023

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  • O presente trabalho busca compreender as normas e as formas de escrita da história do Ceará, entre 1884, ano de publicação da obra pioneira de Rodolfo Teófilo referente à temática da seca e sua história, e o ano de 1903, quando a instituição histórica local se envolveu na publicação de uma obra dedicada à escrita de uma história para o Ceará, o denominado Livro do Tricentenário, dotando essa terra, finalmente, de uma narrativa histórica criteriosa, preenchendo a lacuna, enunciada por aquela entidade, de que o Ceará ainda não possuía sua história escrita, o que impediria, portanto, que esse lugar almejasse os foros de civilizado. Daquela entidade, o Instituto do Ceará, partiram as normas dessa produção, pautadas na observância de métodos que valorizavam os documentos e impunham a imparcialidade ao historiador. Porém, para além dessas normas, outras formas de escrita da história do Ceará podem ser referidas, tendo a seca como temática privilegiada dessas histórias. Dessa maneira, analisando temas e autores referidos, em meio a um ambiente intelectual estagnado e restrito, nas décadas finais do século XIX e o começo do século XX, é que buscamos compreender as condições de produção dessas narrativas sobre a história cearense e as especificidades de sua escrita.


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  • O presente trabalho busca compreender as normas e as formas de escrita da história do Ceará, entre 1884, ano de publicação da obra pioneira de Rodolfo Teófilo referente à temática da seca e sua história, e o ano de 1903, quando a instituição histórica local se envolveu na publicação de uma obra dedicada à escrita de uma história para o Ceará, o denominado Livro do Tricentenário, dotando essa terra, finalmente, de uma narrativa histórica criteriosa, preenchendo a lacuna, enunciada por aquela entidade, de que o Ceará ainda não possuía sua história escrita, o que impediria, portanto, que esse lugar almejasse os foros de civilizado. Daquela entidade, o Instituto do Ceará, partiram as normas dessa produção, pautadas na observância de métodos que valorizavam os documentos e impunham a imparcialidade ao historiador. Porém, para além dessas normas, outras formas de escrita da história do Ceará podem ser referidas, tendo a seca como temática privilegiada dessas histórias. Dessa maneira, analisando temas e autores referidos, em meio a um ambiente intelectual estagnado e restrito, nas décadas finais do século XIX e o começo do século XX, é que buscamos compreender as condições de produção dessas narrativas sobre a história cearense e as especificidades de sua escrita.

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  • JUÁRLYSON JHONES SANTOS DE SOUZA
  • PERFECTUS ADVOCATUS:

    ADVOCACIA E PODER NOS AUDITÓRIOS JUDICIAIS DAS CAPITANIAS DO NORTE (1669-1759)


  • Orientador : SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • GUSTAVO AUGUSTO MENDONCA DOS SANTOS
  • JEANNIE DA SILVA MENEZES
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 31/08/2023

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  • Esta tese é um estudo sobre o grupo de advogados que atuaram nos auditórios judiciais das Capitanias do Norte do Estado do Brasil, entre os anos de 1669 e 1759. Pretendemos discutir como ocorria o exercício da advocacia nos espaços da justiça a partir das trajetórias sociais dos advogados, da relevância dos seus percursos acadêmicos de formação letrada para este ofício e da complexidade dos conflitos político-institucionais em que estavam envolvidos. Nosso interesse também foi o de analisar as dinâmicas de ingresso, distribuição e circulação dos advogados entre os juizados de primeira instância existentes entre as Capitanias do Norte e em direção ao seu centro judiciário, corporificado pelos auditórios da cidade de Olinda e da vila de Santo Antônio do Recife, por meio da política de provisionamento régio adotada pelo Conselho Ultramarino para a administração da justiça neste território. 

     


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  • Esta tese é um estudo sobre o grupo de advogados que atuaram nos auditórios judiciais das Capitanias do Norte do Estado do Brasil, entre os anos de 1669 e 1759. Pretendemos discutir como ocorria o exercício da advocacia nos espaços da justiça a partir das trajetórias sociais dos advogados, da relevância dos seus percursos acadêmicos de formação letrada para este ofício e da complexidade dos conflitos político-institucionais em que estavam envolvidos. Nosso interesse também foi o de analisar as dinâmicas de ingresso, distribuição e circulação dos advogados entre os juizados de primeira instância existentes entre as Capitanias do Norte e em direção ao seu centro judiciário, corporificado pelos auditórios da cidade de Olinda e da vila de Santo Antônio do Recife, por meio da política de provisionamento régio adotada pelo Conselho Ultramarino para a administração da justiça neste território. 

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  • RAFAEL SANTANA BEZERRA
  • OS “MENORES ANORMAIS” 

    DISCURSOS, PRÁTICAS PSIQUIÁTRICAS E PSICOPEDAGÓGICAS SOBRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM PERNAMBUCO 1926-1945

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CLÁUDIA FREITAS DE OLIVEIRA
  • HUMBERTO DA SILVA MIRANDA
  • PEDRO FELIPE NEVES DE MUÑOZ
  • YONISSA MARMITT WADI
  • Data: 06/10/2023

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  • O presente trabalho busca investigar a apropriação da infância e da juventude pelas ciências psiquiátricas e psicopedagógicas em Pernambuco na primeira metade do século XX. Mais especificamente, nosso objetivo central é caracterizar a construção histórica do conceito de “menores anormais”, produzido a partir dos discursos e das práticas psiquiátricas e psicopedagógicas vinculadas à autodenominada “Escola de Psiquiatria do Recife”, tendência teórica fundamentada na herança imaterial do Dr. Ulysses Pernambucano. A psiquiatrização da infância e da juventude anormal emergiu no momento de aprofundamento e de aplicação das teorias higienistas e eugenistas, das políticas públicas de assistência à infância abandonada, do movimento de reformas e de modernização das cidades e dos centros urbanos e, por fim, dos debates sobre a ampliação do ensino público no Brasil. Em suma, a concepção de “menores anormais” é um efeito histórico do desejo do poder psiquiátrico em interferir na vida e nos hábitos da população. Os mais jovens, entendidos como futuros formadores da nação, não poderiam ser legados ao esquecimento ou ao abandono governamental. Os médicos, psicólogos e pedagogos trataram, portanto, de incluí-los em suas ingerências. Dessa forma, queremos indicar que a produção discursiva da psiquiatria pernambucana sobre a infância e a juventude foi resultado de uma governamentalidade centrada em disciplinar e regulamentar a população pernambucana em termos biopolíticos, produzindo, a partir do “dispositivo de segurança” da instituição médico-governamental, denominada de “Divisão de Assistência aos Psicopatas” (1931), os enquadramentos da vida considerada normal e anormal e, portanto, apta ou não ao convívio social. Assim, produziram-se estratégias de condução da vida das crianças e de suas famílias a partir das normativas da higiene mental, bem como foram elaborados e aplicados testes de inteligência para enquadrar os jovens no conjunto das anormalidades, ao mesmo tempo em que se instituiu uma escola especial para esse público e, sobretudo, se manteve um espaço asilar para afastar os ineducáveis e intratáveis.


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  • O presente trabalho busca investigar a apropriação da infância pela ciência psiquiátrica pernambucana na primeira metade do século XX. Mais especificamente, nosso objetivo central é o de caracterizar a construção histórica do conceito de “infância anormal” produzida a partir dos discursos e das práticas psiquiátricas e psicopedagógicas vinculadas à autodenominada “Escola de Psiquiatria do Recife”, tendência teórica fundamentada na herança imaterial da figura do Dr. Ulysses Pernambucano. A concepção de “infância anormal” emerge justamente no momento de aprofundamento e de aplicação das teorias higienistas e eugenistas no Brasil, das políticas públicas de assistência à infância abandonada, do movimento de reformas e de modernização das cidades e dos centros urbanos e, por fim, dos debates sobre a ampliação do ensino público. Em suma, a concepção de “crianças anormais” é um efeito histórico do desejo do poder psiquiátrico em interferir na vida e nos hábitos da população. Os mais jovens, entendidos como futuros formadores da nação, não poderiam ser legados ao esquecimento ou ao abandono governamental. Os médicos, psicólogos e pedagogos, trataram, portanto, de incluí-los em suas ingerências. Dessa forma, queremos indicar que a produção discursiva da psiquiatria pernambucana sobre a infância foi resultado de uma governamentalidade preocupada em disciplinar e regulamentar a população pernambucana em termos biopolíticos, produzindo, a partir do “dispositivo de segurança” da instituição médico-governamental, denominada de “Organização de Assistência aos Psicopatas” (1931), os enquadramentos da vida consideradas normais e anormais e, portanto,
    aptas ou não ao convício social. Assim, produziu-se estratégias para regulamentar a infância e a família a partir de normativas baseadas na higiene mental, bem como, elaborou-se e aplicou-se testes de inteligência e de personalidade para enquadrar os jovens no conjunto das anormalidades, ao mesmo tempo que se instituiu uma escola especial para “crianças anormais” e, sobretudo, que se manteve um espaço asilar para afastar os ineducáveis e intratáveis.

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  • AMANDA ALVES MIRANDA CAVALCANTI
  • MÁRIO SETTE, O CONDUTOR DE TRAVESSIAS HISTÓRICAS PELO RECIFE

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • ANGELA MARIA DE CASTRO GOMES
  • CIBELE BARBOSA DA SILVA ANDRADE
  • MARIETA DE MORAES FERREIRA
  • Data: 06/11/2023

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  • Esta tese tem como objetivo promover um estudo sobre a trajetória do escritor e historiador pernambucano Mário Sette (1984-1950), investigando especificamente a sua produção intelectual e as memórias construídas sobre ele. Vamos partir da hipótese de que ele teve um papel importante na construção de uma cultura histórica republicana em Pernambuco, na formação de identidades nacional e regional e também na elaboração de um sentimento de pernambucanidade. Nosso foco principal é compreender o seu papel como um intelectual mediador que, durante as décadas de 1920, 1930 e 1940, se especializou na produção de uma “história ensinável” em diversos veículos de grande disseminação, dirigida a um público amplo e diversificado, formado por não especialistas no saber histórico. Dessa forma, vamos analisar algumas operações memorialísticas elaboradas durante a sua vida e após a sua morte,
    que o definiram como um dos marcos referenciais para o surgimento de um sentimento de pertencimento identitário em Pernambuco. Além disso, vamos analisar três modalidades distintas de produtos de mediação cultural pelas quais Mário Sette desenvolveu seu trabalho de divulgação e vulgarização do conhecimento histórico: os seus “livros de leitura” de cunho histórico voltados para o público escolar, como “Terra Pernambucana” (1925) e “Brasil, minha terra!” (1928); seu primeiro livro de crônicas históricas, direcionado aos adultos, “Maxambombas e Maracatus” (1935), e também o programa de rádio Evocações, irradiado de 1948 a 1949 na Rádio Jornal do Commercio, de Recife.


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  • A presente pesquisa tem como objetivo promover um estudo sobre a trajetória do escritor e historiador pernambucano Mário Sette (1984-1950), investigando especificamente a sua produção intelectual e as memórias construídas sobre ele. Vamos partir da hipótese de que ele teve um papel importante na construção de uma cultura histórica republicana em Pernambuco, na formação de identidades nacional e regional e também na elaboração de um sentimento de pernambucanidade. Nosso foco principal é compreender a sua atuação como um intelectual mediador que, durante as décadas de 1920, 1930 e 1940, se especializou na produção de uma “história ensinável” em diversos veículos de grande disseminação, dirigida a um público amplo e diversificado, formado por não especialistas no saber histórico. Dessa forma, vamos analisar, sobretudo, seus “livros de leitura” sobre História do Brasil, voltados para o público escolar, como “Terra Pernambucana” (1925) e “Brasil, minha terra!” (1928), seus livros de crônicas históricas, com destaque para “Maxambombas e Maracatus” (1925) e “Arruar: História Pitoresca do Recife Antigo” (1948), e também suas narrativas históricas irradiadas pela Rádio Clube de Pernambuco e pela Rádio Jornal do Commercio, nas décadas de 1930 e 1940. 

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  • YURI MANUEL FRANCISCO AGOSTINHO
  • TRÂNSITOS ENTRE A HISTÓRIA DA CIDADE COLONIAL DE LUANDA E A MEMÓRIA DOS SEUS BAIRROS INDÍGENAS, 1942 – 1962.

     



  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARISSA JEAN MOORMAN
  • ALBERTO PINTO
  • CIBELE BARBOSA DA SILVA ANDRADE
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • WASHINGTON SANTOS NASCIMENTO
  • Data: 20/11/2023

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  • O presente estudo busca o entendimento de uma história de conexões, ligada ao espaço urbano colonial de Luanda. O desdobramento desta história leva-nos para uma escala reduzida sinalizada para a questão dos bairros indígenas de Luanda. Esta tese visa compreender o que esteve na base para a construção de bairros indígenas em Luanda. A hipótese que defendemos é a de que, embora o processo de construção de bairros indígenas em Luanda afigura-se com um cunho “aparentemente social”, suas bases estavam assentes numa perspectiva discriminatória. Para entendermos esta história, utilizaram-se como fontes: jornais, manuscritos, decretos, códices, editais, regulamentos, livros de memórias, depoimentos, fotografias e boletins: o oficial de Angola e o geral das colônias. A metodologia utilizada constituiu-se a partir dos seguintes eixos: o estabelecimento de uma periodização, a veracidade das fontes baseadas no exercício da crítica interna e externa, a história oral, técnicas não documentais: (participação - observação), a etnografia na cidade e o enfoque multidisciplinar. Ao discorrermos para os bairros indígenas, foi necessário intensamente decifrar a cidade, reconhecer o corpo do “indígena” na cidade, como os tais ditos indígenas foram tratados na cidade, sobretudo quando a cidade se debatia com problemas em termos de urbanização. Por outro lado, foi necessário contemplar o crescimento da cidade, o Indigenato como dispositivo, os musseques, a cidade do asfalto, o urbanismo, neste tópico, examinamos as questões alusivas as obras em transgressões, a falta de habitação, o que os planos urbanísticos instituíram com base na questão do indígena na cidade, as expropriações de terrenos, as políticas de urbanização, a questão das casas para os tais ditos indígenas, a política indígena, a questão da coabitação na cidade, a instrumentalização de instituições e por último a segregação residencial a partir da separação de bairros e a divisão diferenciada do espaço urbano colonial. A construção de bairros indígenas pode ser vista pelo lado social e como um sinal que nos leva para uma visão contrária onde o racismo relaciona-se na forma como estes bairros foram concebidos e nos dispositivos criados após a edificação e a ocupação dos fogos habitacionais para os ditos indígenas.


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  • O presente estudo busca o entendimento de uma história de conexões, ligada ao espaço urbano colonial de Luanda. O desdobramento desta história leva-nos para uma escala reduzida que é sinalizada para a questão dos bairros indígenas de Luanda. O objectivo central desta tese é de estudar o que esteve na base para a construção de bairros indígenas em Luanda. Interessa-nos saber de forma categórica como foi o processo de construção de bairros indígenas em Luanda. Para chegarmos aos bairros indígenas de Luanda tivemos que mergulhar nas fontes, procedimento que permitiu um entendimento sobre o espaço urbano colonial de Luanda, o seu léxico e o tipo de linguagem que é acessível quando é descortinada no presente a partir de uma conjugação de métodos. Ao discorrermos para os bairros indígenas, foi necessário intensamente decifrar a cidade, reconhecer o corpo do “indígena” na cidade, a forma como o “indígena” foi tratado na cidade, sobretudo quando a cidade debatia-se com problemas em termos de urbanização. Por outro lado, conseguimos ver a relação da cidade com o interior de Angola, o seu crescimento, o indigenato - (como dispositivo), os musseques, a cidade branca, o urbanismo, neste quesito, olhamos para as questões que tem a ver com as obras em transgressões, a falta de habitação, o que os planos urbanísticos instituem com base a questão indígena na cidade, as expropriações de terrenos, as políticas de urbanização, casas para os tais ditos indígenas, a política indígena, a questão da coabitação na cidade, a instrumentalização de instituições e por último a segregação residencial a partir da separação de bairros e a divisão diferenciada do espaço urbano colonial. Por isso a história da construção dos bairros indígenas não pode estar desassociada às continuidades e descontinuidades de um processo colonial. A construção de bairros indígenas pode ser vista pelo lado social e também como um sinal que nos leva para uma visão contrária onde o racismo relaciona-se, por exemplo, na forma como estes bairros foram concebidos e nos dispositivos criados após a edificação e a ocupação dos fogos habitacionais para os ditos indígenas.

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  • JOSENILDO MARQUES DA SILVA
  • "A RAPOSA DO SERTÃO"

    A TRAJETÓRIA DE WILSON LEITE BRAGA E AS PRÁTICAS DA ELITE POLÍTICA PARAIBANA (1950-1970)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • FRANCISCO GLEISON DA COSTA MONTEIRO
  • JOSE ADILSON FILHO
  • PAULO GIOVANI ANTONINO NUNES
  • Data: 20/12/2023

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  • A presente tese investiga a trajetória do parlamentar Wilson Leite Braga na Paraíba, tendo como principal interesse estabelecer os fios que conectam essa trajetória ao perfil, aos comportamentos e às práticas da elite política atuante nesse estado, entre os anos 1950 e 1970. Além de situar os aspectos familiares e educacionais desse político, em consonância com a elite política, o trabalho analisa como a cultura política dessa elite era marcada por um conjunto de práticas diversas – sistema de apadrinhamento, apropriação e usos oportunistas dos partidos políticos, emancipações distritais, fraudes eleitorais – que tinham como exclusiva finalidade garantir a sua permanência no comando dos principais cargos representativos de poder no estado. A pesquisa acentua a necessidade de novas leituras historiográficas que analisem o período posterior à Era Vargas e à Ditadura Militar como momentos de continuidade de antigas práticas políticas, afirmando que tais práticas se contrapõem a algumas ideias consolidadas na historiografia, como a ênfase nos avanços democráticos, pós-Estado Novo, e no aparato repressivo da ditadura durante os sucessivos governos militares. A pesquisa aborda a questão do poder local, afirmando a importância dos municípios como núcleos de sustentação de tradicionais famílias políticas. Para tanto, somadas à bibliografia sobre o período, foram consultadas diferentes fontes, a exemplo de jornais, anais e diários da Câmara dos Deputados, dados do TRE-PB e do TSE, documentos produzidos pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), entre outras. Desse modo, foi possível identificar, com base na trajetória política de Wilson Leite Braga, os elementos de convergência dessa elite no âmbito familiar, a exemplo do uso do campo político como um capital que vai sendo passado entre os novos herdeiros. No aspecto educacional, verificou-se, de igual modo, essa convergência, tendo Wilson Braga e outros políticos passagens por instituições que recebiam tradicionalmente a elite política desse estado. Analisaram-se, assim, os elementos que explicam a longevidade dessa elite em diferentes campos, destacando-se as formas de negociação, acomodação e adesão desse grupo durante momentos de instabilidade no cenário político brasileiro.


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  • A presente tese investiga a trajetória do parlamentar Wilson Leite Braga na Paraíba, tendo como principal interesse estabelecer os fios que conectam essa trajetória ao perfil, comportamentos e práticas da elite política atuante nesse estado, entre os anos 1950 a 1970. Além de situar os aspectos familiares e educacionais desse político, em sua consonância com a elite política, o trabalho analisa como a cultura política dessa elite era marcada por um conjunto de práticas diversas – sistema de apadrinhamento, apropriação e usos oportunistas dos partidos políticos, emancipações distritais, fraudes – que tinham como exclusiva finalidade garantir a sua permanência no comando dos principais cargos representativos de poder no estado. A pesquisa acentua a necessidade de novas leituras historiográficas que analisem o período posterior a Era Vargas e o Regime Militar como momentos de continuidades de antigas práticas políticas, afirmando que tais práticas se contrapõe a algumas ideias consolidadas na historiografia, como a ênfase nos avanços democráticos, pós Estado Novo, e no aparato repressivo da ditadura durante os sucessivos governos militares. Constituindo-se de um trabalho de História Política, a pesquisa aborda a questão do poder local, afirmando a importância dos municípios como núcleos de sustentação e ascensão de tradicionais famílias políticas, em diferentes níveis da representação pública. Para tanto, somada a bibliografia sobre o período, foram consultadas ao longo da pesquisa diferentes fontes, a exemplo de jornais, atas do Congresso Nacional, dados do TRE-PB e TSE, documentos produzidos pelo Serviço Nacional de Informações (SNI), entre outras. Desse modo, foi possível identificar, com base na trajetória política de Wilson Leite Braga, os elementos de convergência dessa elite e suas principais formas de comportamento, no decorrer de diferentes momentos da história política brasileira.

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  • LIDIANA EMIDIO JUSTO DA COSTA
  • "EM TEMPOS DE PAZ E DE GUERRA":

    A GUARDA NACIONAL DA PARAÍBA NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX (1850-1873)

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • FLAVIO HENRIQUE DIAS SALDANHA
  • JONIS FREIRE
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • SERIOJA RODRIGUES CORDEIRO MARIANO
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 22/12/2023

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  • A presente tese tem como objetivo estudar o período concernete à reforma da Guarda Nacional implementada pela Lei n. 609 de 19 de setembro de 1850. Nesse aspecto, buscamos compreender os percursos para que a referida legislação se fizesse valer na Guarda Nacional da Paraíba. A escolha do recorte temporal de 1850 a 1873, explica-se pelo fato de que em 1850 a milícia sofreu sua primeira reforma institucional em consonância com o projeto centralizador do Estado nacional brasileiro. E no ano de 1873, foi quando ocorreu sua terceira reformulação, momento no qual determinou-se que a Guarda deveria circunscrever sua atuação em momentos pontuais que afetasse a nação. Assim, buscamos analisar como ocorreu na província da Paraíba o processo de organização da milícia conforme determinava a lei de sua reformulação em 1850. E dentro dessa conjuntura histórica da segunda metade do século XIX analisamos o recrutamento militar de guardas nacionais em dois períodos- em “tempos de paz” (1858-1863) e durante a Guerra do Paraguai (1864-1870). Momentos importantes que evidenciaram as teias de relacionamentos que os indivíduos utilizaram para escapar do Exército ou Armada e continuarem ao abrigo da milícia. A Guerra do Paraguai colocou em xeque a capacidade de interferência no processo, dos comandantes/oficiais da milícia, os quais acabavam sendo um elo entre a instância local e provincial/central, eles tiveram diante de si a alternativa de cooperar e/ou burlar o envio de guardas paraibanos para o front da Guerra. Estar na comandância da milícia era o último degrau que um indivíduo poderia galgar na instituição, portanto, mostrar-se influente e saber transitar nesse universo marcado por uma cultura política clientelística, exigia do indivíduo capacidade de liderança. De maneira que para muitos deles os títulos e condecorações acabavam por endossar a hierarquia social, conferindo ao detentor a honra e distinção, algo que possuía imensa significação em uma sociedade marcada pela exclusão social e que se sustentava politicamente nos "arranjos, pactos e mercês".


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  • O presente trabalho tem o objetivo de analisar a Guarda Nacional na província da Paraíba no período concernente à segunda metade do século XIX. Iniciaremos com a reforma da legislação da milícia, a Lei n.609 de 19 de setembro de 1850, que implementou mudanças referentes ao sistema eletivo para o oficialato e determinou a subordinação da instituição ao ministério da justiça e ao presidente de província. E concluíremos com uma outra reforma, a de 1873, esta que foi responsável por instituir que a Guarda Nacional só poderia ser convocada em situações extremas, como: guerras, rebeliões e/ou insurreições, devendo se reunir uma vez a cada ano, em dia/horário, determinado pelos comandantes superiores. A Guarda Nacional paraibana, a partir dessas reformas, será o mote que nos permitirá perscrutar como os responsáveis por dar vida ao que se chamava nova Guarda Nacional, conduziram tal missão. Diga-se em uma conjuntura marcada por uma cultura política costurada pelos arranjos, pactos e mercês, da qual, além de serem integrantes desta sociedade, também procuravam se beneficiar das relações e, como mostraremos, isso poderia afetar ou não os trabalhos de reformulação da força cidadã.

2022
Dissertações
1
  • MARIA DO CARMO OLIVEIRA DA SILVA NETA
  • Pernambuco na Carreira da Índia: rotas comerciais entre a Capitania do Norte e a Ásia Portuguesa (XVIII-XIX)

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MARILIA DE AZAMBUJA RIBEIRO MACHEL
  • MOZART VERGETTI DE MENEZES
  • Data: 01/02/2022

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  • A expansão marítima portuguesa e o desejo de conquistar o Oriente levaram Portugal a montar um império ultramarino que esteve presente na América, África e Ásia, de tal forma que a variedade de produtos e os lucros vultosos no início do século XVI inspiraram muitos a tentar a sorte na longínqua Índia, ou na fascinante China. Outros vão mais além e chegam às terras japonesas no extremo leste da Ásia ou se aventuram no comércio de marfim na costa de Moçambique. Com o estabelecimento da Carreira da Índia, rota comercial traçada diretamente entre Lisboa e Goa, se tem um trajeto que vai do Atlântico ao Índico, com paradas de apoio para reabastecimento de provisões e reparos nas embarcações. Na costa brasileira, essas paradas tornam-se foco do contrabando de fazendas asiáticas (cuja comercialização era vedada àqueles fora do espaço metropolitano de Portugal), levando a Coroa a tentar manter um estrito controle sobre essas arribadas até o final do século XVIII. Dentro desse contexto, se tem a presença da capitania de Pernambuco como um porto geograficamente bem localizado para os navios que fizessem a rota da Carreira da Índia, bem como um mercado propenso ao consumo de produtos asiáticos como artigos individuais de luxo ou mercadorias intermediárias a serem lançadas principalmente no comércio de escravizados na costa da África. Sendo assim, se faz necessário compreender as relações entre Pernambuco e a Ásia Portuguesa levando em consideração sua função enquanto ponto de apoio da Carreira da Índia nos primeiros séculos da presença lusitana no Brasil, bem como os primeiros movimentos intracoloniais após o fim das limitações do comércio direto Brasil-Ásia.


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  • A expansão marítima portuguesa e o desejo de conquistar o Oriente levaram Portugal a montar um império ultramarino que esteve presente na América, África e Ásia, de tal forma que a variedade de produtos e os lucros vultosos no início do século XVI inspiraram muitos a tentar a sorte na longínqua Índia, ou na fascinante China. Outros vão mais além e chegam às terras japonesas no extremo leste da Ásia ou se aventuram no comércio de marfim na costa de Moçambique. Com o estabelecimento da Carreira da Índia, rota comercial traçada diretamente entre Lisboa e Goa, se tem um trajeto que vai do Atlântico ao Índico, com paradas de apoio para reabastecimento de provisões e reparos nas embarcações. Na costa brasileira, essas paradas tornam-se foco do contrabando de fazendas asiáticas (cuja comercialização era vedada àqueles fora do espaço metropolitano de Portugal), levando a Coroa a tentar manter um estrito controle sobre essas arribadas até o final do século XVIII. Dentro desse contexto, se tem a presença da capitania de Pernambuco como um porto geograficamente bem localizado para os navios que fizessem a rota da Carreira da Índia, bem como um mercado propenso ao consumo de produtos asiáticos como artigos individuais de luxo ou mercadorias intermediárias a serem lançadas principalmente no comércio de escravizados na costa da África. Sendo assim, se faz necessário compreender as relações entre Pernambuco e a Ásia Portuguesa levando em consideração sua função enquanto ponto de apoio da Carreira da Índia nos primeiros séculos da presença lusitana no Brasil, bem como os primeiros movimentos intracoloniais após o fim das limitações do comércio direto Brasil-Ásia.

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  • KEROLAYNE CORREIA DE OLIVEIRA
  • ENTRE EXPRESSIVAS AUSÊNCIAS E TÍMIDAS PRESENÇAS: A representação dos trabalhadores e trabalhadoras através de fotografias na Zona Canavieira de Pernambuco (1930 a 1950)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • JOSE MARCELO MARQUES FERREIRA FILHO
  • Data: 03/02/2022

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  • Os anos de 1930 e 1940 romperam o silenciamento visual ao qual estavam submetidos os trabalhadores da Zona Canavieira de Pernambuco. Isto é, o período mencionado marca os primeiros fôlegos no sentido de representá-los através de fotografias. Todavia, em sua constituição, essas imagens refletiam outras mais antigas, cujos impulsos foram movidos por projetos racistas, coloniais e imperialistas. Elas portavam, dessa maneira, uma imensa carga discursiva que havia sido, durante muitos anos, manipulada enquanto ferramenta nas mãos das classes dominantes. Na Zona Canavieira, essa estética foi adotada com objetivo de atender a projetos econômicos, políticos e sociais, sobretudo no sentido de perpetuar relações de dominação. A metodologia serial se mostrou uma ferramenta importante para extrair, do conjunto das imagens, preciosas revelações a partir da percepção da repetição de padrões temáticos e estéticos. A historiografia sobre o trabalho e as profundas permanências históricas na região, foram determinantes para pensar as relações de poder que regiam essas tomadas fotográficas. Foram analisadas, sob essa ótica, fotografias oriundas dos periódicos: jornal Diario de Pernambuco e revista Brasil Açucareiro, além dos acervos dos artistas Benício Dias e Lula Cardoso Ayres, pensando nas interseções e especificidades de cada suporte. Percebeu-se que, em grande medida, essas imagens buscavam tanto salvaguardar signos em decadência de uma classe que mergulhava em um contexto de transformações, quanto construir uma identidade nacional para o país, na mesma medida em que almejavam a modernização. Esses são os três principais eixos que inspiraram a tomada de fotografias dos trabalhadores. Suas presenças, não à toa, inserem-se em complexas relações que marcaram os anos de 1930 e 1940.


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  • Os anos de 1930 e 1940 romperam o silenciamento visual ao qual estavam submetidos os trabalhadores da Zona Canavieira de Pernambuco. Isto é, o período mencionado marca os primeiros fôlegos no sentido de representá-los através de fotografias. Todavia, em sua constituição, essas imagens refletiam outras mais antigas, cujos impulsos foram movidos por projetos racistas, coloniais e imperialistas. Elas portavam, dessa maneira, uma imensa carga discursiva que havia sido, durante muitos anos, manipulada enquanto ferramenta nas mãos das classes dominantes. Na Zona Canavieira, essa estética foi adotada com objetivo de atender a projetos econômicos, políticos e sociais, sobretudo no sentido de perpetuar relações de dominação. A metodologia serial se mostrou uma ferramenta importante para extrair, do conjunto das imagens, preciosas revelações a partir da percepção da repetição de padrões temáticos e estéticos. A historiografia sobre o trabalho e as profundas permanências históricas na região, foram determinantes para pensar as relações de poder que regiam essas tomadas fotográficas. Foram analisadas, sob essa ótica, fotografias oriundas dos periódicos: jornal Diario de Pernambuco e revista Brasil Açucareiro, além dos acervos dos artistas Benício Dias e Lula Cardoso Ayres, pensando nas interseções e especificidades de cada suporte. Percebeu-se que, em grande medida, essas imagens buscavam tanto salvaguardar signos em decadência de uma classe que mergulhava em um contexto de transformações, quanto construir uma identidade nacional para o país, na mesma medida em que almejavam a modernização. Esses são os três principais eixos que inspiraram a tomada de fotografias dos trabalhadores. Suas presenças, não à toa, inserem-se em complexas relações que marcaram os anos de 1930 e 1940.

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  • GUSTAVO GALVAO PORTELA MELO
  • ENTRE A VIOLÊNCIA E O TRABALHO:  relações envolvendo trabalhadores e empregadores nos engenhos e usinas do município de Nazaré da Mata


  • Orientador : ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MARCIO ANANIAS FERREIRA VILELA
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 16/02/2022

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  • Esta dissertação tem como objetivo principal analisar historicamente as práticas de violência contra trabalhadores rurais dos engenhos de cana-de-açúcar da Zona da Mata norte do estado de Pernambuco. Operacionalizando com um conceito de violência que desse conta de suas múltiplas formas, buscamos observar como estas eram aplicadas não somente por proprietários de terra e seus subordinados, como também por agentes policiais, e pelo próprio estado brasileiro. Privilegiando uma análise historiográfica dos processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata durante a década de 1970, destacamos como o estado brasileiro construiu uma legislação que permitia a reivindicação legal de direitos trabalhistas no meio rural, principalmente por meio do Estatuto do Trabalhador Rural. Compreendendo o direito e as leis enquanto históricas e, portanto, inclusas nas disputas de poder e passíveis de ampliação e retração, defendemos que esta legislação foi construída de maneira a não abarcar as complexidades do trabalho rural. Dessa forma, a legislação permitia aos proprietários de terra utilizar-se das “brechas” legais para o não pagamento dos direitos garantidos. Compreendendo os trabalhadores rurais enquanto sujeitos ativos de seus processos históricos, analisamos também como estes elaboram estratégias de resistência nos engenhos, como também nas disputas na Justiça do Trabalho. Por meio das narrativas destas disputas, procuramos apresentar como os diferentes sujeitos se utilizavam dessas estratégias. Por fim, utilizamo-nos dos relatos orais de memória dos trabalhadores, a fim de apresentarmos uma leitura que parte dos próprios sujeitos das disputas. Com isso, narramos as entrevistas com a ex-juíza do trabalho da JCJ de Nazaré da Mata, bem como o relato de ex-trabalhadores rurais da mesma região, que tiveram suas trajetórias ligadas a movimentos reivindicatórios. 



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  • Esta dissertação tem como objetivo principal analisar historicamente as práticas de violência contra trabalhadores rurais dos engenhos de cana-de-açúcar da Zona da Mata norte do estado de Pernambuco. Operacionalizando com um conceito de violência que desse conta de suas múltiplas formas, buscamos observar como estas eram aplicadas não somente por proprietários de terra e seus subordinados, como também por agentes policiais, e pelo próprio estado brasileiro. Privilegiando uma análise historiográfica dos processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata durante a década de 1970, destacamos como o estado brasileiro construiu uma legislação que permitia a reivindicação legal de direitos trabalhistas no meio rural, principalmente por meio do Estatuto do Trabalhador Rural. Compreendendo o direito e as leis enquanto históricas e, portanto, inclusas nas disputas de poder e passíveis de ampliação e retração, defendemos que esta legislação foi construída de maneira a não abarcar as complexidades do trabalho rural. Dessa forma, a legislação permitia aos proprietários de terra utilizar-se das “brechas” legais para o não pagamento dos direitos garantidos. Compreendendo os trabalhadores rurais enquanto sujeitos ativos de seus processos históricos, analisamos também como estes elaboram estratégias de resistência nos engenhos, como também nas disputas na Justiça do Trabalho. Por meio das narrativas destas disputas, procuramos apresentar como os diferentes sujeitos se utilizavam dessas estratégias. Por fim, utilizamo-nos dos relatos orais de memória dos trabalhadores, a fim de apresentarmos uma leitura que parte dos próprios sujeitos das disputas. Com isso, narramos as entrevistas com a ex-juíza do trabalho da JCJ de Nazaré da Mata, bem como o relato de ex-trabalhadores rurais da mesma região, que tiveram suas trajetórias ligadas a movimentos reivindicatórios. 


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  • JOSENILDO AMÉRICO PAULINO
  • PELAS MARGENS DO ATLÂNTICO: a navegação de cabotagem e o abastecimento de gêneros de primeira necessidade no Recife (1825-1840)

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • SERIOJA RODRIGUES CORDEIRO MARIANO
  • Data: 02/06/2022

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  • A presente dissertação tem como objetivo principal analisar o comércio de gêneros de primeira necessidade – farinha de mandioca e charque – através do comércio de cabotagem e longo curso para a cidade do Recife entre os anos de 1825-1840. A escolha por estes dois alimentos se deu em virtude de estarem presentes na mesa de parcela significativa dos habitantes oitocentistas, principalmente por sua alta capacidade de conservação. Já o comércio de cabotagem e longo curso teve um papel importante no período imperial: antes da febre ferroviária do último quartel do século XIX, o meio de locomoção mais eficaz era a navegação. Através dela, mercadorias dos mais variados tipos circulavam por todo o litoral do Império brasileiro. O início do recorte foi motivado por questões relacionadas a fonte, já que é neste ano que o jornal Diário de Pernambuco passa a circular na província. O ano de 1840, por sua vez, marca o fim de um período conturbado no comércio recifense após os desdobramentos da Guerra dos Cabanos. O ponto de partida para a análise foi a sessão de notícias marítimas do jornal Diário de Pernambuco. Informações como local de origem da embarcação, tempo de viagem, produto e consignatário eram informadas. Utilizando a abordagem quantitativa e serial, investiguei os principais fornecedores de gêneros de primeira necessidade para o Recife, as variações anuais e os comerciantes envolvidos nestas transações. Além da sessão de notícias marítimas, também foram consultadas a sessão de vendas, aluguel e arrendamentos e a sessão de preços dos gêneros de exportação, geralmente publicada aos sábados, com o objetivo de entender melhor os aspectos relacionados a comercialização destes dois produtos nos três bairros da cidade do Recife. Também foram utilizados relatórios do Presidente de Província, disponíveis no site da Universidade de Chicago, decretos e regulamentos, disponíveis de forma online, fontes iconográficas, como as pinturas de Franz Post no período de ocupação holandesa em Pernambuco e a planta da cidade do Recife e seus arrabaldes, produzida por José Mamede Alves Ferreira em 1855. Sites e acervos online, como o the transatlantic slave trade database também foram consultados. Um aspecto em comum em relação ao comércio de farinha e charque era a ligação do Recife com diversos portos situados dentro e fora do Império. No comércio de farinha, se destacam Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia. No de charque, por sua vez, Rio Grande do Sul, Montevidéu e Rio de Janeiro foram os principais fornecedores. Enquanto no comércio de farinha as ligações estavam limitadas a províncias situadas dentro do Império brasileiro, o comércio de charque utilizava-se de rotas que extrapolavam este limite. Outro fator de destaque é o perfil dos comerciantes envolvidos: o comércio de ambos os produtos era dominado por comerciantes eventuais, que participavam apenas de uma ou duas consignações. Já no topo da pirâmide estavam os comerciantes de grosso trato da província de Pernambuco, responsáveis por concentrar em suas mãos parte significativa deste comércio. O argumento principal que guia o presente estudo é o de que, entre 1825-1840, o comércio de gêneros de primeira necessidade através da navegação de cabotagem e longo curso foi fundamental para manter uma boa oferta de farinha de mandioca e charque nos mercados da cidade do Recife.


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  • A presente dissertação tem como objetivo principal analisar o comércio de gêneros de primeira necessidade – farinha de mandioca e charque – através do comércio de cabotagem e longo curso para a cidade do Recife entre os anos de 1825-1840. A escolha por estes dois alimentos se deu em virtude de estarem presentes na mesa de parcela significativa dos habitantes oitocentistas, principalmente por sua alta capacidade de conservação. Já o comércio de cabotagem e longo curso teve um papel importante no período imperial: antes da febre ferroviária do último quartel do século XIX, o meio de locomoção mais eficaz era a navegação. Através dela, mercadorias dos mais variados tipos circulavam por todo o litoral do Império brasileiro. O início do recorte foi motivado por questões relacionadas a fonte, já que é neste ano que o jornal Diário de Pernambuco passa a circular na província. O ano de 1840, por sua vez, marca o fim de um período conturbado no comércio recifense após os desdobramentos da Guerra dos Cabanos. O ponto de partida para a análise foi a sessão de notícias marítimas do jornal Diário de Pernambuco. Informações como local de origem da embarcação, tempo de viagem, produto e consignatário eram informadas. Utilizando a abordagem quantitativa e serial, investiguei os principais fornecedores de gêneros de primeira necessidade para o Recife, as variações anuais e os comerciantes envolvidos nestas transações. Além da sessão de notícias marítimas, também foram consultadas a sessão de vendas, aluguel e arrendamentos e a sessão de preços dos gêneros de exportação, geralmente publicada aos sábados, com o objetivo de entender melhor os aspectos relacionados a comercialização destes dois produtos nos três bairros da cidade do Recife. Também foram utilizados relatórios do Presidente de Província, disponíveis no site da Universidade de Chicago, decretos e regulamentos, disponíveis de forma online, fontes iconográficas, como as pinturas de Franz Post no período de ocupação holandesa em Pernambuco e a planta da cidade do Recife e seus arrabaldes, produzida por José Mamede Alves Ferreira em 1855. Sites e acervos online, como o the transatlantic slave trade database também foram consultados. Um aspecto em comum em relação ao comércio de farinha e charque era a ligação do Recife com diversos portos situados dentro e fora do Império. No comércio de farinha, se destacam Rio de Janeiro, Espírito Santo, Santa Catarina e Bahia. No de charque, por sua vez, Rio Grande do Sul, Montevidéu e Rio de Janeiro foram os principais fornecedores. Enquanto no comércio de farinha as ligações estavam limitadas a províncias situadas dentro do Império brasileiro, o comércio de charque utilizava-se de rotas que extrapolavam este limite. Outro fator de destaque é o perfil dos comerciantes envolvidos: o comércio de ambos os produtos era dominado por comerciantes eventuais, que participavam apenas de uma ou duas consignações. Já no topo da pirâmide estavam os comerciantes de grosso trato da província de Pernambuco, responsáveis por concentrar em suas mãos parte significativa deste comércio. O argumento principal que guia o presente estudo é o de que, entre 1825-1840, o comércio de gêneros de primeira necessidade através da navegação de cabotagem e longo curso foi fundamental para manter uma boa oferta de farinha de mandioca e charque nos mercados da cidade do Recife.

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  • GUILHERME LUCAS ALMEIDA DE SOUZA
  • MOVIMENTO HISTORIOGRÁFICO NEW HISTORY: CONFLITOS E PERMANÊNCIAS

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • ERICO ANDRADE MARQUES DE OLIVEIRA
  • RENATO PINTO
  • Data: 04/08/2022

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  • O movimento historiográfico New History surge na primeira década do século XX, nos Estados Unidos. Largamente conhecido por compor, em História, um movimento de repulsa aos paradigmas intelectuais do século XIX. Este trabalho tem por objetivo observar diferentes pontos do New History através de seus dois expoentes: James Harvey Robinson e Charles Austin Beard. Primeiro, como desponta na historiografia americana; segundo, definiremos os fundamentos do movimento através dos escritos diretos de Robinson e Beard, e da historiografia sobre o New History; terceiro, exploraremos acontecimentos decorrentes da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial que foram significativos para Beard e Robinson. Por último, defenderemos que o New History, representados em Beard e Robinson, gradualmente abandonou sua convicção na objetividade do conhecimento histórico durante os anos 1920, como corolário desses acontecimentos. 


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  • O movimento historiográfico New History surge na primeira década do século XX, nos Estados Unidos. Largamente conhecido por compor, em História, um movimento de repulsa aos paradigmas intelectuais do século XIX. Este trabalho tem por objetivo observar diferentes pontos do New History através de seus dois expoentes: James Harvey Robinson e Charles Austin Beard. Primeiro, como desponta na historiografia americana; segundo, definiremos os fundamentos do movimento através dos escritos diretos de Robinson e Beard, e da historiografia sobre o New History; terceiro, exploraremos acontecimentos decorrentes da entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial que foram significativos para Beard e Robinson. Por último, defenderemos que o New History, representados em Beard e Robinson, gradualmente abandonou sua convicção na objetividade do conhecimento histórico durante os anos 1920, como corolário desses acontecimentos. 

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  • JONATHAS DUARTE OLIVEIRA DE SOUZA
  • O EMPRESARIADO E A DITADURA MILITAR (1964-1985) – ALIANÇA AGRÁRIA NA AMAZÔNIA

  • Orientador : REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • AIRTON DOS REIS PEREIRA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 18/08/2022

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  • Este trabalho pretende identificar os mecanismos governamentais na Ditadura Militar de 1964 que compuseram uma realidade específica de dominação e exploração da Amazônia. A partir do estudo de propagandas e documentos oficiais de governo, foi possível mapear as tecnologias de governo que permitiram a concessão de incentivos fiscais para grandes empresas com ônus para pequenos proprietários e agricultores, e como essa realidade imposta pelos governos foi apresentada como desenvolvimento, com base num modelo capitalista de exploração. O desenrolar do trabalho mostra os custos ambientais dessa chamada “ocupação racional da Amazônia”, como também conseguimos mostrar a violência gravada em todo o processo, se tornando quase uma regra. Por outro lado, identificamos o conhecimento e omissão do regime militar frente aos despejos, violências e exploração do trabalho na forma análoga a de escravo em nome de um ideal técnico de ordem e progresso.


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  • Este trabalho pretende identificar os mecanismos governamentais na Ditadura Militar de 1964 que compuseram uma realidade específica de dominação e exploração da Amazônia. A partir do estudo de propagandas e documentos oficiais de governo, foi possível mapear as tecnologias de governo que permitiram a concessão de incentivos fiscais para grandes empresas com ônus para pequenos proprietários e agricultores, e como essa realidade imposta pelos governos foi apresentada como desenvolvimento, com base num modelo capitalista de exploração. O desenrolar do trabalho mostra os custos ambientais dessa chamada “ocupação racional da Amazônia”, como também conseguimos mostrar a violência gravada em todo o processo, se tornando quase uma regra. Por outro lado, identificamos o conhecimento e omissão do regime militar frente aos despejos, violências e exploração do trabalho na forma análoga a de escravo em nome de um ideal técnico de ordem e progresso.

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  • SANDOVAL JOSÉ DOS SANTOS
  • A FORÇA PÚBLICA DE PERNAMBUCO NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO DOS PEQUENOS EXÉRCITOS ESTADUAIS (1889-1898)

  • Orientador : SUZANA CAVANI ROSAS
  • MEMBROS DA BANCA :
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • TIAGO DA SILVA CESAR
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 23/08/2022

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  • A presente pesquisa gira em torno das transformações dos aparatos policiais militarizados em Pernambuco na primeira década republicana. Essas transformações no meio policial refletem a conjuntura política da época, principalmente o novo status das unidades administrativas, de províncias para estados, onde os governantes destes
    últimos teoricamente passaram a ser autônomos em relaçao ao poder central. Essa aparente autonomia possibilitou a organização de aparatos policiais tão poderosos que provocaram diversas críticas na época. A forte militarização de algumas polícias deixou esses aparatos semelhantes a exércitos, fazendo aparecer na litetura a expressão “pequeno exército estadual”, com capacidade de, na opinião de alguns, enfrentar o Exército nacional. O processo de militarizaçao da força estadual em Pernambuco no recorte em questão (1889-1898) teve avanços e retrocessos, e com diferentes objetivos, desde a ideia de combater os inimigos políticos, até a ideia de substituir as guarnições federais estacionadas no estado.


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  • A presente pesquisa gira em torno das transformações dos aparatos policiais militarizados em Pernambuco na primeira década republicana. Essas transformações no meio policial refletem a conjuntura política da época, principalmente o novo status das unidades administrativas, de províncias para estados, onde os governantes destes
    últimos teoricamente passaram a ser autônomos em relaçao ao poder central. Essa aparente autonomia possibilitou a organização de aparatos policiais tão poderosos que provocaram diversas críticas na época. A forte militarização de algumas polícias deixou esses aparatos semelhantes a exércitos, fazendo aparecer na litetura a expressão “pequeno exército estadual”, com capacidade de, na opinião de alguns, enfrentar o Exército nacional. O processo de militarizaçao da força estadual em Pernambuco no recorte em questão (1889-1898) teve avanços e retrocessos, e com diferentes objetivos, desde a ideia de combater os inimigos políticos, até a ideia de substituir as guarnições federais estacionadas no estado.

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  • SAMUEL FERREIRA DE SANTANA
  • NEWTON ELIAS DE SANTANA ENTRE O SAMBA E O PODER PÚBLICO: táticas de permanência e institucionalização do samba em PE (1970-1999)

  • Orientador : MARIO RIBEIRO DOS SANTOS
  • MEMBROS DA BANCA :
  • GEOVANNI GOMES CABRAL
  • HUGO MENEZES NETO
  • MARIO RIBEIRO DOS SANTOS
  • Data: 26/08/2022

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  • A presente dissertação tem como objetivo analisar os processos de resistência da cultura das escolas de samba na cidade do Recife, durante o período de 1970 a 1999. A partir de uma perspectiva de história a contrapelo, busca-se lançar luz na narrativa dos sambistas pernambucanos para compreender suas táticas de “luta” nos dias de Carnaval, demarcadas por uma linha tênue entre: a defesa combativa de uma ideia de festa anti tradicional e a adesão dos traços tradicionais de forma política como meio de inserção e permanência. Para isso, evocamos a trajetória do sambista Newton Elias de Santana, importante articulador no processo de institucionalização do samba em Pernambuco e representante legal dos sambistas entre os anos de 1970-1999, o qual se insere na pesquisa como “linha de costura” que perfaz toda construção narrativa. Por meio de sua considerável participação na propagação do samba na região e transitar em diferentes espaços do fazer cultural da cidade, apresentamos o nosso personagem em três perspectivas: sambista, mediador e produtor cultural. Ao destacar e dialogar com suas redes de sociabilidades, conseguimos pontuar os lugares ocupados pelo mesmo e seus representados, bem como, seu poder de agenciar diplomaticamente no campo de disputas simbólicas em torno do universo tradicional do Carnaval no Recife. Para imersão na temática, mobilizamos um corpus documental constituído por periódicos, textos manuscritos, fotografías e relatos de memórias, obtidos em entrevistas, utilizando a metodologia da História Oral, os quais foram analisados sob a luz de teóricos da História Cultural, como Michel de Certeau, François Sirinelli, Roger Chartier e Michel Foucault. As contribuições desses autores possibilitaram o entendimento de alguns conceitos que nos ajudaram a pensar os signos no entorno das táticas de permanência das agremiações de samba. A formação das redes de sociabilidades, as discussões erguidas pela classe de sambistas pernambucanos e as táticas empreendidas pelos mesmos através da figura do Newton Elias - em sua mediação entre sambistas e poder público para a idealização de entidades como: UNESPE e FESAPE, são algumas das temáticas que iremos abordar neste estudo sobre o protagonismo de um personagem negro, periférico e amante de uma forma de expressão negada, despotencializada e invisibilizada pelas autoridades instituídas e organizadoras do Carnaval de Pernambuco que representou e agenciou o samba da região de formas múltiplas.


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  • A presente dissertação tem como objetivo analisar os processos de resistência da cultura das escolas de samba na cidade do Recife, durante o período de 1970 a 1999. A partir de uma perspectiva de história a contrapelo, busca-se lançar luz na narrativa dos sambistas pernambucanos para compreender suas táticas de “luta” nos dias de Carnaval, demarcadas por uma linha tênue entre: a defesa combativa de uma ideia de festa anti tradicional e a adesão dos traços tradicionais de forma política como meio de inserção e permanência. Para isso, evocamos a trajetória do sambista Newton Elias de Santana, importante articulador no processo de institucionalização do samba em Pernambuco e representante legal dos sambistas entre os anos de 1970-1999, o qual se insere na pesquisa como “linha de costura” que perfaz toda construção narrativa. Por meio de sua considerável participação na propagação do samba na região e transitar em diferentes espaços do fazer cultural da cidade, apresentamos o nosso personagem em três perspectivas: sambista, mediador e produtor cultural. Ao destacar e dialogar com suas redes de sociabilidades, conseguimos pontuar os lugares ocupados pelo mesmo e seus representados, bem como, seu poder de agenciar diplomaticamente no campo de disputas simbólicas em torno do universo tradicional do Carnaval no Recife. Para imersão na temática, mobilizamos um corpus documental constituído por periódicos, textos manuscritos, fotografías e relatos de memórias, obtidos em entrevistas, utilizando a metodologia da História Oral, os quais foram analisados sob a luz de teóricos da História Cultural, como Michel de Certeau, François Sirinelli, Roger Chartier e Michel Foucault. As contribuições desses autores possibilitaram o entendimento de alguns conceitos que nos ajudaram a pensar os signos no entorno das táticas de permanência das agremiações de samba. A formação das redes de sociabilidades, as discussões erguidas pela classe de sambistas pernambucanos e as táticas empreendidas pelos mesmos através da figura do Newton Elias - em sua mediação entre sambistas e poder público para a idealização de entidades como: UNESPE e FESAPE, são algumas das temáticas que iremos abordar neste estudo sobre o protagonismo de um personagem negro, periférico e amante de uma forma de expressão negada, despotencializada e invisibilizada pelas autoridades instituídas e organizadoras do Carnaval de Pernambuco que representou e agenciou o samba da região de formas múltiplas.

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  • GIOVANNI ACCIOLY SELLARO JÚNIOR
  • CONCEPÇÕES DE SEXUALIDADE E MASCULINIDADE EM ESCRITOS AUTORREFERENTES DE GILBERTO FREYRE (1915-1930)

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CIBELE BARBOSA DA SILVA ANDRADE
  • NATANAEL DUARTE DE AZEVEDO
  • RENATO PINTO
  • Data: 26/08/2022

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  • Este trabalho trata das concepções de sexualidade e de masculinidade presentes em escritos autorreferentes de Gilberto Freyre. O autor pernambucano, vaidoso e ciente de sua projeção na sociedade brasileira, buscou transmitir ao público a imagem de si que gostaria de ver estabelecida. Deste modo, se dedicou à produção de um variado material autorreferente, do qual a presente pesquisa se debruça sobre quatro obras específicas: dois “diários” (Tempo morto e outros tempos e De menino a homem) e duas “seminovelas” (Dona Sinhá e o filho padre e O outro amor do dr. Paulo). Buscou-se também um cruzamento das referidas fontes com algumas correspondências e artigos de jornal produzidos por Freyre em sua juventude, além do cotejamento com suas primeiras interpretações sociológicas. A pesquisa se insere no campo da história cultural, de modo que pretende estabelecer articulações entre discursos e contextos sociais. O objetivo é o de identificar as ideias expressas pelo autor pernambucano acerca dos temas da sexualidade e masculinidade e relacioná-los com as vivências de Freyre ao longo de sua trajetória pessoal e intelectual, de modo a compreender a relação entre tais práticas e representações. Para tanto, busca-se, no primeiro capítulo, delinear a trajetória de vida do autor pernambucano, com foco em sua formação intelectual no Brasil e no exterior, e na elaboração e recepção de sua principal obra de interpretação sociológica, Casa-grande & senzala. No segundo capítulo, são tecidas considerações acerca do aporte teórico-metodológico da pesquisa e das especificidades da utilização de ecritos autorreferentes enquanto fontes históricas, além de descritas e analisadas as obras que foram selecionadas como principais fontes. O terceiro capítulo, por fim, apresenta a análise dos dados colhidos nas fontes, com base nos conceitos de sexualidade, gênero, masculinidade e escrita de si. O trabalho, portanto, busca constituir uma contribuição para os estudos de masculinidades no Brasil, com base na análise de um dos autores pioneiros a tratar de tal tema no país.


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  • Este trabalho trata das concepções de sexualidade e de masculinidade presentes em escritos autorreferentes de Gilberto Freyre. O autor pernambucano, vaidoso e ciente de sua projeção na sociedade brasileira, buscou transmitir ao público a imagem de si que gostaria de ver estabelecida. Deste modo, se dedicou à produção de um variado material autorreferente, do qual a presente pesquisa se debruça sobre quatro obras específicas: dois “diários” (Tempo morto e outros tempos e De menino a homem) e duas “seminovelas” (Dona Sinhá e o filho padre e O outro amor do dr. Paulo). Buscou-se também um cruzamento das referidas fontes com algumas correspondências e artigos de jornal produzidos por Freyre em sua juventude, além do cotejamento com suas primeiras interpretações sociológicas. A pesquisa se insere no campo da história cultural, de modo que pretende estabelecer articulações entre discursos e contextos sociais. O objetivo é o de identificar as ideias expressas pelo autor pernambucano acerca dos temas da sexualidade e masculinidade e relacioná-los com as vivências de Freyre ao longo de sua trajetória pessoal e intelectual, de modo a compreender a relação entre tais práticas e representações. Para tanto, busca-se, no primeiro capítulo, delinear a trajetória de vida do autor pernambucano, com foco em sua formação intelectual no Brasil e no exterior, e na elaboração e recepção de sua principal obra de interpretação sociológica, Casa-grande & senzala. No segundo capítulo, são tecidas considerações acerca do aporte teórico-metodológico da pesquisa e das especificidades da utilização de ecritos autorreferentes enquanto fontes históricas, além de descritas e analisadas as obras que foram selecionadas como principais fontes. O terceiro capítulo, por fim, apresenta a análise dos dados colhidos nas fontes, com base nos conceitos de sexualidade, gênero, masculinidade e escrita de si. O trabalho, portanto, busca constituir uma contribuição para os estudos de masculinidades no Brasil, com base na análise de um dos autores pioneiros a tratar de tal tema no país.

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  • ANDERSON BOTELHO DA SILVA
  • MAXAMBOMBAS: trilhos urbanos do Recife entre a história e a memória

  • Orientador : ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • CIBELE BARBOSA DA SILVA ANDRADE
  • RENATA CAMPELLO CABRAL
  • Data: 26/08/2022

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  • A cidade e a estrada de ferro são dois dos mais impressionantes símbolos exteriores do mundo industrial. O Recife que hoje vemos diante dos nossos olhos é uma das grandes metrópoles modernas brasileiras. A construção da modernidade recifense é historicamente representada pela análise de diversos fenômenos, muitas vezes correlacionados para compor um longo e ambíguo processo, que se acelera nas últimas décadas do século XIX e primeiras do XX. Dentre esses fenômenos está a implantação e operação das maxambombas, o primeiro modo de transporte de tecnologia propriamente industrial da cidade, voltado para o deslocamento para dentro do núcleo populacional mais denso, e deste em direção aos povoados dos arredores, em que predominava a paisagem rural, e para a cidade de Olinda. As maxambombas do Recife são o tema dessa dissertação, que é estruturada por três ensaios e um capítulo reservado para a exposição de opções teórico-metodológicas e historiográficas. O primeiro ensaio tem a proposta de apresentar especificidades do modo de transporte utilizado nos sistemas de trilhos urbanos, especialmente quanto à concepção, à evolução de sua expansão, os territórios tocados, além de citações de algumas peculiaridades as quais consideramos prioritárias para o quadro geral da modernização da cidade. O segundo trata de estudo de caso acerca da narrativa histórica do cronista Mário Sette sobre as maxambombas a representar um papel na busca por edificar uma memória e cingir a história do Recife entre o Moderno e o Antigo. E o terceiro contém uma análise sobre aspectos da construção, como monumento histórico do Recife, da antiga estação dos trilhos urbanos, localizada em um luxuoso subúrbio da açucarocracia pernambucana. 


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  • A cidade e a estrada de ferro são dois dos mais impressionantes símbolos exteriores do mundo industrial. O Recife que hoje vemos diante dos nossos olhos é uma das grandes metrópoles modernas brasileiras. A construção da modernidade recifense é historicamente representada pela análise de diversos fenômenos, muitas vezes correlacionados para compor um longo e ambíguo processo, que se acelera nas últimas décadas do século XIX e primeiras do XX. Dentre esses fenômenos está a implantação e operação das maxambombas, o primeiro modo de transporte de tecnologia propriamente industrial da cidade, voltado para o deslocamento para dentro do núcleo populacional mais denso, e deste em direção aos povoados dos arredores, em que predominava a paisagem rural, e para a cidade de Olinda. As maxambombas do Recife são o tema dessa dissertação, que é estruturada por três ensaios e um capítulo reservado para a exposição de opções teórico-metodológicas e historiográficas. O primeiro ensaio tem a proposta de apresentar especificidades do modo de transporte utilizado nos sistemas de trilhos urbanos, especialmente quanto à concepção, à evolução de sua expansão, os territórios tocados, além de citações de algumas peculiaridades as quais consideramos prioritárias para o quadro geral da modernização da cidade. O segundo trata de estudo de caso acerca da narrativa histórica do cronista Mário Sette sobre as maxambombas a representar um papel na busca por edificar uma memória e cingir a história do Recife entre o Moderno e o Antigo. E o terceiro contém uma análise sobre aspectos da construção, como monumento histórico do Recife, da antiga estação dos trilhos urbanos, localizada em um luxuoso subúrbio da açucarocracia pernambucana. 

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  • HANNAH JOOK OTAVIANO RODRIGUES
  • "- PRA CADEIA!": MODERNISMO E AS REPRESENTAÇÕES DOS ENCARCERAMENTOS EM FORTALEZA NO JORNAL CORREIO DO CEARÁ E NO ROMANCE JOÃO MIGUEL

  • Orientador : ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO
  • Data: 29/08/2022

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  • Partindo da reflexão sobre os estudos transdisciplinares em História e Literatura e o uso de obras literárias como fontes históricas, pretende-se com essa pesquisa analisar como as pessoas encarceradas e o próprio espaço da cadeia eram retratados tanto na imprensa local quanto no romance “João Miguel” da escritora cearense Rachel de Queiroz, no intervalo compreendido entre as décadas de 1920 a 1930, em Fortaleza. Inicialmente faremos uma análise da conjuntura histórico social desta capital nas décadas finais do século XIX até os três primeiros decênios do século XX, período que ficou conhecido como “Belle Époque” que se caracteriza pela ânsia de modernização tanto do espaço físico quanto de costumes da população, refletiremos também sobre os grupos literários que surgiram neste decurso, com ênfase no Período Modernista. Após esse preâmbulo, nos deteremos em analisar o periódico “Correio do Ceará” de 1920 a 1930 para apreender como e porquê as pessoas eram presas, quais os delitos ou crimes eram mais recorrentes no cotidiano desta urbe, além dos textos, examinaremos também as charges da coluna “Chronicas da Cidade”, do jornal citado. Por fim, exploraremos o romance “João Miguel” a fim de compreender como a Literatura se apropria de dados deste cotidiano urbano para representar as sensibilidades desses prisioneiros e suas famílias Neste capítulo, iremos nos concentrar na discussão sobre sensibilidades e a representação do dito real e como uma obra literária pode ser trabalhada como fonte histórica haja vista que é um produto de uma época e sociedade. No decorrer dos capítulos utilizaremos como disciplina auxiliar os conceitos, métodos e reflexões teóricas da Análise Crítica do Discurso em confluência com os próprios métodos e teóricos próprios da História. Trabalharemos ainda os conceitos de Modernização, Modernismo, Modernidade, Discursos, Sensibilidades, Representação e Poder.


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  • Partindo da reflexão sobre os estudos transdisciplinares em História e Literatura e o uso de obras literárias como fontes históricas, pretende-se com essa pesquisa analisar como as pessoas encarceradas e o próprio espaço da cadeia eram retratados tanto na imprensa local quanto no romance “João Miguel” da escritora cearense Rachel de Queiroz, no intervalo compreendido entre as décadas de 1920 a 1930, em Fortaleza. Inicialmente faremos uma análise da conjuntura histórico social desta capital nas décadas finais do século XIX até os três primeiros decênios do século XX, período que ficou conhecido como “Belle Époque” que se caracteriza pela ânsia de modernização tanto do espaço físico quanto de costumes da população, refletiremos também sobre os grupos literários que surgiram neste decurso, com ênfase no Período Modernista. Após esse preâmbulo, nos deteremos em analisar o periódico “Correio do Ceará” de 1920 a 1930 para apreender como e porquê as pessoas eram presas, quais os delitos ou crimes eram mais recorrentes no cotidiano desta urbe, além dos textos, examinaremos também as charges da coluna “Chronicas da Cidade”, do jornal citado. Por fim, exploraremos o romance “João Miguel” a fim de compreender como a Literatura se apropria de dados deste cotidiano urbano para representar as sensibilidades desses prisioneiros e suas famílias Neste capítulo, iremos nos concentrar na discussão sobre sensibilidades e a representação do dito real e como uma obra literária pode ser trabalhada como fonte histórica haja vista que é um produto de uma época e sociedade. No decorrer dos capítulos utilizaremos como disciplina auxiliar os conceitos, métodos e reflexões teóricas da Análise Crítica do Discurso em confluência com os próprios métodos e teóricos próprios da História. Trabalharemos ainda os conceitos de Modernização, Modernismo, Modernidade, Discursos, Sensibilidades, Representação e Poder.

Teses
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  • MATHEUS SILVEIRA GUIMARÃES
  • DOS ESCRAVOS QUE VÃO POR MAR E POR TERRA: O COMÉRCIO ATLÂNTICO DE ESCRAVOS PARA AS CAPITANIAS DO NORTE E SUA DINÂMICA INTERNA (c1654-c1760)

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ISNARA PEREIRA IVO
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • GUSTAVO ACIOLI LOPES
  • ROMULO LUIZ XAVIER DO NASCIMENTO
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 31/01/2022

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  • O período entre a segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII foi de grandes transformações para o Império português, especificamente no Atlântico. Diante de mudanças nas relações internacionais e de uma crise financeira, Portugal centrou suas atenções para o Brasil e, por consequência, para África. A expansão pecuária para o sertão e a descoberta de ouro aceleraram esse processo que também implicou em uma maior interação comercial entre as capitanias e intensificação do tráfico negreiro. O nosso tema de estudo é exatamente como ocorreu o comércio de escravos para as Capitanias do Norte do Estado do Brasil, diante desse cenário de mudanças. Uma vez que esses escravos africanos chegavam nos portos das Capitanias do Norte, parte ficava no litoral e outra era vendida seja para o trabalho na pecuária, seja pra o trabalho nas Minas, estabelecendo um circuito interno – que estava associado ao mercado externo – de escravos. Pretendemos demonstrar neste trabalho que o comércio de pessoas escravizadas não se restringia apenas aos portos litorâneos, mas alcançava os sertões das Capitanias do Norte e das Minas ainda na primeira metade do século XVIII. Nessa conjuntura, houve a participação de diversos negociantes, mas o mercado foi centralizado e fortaleceu os da praça de Recife. Quem eram esses comerciantes? Quais seus interesses e redes mercantis? Como ocorriam as viagens e as formas de venda e compra? Essas foram algumas das questões que nos guiaram na análise das fontes. Para isso, utilizamos como principais documentos os avulsos e códices do Arquivo Histórico Ultramarino, as coleções Anais da Biblioteca Nacional, Documentos Históricos da Biblioteca Nacional e Documentos interessantes para a história e costume de São Paulo, além da documentação publicada por revistas de Institutos Históricos como os de Pernambuco e Ceará, todas elas que podem ser acessadas digitalmente. As ordens régias, o livro da Ouvidoria da Paraíba e documentos cartoriais presentes em acervos
    locais também foram de suma importância para compreender as articulações comerciais existentes das Capitanias do Norte entre si e destas com as Minas. Por fim, destacamos o banco de dados disponibilizados pelo Slave Voyages que tem aberto diversas possibilidades de pesquisa quantitativa e qualitativa acerca do comércio de pessoas escravizadas.


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  • O período entre a segunda metade do século XVII e a primeira metade do século XVIII foi de grandes transformações para o Império português, especificamente no Atlântico. Diante de mudanças nas relações internacionais e de uma crise financeira, Portugal centrou suas atenções para o Brasil e, por consequência, para África. A expansão pecuária para o sertão e a descoberta de ouro aceleraram esse processo que também implicou em uma maior interação comercial entre as capitanias e intensificação do tráfico negreiro. O nosso tema de estudo é exatamente como ocorreu o comércio de escravos para as Capitanias do Norte do Estado do Brasil, diante desse cenário de mudanças. Uma vez que esses escravos africanos chegavam nos portos das Capitanias do Norte, parte ficava no litoral e outra era vendida seja para o trabalho na pecuária, seja pra o trabalho nas Minas, estabelecendo um circuito interno – que estava associado ao mercado externo – de escravos. Pretendemos demonstrar neste trabalho que o comércio de pessoas escravizadas não se restringia apenas aos portos litorâneos, mas alcançava os sertões das Capitanias do Norte e das Minas ainda na primeira metade do século XVIII. Nessa conjuntura, houve a participação de diversos negociantes, mas o mercado foi centralizado e fortaleceu os da praça de Recife. Quem eram esses comerciantes? Quais seus interesses e redes mercantis? Como ocorriam as viagens e as formas de venda e compra? Essas foram algumas das questões que nos guiaram na análise das fontes. Para isso, utilizamos como principais documentos os avulsos e códices do Arquivo Histórico Ultramarino, as coleções Anais da Biblioteca Nacional, Documentos Históricos da Biblioteca Nacional e Documentos interessantes para a história e costume de São Paulo, além da documentação publicada por revistas de Institutos Históricos como os de Pernambuco e Ceará, todas elas que podem ser acessadas digitalmente. As ordens régias, o livro da Ouvidoria da Paraíba e documentos cartoriais presentes em acervos
    locais também foram de suma importância para compreender as articulações comerciais existentes das Capitanias do Norte entre si e destas com as Minas. Por fim, destacamos o banco de dados disponibilizados pelo Slave Voyages que tem aberto diversas possibilidades de pesquisa quantitativa e qualitativa acerca do comércio de pessoas escravizadas.

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  • TATIANE VIEIRA DE AGUIAR BARRETO
  • Memória esculpida em bronze: a monumentalização de João Pessoa na Paraíba

  • Orientador : RENATO PINTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • RODRIGO CEBALLOS
  • JOSÉ JORGE ANDRADE DAMASCENO
  • ANTONIO CLARINDO BARBOSA DE SOUZA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • RENATO PINTO
  • Data: 03/02/2022

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  • Esta tese versa sobre o processo de monumentalização da figura do personagem do presidente João Pessoa, na Paraíba, durante a década de 1930. Para compreender como se deu essa monumentalização serão examinadas quatro obras: o monumento tumular no Cemitério São João Batista (Rio de Janeiro) e os monumentos erguidos nas cidades paraibanas de Umbuzeiro, Campina Grande e João Pessoa. O objetivo deste trabalho é escrever uma história desses monumentos construídos em memória a João Pessoa, a partir da análise do contexto histórico de suas produções, das disputas de memórias entre os sujeitos políticos envolvidos nas suas construções, das estratégias de afirmação memorialística do homenageado no contexto histórico da Paraíba e da relação com o espaço onde as obras foram erguidas. Quanto ao aporte teórico e metodológico, será utilizado como fonte documental especialmente os jornais e revistas que circulavam na Paraíba e no Rio de Janeiro no período estudado. Além da análise de um conjunto de documentos referentes à construção dessas obras: correspondências particulares e oficiais, contratos, leis, fotografias e os debates na Assembleia Legislativa da Paraíba e na imprensa. Toda problematização será guiada pelas sendas da História Cultural, pautada no conceito de monumento intencional, no diálogo com os estudos sobre memória e com as pesquisas que versam sobre o estudo dos monumentos, enquanto objetos de memória que materializam personagens em bronze dispostos nos espaços públicos citadinos.


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  • Esta tese versa sobre o processo de monumentalização da figura do personagem do presidente João Pessoa, na Paraíba, durante a década de 1930. Para compreender como se deu essa monumentalização serão examinadas quatro obras: o monumento tumular no Cemitério São João Batista (Rio de Janeiro) e os monumentos erguidos nas cidades paraibanas de Umbuzeiro, Campina Grande e João Pessoa. O objetivo deste trabalho é escrever uma história desses monumentos construídos em memória a João Pessoa, a partir da análise do contexto histórico de suas produções, das disputas de memórias entre os sujeitos políticos envolvidos nas suas construções, das estratégias de afirmação memorialística do homenageado no contexto histórico da Paraíba e da relação com o espaço onde as obras foram erguidas. Quanto ao aporte teórico e metodológico, será utilizado como fonte documental especialmente os jornais e revistas que circulavam na Paraíba e no Rio de Janeiro no período estudado. Além da análise de um conjunto de documentos referentes à construção dessas obras: correspondências particulares e oficiais, contratos, leis, fotografias e os debates na Assembleia Legislativa da Paraíba e na imprensa. Toda problematização será guiada pelas sendas da História Cultural, pautada no conceito de monumento intencional, no diálogo com os estudos sobre memória e com as pesquisas que versam sobre o estudo dos monumentos, enquanto objetos de memória que materializam personagens em bronze dispostos nos espaços públicos citadinos.

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  • MOISES DINIZ DE ALMEIDA
  • PARA QUE NÃO HAJA NOVOS CANUDOS: A IMPRENSA DE PERNAMBUCO E SUAS NARRATIVAS SOBRE O CONTESTADO, CALDEIRÃO E PAU DE COLHER

  • Orientador : ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANDRÉA CRISTIANA SANTOS
  • ANTONIO JORGE DE SIQUEIRA
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MARIA THEREZA DIDIER DE MORAES
  • ROBERTO JOAQUIM DE OLIVEIRA
  • Data: 08/02/2022

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  • A Guerra de Canudos foi um marco decisivo nas narrativas de qualquer evento congênere, até a redescoberta do evento pelos movimentos populares na década de 1980. Foram quase cem anos com as mesmas perspectivas, pautadas com o olhar dos grandes centros para o interior. Percorrendo essa diretriz, elaboramos esta tese para analisar de que maneira as formações discursivas, sobre a Guerra de Canudos, foram determinantes nas narrativas das lembranças ou comemorações pós-conflito sertanejo, nos conflitos do Contestado, do Caldeirão e de Pau de Colher, na imprensa de Pernambuco, entre os anos de 1897 a 1940. Utilizamos como fonte principal a imprensa, que carrega um sentido próprio, que é o sentido da palavra. As narrativas, compostas de expressões, frases e palavras, determinaram os signos e símbolos que foram criados em torno dos movimentos em questão. Para verificar quais foram esses sentidos, utilizamos a análise de discurso, que nos ajudou a compreender os fatos, na medida em que houve uma integração entre o escrito manifesto, o que estava visível e invisível no texto. Ao longo desta pesquisa, pudemos perceber como é importante trabalhar com a fonte jornalística, e compreendemos que as letras, as colunas, os fatos, são também a história. Entretanto, nem todos leem a história contada pelo historiador, podendo ficar perpassados os fatos construídos pela imprensa, que produz seus sentidos sobre misticismos, fanatismo, jaguncismo, violência e a imagem caricatural do sertanejo. Sabemos que foi construída uma formação de opinião, enraizando-se na cultura, produzindo sentidos que, nem sempre, são apagados facilmente. A tese mostra que Canudos foi o grande espelho nas narrativas dos movimentos analisados, tendo a imprensa repetido várias vezes o mesmo discurso, na tentativa de justificar os massacres que foram realizados pelas forças militares. Debruçamo-nos sobre a temática proposta, buscando, nesta tese, contribuir a história de Pernambuco, da imprensa e dos movimentos sociais religiosos.


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  • A Guerra de Canudos foi um marco decisivo nas narrativas de qualquer evento congênere, até a redescoberta do evento pelos movimentos populares na década de 1980. Foram quase cem anos com as mesmas perspectivas, pautadas com o olhar dos grandes centros para o interior. Percorrendo essa diretriz, elaboramos esta tese para analisar de que maneira as formações discursivas, sobre a Guerra de Canudos, foram determinantes nas narrativas das lembranças ou comemorações pós-conflito sertanejo, nos conflitos do Contestado, do Caldeirão e de Pau de Colher, na imprensa de Pernambuco, entre os anos de 1897 a 1940. Utilizamos como fonte principal a imprensa, que carrega um sentido próprio, que é o sentido da palavra. As narrativas, compostas de expressões, frases e palavras, determinaram os signos e símbolos que foram criados em torno dos movimentos em questão. Para verificar quais foram esses sentidos, utilizamos a análise de discurso, que nos ajudou a compreender os fatos, na medida em que houve uma integração entre o escrito manifesto, o que estava visível e invisível no texto. Ao longo desta pesquisa, pudemos perceber como é importante trabalhar com a fonte jornalística, e compreendemos que as letras, as colunas, os fatos, são também a história. Entretanto, nem todos leem a história contada pelo historiador, podendo ficar perpassados os fatos construídos pela imprensa, que produz seus sentidos sobre misticismos, fanatismo, jaguncismo, violência e a imagem caricatural do sertanejo. Sabemos que foi construída uma formação de opinião, enraizando-se na cultura, produzindo sentidos que, nem sempre, são apagados facilmente. A tese mostra que Canudos foi o grande espelho nas narrativas dos movimentos analisados, tendo a imprensa repetido várias vezes o mesmo discurso, na tentativa de justificar os massacres que foram realizados pelas forças militares. Debruçamo-nos sobre a temática proposta, buscando, nesta tese, contribuir a história de Pernambuco, da imprensa e dos movimentos sociais religiosos.

4
  • LUÍSA XIMENES SANTOS
  • VIEIRA PSEUDOAUTOR: Contributo de papéis alheios e falsamente atribuídos na construção seiscentista da imagem e da memória do Padre Antônio Vieira.

  • Orientador : MARILIA DE AZAMBUJA RIBEIRO MACHEL
  • MEMBROS DA BANCA :
  • YLLAN DE MATTOS OLIVEIRA
  • BRUNO MARTINS BOTO LEITE
  • CAMILA CORREA E SILVA DE FREITAS
  • KLEBER CLEMENTINO DA SILVA
  • MARILIA DE AZAMBUJA RIBEIRO MACHEL
  • Data: 14/02/2022

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  • Nesta investigação pretendemos compreender de que forma textos alheios errônea ou falsamente atribuídos contribuíram na construção seiscentista da imagem e da memória de Antônio Vieira. Intentamos pôr luz à gênese do processo de instrumentaçização do Pe. Vieira como arquétipo do Jesuíta que culmina no periodo pombalino e reverbera na historiografia posterior considerando que tais escritos pseudovieirinos, até então pouco estudados, têm participação importante na formação da imagem pública e política de Vieira. A autoria e pseudo autoria no período moderno são assim discutidas através do caso de Antônio Vieira. Destacamos a força da autoridade desse renomado e profículo jesuíta no gênero parenético e em assuntos relevantes na política portuguesa do século XVII. São alvo de atenção textos que permitem a abordagem direta da questão autoral e pseudoautoral, bem como os que demonstram a preocupação de Vieira em defender-se diante de obras que falsamente circulavam como de sua lavra. Identificamos e analisamos duas maneiras de falsa atribuição de escitos - por oposição ou por suposição. Tais fomas de pseudoautoria são examinadas a partir do exemplo vieirino através de papéis alheios partícipes da polemística portuguesa seiscentista. Escritos que versam sobre o sebastianismo são utilizados para tratar da autoria por oposição, visto que Vieira colocou-se mor parte das vezes enquanto joanista. Os textos alheios atribuidos a Vieira em defesa a gente de nação e a favor da mudança dos estilos da Inquisição, por sua vez, são mote para a discussão da autoria por suposição, em que vislumbra-se uma aproximação entre os argumentos de Vieira e aqueles apenas veiculados sob seu nome. A plausibilidade ou não da autoria é percebida no cotejo com obras de Antônio Vieira acerca dos mesmos temas. Ao perscrutarmos as formas de pseudoautoria  e problematizarmos o movimento de mudanças e sobreposições de juízos acerca do Pe. Vieira esperamos contribuir para uma melhor compreesão do processo de estruturação de sua memória, Entendemos que a memória de Antônio Vieira não foi construída apenas por ele mesmo ou por seus escritos, mas também pelo o que lhe foi imposto, seus não ditos.


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  • Nesta investigação pretendemos compreender de que forma textos alheios errônea ou falsamente atribuídos contribuíram na construção seiscentista da imagem e da memória de Antônio Vieira. Intentamos pôr luz à gênese do processo de instrumentaçização do Pe. Vieira como arquétipo do Jesuíta que culmina no periodo pombalino e reverbera na historiografia posterior considerando que tais escritos pseudovieirinos, até então pouco estudados, têm participação importante na formação da imagem pública e política de Vieira. A autoria e pseudo autoria no período moderno são assim discutidas através do caso de Antônio Vieira. Destacamos a força da autoridade desse renomado e profículo jesuíta no gênero parenético e em assuntos relevantes na política portuguesa do século XVII. São alvo de atenção textos que permitem a abordagem direta da questão autoral e pseudoautoral, bem como os que demonstram a preocupação de Vieira em defender-se diante de obras que falsamente circulavam como de sua lavra. Identificamos e analisamos duas maneiras de falsa atribuição de escitos - por oposição ou por suposição. Tais fomas de pseudoautoria são examinadas a partir do exemplo vieirino através de papéis alheios partícipes da polemística portuguesa seiscentista. Escritos que versam sobre o sebastianismo são utilizados para tratar da autoria por oposição, visto que Vieira colocou-se mor parte das vezes enquanto joanista. Os textos alheios atribuidos a Vieira em defesa a gente de nação e a favor da mudança dos estilos da Inquisição, por sua vez, são mote para a discussão da autoria por suposição, em que vislumbra-se uma aproximação entre os argumentos de Vieira e aqueles apenas veiculados sob seu nome. A plausibilidade ou não da autoria é percebida no cotejo com obras de Antônio Vieira acerca dos mesmos temas. Ao perscrutarmos as formas de pseudoautoria  e problematizarmos o movimento de mudanças e sobreposições de juízos acerca do Pe. Vieira esperamos contribuir para uma melhor compreesão do processo de estruturação de sua memória, Entendemos que a memória de Antônio Vieira não foi construída apenas por ele mesmo ou por seus escritos, mas também pelo o que lhe foi imposto, seus não ditos.

5
  • FLÁVIA BRUNA RIBEIRO DA SILVA BRAGA
  • MARTINS JÚNIOR (1860-1904): Ciência como fé, República como razão - a trajetória de um radical

  • Orientador : SUZANA CAVANI ROSAS
  • MEMBROS DA BANCA :
  • LUIS ROSENFIELD
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MARCELO MAC CORD
  • MARCOS LUIZ BRETAS DA FONSECA
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • Data: 16/02/2022

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  • Tradicionalmente, os estudos sobre o período que vai do final do Império ao início do século XX costumavam reafirmar que o processo de queda da monarquia e construção da República foi feito sem o povo, numa “quartelada militar”, instaurando um regime oligárquico. A “República Velha” passou a se tornar um conceito difundido que trazia consigo a ideia de uma época caduca, ultrapassada e caótica. Nessa esteira, o positivismo entrava na rota das ideias a serem combatidas, consideradas tão velhas e confusas quanto o próprio regime que se queria superar. Assim, homens de letra e ciência, políticos e técnicos que se aproximaram daquela ideologia, passaram a serem vistos como um inimigo a ser combatido pela escrita da História. A partir da década de 1980, entretanto, com o processo de renovação política pela qual passava o Brasil e o mundo – com o fim da Ditadura Civil-Militar no país e a decadência da Guerra Fria –novas perspectivas vieram para os estudos de história política. Essa renovação passou a trazer novas interpretações, cujas análises passaram a revisitar a “República Velha” e nomeá-la no seu sentido mais amplo, “Primeira República”. Com esta abertura, a compreensão do processo de queda do Império e consolidação do regime republicano tem sido cada vez mais revisto e diversificado, demonstrando a riqueza de tentativas, expectativas, sonhos e projetos que se enfrentaram para formar a República como a conhecemos. Esta tese escolheu acompanhar a história de vida de um sujeito que viveu, sonhou e se dedicou para a República: José Isidoro Martins Júnior. Sua trajetória, além de contribuir para uma visão singular dos acontecimentos a partir de uma perspectiva do Norte do Império, também traz uma das muitas formas com que o positivismo foi compreendido e posto em prática como projeto político no país. No curso da história política renovada proposto por René Rémond e em alinhamento com pesquisas que contestam a tese dos “bestializados”, este trabalho é uma das muitas biografias possíveis: o Martins Júnior político.


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  • Tradicionalmente, os estudos sobre o período que vai do final do Império ao início do século XX costumavam reafirmar que o processo de queda da monarquia e construção da República foi feito sem o povo, numa “quartelada militar”, instaurando um regime oligárquico. A “República Velha” passou a se tornar um conceito difundido que trazia consigo a ideia de uma época caduca, ultrapassada e caótica. Nessa esteira, o positivismo entrava na rota das ideias a serem combatidas, consideradas tão velhas e confusas quanto o próprio regime que se queria superar. Assim, homens de letra e ciência, políticos e técnicos que se aproximaram daquela ideologia, passaram a serem vistos como um inimigo a ser combatido pela escrita da História. A partir da década de 1980, entretanto, com o processo de renovação política pela qual passava o Brasil e o mundo – com o fim da Ditadura Civil-Militar no país e a decadência da Guerra Fria –novas perspectivas vieram para os estudos de história política. Essa renovação passou a trazer novas interpretações, cujas análises passaram a revisitar a “República Velha” e nomeá-la no seu sentido mais amplo, “Primeira República”. Com esta abertura, a compreensão do processo de queda do Império e consolidação do regime republicano tem sido cada vez mais revisto e diversificado, demonstrando a riqueza de tentativas, expectativas, sonhos e projetos que se enfrentaram para formar a República como a conhecemos. Esta tese escolheu acompanhar a história de vida de um sujeito que viveu, sonhou e se dedicou para a República: José Isidoro Martins Júnior. Sua trajetória, além de contribuir para uma visão singular dos acontecimentos a partir de uma perspectiva do Norte do Império, também traz uma das muitas formas com que o positivismo foi compreendido e posto em prática como projeto político no país. No curso da história política renovada proposto por René Rémond e em alinhamento com pesquisas que contestam a tese dos “bestializados”, este trabalho é uma das muitas biografias possíveis: o Martins Júnior político.

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  • GRASIELA FLORENCIO DE MORAIS
  • “Pelos sentimentos de caridade que vos animam” estabelecemos o Asilo de Mendicidade do Recife: controle e repressão aos mendigos (1840-1876)


  • Orientador : SUZANA CAVANI ROSAS
  • MEMBROS DA BANCA :
  • WALTER DA SILVA FRAGA FILHO
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MARIA REGINA SANTOS DE SOUZA
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 21/02/2022

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  • Este trabalho tem como objeto, o estudo do controle empreendido sobre a mendicância na cidade do Recife, entre os anos de 1840 e 1876. As percepções sobre a mendicidade e sobre os mendigos foram se modificando e propiciando novas estratégias para o seu controle, à medida que se alteravam as concepções sobre a cidade e sobre o universo do trabalho. Caridade, assistência e filantropia foram algumas das expressões que fizeram parte do vocabulário no trato da população tida como “desvalida da humanidade”. Para além dos seus significados, no Recife, a partir dos anos de 1830, projetos de gestão da indigência urbana foram sendo delineados pelas autoridades locais para conter a população enquadrada como mendicante. Portanto, o objetivo da presente tese foi analisar como o processo de institucionalização da caridade pública ofertada pelo Estado serviu para concentrar, encarcerar e condicionar ao mundo do trabalho sujeitos enquadrados como mendicantes. Para esse fim criou-se o Asilo de Mendicidade do Recife, o qual foi estabelecido, em 1859, primeiramente numa das enfermarias do Hospital Pedro II (onde funcionou entre os anos de 1860 e 1870) e depois foi transferido para um edifício comprado (que serviu de 1870 a 1876), localizado nos arrabaldes do Recife, especificamente, no bairro de Santo Amaro das Salinas. Em nosso ofício detetivesco, debruçamo-nos sobre documentos diversos, de impressos a manuscritos, com o intento de compreender as fases e o funcionamento do Asilo de Mendicidade, que foi modificada de instituição criada para “ensaio” ou “experimento”, foi pretendida a servir como nosocômio, casa de correção e casa de trabalho. A trajetória dessa instituição se confunde com a história da cidade do Recife, bem como está entrelaçada à história de muitos indivíduos que na condição de internos viveram de “portas adentro” do Asilo de Mendicidade. Por fim, nas linhas desse trabalho, tecemos a história dessa instituição e dos seus asilados, os quais reunidos num mesmo espaço foram sendo destituídos do seu “eu” que havia “portas afora” para outro “eu” que deveria servir de “portas adentro”.


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  • Este trabalho tem como objeto, o estudo do controle empreendido sobre a mendicância na cidade do Recife, entre os anos de 1840 e 1876. As percepções sobre a mendicidade e sobre os mendigos foram se modificando e propiciando novas estratégias para o seu controle, à medida que se alteravam as concepções sobre a cidade e sobre o universo do trabalho. Caridade, assistência e filantropia foram algumas das expressões que fizeram parte do vocabulário no trato da população tida como “desvalida da humanidade”. Para além dos seus significados, no Recife, a partir dos anos de 1830, projetos de gestão da indigência urbana foram sendo delineados pelas autoridades locais para conter a população enquadrada como mendicante. Portanto, o objetivo da presente tese foi analisar como o processo de institucionalização da caridade pública ofertada pelo Estado serviu para concentrar, encarcerar e condicionar ao mundo do trabalho sujeitos enquadrados como mendicantes. Para esse fim criou-se o Asilo de Mendicidade do Recife, o qual foi estabelecido, em 1859, primeiramente numa das enfermarias do Hospital Pedro II (onde funcionou entre os anos de 1860 e 1870) e depois foi transferido para um edifício comprado (que serviu de 1870 a 1876), localizado nos arrabaldes do Recife, especificamente, no bairro de Santo Amaro das Salinas. Em nosso ofício detetivesco, debruçamo-nos sobre documentos diversos, de impressos a manuscritos, com o intento de compreender as fases e o funcionamento do Asilo de Mendicidade, que foi modificada de instituição criada para “ensaio” ou “experimento”, foi pretendida a servir como nosocômio, casa de correção e casa de trabalho. A trajetória dessa instituição se confunde com a história da cidade do Recife, bem como está entrelaçada à história de muitos indivíduos que na condição de internos viveram de “portas adentro” do Asilo de Mendicidade. Por fim, nas linhas desse trabalho, tecemos a história dessa instituição e dos seus asilados, os quais reunidos num mesmo espaço foram sendo destituídos do seu “eu” que havia “portas afora” para outro “eu” que deveria servir de “portas adentro”.

7
  • JOSÉ MAXSUEL LOURENÇO ALVES
  • Gincanas, cartilhas e memórias: A fabricação da Cultura Popular no Movimento Brasileiro de Alfabetização – Mobral na Paraíba (1970-1985)

  • Orientador : REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • HELDER REMIGIO DE AMORIM
  • IRANILSON BURITI DE OLIVEIRA
  • JANAÍNA MARTINS CORDEIRO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 28/02/2022

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  • Este tese estuda as apropriações da cultura popular realizadas pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização, em sua estratégia de produção da adesão, do consenso, consentimento e legitimidade da ditadura civil militar na Paraíba. Criado no intuito de alfabetizar adultos, dentro da lógica governamental do “milagre brasileiro” e da integração nacional, o Mobral emerge dentro de um conjunto amplo de iniciativas que, num duplo jogo, interviam sobre a população na modernização de seus hábitos e agenciavam o estabelecimento de uma rede de relações que atavam as pessoas comuns de todo o país, ao Mobral central, criando um conjunto de práticas que visavam o engajamento constante desta população. Entre tais práticas destacaram-se aquelas que, ao longo do século XX, foram classificadas como cultura popular e folclore, e que foram amalgamadas com dispositivos da cultura letrada como programas de rádio e livros pelo programa Mobral cultural. O objetivo deste trabalho é compreender como este programa tornou-se possível, bem como as relações que foram estabelecidos por ele e pelo Mobral de maneira mais
    ampla com a população. Na construção desta tese utilizamos como metodologia a análise do discurso e como fontes periódicos, revistas, correspondências, relatórios, leis, diários do congresso Nacional e relatos orais de memória.


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  • Este tese estuda as apropriações da cultura popular realizadas pelo Movimento Brasileiro de Alfabetização, em sua estratégia de produção da adesão, do consenso, consentimento e legitimidade da ditadura civil militar na Paraíba. Criado no intuito de alfabetizar adultos, dentro da lógica governamental do “milagre brasileiro” e da integração nacional, o Mobral emerge dentro de um conjunto amplo de iniciativas que, num duplo jogo, interviam sobre a população na modernização de seus hábitos e agenciavam o estabelecimento de uma rede de relações que atavam as pessoas comuns de todo o país, ao Mobral central, criando um conjunto de práticas que visavam o engajamento constante desta população. Entre tais práticas destacaram-se aquelas que, ao longo do século XX, foram classificadas como cultura popular e folclore, e que foram amalgamadas com dispositivos da cultura letrada como programas de rádio e livros pelo programa Mobral cultural. O objetivo deste trabalho é compreender como este programa tornou-se possível, bem como as relações que foram estabelecidos por ele e pelo Mobral de maneira mais
    ampla com a população. Na construção desta tese utilizamos como metodologia a análise do discurso e como fontes periódicos, revistas, correspondências, relatórios, leis, diários do congresso Nacional e relatos orais de memória.

8
  • MARCUS VINICIUS SANTANA LIMA ALMEIDA
  • COMO UM TROPEL POR DENTRO: CONCEPÇÕES DE VIDA, SENTIMENTOS E REAÇÕES NA OBRA DE JORGE AMADO

  • Orientador : ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • ALCILEIDE CABRAL DO NASCIMENTO
  • FRANCISCO DENIS MELO
  • JOANA D ARC DE SOUSA LIMA
  • Data: 06/05/2022

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  • As primeiras décadas do século vinte, na Bahia, são marcadas por mudanças e permanências históricas. Sua capital era um lugar que, apesar dos discursos de progresso e civilidade, protagonizava dramas sociais, perceptíveis em moradias improvisadas, epidemias que se prolongavam, prostituição de menores e tipos de trabalho realizados em condições precárias. Ambientado nesse contexto, a obra literária de Jorge Amado, romancista baiano, tornou-se uma importante fonte histórica para se analisar as formas de viver, de sentir e reagir elaboradas por pessoas cujas vidas estavam atravessadas por essa desigualdade social e dilemas existenciais. Se havia gente pobre tentando encontrar respostas para as adversidades que caracterizavam suas experiências de vida, associando-as à questão de como deveriam interpretar o próprio destino, havia, de outro modo, homens com alguma posse econômica ou inserção social mais privilegiada, reivindicando a necessidade de debater o significado da felicidade e da infelicidade, da tragédia de não encontrarem a satisfação para viver. Os romances Jubiabá e O País do Carnaval, publicados por Jorge Amado, respectivamente, em 1935 e 1931, apresentam-se como documentos históricos para compreendermos como tais sujeitos, representando diferentes cenas daquela Bahia, elaboraram concepções de vida. Ou seja, como expressavam sentimentos humanos a partir das relações que estabeleciam e, por fim, como reagiam, com atitudes e pensamentos, diante dos acontecimentos diários, fossem eles previstos ou resultado do acaso. O estudo desses livros possibilita à historiografia notar as sensibilidades de uma época, a subjetividade humana de um dado contexto histórico, bem como as aspirações de mulheres e homens tecidas em meio ao turbilhão da modernidade.


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  • As primeiras décadas do século vinte, na Bahia, são marcadas por mudanças e permanências históricas. Sua capital era um lugar que, apesar dos discursos de progresso e civilidade, protagonizava dramas sociais, perceptíveis em moradias improvisadas, epidemias que se prolongavam, prostituição de menores e tipos de trabalho realizados em condições precárias. Ambientado nesse contexto, a obra literária de Jorge Amado, romancista baiano, tornou-se uma importante fonte histórica para se analisar as formas de viver, de sentir e reagir elaboradas por pessoas cujas vidas estavam atravessadas por essa desigualdade social e dilemas existenciais. Se havia gente pobre tentando encontrar respostas para as adversidades que caracterizavam suas experiências de vida, associando-as à questão de como deveriam interpretar o próprio destino, havia, de outro modo, homens com alguma posse econômica ou inserção social mais privilegiada, reivindicando a necessidade de debater o significado da felicidade e da infelicidade, da tragédia de não encontrarem a satisfação para viver. Os romances Jubiabá e O País do Carnaval, publicados por Jorge Amado, respectivamente, em 1935 e 1931, apresentam-se como documentos históricos para compreendermos como tais sujeitos, representando diferentes cenas daquela Bahia, elaboraram concepções de vida. Ou seja, como expressavam sentimentos humanos a partir das relações que estabeleciam e, por fim, como reagiam, com atitudes e pensamentos, diante dos acontecimentos diários, fossem eles previstos ou resultado do acaso. O estudo desses livros possibilita à historiografia notar as sensibilidades de uma época, a subjetividade humana de um dado contexto histórico, bem como as aspirações de mulheres e homens tecidas em meio ao turbilhão da modernidade.

9
  • OSNAR GOMES DOS SANTOS
  • OS SINAIS DA CONVERSÃO: O MOVIMENTO DO CRISTIANISMO DA LIBERTAÇÃO NA DIOCESE DE PROPRIÁ-SE (1960-1991)

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • IRINÉIA MARIA FRANCO DOS SANTOS
  • JOSE ADILSON FILHO
  • Data: 15/06/2022

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  • As relações entre religião e política na América Latina foram profundamente alteradas entre o final da década de 1950 e início da década de 1960. No plano político, a Revolução Cubana de 1959 projetou para o futuro do continente um novo horizonte de expectativas. As ideias disruptivas ganharam um lugar privilegiado no xadrez político e social. No plano religioso, a abertura do Concílio Vaticano II, no ano de 1962, admitiu para a Igreja Católica a sua abertura e atualização diante dos dilemas do mundo moderno. Teologias, antes vítimas da censura vaticana, passaram a ser reabilitadas e o engajamento cristão na sociedade foi encorajado. A Igreja na América Latina foi decisivamente influenciada por essas mudanças, ao ponto de se converter num dos principais canais de oposição aos modelos político-econômicos instaurados no continente. Esta tese pretende esmiuçar o caso particular da diocese sergipana de Propriá em meio a essas mudanças de lugar político, social e religioso da Igreja latino-americana. A análise desse caso particular aparece como uma necessidade a fim de captar com maior precisão a totalidade da alteração das relações entre religião e política no continente. O marco temporal contempla quatro décadas, entre a de 1960 e a de 1990, dada a motivação em esquadrinhar o período que vai da conversão diocesan a ao cristianismo da libertação latino-americano à desaceleração do ímpeto reformador que guiou a maioria do seu clero. Dividida em sete capítulos, a tese procurou dar novos contornos à compreensão dos impactos que mudanças nas relações entre religião e política puderam e podem provocar na sociedade contemporânea.


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  • As relações entre religião e política na América Latina foram profundamente alteradas entre o final da década de 1950 e início da década de 1960. No plano político, a Revolução Cubana de 1959 projetou para o futuro do continente um novo horizonte de expectativas. As ideias disruptivas ganharam um lugar privilegiado no xadrez político e social. No plano religioso, a abertura do Concílio Vaticano II, no ano de 1962, admitiu para a Igreja Católica a sua abertura e atualização diante dos dilemas do mundo moderno. Teologias, antes vítimas da censura vaticana, passaram a ser reabilitadas e o engajamento cristão na sociedade foi encorajado. A Igreja na América Latina foi decisivamente influenciada por essas mudanças, ao ponto de se converter num dos principais canais de oposição aos modelos político-econômicos instaurados no continente. Esta tese pretende esmiuçar o caso particular da diocese sergipana de Propriá em meio a essas mudanças de lugar político, social e religioso da Igreja latino-americana. A análise desse caso particular aparece como uma necessidade a fim de captar com maior precisão a totalidade da alteração das relações entre religião e política no continente. O marco temporal contempla quatro décadas, entre a de 1960 e a de 1990, dada a motivação em esquadrinhar o período que vai da conversão diocesan a ao cristianismo da libertação latino-americano à desaceleração do ímpeto reformador que guiou a maioria do seu clero. Dividida em sete capítulos, a tese procurou dar novos contornos à compreensão dos impactos que mudanças nas relações entre religião e política puderam e podem provocar na sociedade contemporânea.

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  • JANNAIARA BARROS CAVALCANTE
  •  “CAMINHOS DO ASSOCIATIVISMO DOCENTE EM PERNAMBUCO: A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DOS TRABALHADORES DO ENSINO"

  • Orientador : BARTIRA FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • JOSE ADILSON FILHO
  • MARCELO GÓES TAVARES
  • MARCÍLIA GAMA DA SILVA
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • Data: 25/07/2022

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  • Este estudo tem como objetivo apresentar trajetórias do associativismo docente em Pernambuco, buscando analisar as primeiras experiências associativas desenvolvidas pelo CPPP, destacando as configurações de um associativismo repleto de potencialidades e limitações. Traz apontamentos sobre como essa primeira associação docente contribuiu para a construção de uma imagem do magistério numa perspectiva missionária e como foram construindo suas lutas desvinculadas de um protagonismo mais contestador. A exposição desse primeiro cenário nos oferece melhores condições para entendermos a dinâmica que levou à formação da APENOPE, a qual preencheu um espaço de representação do magistério, ao mesmo tempo em que nasceu num forte contexto de tensões próprias da ditadura, posicionando-se de forma favorável a mesma. Após a visualização dessa conjuntura, nos concentramos nas dinâmicas políticas e sociais dos anos 70 e na expressiva greve de 1979, na qual novos personagens entraram em cena, questionando e promovendo mudanças no interior da APENOPE, bem como construindo uma imagem que apresentava o professor como trabalhador, fortalecendo a luta em torno do direito de sindicalização e as bases que deram origem a Central Única dos Trabalhadores. Em nossa composição historiográfica utilizamos o Jornal do Professor e jornais da imprensa pernambucana disponíveis no APEJE. Esses últimos também foram consultados através da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Outros espaços digitais percorridos foram: o acervo do IBGE, do INEP e o Centro de Documentação e Memória da CUT. Fontes do regime repressivo foram acessadas através do DOPS-PE e através do Sistema de Informação do Arquivo Nacional, possibilitando, juntamente com os relatos de memória, perceber os protagonismos ligados ao mundo do trabalho e à esfera política que fizeram com que a APENOPE ficasse sob a mira da vigilância.


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  • Este estudo tem como objetivo apresentar trajetórias do associativismo docente em Pernambuco, buscando analisar as primeiras experiências associativas desenvolvidas pelo CPPP, destacando as configurações de um associativismo repleto de potencialidades e limitações. Traz apontamentos sobre como essa primeira associação docente contribuiu para a construção de uma imagem do magistério numa perspectiva missionária e como foram construindo suas lutas desvinculadas de um protagonismo mais contestador. A exposição desse primeiro cenário nos oferece melhores condições para entendermos a dinâmica que levou à formação da APENOPE, a qual preencheu um espaço de representação do magistério, ao mesmo tempo em que nasceu num forte contexto de tensões próprias da ditadura, posicionando-se de forma favorável a mesma. Após a visualização dessa conjuntura, nos concentramos nas dinâmicas políticas e sociais dos anos 70 e na expressiva greve de 1979, na qual novos personagens entraram em cena, questionando e promovendo mudanças no interior da APENOPE, bem como construindo uma imagem que apresentava o professor como trabalhador, fortalecendo a luta em torno do direito de sindicalização e as bases que deram origem a Central Única dos Trabalhadores. Em nossa composição historiográfica utilizamos o Jornal do Professor e jornais da imprensa pernambucana disponíveis no APEJE. Esses últimos também foram consultados através da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional. Outros espaços digitais percorridos foram: o acervo do IBGE, do INEP e o Centro de Documentação e Memória da CUT. Fontes do regime repressivo foram acessadas através do DOPS-PE e através do Sistema de Informação do Arquivo Nacional, possibilitando, juntamente com os relatos de memória, perceber os protagonismos ligados ao mundo do trabalho e à esfera política que fizeram com que a APENOPE ficasse sob a mira da vigilância.

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  • AIRTON DE SOUZA MÉLO
  • TRABALHADORES, DIREITOS E JUSTIÇA DO TRABALHO: A CONSTRUÇÃO CIVIL EM ALAGOAS (1964-1980)

  • Orientador : MARIA DO SOCORRO FERRAZ BARBOSA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANDERSON VIEIRA MOURA
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MARCELO GÓES TAVARES
  • MARIA DO SOCORRO FERRAZ BARBOSA
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 24/10/2022

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  • A ditadura brasileira iniciada após do golpe de 1964 atingiu de forma sistemática o mundo do trabalho, resultando na redução dos espaços democráticos na relação capital x trabalho e aprofundando a desigualdade nas relações trabalhistas. Nesse contexto, essa tese propõe investigar os trabalhadores da construção civil de Maceió nos momentos de embates com seus patrões, mediados pela Justiça do Trabalho. Pretendemos lançar olhares sob esses
    trabalhadores fora de um viés estatal, onde os trabalhadores eram minimizados ou ignorados, mas sim sob uma perspectiva que nos revela e nos dá a possibilidade de reavaliar o papel desses trabalhadores no período ditatorial. Além de analisar o papel da Justiça do Trabalho e sua “vocação conciliatória”, assim como o caso específico do tribunal do trabalho em Maceió como parte integrante de um movimento nacional, mas, também envolto em particularidades. Através das fontes conseguimos compreender como viviam e trabalhavam estes operários que buscavam reparação de direitos através de luta nos tribunais da Justiça do Trabalho.


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  • A ditadura brasileira iniciada após do golpe de 1964 atingiu de forma sistemática o mundo do trabalho, resultando na redução dos espaços democráticos na relação capital x trabalho e aprofundando a desigualdade nas relações trabalhistas. Nesse contexto, essa tese propõe investigar os trabalhadores da construção civil de Maceió nos momentos de embates com seus patrões, mediados pela Justiça do Trabalho. Pretendemos lançar olhares sob esses
    trabalhadores fora de um viés estatal, onde os trabalhadores eram minimizados ou ignorados, mas sim sob uma perspectiva que nos revela e nos dá a possibilidade de reavaliar o papel desses trabalhadores no período ditatorial. Além de analisar o papel da Justiça do Trabalho e sua “vocação conciliatória”, assim como o caso específico do tribunal do trabalho em Maceió como parte integrante de um movimento nacional, mas, também envolto em particularidades. Através das fontes conseguimos compreender como viviam e trabalhavam estes operários que buscavam reparação de direitos através de luta nos tribunais da Justiça do Trabalho.

2021
Dissertações
1
  • LARA MARIA DE HOLANDA SOARES
  • "COMO É DE DIREITO E DE JUSTIÇA": UM EMBATE DE CLASSES ENTRE TRABALHADORES E EMPREGADORES DA AGROINDÚSTRIA AÇUCAREIRA NOS PROCESSOS TRABALHISTAS DA JCJ GOIANA/PE (1971-1973)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • TIAGO BERNARDON DE OLIVEIRA
  • Data: 13/04/2021

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  • A cana-de-açúcar, originária do Sudeste Asiático, foi o produto que mais gerou riqueza na colônia. O açúcar virou hábito dos europeus e até hoje, além do etanol, é um dos principais produtos exportados do Brasil. A plantação extraiu tudo da força de trabalho, primeiro coagida e escravizada, depois proletarizada. Após a abolição da escravidão, os canavieiros tornaram-se legalmente livres, mas sem direitos sociais. Esta dissertação traz uma análise das condições dos trabalhadores da agroindústria açucareira entre 1971 e 1973, através dos
    processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Goiana (JCJ Goiana/PE). Nos anos 1970, houve um grande investimento aliado a um discurso de modernização e desenvolvimento. Mas esses incentivos também contemplavam os trabalhadores? A indústria açucareira se firmou com incentivos estatais, através de órgãos como o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933. Seguindo a história social, espera-se contribuir com uma história desses trabalhadores, sujeitos ativos na construção de sua própria história, ainda que através
    de um instrumento do discurso oficial, que eram os processos da Justiça do Trabalho. Dado o volume de processos e sua homogeneidade, optou-se pela metodologia da história serial, para se construir uma série histórica. Além de traçar um perfil dos trabalhadores, também se observou como o Estado esteve presente nas relações trabalhistas. Alguns direitos foram conquistados pelos trabalhadores no governo de Getúlio Vargas, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. Mas os assalariados rurais não foram contemplados por mais 20 anos, tendo seus direitos reconhecidos apenas em 1963, após a promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR). A JCJ Goiana/PE, na Zona da Mata Norte pernambucana, foi inaugurada na mesma época. Os avanços sociais conquistados pelos trabalhadores provocaram uma grande reação, que resultou no golpe militar de 1964, quando os canavieiros foram reprimidos duramente, com a perseguição e prisão de líderes dos movimentos sociais e de todos que discordavam do projeto político estabelecido com a ditadura militar (1964-1985). Os processos evidenciam permanências históricas que marcam ainda hoje a zona canavieira, como a violência física e simbólica, as ameaças e a precariedade das condições de vida e de trabalho, como o não recebimento de salário-mínimo, férias ou auxílio-doença, reivindicados e denunciados pelos canavieiros na Justiça, denotando também o embate de classes entre trabalhadores e empregadores.


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  • A cana-de-açúcar, originária do Sudeste Asiático, foi o produto que mais gerou riqueza na colônia. O açúcar virou hábito dos europeus e até hoje, além do etanol, é um dos principais produtos exportados do Brasil. A plantação extraiu tudo da força de trabalho, primeiro coagida e escravizada, depois proletarizada. Após a abolição da escravidão, os canavieiros tornaram-se legalmente livres, mas sem direitos sociais. Esta dissertação traz uma análise das condições dos trabalhadores da agroindústria açucareira entre 1971 e 1973, através dos
    processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Goiana (JCJ Goiana/PE). Nos anos 1970, houve um grande investimento aliado a um discurso de modernização e desenvolvimento. Mas esses incentivos também contemplavam os trabalhadores? A indústria açucareira se firmou com incentivos estatais, através de órgãos como o Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA) em 1933. Seguindo a história social, espera-se contribuir com uma história desses trabalhadores, sujeitos ativos na construção de sua própria história, ainda que através
    de um instrumento do discurso oficial, que eram os processos da Justiça do Trabalho. Dado o volume de processos e sua homogeneidade, optou-se pela metodologia da história serial, para se construir uma série histórica. Além de traçar um perfil dos trabalhadores, também se observou como o Estado esteve presente nas relações trabalhistas. Alguns direitos foram conquistados pelos trabalhadores no governo de Getúlio Vargas, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), de 1943. Mas os assalariados rurais não foram contemplados por mais 20 anos, tendo seus direitos reconhecidos apenas em 1963, após a promulgação do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR). A JCJ Goiana/PE, na Zona da Mata Norte pernambucana, foi inaugurada na mesma época. Os avanços sociais conquistados pelos trabalhadores provocaram uma grande reação, que resultou no golpe militar de 1964, quando os canavieiros foram reprimidos duramente, com a perseguição e prisão de líderes dos movimentos sociais e de todos que discordavam do projeto político estabelecido com a ditadura militar (1964-1985). Os processos evidenciam permanências históricas que marcam ainda hoje a zona canavieira, como a violência física e simbólica, as ameaças e a precariedade das condições de vida e de trabalho, como o não recebimento de salário-mínimo, férias ou auxílio-doença, reivindicados e denunciados pelos canavieiros na Justiça, denotando também o embate de classes entre trabalhadores e empregadores.

2
  • ÉMERSON BARBOSA DA SILVA ALEIXO
  • SANTA INQUISIÇÃO E CRIME DE BIGAMIA NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO: O CASO DE MARTA FERNANDES (1593-1595)

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • GRAYCE MAYRE BONFIM SOUZA
  • AUGUSTO CESAR ACIOLY PAZ SILVA
  • Data: 29/04/2021

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  • Inquisição e bigamia no Brasil colonial são temas intensamente debatidos, porém nunca esgotados. Por este fato, trazemos à tona um crime de bigamia feminina ocorrido em Olinda, na Capitania de Pernambuco, no final do século XVI. A presente pesquisa se debruçou diante de um processo inquisitorial, analisando o caso de Marta Fernandes, denunciada à Santa Inquisição durante visitação oficial a estas partes do Brasil. Por sua relevância à historiografia, especialmente em face da figura feminina ter sido durante muito tempo “silenciada” nas produções historiográficas, objetivou-se analisar este delito de bigamia dentro do recorte temporal estabelecido, que se dá entre 1593-1595, período de tempo que marca o início e o fim do trâmite processual da acusada. Examinando como o bígamo era percebido pelas autoridades eclesiais, as repercussões sociais e morais que causavam no dia a dia da colônia. O processo analisado, enquanto principal fonte histórica desta pesquisa, encontra-se disponível para acesso no site oficial do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sob o número 10.745. Utilizou-se a micro-história enquanto recurso metodológico para compreendermos os detalhes e as minúcias
    da fonte em questão, que nos permitiu visualizar como estas normas, códigos e leis, contribuíram para que Marta Fernandes, uma mulher parda, ex-escrava, forçada a um matrimônio arquitetado por seu ex-proprietário e amante, a fugir de sua ilha natal e a contrair novo matrimônio em terras ultramarinas, tendo seu primeiro cônjuge ainda vivo. Como embasamento teórico, utilizamos obras de Certeau (2005); Darton (1986); Fernandes (1995); Figueiredo (2004); Geertz (1989); Ginzburg (2003); Levi (2016); Novinsky (1996); Perrot (2007); Revel (1998); Siqueira (1978); Vainfas (1997); entre outros. Os resultados obtidos a partir da análise do processo inquisitorial desvela a perseguição e condenação ao crime de bigamia pelo Tribunal do Santo Ofício, ao mesmo tempo que revela uma mulher disposta a sobreviver em uma sociedade altamente hierarquizada; que não se apresenta como subversiva, e que diante de sua trajetória de vida, não se demonstrou apática à realidade colonial e masculina vigente do quinhentos.


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  • Inquisição e bigamia no Brasil colonial são temas intensamente debatidos, porém nunca esgotados. Por este fato, trazemos à tona um crime de bigamia feminina ocorrido em Olinda, na Capitania de Pernambuco, no final do século XVI. A presente pesquisa se debruçou diante de um processo inquisitorial, analisando o caso de Marta Fernandes, denunciada à Santa Inquisição durante visitação oficial a estas partes do Brasil. Por sua relevância à historiografia, especialmente em face da figura feminina ter sido durante muito tempo “silenciada” nas produções historiográficas, objetivou-se analisar este delito de bigamia dentro do recorte temporal estabelecido, que se dá entre 1593-1595, período de tempo que marca o início e o fim do trâmite processual da acusada. Examinando como o bígamo era percebido pelas autoridades eclesiais, as repercussões sociais e morais que causavam no dia a dia da colônia. O processo analisado, enquanto principal fonte histórica desta pesquisa, encontra-se disponível para acesso no site oficial do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, sob o número 10.745. Utilizou-se a micro-história enquanto recurso metodológico para compreendermos os detalhes e as minúcias
    da fonte em questão, que nos permitiu visualizar como estas normas, códigos e leis, contribuíram para que Marta Fernandes, uma mulher parda, ex-escrava, forçada a um matrimônio arquitetado por seu ex-proprietário e amante, a fugir de sua ilha natal e a contrair novo matrimônio em terras ultramarinas, tendo seu primeiro cônjuge ainda vivo. Como embasamento teórico, utilizamos obras de Certeau (2005); Darton (1986); Fernandes (1995); Figueiredo (2004); Geertz (1989); Ginzburg (2003); Levi (2016); Novinsky (1996); Perrot (2007); Revel (1998); Siqueira (1978); Vainfas (1997); entre outros. Os resultados obtidos a partir da análise do processo inquisitorial desvela a perseguição e condenação ao crime de bigamia pelo Tribunal do Santo Ofício, ao mesmo tempo que revela uma mulher disposta a sobreviver em uma sociedade altamente hierarquizada; que não se apresenta como subversiva, e que diante de sua trajetória de vida, não se demonstrou apática à realidade colonial e masculina vigente do quinhentos.

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  • LUIZ HENRIQUE SANTOS FERREIRA DA COSTA
  • AÇÕES TRABALHISTAS, REPRESSÃO, VIOLÊNCIA E USO POLÍTICO DO PASSADO NA ZONA DA MATA DE PERNAMBUCO. (1964-1967)

  • Orientador : PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • MARCIO ANANIAS FERREIRA VILELA
  • Data: 11/06/2021

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  • Esta dissertação analisa conflitos trabalhistas na Justiça do Trabalho. As ações judiciais estudadas foram movidas por trabalhadores rurais contra seus empregadores nas Juntas de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata, Jaboatão dos Guararapes e Goiana, durante o início da ditadura civil militar. Nos processos trabalhistas selecionados, os latifundiários acusaram os assalariados rurais de terem participado das Ligas Camponesas. Essas acusações faziam parte de um discurso que se apoiava nos signos combatidos pelo novo regime repressor que gradualmente se estabelecia, produzindo então um uso político do passado a partir do agenciamento de memórias que circulavam em parte da imprensa e entre a maioria dos latifundiários. Com isso, estabeleceram-se associações automáticas entre as Ligas e agitação social, insubordinação, greves e incêndios. O intuito dessa estratégia era criar argumentos para justificar demissões por justa causa. Ao mobilizar outras documentações para a pesquisa, como entrevistas com trabalhadores rurais e registros de imprensa, mostrou-se que as histórias presentes nas ações judiciais dizem de uma questão individual, mas também social. Podemos citar as manobras patronais para subtrair direitos dos empregados, uso patrimonialista das forças policiais, formação de milícias privadas e aumento da repressão e violência contra trabalhadores rurais quando do golpe de 1964.


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  • Esta dissertação analisa conflitos trabalhistas na Justiça do Trabalho. As ações judiciais estudadas foram movidas por trabalhadores rurais contra seus empregadores nas Juntas de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata, Jaboatão dos Guararapes e Goiana, durante o início da ditadura civil militar. Nos processos trabalhistas selecionados, os latifundiários acusaram os assalariados rurais de terem participado das Ligas Camponesas. Essas acusações faziam parte de um discurso que se apoiava nos signos combatidos pelo novo regime repressor que gradualmente se estabelecia, produzindo então um uso político do passado a partir do agenciamento de memórias que circulavam em parte da imprensa e entre a maioria dos latifundiários. Com isso, estabeleceram-se associações automáticas entre as Ligas e agitação social, insubordinação, greves e incêndios. O intuito dessa estratégia era criar argumentos para justificar demissões por justa causa. Ao mobilizar outras documentações para a pesquisa, como entrevistas com trabalhadores rurais e registros de imprensa, mostrou-se que as histórias presentes nas ações judiciais dizem de uma questão individual, mas também social. Podemos citar as manobras patronais para subtrair direitos dos empregados, uso patrimonialista das forças policiais, formação de milícias privadas e aumento da repressão e violência contra trabalhadores rurais quando do golpe de 1964.

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  • VIVIANE HOLANDA RANGEL
  • VONTADES ENTRELAÇADAS PELA LEI: UMA DISPUTA DISCURSIVA ENTRE PARTES E MAGISTRADOS NOS PROCESSOS DE CRIMES SEXUAIS CONTRA MULHERES EM PERNAMBUCO (1963 – 1973)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CAROLINA PINHEIRO MENDES CAHU DE OLIVEIRA
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • Data: 22/07/2021

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  • Os crimes sexuais cometidos contra mulheres tiveram variadas interpretações ao longo dos séculos e das diferentes sociedades. O patriarcado fez com que, durante muito tempo, os corpos femininos fossem tidos como propriedade pública, quando não estivessem tutelados por homens. No ocidente, o desenvolvimento do capitalismo fortaleceu a ideia de que as mulheres eram propriedades masculinas, reforçando portanto o acesso que se poderia ter aos seus corpos. Também, a presença de um estado centralizado com o cristianismo como religião oficial desempenhou um papel fundamental no machismo institucional. O capital jurídico e médico, construídos sobre tais bases, fortaleceram juntos concepções misóginas sobre as capacidades femininas, um defendendo a sua debilidade e incapacidade, o outro produzindo conhecimento de modo a controlar seus corpos. Tal união acabou por fundamentar um sistema que culpabilizava as mulheres por quaisquer atos cometidos contra elas, com as denúncias de estupros e seus correlativos comportando frequentemente a dúvida de que a vítima poderia no mínimo ter consentido, quando não, ter efetivamente provocado a sua ocorrência a partir de algum comportamento. No Recife das décadas de 1960 e 1970, as denúncias desses crimes e os processos que se seguiam foram provas dessas tensões. Enquanto que a ida à delegacia simbolizava a noção de busca por um direito, também pressupunha a anuência com comportamentos sexuais cristalizados pela justiça, uma vez que as leis defendiam perfis e modelos de conduta específicos para os envolvidos, especialmente as do gênero
    feminino. Os exames sexológicos feitos pelo IML, imprescindíveis para o início do processo criminal, remontaram à união da medicina com o direito no controle da sexualidade e dos corpos femininos. Já no âmbito judicial, as narrativas desenvolvidas pelas vítimas, pelos acusados e pelos membros do judiciário instrumentalizaram conceitos que foram desde o ideal feminino da época até a noção de que haviam mulheres não merecedoras de serem protegidas pela justiça. No entanto, a análise das queixas-crime e dos processos judiciais mostrou que, mesmo tentando se encaixar em modelos preestabelecidos de sexualidade e comportamento, tais moldes nem sempre se alinhavam às práticas da população. Através dos depoimentos das partes e intervenções dos funcionários envolvidos, pôde-se perceber a intensa articulação que aconteceu entre as condutas esperadas e as
    ocorridas de fato e como o sistema judiciário agia nesse embate. O olhar sobre os processos demonstrou como as mulheres eram capazes de articular suas versões, criando caminhos onde poderiam ter seus objetivos alcançados. Sua busca por seus direitos revelou formas de viver suas vidas e suas sexualidades que não apenas se conformaram a corroborar normas instituídas, as contestando quando isto lhes era útil. A atuação feminina e os muitos discursos construídos em torno dos crimes sexuais mostraram que as mulheres se portavam não apenas como vítimas de um sistema que lhes oprimia. Eram, também, agentes ativos num período que mesclava permanências de pensamentos e estruturas patriarcais, com a transformação de conceitos de gênero, de família, de relacionamentos e de justiça. 


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  • Os crimes sexuais cometidos contra mulheres tiveram variadas interpretações ao longo dos séculos e das diferentes sociedades. O patriarcado fez com que, durante muito tempo, os corpos femininos fossem tidos como propriedade pública, quando não estivessem tutelados por homens. No ocidente, o desenvolvimento do capitalismo fortaleceu a ideia de que as mulheres eram propriedades masculinas, reforçando portanto o acesso que se poderia ter aos seus corpos. Também, a presença de um estado centralizado com o cristianismo como religião oficial desempenhou um papel fundamental no machismo institucional. O capital jurídico e médico, construídos sobre tais bases, fortaleceram juntos concepções misóginas sobre as capacidades femininas, um defendendo a sua debilidade e incapacidade, o outro produzindo conhecimento de modo a controlar seus corpos. Tal união acabou por fundamentar um sistema que culpabilizava as mulheres por quaisquer atos cometidos contra elas, com as denúncias de estupros e seus correlativos comportando frequentemente a dúvida de que a vítima poderia no mínimo ter consentido, quando não, ter efetivamente provocado a sua ocorrência a partir de algum comportamento. No Recife das décadas de 1960 e 1970, as denúncias desses crimes e os processos que se seguiam foram provas dessas tensões. Enquanto que a ida à delegacia simbolizava a noção de busca por um direito, também pressupunha a anuência com comportamentos sexuais cristalizados pela justiça, uma vez que as leis defendiam perfis e modelos de conduta específicos para os envolvidos, especialmente as do gênero
    feminino. Os exames sexológicos feitos pelo IML, imprescindíveis para o início do processo criminal, remontaram à união da medicina com o direito no controle da sexualidade e dos corpos femininos. Já no âmbito judicial, as narrativas desenvolvidas pelas vítimas, pelos acusados e pelos membros do judiciário instrumentalizaram conceitos que foram desde o ideal feminino da época até a noção de que haviam mulheres não merecedoras de serem protegidas pela justiça. No entanto, a análise das queixas-crime e dos processos judiciais mostrou que, mesmo tentando se encaixar em modelos preestabelecidos de sexualidade e comportamento, tais moldes nem sempre se alinhavam às práticas da população. Através dos depoimentos das partes e intervenções dos funcionários envolvidos, pôde-se perceber a intensa articulação que aconteceu entre as condutas esperadas e as
    ocorridas de fato e como o sistema judiciário agia nesse embate. O olhar sobre os processos demonstrou como as mulheres eram capazes de articular suas versões, criando caminhos onde poderiam ter seus objetivos alcançados. Sua busca por seus direitos revelou formas de viver suas vidas e suas sexualidades que não apenas se conformaram a corroborar normas instituídas, as contestando quando isto lhes era útil. A atuação feminina e os muitos discursos construídos em torno dos crimes sexuais mostraram que as mulheres se portavam não apenas como vítimas de um sistema que lhes oprimia. Eram, também, agentes ativos num período que mesclava permanências de pensamentos e estruturas patriarcais, com a transformação de conceitos de gênero, de família, de relacionamentos e de justiça. 

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  • GIOVANNA MARIA TRAJANO DE LIRA
  • PERDI TUDO, NÃO TEM MAIS NADA:histórias de mulheres internadas no Hospital de Alienados do Recife (1930-1940)

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • YONISSA MARMITT WADI
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • Data: 10/08/2021

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  • A história da loucura é uma temática em crescimento no campo historiográfico brasileiro nos últimos anos. E é nessa temática que esta dissertação se localiza. Buscamos contar a história de mulheres que foram internadas no Hospital de Alienados do Recife durante as décadas de 1930 e 1940, entendendo que essas internações estavam inseridas num determinado contexto social e político. Naquela época a psiquiatria galgava cada vez mais seu espaço como a ciência médica que poderia tanto prevenir as cidadãs “desajustadas”, como ter os seus discursos higiênicos e morais disseminados na mídia, nas famílias e nas escolas. Essa especialidade médica ainda assumiu um posto de exclusividade em relação a assistência aos alienados do estado, que anteriormente ficava a cargo da Santa Casa de Misericórdia. Assim, a partir da análise dos prontuários psiquiátricos procuramos trazer um espaço de fala para essas mulheres que tantas vezes foram silenciadas dentro e fora dos muros da instituição de saúde. Mulheres que tiveram seus corpos e sua história analisada pelos médicos internos do hospital a partir da larga assistência criada por Ulysses Pernambucano em inícios da década de 1930, isto é, a Assistência a Psicopatas. Esta englobou tanto instituições de prevenção, medicalização, investigação da vida pregressa da paciente como o Serviço de Higiene Mental, laboratórios, além de espaços onde a permanências das pacientes seria mais duradoura e constante como o Hospital de Alienados, a Colônia de Barreiros e o Manicômio Judiciário.

     


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  • A história da loucura é uma temática em crescimento no campo historiográfico brasileiro nos últimos anos. E é nessa temática que esta dissertação se localiza. Buscamos contar a história de mulheres que foram internadas no Hospital de Alienados do Recife durante as décadas de 1930 e 1940, entendendo que essas internações estavam inseridas num determinado contexto social e político. Naquela época a psiquiatria galgava cada vez mais seu espaço como a ciência médica que poderia tanto prevenir as cidadãs “desajustadas”, como ter os seus discursos higiênicos e morais disseminados na mídia, nas famílias e nas escolas. Essa especialidade médica ainda assumiu um posto de exclusividade em relação a assistência aos alienados do estado, que anteriormente ficava a cargo da Santa Casa de Misericórdia. Assim, a partir da análise dos prontuários psiquiátricos procuramos trazer um espaço de fala para essas mulheres que tantas vezes foram silenciadas dentro e fora dos muros da instituição de saúde. Mulheres que tiveram seus corpos e sua história analisada pelos médicos internos do hospital a partir da larga assistência criada por Ulysses Pernambucano em inícios da década de 1930, isto é, a Assistência a Psicopatas. Esta englobou tanto instituições de prevenção, medicalização, investigação da vida pregressa da paciente como o Serviço de Higiene Mental, laboratórios, além de espaços onde a permanências das pacientes seria mais duradoura e constante como o Hospital de Alienados, a Colônia de Barreiros e o Manicômio Judiciário.

     

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  • ÉRICA DE OLIVEIRA SANTOS FERREIRA
  • "PLANTAR PARA SOBREVIVER:
    TRABALHADORES (AS) RURAIS DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS (1950-1959)"

  • Orientador : PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • JULIANA ALVES DE ANDRADE
  • MARCELO GÓES TAVARES
  • Data: 17/08/2021

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  • Essa dissertação historiciza as experiências cotidianas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de Palmeira dos Índios em meio ao discurso e prática de industrialização e modernidade no Brasil na década de 1950. Discutimos quais espaços são ocupados por esses trabalhadores rurais, na cidade de Palmeira dos Índios que tinha como principal base econômica a produção agrícola, mas que se colocava dentro da vanguarda da modernização. As táticas de (re) existências construídas por estes trabalhadores (as) frente ao projeto excludente da modernização, a agricultura foi um meio de sobrevivência. Plantar para sobreviver. O trabalho com e na terra produziu redes de aprendizagens e trocas de conhecimentos técnicos entre pais e filhos, constituiu um quadro de relações sociais, políticas e culturais entre a comunidade. Essas experiências, estratégias, os espaços ocupados – feiras, cinemas, fábricas, armazéns - garantiam em parte a reprodução desta cultura e o fortalecimento das relações sociais, uma vez que o projeto de modernização implementado no Brasil, em Palmeira dos Índios (1950) não os inseria no projeto de cidadania . Observamos ainda, as relações entre cidade, memória. Munidos de experiência, estratégias e resistências, (re) inventaram em suas práticas cotidianas, modos de viver e enfrentar as adversidades. O trabalho, a agricultura incorporam as histórias de gerações de trabalhadores e trabalhadoras rurais de Palmeira dos Índios, que constroem laços de afetos, luta, resistências, sobrevivências e de vivências. Nesse sentido, o agenciamento de obras historiográficas, teóricas, jornais, fotografias, atas da câmara dos vereadores e os relatos de memórias compõem o quadro de fontes documentais importantes para o desenvolvimento da pesquisa.


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  • Essa dissertação historiciza as experiências cotidianas dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de Palmeira dos Índios em meio ao discurso e prática de industrialização e modernidade no Brasil na década de 1950. Discutimos quais espaços são ocupados por esses trabalhadores rurais, na cidade de Palmeira dos Índios que tinha como principal base econômica a produção agrícola, mas que se colocava dentro da vanguarda da modernização. As táticas de (re) existências construídas por estes trabalhadores (as) frente ao projeto excludente da modernização, a agricultura foi um meio de sobrevivência. Plantar para sobreviver. O trabalho com e na terra produziu redes de aprendizagens e trocas de conhecimentos técnicos entre pais e filhos, constituiu um quadro de relações sociais, políticas e culturais entre a comunidade. Essas experiências, estratégias, os espaços ocupados – feiras, cinemas, fábricas, armazéns - garantiam em parte a reprodução desta cultura e o fortalecimento das relações sociais, uma vez que o projeto de modernização implementado no Brasil, em Palmeira dos Índios (1950) não os inseria no projeto de cidadania . Observamos ainda, as relações entre cidade, memória. Munidos de experiência, estratégias e resistências, (re) inventaram em suas práticas cotidianas, modos de viver e enfrentar as adversidades. O trabalho, a agricultura incorporam as histórias de gerações de trabalhadores e trabalhadoras rurais de Palmeira dos Índios, que constroem laços de afetos, luta, resistências, sobrevivências e de vivências. Nesse sentido, o agenciamento de obras historiográficas, teóricas, jornais, fotografias, atas da câmara dos vereadores e os relatos de memórias compõem o quadro de fontes documentais importantes para o desenvolvimento da pesquisa.

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  • EWERTON WIRLLEY SILVA BARROS
  • A METAMORFOSE DO FOLCLORE: UMA INSTITUCIONALIZAÇÃO ACADÊMICO-CIENTÍFICA POR VERÍSSIMO DE MELO (1944-1974)

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • BENITO BISSO SCHMIDT
  • FRANCISCO FIRMINO SALES NETO
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • Data: 26/08/2021

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  • Nesta dissertação, tive como pretensão a investigação da institucionalização do campo de estudos folclóricos nas esferas acadêmico-científica brasileiras. Para atender essa proposta, delimitei a pesquisa ao abordar a trajetória de Veríssimo Pinheiro de Melo (1921-1996) – um intelectual norte rio-grandense que participou desse processo de inserção institucional do saber folclórico no Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a partir da década de 1960. Em um cenário em que as ciências sociais já haviam se consolidado nas universidades brasileiras, sobretudo no formato de Centros e Departamentos Acadêmicos, investiguei a hipótese de que Veríssimo de Melo metamorfoseou o campo de estudos do folclore para inseri-lo no campo da antropologia cultural, como uma maneira de viabilizar a sua institucionalização acadêmica. Em vista disso, procurei problematizar a sua trajetória intelectual iniciada no Ensino Superior no ano de 1944, seguida do seu encontro com os estudos folclóricos, examinando o seu manuseio das fontes e métodos de pesquisa, mapeando as suas relações intelectuais, explorando ainda as relações de saber e poder que estavam no cerne das ciências sociais durante o período de sua trajetória profissional e, finalizando a pesquisa, em 1974, ano decisivo para a realização desses objetivos. Então, para a realização deste trabalho, utilizei e manuseei fontes bibliográficas, epistolares, periódicas e atas institucionais. No arcabouço teórico, fundamentei-me nas categorias de intelectual, campo, memória, emoções e biografia operacionalizadas, respectivamente, por Jean-François Sirinelli, Pierre Bourdieu, Henri Bergson, David Le Breton e François Dosse. O percurso metodológico que adotei e percorri foi balizado nas reflexões da análise de discurso elaborada por Michel Foucault.


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  • Nesta dissertação, tive como pretensão a investigação da institucionalização do campo de estudos folclóricos nas esferas acadêmico-científica brasileiras. Para atender essa proposta, delimitei a pesquisa ao abordar a trajetória de Veríssimo Pinheiro de Melo (1921-1996) – um intelectual norte rio-grandense que participou desse processo de inserção institucional do saber folclórico no Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a partir da década de 1960. Em um cenário em que as ciências sociais já haviam se consolidado nas universidades brasileiras, sobretudo no formato de Centros e Departamentos Acadêmicos, investiguei a hipótese de que Veríssimo de Melo metamorfoseou o campo de estudos do folclore para inseri-lo no campo da antropologia cultural, como uma maneira de viabilizar a sua institucionalização acadêmica. Em vista disso, procurei problematizar a sua trajetória intelectual iniciada no Ensino Superior no ano de 1944, seguida do seu encontro com os estudos folclóricos, examinando o seu manuseio das fontes e métodos de pesquisa, mapeando as suas relações intelectuais, explorando ainda as relações de saber e poder que estavam no cerne das ciências sociais durante o período de sua trajetória profissional e, finalizando a pesquisa, em 1974, ano decisivo para a realização desses objetivos. Então, para a realização deste trabalho, utilizei e manuseei fontes bibliográficas, epistolares, periódicas e atas institucionais. No arcabouço teórico, fundamentei-me nas categorias de intelectual, campo, memória, emoções e biografia operacionalizadas, respectivamente, por Jean-François Sirinelli, Pierre Bourdieu, Henri Bergson, David Le Breton e François Dosse. O percurso metodológico que adotei e percorri foi balizado nas reflexões da análise de discurso elaborada por Michel Foucault.

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  • MAXUEL DE FRANCA LIMA
  • EXPERIÊNCIA, TRABALHO E POLÍTICA: Os estivadores do porto do Recife (1891-1907).

  • Orientador : JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PETRÔNIO JOSÉ DOMINGUES
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • Data: 15/09/2021

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  • Esta dissertação investiga os estivadores do porto do Recife. Os estivadores eram os trabalhadores
    portuários que desempenhava um serviço fundamental para o funcionamento do porto,
    carregamento e descarga de mercadoria das embarcações. Ao longo do século XIX, estes
    estivadores também foram escravos, organizaram-se coletivamente por suas reivindicações, ainda
    sob a vigência do regime escravista, e em 1891 conseguiram fundar a Sociedade União
    Beneficente dos Estivadores. Nosso trabalho analisa esse processo de fazer-se dos estivadores
    enquanto uma categoria portuária e sua importância política nos primeiros anos de fundação da
    Sociedade até 1907.O sistema de contratação de mão de obra, o contexto político envolvido –
    abolicionismo, Proclamação da República – a luta pela consolidação da cidadania por meio da
    Sociedade, os conflitos com as autoridades públicas e com o patronato da estiva, as dificuldades
    de existência em um Recife marcado pelo desemprego e fome, foram aspectos que exploramos na
    vida dos estivadores. Estuda também como se deu a participação política desses sujeitos no
    período. Por meio da análise de suas greves e da atuação que ela ensejava visualizámos uma
    participação política intensa desses estivadores, marcado pela solidariedade entre eles e para com
    outras categorias. Assim, esse trabalho contribui com a historiografia que vem destacando a
    participação política da população mais pobre e negra na conformação do movimento operário.


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  • Esta dissertação investiga os estivadores do porto do Recife. Os estivadores eram os trabalhadores
    portuários que desempenhava um serviço fundamental para o funcionamento do porto,
    carregamento e descarga de mercadoria das embarcações. Ao longo do século XIX, estes
    estivadores também foram escravos, organizaram-se coletivamente por suas reivindicações, ainda
    sob a vigência do regime escravista, e em 1891 conseguiram fundar a Sociedade União
    Beneficente dos Estivadores. Nosso trabalho analisa esse processo de fazer-se dos estivadores
    enquanto uma categoria portuária e sua importância política nos primeiros anos de fundação da
    Sociedade até 1907.O sistema de contratação de mão de obra, o contexto político envolvido –
    abolicionismo, Proclamação da República – a luta pela consolidação da cidadania por meio da
    Sociedade, os conflitos com as autoridades públicas e com o patronato da estiva, as dificuldades
    de existência em um Recife marcado pelo desemprego e fome, foram aspectos que exploramos na
    vida dos estivadores. Estuda também como se deu a participação política desses sujeitos no
    período. Por meio da análise de suas greves e da atuação que ela ensejava visualizámos uma
    participação política intensa desses estivadores, marcado pela solidariedade entre eles e para com
    outras categorias. Assim, esse trabalho contribui com a historiografia que vem destacando a
    participação política da população mais pobre e negra na conformação do movimento operário.

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  • RENATO TORRES DE LIRA
  • AFRICANOS E O USO DA LEI FEIJÓ EM PERNAMBUCO: resistência ao cativeiro ilegal entre as décadas de 1870 e 1880.

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MARIA EMILIA VASCONCELOS DOS SANTOS
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • Data: 27/09/2021

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  • O presente trabalho tem por objetivo discutir a resistência escrava exercida por africanos e seus descendentes que acessaram a Justiça pernambucana, entre as duas décadas finais da instituição da escravidão no Brasil, e tornaram-se autores de ações que visavam alterar seus respectivos estatutos jurídicos. Alegando que o cativeiro no qual permaneciam desde muito jovens era ilegal por ter ocorrido após a promulgação da chamada lei Feijó, de 1831, que criminalizou o comércio atlântico de escravizados. A documentação trabalhada compreende um total de seis processos entre petições judiciais e ações de liberdade propriamente ditas, pertencentes ao acervo público do Memorial da Justiça de Pernambuco. A atitude destes autores em confrontar a propriedade senhorial pela esfera judiciária se coaduna a de outros inúmeros que por todo o Império se intensificou posteriormente à lei Rio Branco, ou “do Ventre Livre” de 1871. Esta, a despeito de uma proposta de abolição gradual do Estado, representou conquista dos escravizados, em função da atuação do conjunto das formas de resistência até aquele ponto do século XIX, pois ampliou possibilidades de alforrias e da impetração de ações judiciais de liberdade. A riqueza documental das fontes aqui trabalhadas permite lançar o olhar para o período em questão e, retrospectivamente, para as décadas que registraram massiva e ilícita importação de africanos para o Brasil. Isto foi possível pelos depoimentos de autores e testemunhas, pela atuação de curadores e dos representantes do senhorio, que, mesmo às vésperas da abolição definitiva insistiam na manutenção da propriedade escrava e ilegal.


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  • O presente trabalho tem por objetivo discutir a resistência escrava exercida por africanos e seus descendentes que acessaram a Justiça pernambucana, entre as duas décadas finais da instituição da escravidão no Brasil, e tornaram-se autores de ações que visavam alterar seus respectivos estatutos jurídicos. Alegando que o cativeiro no qual permaneciam desde muito jovens era ilegal por ter ocorrido após a promulgação da chamada lei Feijó, de 1831, que criminalizou o comércio atlântico de escravizados. A documentação trabalhada compreende um total de seis processos entre petições judiciais e ações de liberdade propriamente ditas, pertencentes ao acervo público do Memorial da Justiça de Pernambuco. A atitude destes autores em confrontar a propriedade senhorial pela esfera judiciária se coaduna a de outros inúmeros que por todo o Império se intensificou posteriormente à lei Rio Branco, ou “do Ventre Livre” de 1871. Esta, a despeito de uma proposta de abolição gradual do Estado, representou conquista dos escravizados, em função da atuação do conjunto das formas de resistência até aquele ponto do século XIX, pois ampliou possibilidades de alforrias e da impetração de ações judiciais de liberdade. A riqueza documental das fontes aqui trabalhadas permite lançar o olhar para o período em questão e, retrospectivamente, para as décadas que registraram massiva e ilícita importação de africanos para o Brasil. Isto foi possível pelos depoimentos de autores e testemunhas, pela atuação de curadores e dos representantes do senhorio, que, mesmo às vésperas da abolição definitiva insistiam na manutenção da propriedade escrava e ilegal.

10
  • HYAGO ÁTILLA SOUSA DOS SANTOS
  • O DRAMA DA PRINCESA TRANSVIADA: JORNAL A AÇÃO, PÂNICO MORAL E CARTOGRAFIAS DA IDENTIDADE AMEAÇADA EM CRATO (CE), 1965-1972

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANTONIO MAURICIO FREITAS BRITO
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • ROBERTO MARQUES
  • Data: 13/12/2021

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  • Considerando o crescimento dos debates em torno dos conceitos de moral e autoritarismo na historiografia brasileira, este trabalho pretende elaborar uma reflexão sobre como a mídia impressa operava, no início do período ditatorial-militar brasileiro, como agente direto na promoção e manutenção de regimes de moralidade. Para isso, foi utilizado, como fonte primária e objeto central do trabalho, o jornal A Ação, periódico fundado em 1939 pela Ação Católica da Diocese de Crato, cidade localizada na Região do Cariri, no interior do Ceará. O recorte temporal escolhido foi entre 1965, ano seguinte ao Golpe Militar, e 1972. Utilizando o conceito do Pânico Moral, desenvolvido e trabalhado por autores como Stanley Cohen (2011), Erich Goode e Nachman Bem-Yehuda (2009) e Benjamin Cowan (2016), a pretensão geral dessa reflexão é buscar entender como a imprensa, ao enquadrar grupos de jovens considerados subversivos nos valores morais e políticos pregados no período, operava seguindo padrões específicos de enquadramento e estigmatização de sujeitos, identificando a problemática, atribuindo significados ao que era descrito e propondo intervenções de resolução que, por vezes, recorriam a ações autoritárias da tecnocracia moral que se instaurava. Em seu desenvolvimento, o trabalho foi dividido em seções que abordam a questão do movimento cultural que atuou em um projeto civilizatório e identitário para a cidade do Crato e em como esse projeto se readaptou à realidade brasileira na transição ao autoritarismo; em como jovens, em especial mulheres, eram tratadas pelo A Ação e afetadas por mecanismos de disciplinarização e modelamento de corpos construídos pela Igreja e pela elite local; em estabelecer uma análise comparativa sobre como a toxicomania, elemento fortemente combatido na ditadura, era encarada pela juventude local, consideravelmente influenciada pelos movimentos de contracultura e enquadrada pelo jornal, e em como alguns espaços e sujeitos marginalizados e não pertencentes à elite local eram abordados nesses discursos. Toda a análise parte da ideia de que as formas de repressão policial e militar não se restringiam à dimensão política da subversão e de ações anticomunistas, mas que, sobretudo, o regime autoritário solidificou e aperfeiçoou a máquina de tortura e violência simbólica (com a ação direta de instituições religiosas) como padrão normalizado de enquadramento de sujeitos desviantes.


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  • Considerando o crescimento dos debates em torno dos conceitos de moral e autoritarismo na historiografia brasileira, este trabalho pretende elaborar uma reflexão sobre como a mídia impressa operava, no início do período ditatorial-militar brasileiro, como agente direto na promoção e manutenção de regimes de moralidade. Para isso, foi utilizado, como fonte primária e objeto central do trabalho, o jornal A Ação, periódico fundado em 1939 pela Ação Católica da Diocese de Crato, cidade localizada na Região do Cariri, no interior do Ceará. O recorte temporal escolhido foi entre 1965, ano seguinte ao Golpe Militar, e 1972. Utilizando o conceito do Pânico Moral, desenvolvido e trabalhado por autores como Stanley Cohen (2011), Erich Goode e Nachman Bem-Yehuda (2009) e Benjamin Cowan (2016), a pretensão geral dessa reflexão é buscar entender como a imprensa, ao enquadrar grupos de jovens considerados subversivos nos valores morais e políticos pregados no período, operava seguindo padrões específicos de enquadramento e estigmatização de sujeitos, identificando a problemática, atribuindo significados ao que era descrito e propondo intervenções de resolução que, por vezes, recorriam a ações autoritárias da tecnocracia moral que se instaurava. Em seu desenvolvimento, o trabalho foi dividido em seções que abordam a questão do movimento cultural que atuou em um projeto civilizatório e identitário para a cidade do Crato e em como esse projeto se readaptou à realidade brasileira na transição ao autoritarismo; em como jovens, em especial mulheres, eram tratadas pelo A Ação e afetadas por mecanismos de disciplinarização e modelamento de corpos construídos pela Igreja e pela elite local; em estabelecer uma análise comparativa sobre como a toxicomania, elemento fortemente combatido na ditadura, era encarada pela juventude local, consideravelmente influenciada pelos movimentos de contracultura e enquadrada pelo jornal, e em como alguns espaços e sujeitos marginalizados e não pertencentes à elite local eram abordados nesses discursos. Toda a análise parte da ideia de que as formas de repressão policial e militar não se restringiam à dimensão política da subversão e de ações anticomunistas, mas que, sobretudo, o regime autoritário solidificou e aperfeiçoou a máquina de tortura e violência simbólica (com a ação direta de instituições religiosas) como padrão normalizado de enquadramento de sujeitos desviantes.

Teses
1
  • GREYCE FALCÃO DO NASCIMENTO
  • "A RESISTÊNCIA NO EXÍLIO: MIGUEL ARRAES E O JORNAL FRENTE BRASILEIRA DE INFORMAÇÕES (1969-1973)"

  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • THIAGO NUNES SOARES
  • MARCÍLIA GAMA DA SILVA
  • Data: 08/06/2021

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  • Este trabalho tem por objetivo analisar a atuação dos sujeitos exilados que editaram o boletim Frente Brasileira de Informações, enquanto ferramenta de combate e resistência à ditadura civil militar brasileira. Discutimos a existência do informativo como forma de luta e de enfrentamento dos brasileiros que foram forçados a deixar o país, e também toda a trajetória desenvolvida pelo impresso, de sua produção até a sua repercussão. O Front se insere nas redes de comunicação, denúncia e resistência organizadas por exilados fora do país. A imprensa alternativa produzida no exílio dava oportunidade para que os indivíduos pudessem se expressar, refletir e estar mais próximos dos que partilhavam das mesmas condições e opiniões, através da troca de conhecimentos, experiências, e ampliação dos horizontes políticos e culturais. O objetivo do Front era, sobretudo, trazer notícias então censuradas no Brasil, informando à comunidade internacional, aquilo que não podia ser publicado na grande imprensa nacional, principalmente as denúncias de violação aos direitos humanos. Editado em nove países, Argélia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Suécia, Suíça e Chile, Front noticiou e denunciou importantes desdobramentos no campo da informação, tanto aqui, quanto no exterior. Através do boletim, constatamos que a resistência à ditadura não se deu apenas internamente, e que a resistência no exílio foi parte importante desse período histórico.


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  • Este trabalho tem por objetivo analisar a atuação dos sujeitos exilados que editaram o boletim Frente Brasileira de Informações, enquanto ferramenta de combate e resistência à ditadura civil militar brasileira. Discutimos a existência do informativo como forma de luta e de enfrentamento dos brasileiros que foram forçados a deixar o país, e também toda a trajetória desenvolvida pelo impresso, de sua produção até a sua repercussão. O Front se insere nas redes de comunicação, denúncia e resistência organizadas por exilados fora do país. A imprensa alternativa produzida no exílio dava oportunidade para que os indivíduos pudessem se expressar, refletir e estar mais próximos dos que partilhavam das mesmas condições e opiniões, através da troca de conhecimentos, experiências, e ampliação dos horizontes políticos e culturais. O objetivo do Front era, sobretudo, trazer notícias então censuradas no Brasil, informando à comunidade internacional, aquilo que não podia ser publicado na grande imprensa nacional, principalmente as denúncias de violação aos direitos humanos. Editado em nove países, Argélia, Alemanha, Bélgica, Holanda, Inglaterra, Itália, Suécia, Suíça e Chile, Front noticiou e denunciou importantes desdobramentos no campo da informação, tanto aqui, quanto no exterior. Através do boletim, constatamos que a resistência à ditadura não se deu apenas internamente, e que a resistência no exílio foi parte importante desse período histórico.

2
  • SUZANA DO NASCIMENTO VEIGA
  • POR CABEÇA DE CASAL: MULHERES NAS REDES DE TRANSMISSÃO, PARTILHA E ADMINISTRAÇÃO DE RIQUEZAS NAS CAPITANIAS DO NORTE (1534-1630).

  • Orientador : SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • GIOVANE ALBINO SILVA
  • JANAINA GUIMARAES DA FONSECA E SILVA
  • JEANNIE DA SILVA MENEZES
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 11/06/2021

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  • Esta tese tem como objetivo central compreender e historicizar as experiências de governo, administração e mando feminino nos meandros das redes de herança, partilha de terras e riquezas dentro do empreendimento colonial. O espaço para nossa análise se concentra especialmente na Capitania de Pernambuco durante os anos de 1534 até o ano de 1630. Neste período buscamos não apenas entender a atuação das mulheres como governadoras de terras e territórios, senhoras de engenho, lavradoras de canas etc. Mas, principalmente de entender essas experiências como costumeiras e parte do funcionamento cotidiano de uma sociedade que se expandia sobre outra. Ou seja, compreendendo que a possibilidade de atuação feminina nos espaços de poder dentro de Portugal no Antigo Regime fora possíveis desde a sua legislação, como também que as circunstâncias geradas pela expansão de Portugal e as conquistas ultramarinas possibilitaram as mulheres um maior espaço físico, jurídico e prático de atuação em espaços de poder. Este trabalho, portanto, tem como tese central que o exercício da Cabeça do casal pelas mulheres era não apenas possível e ocorria muito mais comumente do que suporíamos, como também era parte das possibilidades dessa sociedade, dependendo da condição e qualidade dos indivíduos e não apenas do seu sexo.


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  • Esta tese tem como objetivo central compreender e historicizar as experiências de governo, administração e mando feminino nos meandros das redes de herança, partilha de terras e riquezas dentro do empreendimento colonial. O espaço para nossa análise se concentra especialmente na Capitania de Pernambuco durante os anos de 1534 até o ano de 1630. Neste período buscamos não apenas entender a atuação das mulheres como governadoras de terras e territórios, senhoras de engenho, lavradoras de canas etc. Mas, principalmente de entender essas experiências como costumeiras e parte do funcionamento cotidiano de uma sociedade que se expandia sobre outra. Ou seja, compreendendo que a possibilidade de atuação feminina nos espaços de poder dentro de Portugal no Antigo Regime fora possíveis desde a sua legislação, como também que as circunstâncias geradas pela expansão de Portugal e as conquistas ultramarinas possibilitaram as mulheres um maior espaço físico, jurídico e prático de atuação em espaços de poder. Este trabalho, portanto, tem como tese central que o exercício da Cabeça do casal pelas mulheres era não apenas possível e ocorria muito mais comumente do que suporíamos, como também era parte das possibilidades dessa sociedade, dependendo da condição e qualidade dos indivíduos e não apenas do seu sexo.

3
  • JOSÉ WELLINGTON DE OLIVEIRA MACHADO
  • AS ARTES DE PINTAR E AS ARTES DE SE PINTAR: LEMBRANÇAS E ESQUECIMENTOS SOBRE MÁRCIA MAIA MENDONÇA, UMA ARTISTA TRANSEXUAL CATÓLICA300

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ELIAS FERREIRA VERAS
  • SANDRA PALMA SALEIRO
  • ANTONIO TORRES MONTENEGRO
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • FRANCISCO REGIS LOPES RAMOS
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 01/07/2021

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  • Esta pesquisa tem como foco as corpografias de uma artista transexual católica. As carnes que saíram do parto em 1949 ganharam próteses sociais e culturais que ajudaram a construir os corpos, as artes e a subjetividade de Márcio e Márcia Mendonça. Mas, nunca existiu unidade, homogeneidade ou coesão nesses sujeitos, o que havia eram vários corpos, diversas artes e muitas subjetividades, porque tanto ele como ela transitavam entre a tradição e a transgressão, fazendo, desfazendo e refazendo a existência. A composição dos corpos e subjetividades dependia das conexões, dos encontros com outros corpos, sejam eles de carne, de tinta, de gesso, de barro, de madeira, de cimento, de sons, de palavras, de ideias, etc. Existiram vários partos e muitas mesas de operação ao longo de sua vida. As suas carnes foram operadas pela sociedade e pela cultura, através das roupas, dos calçados, dos brinquedos, das tintas, dos quadros, dos painéis, dos desenhos, do piano, do violão, do cinema, das esculturas e das arquiteturas. O corpo de Márcio foi sendo montado, desmontado e remontado através da mãe, do pai, do padrinho, da madrinha, das vizinhas, dos cinemas, da Escola de Belas Artes de Recife, do Mosteiro de São Bento de Olinda, dos conventos, das missões, dos frades capuchinhos, dos índios Kanelas, da contracultura, do catolicismo popular e das artes. A mesma coisa aconteceu com a Márcia, o seu corpo não era feito apenas de hormônios, silicone ou de operações legais e ilegais. Ela nasceu através dos encontros com as travestis e as transexuais de Fortaleza, de São Paulo e de Paris, com os corpos que conheceu nas ruas, na TV, nas revistas e nos jornais. Não se montou apenas com vestidos, calçados e maquiagens, a sua pele estava coberta de tinta, de barro, de madeira, de colares, de terços, de hábitos religiosos e não religiosos. Ela nasceu através das idealizações de uma cultura afrancesada, do contato com as ruas e com os rios de Limoeiro do Norte e Paris, com as catedrais do Brasil e da Europa, com as exposições de arte, com os carnavais, com os cabarés de Montmartre, com Pigalle e com o Bosque de Bolonha. Ela montava-se através dos cusquenhos, do Cine Jangada, da Boate Casa Blanca, do canto gregoriano, das músicas clássicas, da MPB, da música internacional e do forró. Esse corpo diverso, múltiplo, nômade, foi enquadrado pelas memórias pré-mortes e pós-mortes, que cristalizaram e engessaram uma identidade para Márcio e Márcia Mendonça, a de pintor sacro.


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  • Esta pesquisa tem como foco as corpografias de uma artista transexual católica. As carnes que saíram do parto em 1949 ganharam próteses sociais e culturais que ajudaram a construir os corpos, as artes e a subjetividade de Márcio e Márcia Mendonça. Mas, nunca existiu unidade, homogeneidade ou coesão nesses sujeitos, o que havia eram vários corpos, diversas artes e muitas subjetividades, porque tanto ele como ela transitavam entre a tradição e a transgressão, fazendo, desfazendo e refazendo a existência. A composição dos corpos e subjetividades dependia das conexões, dos encontros com outros corpos, sejam eles de carne, de tinta, de gesso, de barro, de madeira, de cimento, de sons, de palavras, de ideias, etc. Existiram vários partos e muitas mesas de operação ao longo de sua vida. As suas carnes foram operadas pela sociedade e pela cultura, através das roupas, dos calçados, dos brinquedos, das tintas, dos quadros, dos painéis, dos desenhos, do piano, do violão, do cinema, das esculturas e das arquiteturas. O corpo de Márcio foi sendo montado, desmontado e remontado através da mãe, do pai, do padrinho, da madrinha, das vizinhas, dos cinemas, da Escola de Belas Artes de Recife, do Mosteiro de São Bento de Olinda, dos conventos, das missões, dos frades capuchinhos, dos índios Kanelas, da contracultura, do catolicismo popular e das artes. A mesma coisa aconteceu com a Márcia, o seu corpo não era feito apenas de hormônios, silicone ou de operações legais e ilegais. Ela nasceu através dos encontros com as travestis e as transexuais de Fortaleza, de São Paulo e de Paris, com os corpos que conheceu nas ruas, na TV, nas revistas e nos jornais. Não se montou apenas com vestidos, calçados e maquiagens, a sua pele estava coberta de tinta, de barro, de madeira, de colares, de terços, de hábitos religiosos e não religiosos. Ela nasceu através das idealizações de uma cultura afrancesada, do contato com as ruas e com os rios de Limoeiro do Norte e Paris, com as catedrais do Brasil e da Europa, com as exposições de arte, com os carnavais, com os cabarés de Montmartre, com Pigalle e com o Bosque de Bolonha. Ela montava-se através dos cusquenhos, do Cine Jangada, da Boate Casa Blanca, do canto gregoriano, das músicas clássicas, da MPB, da música internacional e do forró. Esse corpo diverso, múltiplo, nômade, foi enquadrado pelas memórias pré-mortes e pós-mortes, que cristalizaram e engessaram uma identidade para Márcio e Márcia Mendonça, a de pintor sacro.

4
  • JEFFREY AISLAN DE SOUZA SILVA
  • O TRIBUNAL DA RELAÇÃO DE PERNAMBUCO: CONFLITOS, GOVERNANÇA E ATUAÇÃO POLÍTICA DOS MAGISTRADOS (1795-1822)

  • Orientador : MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • ANDRÉA LISLY GONÇALVES
  • ANDRÉA SLEMIAN
  • Data: 09/07/2021

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  • Entre os séculos XVII-XVIII, os homens-bons das câmaras das principais vilas da capitania de Pernambuco recorreram aos reis portugueses, solicitando a instalação de um Tribunal da Relação na localidade. Alegavam a existência de sucessivos empecilhos que deveriam ser enfrentados por aqueles que desejassem recorrer de seus pleitos ao Tribunal da Relação da Bahia. Para além do desejo de emancipação da tutela jurídica do tribunal
    baiano, os pernambucanos buscavam reafirmar a centralidade da capitania na região. A partir de 1808, com a vinda da família real para o Brasil, a capitania sofreu sucessivas mudanças em sua estrutura administrativa, com o aumento do número de comarcas e vilas, possíveis graças a política de adensamento e expansão da malha jurídica desenvolvida pela corte joanina, instalada no Rio de Janeiro. Foi diante desse quadro de ampliação da estrutura administrativa da justiça e do temor relacionado a possibilidade de novas insurreições e sedições na capitania de Pernambuco, que o rei d. João VI expediu, em 6 de março de 1821, um alvará régio autorizando a criação de um Tribunal da Relação, que seria instalado na vila do Recife. Os encaminhamentos administrativos para o estabelecimento do Tribunal da Relação foram dados pelo príncipe d. Pedro, especialmente a expedição das cartas de nomeação dos magistrados que ocupariam os cargos de desembargadores no tribunal. Os magistrados que passaram pela capitania de Pernambuco entre o final do século XVIII e início do século XIX, período de nossa pesquisa, tiveram significativa importância no processo social e político vivenciado no território, atuando em funções de governo e administração da justiça, em um contexto permeado por conflitos, onde buscaram operar segundo seus interesses e as funções que exerciam na sociedade do Antigo Regime. O contexto político das experiências constitucionais vivenciadas no Brasil após o início da Revolução do Porto e a formação das Cortes portuguesas, atrasou o estabelecimento do Tribunal da Relação de Pernambuco. Deputados portugueses chegaram a alegar que não existia um alvará régio expedido pelo monarca que autorizasse a criação do tribunal. No Brasil, os desembargadores nomeados recorreram ao príncipe d. Pedro, para que o regente continuasse com o processo de instalação da instituição, que iniciou seu funcionamento em 13 de agosto de 1822, na vila do Recife, diante de um conturbado contexto social e político vivido na província.


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  • Entre os séculos XVII-XVIII, os homens-bons das câmaras das principais vilas da capitania de Pernambuco recorreram aos reis portugueses, solicitando a instalação de um Tribunal da Relação na localidade. Alegavam a existência de sucessivos empecilhos que deveriam ser enfrentados por aqueles que desejassem recorrer de seus pleitos ao Tribunal da Relação da Bahia. Para além do desejo de emancipação da tutela jurídica do tribunal baiano, os pernambucanos buscavam reafirmar a centralidade da capitania na região. A partir de 1808, com a vinda da família real para o Brasil, a capitania sofreu sucessivas mudanças em sua estrutura administrativa, com o aumento do número de comarcas e vilas, possíveis graças a política de adensamento e expansão da malha jurídica desenvolvida pela corte joanina, instalada no Rio de Janeiro. Foi diante desse quadro de ampliação da estrutura administrativa da justiça e do temor relacionado a possibilidade de novas insurreições e sedições na capitania de Pernambuco, que o rei d. João VI expediu, em 6 de março de 1821, um alvará régio autorizando a criação de um Tribunal da Relação, que seria instalado na vila do Recife. Os encaminhamentos administrativos para o estabelecimento do Tribunal da Relação foram dados pelo príncipe d. Pedro, especialmente a expedição das cartas de nomeação dos magistrados que ocupariam os cargos de desembargadores no tribunal. Os magistrados que passaram pela capitania de Pernambuco entre o final do século XVIII e início do século XIX, período de nossa pesquisa, tiveram significativa importância no processo social e político vivenciado no território, atuando em funções de governo e administração da justiça, em um contexto permeado por conflitos, onde buscaram operar segundo seus interesses e as funções que exerciam na sociedade do Antigo Regime. O contexto político das experiências constitucionais vivenciadas no Brasil após o início da Revolução do Porto e a formação das Cortes portuguesas, atrasou o estabelecimento do Tribunal da Relação de Pernambuco. Deputados portugueses chegaram a alegar que não existia um alvará régio expedido pelo monarca que autorizasse a criação do tribunal. No Brasil, os desembargadores nomeados recorreram ao príncipe d. Pedro, para que o regente continuasse com o processo de instalação da instituição, que iniciou seu funcionamento em 13 de agosto de 1822, na vila do Recife, diante de um conturbado contexto social e político vivido na província.

5
  • LUCIAN SOUZA DA SILVA
  • ESMAGANDO A CABEÇA DA HIDRA: A PARAÍBA DO NORTE NO ALVORECER DA ABOLIÇÃO, 1877-1888

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARIA SARITA CRISTINA MOTA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • EDNA MARIA MATOS ANTÔNIO
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • Data: 15/07/2021

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6
  • FRANCISCA GABRIELA BANDEIRA PINHEIRO
  • MÉDICOS, POLÍTICOS E CATÓLICOS: tensões e disputas em torno do combate à lepra no Ceará (1918-1951)

  • Orientador : CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • PEDRO FELIPE NEVES DE MUÑOZ
  • ANA BEATRIZ RIBEIRO BARROS SILVA
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 20/08/2021

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  • A presente pesquisa busca estabelecer alguns níveis de compreensão sobre o combate à lepra no Ceará durante os anos de 1918 a 1951, destacando as ações médicas, políticas e religiosas e como elas influenciaram nos caminhos que o cuidado com essa doença tomou no estado cearense. A lepra surge como um problema social no Ceará ainda no final do século XIX, mas foi no início do século XX que começou a receber maior atenção da sociedade cearense, sendo tratada como uma doença que deveria ser combatida com a segregação compulsória dos acometidos por ela. Esse contexto gerou a elaboração do primeiro plano de combate à lepra do estado no ano de 1918, porém, o referido plano teve poucas ações colocadas em prática, o que ocasionou um interesse da imprensa escrita em divulgar constantemente o problema da lepra, cobrando maior ação por parte das autoridades públicas. O jornal O Nordeste, de orientação católica, e a revista Ceará Médico foram periódicos que se destacaram nesse cenário, o que ocasionou o envolvimento de católicos e médicos em discursos e práticas de combate à lepra. Devido a pouca atuação pública, a doença foi combatida através das ações privadas, direcionando a forma que a doença foi tratada no estado. Essa situação começa a sofrer alterações em meados da década de 30, momento em que as autoridades públicas passaram a dedicar mais atenção aos assuntos relativos a essa enfermidade, tornando a lepra um assunto público, deixando as ações privadas em segundo plano. Esse cenário trouxe uma nova perspectiva para o combate à lepra, com mais investimentos e, somado a isso, os avanços científicos proporcionaram mudanças na forma de tratar a doença, culminando nas primeiras altas oficiais de doentes de lepra no Ceará, em 1951.


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  • A presente pesquisa busca estabelecer alguns níveis de compreensão sobre o combate à lepra no Ceará durante os anos de 1918 a 1951, destacando as ações médicas, políticas e religiosas e como elas influenciaram nos caminhos que o cuidado com essa doença tomou no estado cearense. A lepra surge como um problema social no Ceará ainda no final do século XIX, mas foi no início do século XX que começou a receber maior atenção da sociedade cearense, sendo tratada como uma doença que deveria ser combatida com a segregação compulsória dos acometidos por ela. Esse contexto gerou a elaboração do primeiro plano de combate à lepra do estado no ano de 1918, porém, o referido plano teve poucas ações colocadas em prática, o que ocasionou um interesse da imprensa escrita em divulgar constantemente o problema da lepra, cobrando maior ação por parte das autoridades públicas. O jornal O Nordeste, de orientação católica, e a revista Ceará Médico foram periódicos que se destacaram nesse cenário, o que ocasionou o envolvimento de católicos e médicos em discursos e práticas de combate à lepra. Devido a pouca atuação pública, a doença foi combatida através das ações privadas, direcionando a forma que a doença foi tratada no estado. Essa situação começa a sofrer alterações em meados da década de 30, momento em que as autoridades públicas passaram a dedicar mais atenção aos assuntos relativos a essa enfermidade, tornando a lepra um assunto público, deixando as ações privadas em segundo plano. Esse cenário trouxe uma nova perspectiva para o combate à lepra, com mais investimentos e, somado a isso, os avanços científicos proporcionaram mudanças na forma de tratar a doença, culminando nas primeiras altas oficiais de doentes de lepra no Ceará, em 1951.

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  • MARA LIGIA FERNANDES COSTA
  • AS FACES DO DESEJO: HISTÓRIA, LITERATURA E PSICANÁLISE NA FICÇÃO DE CLODOALDO FREITAS (1880-1924)

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • TERESINHA DE JESUS MESQUITA QUEIROZ
  • ANTONIO JORGE DE SIQUEIRA
  • ANTONIO PAULO DE MORAIS REZENDE
  • PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES
  • PEDRO VILARINHO CASTELO BRANCO
  • Data: 20/08/2021

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  • A tese apresenta um estudo da produção literária piauiense a partir do romance-folhetim, designado como uma produção escrita que conquistou popularidade no decorrer do século XIX. Lançada inicialmente na imprensa francesa o romance-folhetim alcançou o restante da Europa e também o Brasil, ao mesmo tempo em que cooptava uma quantidade significativa de autores interessados em conquistar uma fama literária. Ainda no início do século XX, o modelo literário do romance-folhetim também foi explorado por autores piauienses, especialmente o literato Clodoaldo Freitas (1855-1924) e foi justamente uma parcela desse conjunto ficcional que este estudo se propôs a compreender de que maneira a produção folhetinesca foi vivenciada na imprensa
    piauiense, o quanto foi cooptada pela literatura estrangeira e nacional, o quanto o folhetim se transformou em espaço para a deflagração de embates ideológicos, políticos, e, especialmente, mensurar o alcance do romance-folhetim como um interlocutor de determinadas perspectivas culturais. Dividida em três capítulos a tese, inicialmente apresenta as configurações do campo literário no qual Clodoaldo Freitas fez parte. A análise contemplou o processo de construção de Freitas como um intelectual, desde a sua formação escolar até os arranjos sociais no meio literário piauiense e maranhense. Em um segundo momento, o estudo optou por realizar uma análise da imprensa piauiense ao destacar as incursões de diferentes grupos intelectuais em constituir uma imprensa de viés literário. Ao considerar a localização da obra ficcional de Clodoaldo Freitas no período analisado foi possível contemplar análise das relações de gêneros, uma vez que, o conjunto literário apresenta modelos de feminilidade ideais que tentavam reforçar aos seus leitores experiências desejáveis moralmente no que diz respeito aos papeis familiares. Em sua parte final, a proposta de análise contempla
    aspectos mais introspectivos dos romances-folhetins, à medida que o autor elege temas como a sexualidade e as perversões sexuais. Para efetivar tal análise recorro a um diálogo com as contribuições teóricas de Michel Certeau, Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Joan Scott, Guacira Lopes Louro, Sigmund Freud e
    Elizabeth Roudinesco. A tese apresenta o conjunto literário de Clodoaldo Freitas composto por romances, contos, novelas, além de incluir na análise crônicas e artigos de crítica, publicados nos principais veículos de imprensa das cidades de Teresina (PI) e São Luís (MA). Subsidiam também o corpus documental deste estudo biografias,
    memórias, e, principalmente fontes hemerográficas do período contemplado em análise.


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  • A tese apresenta um estudo da produção literária piauiense a partir do romance-folhetim, designado como uma produção escrita que conquistou popularidade no decorrer do século XIX. Lançada inicialmente na imprensa francesa o romance-folhetim alcançou o restante da Europa e também o Brasil, ao mesmo tempo em que cooptava uma quantidade significativa de autores interessados em conquistar uma fama literária. Ainda no início do século XX, o modelo literário do romance-folhetim também foi explorado por autores piauienses, especialmente o literato Clodoaldo Freitas (1855-1924) e foi justamente uma parcela desse conjunto ficcional que este estudo se propôs a compreender de que maneira a produção folhetinesca foi vivenciada na imprensa
    piauiense, o quanto foi cooptada pela literatura estrangeira e nacional, o quanto o folhetim se transformou em espaço para a deflagração de embates ideológicos, políticos, e, especialmente, mensurar o alcance do romance-folhetim como um interlocutor de determinadas perspectivas culturais. Dividida em três capítulos a tese, inicialmente apresenta as configurações do campo literário no qual Clodoaldo Freitas fez parte. A análise contemplou o processo de construção de Freitas como um intelectual, desde a sua formação escolar até os arranjos sociais no meio literário piauiense e maranhense. Em um segundo momento, o estudo optou por realizar uma análise da imprensa piauiense ao destacar as incursões de diferentes grupos intelectuais em constituir uma imprensa de viés literário. Ao considerar a localização da obra ficcional de Clodoaldo Freitas no período analisado foi possível contemplar análise das relações de gêneros, uma vez que, o conjunto literário apresenta modelos de feminilidade ideais que tentavam reforçar aos seus leitores experiências desejáveis moralmente no que diz respeito aos papeis familiares. Em sua parte final, a proposta de análise contempla
    aspectos mais introspectivos dos romances-folhetins, à medida que o autor elege temas como a sexualidade e as perversões sexuais. Para efetivar tal análise recorro a um diálogo com as contribuições teóricas de Michel Certeau, Roger Chartier, Pierre Bourdieu, Michel Foucault, Joan Scott, Guacira Lopes Louro, Sigmund Freud e
    Elizabeth Roudinesco. A tese apresenta o conjunto literário de Clodoaldo Freitas composto por romances, contos, novelas, além de incluir na análise crônicas e artigos de crítica, publicados nos principais veículos de imprensa das cidades de Teresina (PI) e São Luís (MA). Subsidiam também o corpus documental deste estudo biografias,
    memórias, e, principalmente fontes hemerográficas do período contemplado em análise.

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  • LUANNA MARIA VENTURA DOS SANTOS OLIVEIRA
  • A TRIBUTAÇÃO SOBRE OS ESCRAVIZADOS NO PORTO DO RECIFE E SUAS CONEXÕES NO IMPÉRIO PORTUGUÊS (1699-1750)

  • Orientador : SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANGELO ALVES CARRARA
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • GUSTAVO ACIOLI LOPES
  • MARCUS JOAQUIM MACIEL DE CARVALHO
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 26/08/2021

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  • Nesta tese investigamos como incidia a tributação sobre os escravizados nas instituições fiscais existentes no Pernambuco da primeira metade do século XVIII, sem dissociá-la das formas tributárias aplicadas em outros espaços da América portuguesa e do Império. Demonstramos como a alfândega de Pernambuco foi administrada pela Provedoria da Fazenda e consequentemente pelo Provedor que atuava como juiz da Alfândega, o que a diferenciava, em termos de funcionamento, de outras capitanias. Defendemos a existência de um sistema
    fiscal moldável às conjunturas políticas e econômicas vividas pela Coroa portuguesa, bem como às realidades e experiências impostas ao escravismo no Novo Mundo. Havia um pluralismo jurídico que permitia a coexistência de diversas leis, ordens e alíquotas, próprias da lógica administrativa do Antigo Regime. Sem uma lógica única e padronizada, que só será implementada na segunda metade do século XVIII, em cada circunstância buscou-se encontrar uma forma de se realizar o “comércio das almas” sua tributação. Nesse período, o centro do império, em relação à tributação dos escravizados, situava-se na Bahia, onde atuavam os principais agentes de controle e fiscalização sobre esse comércio no Estado do Brasil. Tais mecanismos e aparatos fiscais serviram, portanto, como parâmetro de funcionamento para a alfândega de Pernambuco.


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  • Nesta tese investigamos como incidia a tributação sobre os escravizados nas instituições fiscais existentes no Pernambuco da primeira metade do século XVIII, sem dissociá-la das formas tributárias aplicadas em outros espaços da América portuguesa e do Império. Demonstramos como a alfândega de Pernambuco foi administrada pela Provedoria da Fazenda e consequentemente pelo Provedor que atuava como juiz da Alfândega, o que a diferenciava, em termos de funcionamento, de outras capitanias. Defendemos a existência de um sistema
    fiscal moldável às conjunturas políticas e econômicas vividas pela Coroa portuguesa, bem como às realidades e experiências impostas ao escravismo no Novo Mundo. Havia um pluralismo jurídico que permitia a coexistência de diversas leis, ordens e alíquotas, próprias da lógica administrativa do Antigo Regime. Sem uma lógica única e padronizada, que só será implementada na segunda metade do século XVIII, em cada circunstância buscou-se encontrar uma forma de se realizar o “comércio das almas” sua tributação. Nesse período, o centro do império, em relação à tributação dos escravizados, situava-se na Bahia, onde atuavam os principais agentes de controle e fiscalização sobre esse comércio no Estado do Brasil. Tais mecanismos e aparatos fiscais serviram, portanto, como parâmetro de funcionamento para a alfândega de Pernambuco.

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  • PRISCILLA EMMANUELLE FORMIGA PEREIRA
  • ECOS DE UMA REVOLTA: ARENAS DE DISPUTAS POLÍTICAS NA PARAÍBA DO NORTE NOS TEMPOS DA PRAIEIRA (1840-1851)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • PAULO HENRIQUE FONTES CADENA
  • SERIOJA RODRIGUES CORDEIRO MARIANO
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • VITORIA FERNANDA SCHETTINI
  • Data: 27/08/2021

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  • Ao investigarmos a participação da Paraíba do Norte na Revolta Praieira (1848-1849), nos deparamos com as especificidades da adesão dos liberais da cidade de Areia e a ideia de eco, ou seja, a repercussão do conflito nas disputas políticas locais. Deste modo, o objetivo principal desta tese é analisar a cultura política da elite provincial; tendo em vista as arenas/espaços de disputas pelo poder neste contexto. Apontamos quatro arenas onde as figuras políticas paraibanas atuavam, a primeira é propriamente a rua; o espaço da revolta, quando Areia vira palco do conflito armado. A segunda arena é a memória, local de profunda disputa pela verdade sobre os eventos. A terceira, a Assembleia Legislativa, que no contexto político era o mais alto nível de poder a ser ocupado na província, palco da atuação dos agentes políticos daqueles que ficaram conhecidos por “cabeças” da revolta. E, por último, que imprensa. Que possuiu um papel fundamental nas disputas partidárias que foram
    estabelecidas após a província ser imersa no conflito na cidade de Areia, sendo a principal voz deste eco da revolta na Paraíba. Pois, constatamos que o eco da revolta foi exposto justamente na intensa luta partidária que se instaurou meses após a conflagração do conflito em 21 de fevereiro de 1849 através do debate de dois jornais; O Reformista (1849-1850), que personifica a bandeira levantada pelos rebeldes praieiros em prol de reformas através de uma Assembleia Constituinte. E o Jornal Conservador; A Ordem (1849-1851) que surge em resposta direta aos liberais, assumindo a defesa do governo. Sendo assim, elaboramos em nosso exercício dois
    planos de questionamentos, o primeiro tendo em vista os agentes políticos e as arenas onde atuavam e o segundo plano, observar os principais ecos/repercussões da Revolta de Pernambuco na província paraibana. Sob estes aspectos, após análise da documentação em questão constatamos que quando se trata da repercussão da
    revolta na província, este eco será personificado no jornal liberal O Reformista, a partir do debate em torno de reformas e a Constituinte, herança direta do movimento dos praieiros. 


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  • Ao investigarmos a participação da Paraíba do Norte na Revolta Praieira (1848-1849), nos deparamos com as especificidades da adesão dos liberais da cidade de Areia e a ideia de eco, ou seja, a repercussão do conflito nas disputas políticas locais. Deste modo, o objetivo principal desta tese é analisar a cultura política da elite provincial; tendo em vista as arenas/espaços de disputas pelo poder neste contexto. Apontamos quatro arenas onde as figuras políticas paraibanas atuavam, a primeira é propriamente a rua; o espaço da revolta, quando Areia vira palco do conflito armado. A segunda arena é a memória, local de profunda disputa pela verdade sobre os eventos. A terceira, a Assembleia Legislativa, que no contexto político era o mais alto nível de poder a ser ocupado na província, palco da atuação dos agentes políticos daqueles que ficaram conhecidos por “cabeças” da revolta. E, por último, que imprensa. Que possuiu um papel fundamental nas disputas partidárias que foram
    estabelecidas após a província ser imersa no conflito na cidade de Areia, sendo a principal voz deste eco da revolta na Paraíba. Pois, constatamos que o eco da revolta foi exposto justamente na intensa luta partidária que se instaurou meses após a conflagração do conflito em 21 de fevereiro de 1849 através do debate de dois jornais; O Reformista (1849-1850), que personifica a bandeira levantada pelos rebeldes praieiros em prol de reformas através de uma Assembleia Constituinte. E o Jornal Conservador; A Ordem (1849-1851) que surge em resposta direta aos liberais, assumindo a defesa do governo. Sendo assim, elaboramos em nosso exercício dois
    planos de questionamentos, o primeiro tendo em vista os agentes políticos e as arenas onde atuavam e o segundo plano, observar os principais ecos/repercussões da Revolta de Pernambuco na província paraibana. Sob estes aspectos, após análise da documentação em questão constatamos que quando se trata da repercussão da
    revolta na província, este eco será personificado no jornal liberal O Reformista, a partir do debate em torno de reformas e a Constituinte, herança direta do movimento dos praieiros. 

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  • LEONARDO CARNEIRO VENTURA
  • A trama dos sons: invenção e arquivo na fabricação de uma escuta do Nordeste (1910-1950)

  • Orientador : DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ADALBERTO DE PAULA PARANHOS
  • DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR
  • EDWAR DE ALENCAR CASTELO BRANCO
  • RAIMUNDO PEREIRA ALENCAR ARRAIS
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 30/08/2021

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  • Este trabalho trata da emergência de um dispositivo arquivístico sonoro pensado para reter o que seriam as dimensões sonora e musical da região Nordeste. Entrecruzando práticas discursivas oriundas do campo da imprensa, da literatura, dos estudos do folclore, da música, da poesia, ele investiga os fios de som acionados por determinados agentes na elaboração do que seria uma sonoridade e uma musicalidade nordestinas. Para tanto, propõe as noções de regime de audibilidade e cartografia auditiva. A primeira funciona para nomear o conjunto de imagens sonoras associadas, desde as primeiras décadas do século XX, ao espaço imaginado do Nordeste, assim como suas condições históricas de surgimento. A segunda cuida de identificar nas obras – acadêmica, literária, musical – de determinados autores, autoras e artistas, os traços de sonoridade e de musicalidade que operam para constituir o Nordeste enquanto território sonorizado, musicado. Este trabalho busca pensar a elaboração de um arquivo sonoro para o espaço nordestino, enquanto produto do enfrentamento do tempo, em especial, do advento da modernidade, por determinados grupos atuantes na sociedade brasileira naquele período. Leva em conta os movimentos aglutinantes de pessoas e ideias como o Regionalismo
    Tradicionalista, o Modernismo, ambos da década de 1920, além do Movimento Folclórico, de final da década de 1940. Segue o entrelaçamento de suas linhas até o surgimento de uma indústria fonográfica, com polos de produção nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, além de perseguir outras práticas sonoras que contribuíram para cristalizar a ideia de uma música e um som do Nordeste, enquanto, ao mesmo tempo, excluía dela os corpos dos cantadores e cantadoras que, em primeiro lugar, os inspiraram.


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  • Este trabalho trata da emergência de um dispositivo arquivístico sonoro pensado para reter o que seriam as dimensões sonora e musical da região Nordeste. Entrecruzando práticas discursivas oriundas do campo da imprensa, da literatura, dos estudos do folclore, da música, da poesia, ele investiga os fios de som acionados por determinados agentes na elaboração do que seria uma sonoridade e uma musicalidade nordestinas. Para tanto, propõe as noções de regime de audibilidade e cartografia auditiva. A primeira funciona para nomear o conjunto de imagens sonoras associadas, desde as primeiras décadas do século XX, ao espaço imaginado do Nordeste, assim como suas condições históricas de surgimento. A segunda cuida de identificar nas obras – acadêmica, literária, musical – de determinados autores, autoras e artistas, os traços de sonoridade e de musicalidade que operam para constituir o Nordeste enquanto território sonorizado, musicado. Este trabalho busca pensar a elaboração de um arquivo sonoro para o espaço nordestino, enquanto produto do enfrentamento do tempo, em especial, do advento da modernidade, por determinados grupos atuantes na sociedade brasileira naquele período. Leva em conta os movimentos aglutinantes de pessoas e ideias como o Regionalismo
    Tradicionalista, o Modernismo, ambos da década de 1920, além do Movimento Folclórico, de final da década de 1940. Segue o entrelaçamento de suas linhas até o surgimento de uma indústria fonográfica, com polos de produção nas cidades do Rio de Janeiro e Recife, além de perseguir outras práticas sonoras que contribuíram para cristalizar a ideia de uma música e um som do Nordeste, enquanto, ao mesmo tempo, excluía dela os corpos dos cantadores e cantadoras que, em primeiro lugar, os inspiraram.

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  • PRISCILLA DE SOUZA MARIANO E SILVA
  • A JUSTIÇA LETRADA EM PERNAMBUCO NO SÉCULO XVIII: os magistrados, suas origens, atribuições, atos e estratégias.

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • VICTOR HUGO ABRIL
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • JEANNIE DA SILVA MENEZES
  • ROMULO LUIZ XAVIER DO NASCIMENTO
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 30/08/2021

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  • O principal objetivo deste trabalho é compreender como funcionava a administração da justiça letrada na comarca de Pernambuco durante o século XVIII. As nossas análises se concentram nos magistrados que ocupavam os lugares de juiz de fora e ouvidor, homens legitimados a dizer o direito e distribuir a justiça em nome do rei, em virtude do saber jurídico adquirido na Universidade de Coimbra. Em outras palavras, buscamos entender como esse saber jurídico era utilizado nos domínios da comarca de Pernambuco, enfatizando as redes e estratégias tecidas entre esses magistrados e membros das elites locais, e suas influências na prática da justiça desses juízes de fora e ouvidores. Diante dessa problemática, faz-se necessário entender como funcionava a educação, o sistema de nomeações e as carreiras na área da magistratura régia, além da dimensão da jurisdição desses bacharéis ao ocuparem os lugares de letras da capitania. Com isso, esperamos poder delinear as estratégias de negociação, a influência das redes de amizade ou de afiliação na distribuição da justiça letrada na comarca de Pernambuco durante o século XVIII.


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  • O principal objetivo deste trabalho é compreender como funcionava a administração da justiça letrada na comarca de Pernambuco durante o século XVIII. As nossas análises se concentram nos magistrados que ocupavam os lugares de juiz de fora e ouvidor, homens legitimados a dizer o direito e distribuir a justiça em nome do rei, em virtude do saber jurídico adquirido na Universidade de Coimbra. Em outras palavras, buscamos entender como esse saber jurídico era utilizado nos domínios da comarca de Pernambuco, enfatizando as redes e estratégias tecidas entre esses magistrados e membros das elites locais, e suas influências na prática da justiça desses juízes de fora e ouvidores. Diante dessa problemática, faz-se necessário entender como funcionava a educação, o sistema de nomeações e as carreiras na área da magistratura régia, além da dimensão da jurisdição desses bacharéis ao ocuparem os lugares de letras da capitania. Com isso, esperamos poder delinear as estratégias de negociação, a influência das redes de amizade ou de afiliação na distribuição da justiça letrada na comarca de Pernambuco durante o século XVIII.

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  • ESTEVAM HENRIQUE DOS SANTOS MACHADO
  • JOGO DE LOTERIA: O CORPO DO COMÉRCIO DO RECIFE E SUAS DINÂMICAS E SOCIOECONÔMICAS (C.1780 – C.1808).

  • Orientador : GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ANGÉLICA DE VASCONCELOS SILVA MOREIRA SANTOS
  • BRUNO KAWAI SOUTO MAIOR DE MELO
  • FABIO KUHN
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 29/09/2021

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  • A presente tese doutoral pretende analisar a atuação socioeconômica dos membros da elite mercantil e riqueza na praça do Recife entre os anos de 1780 e 1808 objetivando compreender suas principais estratégias sociais utilizadas para obtenção de mando e prestígio, Tem por finalidade construir uma história social dos comerciantes recifenses no ocaso do século XVIII que ofereça sentido às suas ações sociais a partir da perspectiva de uma dimensão relacional de poder. De maneira geral, a presente tese corrobora uma linha interpretativa sobre a sociedade colonial em que se observa sociedade em que oferta e procura não determinavam perfeitamente as relações econômicas, a busca pela política como forma de alcance de objetivos econômicos, era uma característica importante das relações pessoais. Concluiu-se ao longo do trabalho a tendência desta elite mercantil à diversificação econômica e à verticalização dos empreendimentos, uma busca ainda existente por nobilitação, mesmo à despeito das flexibilidades existentes no final do século XVIII para a obtenção de hábitos das Ordens Militares ingresso no Santo Ofício, uma penetração na estrutura do Império Ultramarino Português a partir da obtenção de ofícios e a importância para as dinâmicas do comércio os agentes ocasionais.


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  • A presente tese doutoral pretende analisar a atuação socioeconômica dos membros da elite mercantil e riqueza na praça do Recife entre os anos de 1780 e 1808 objetivando compreender suas principais estratégias sociais utilizadas para obtenção de mando e prestígio, Tem por finalidade construir uma história social dos comerciantes recifenses
    no ocaso do século XVIII que ofereça sentido às suas ações sociais a partir da perspectiva de uma dimensão relacional de poder. De maneira geral, a presente tese corrobora uma linha interpretativa sobre a sociedade colonial em que se observa sociedade em que oferta e procura não determinavam perfeitamente as relações econômicas, a busca pela política como forma de alcance de objetivos econômicos, era uma característica importante das relações pessoais. Concluiu-se ao longo do trabalho a tendência desta elite mercantil à diversificação econômica e à verticalização dos empreendimentos, uma busca ainda existente por nobilitação, mesmo à despeito das flexibilidades existentes no final do século XVIII para a obtenção de hábitos das Ordens Militares ingresso no Santo Ofício, uma penetração na estrutura do Império Ultramarino Português a partir da obtenção de ofícios e a importância para as dinâmicas do comércio os agentes ocasionais.

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  • PAULO FILLIPY DE SOUZA CONTI
  • A TRAJETÓRIA DO BACHAREL JOÃO BERNARDO GONZAGA: SERVIÇOS, ARGUMENTOS E HIERARQUIAS (1738 – 1798).

  • Orientador : ROMULO LUIZ XAVIER DO NASCIMENTO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ISABELE DE MATOS PEREIRA DE MELLO
  • GEORGE FELIX CABRAL DE SOUZA
  • JEANNIE DA SILVA MENEZES
  • ROMULO LUIZ XAVIER DO NASCIMENTO
  • SUELY CREUSA CORDEIRO DE ALMEIDA
  • Data: 11/10/2021

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  • A tese busca entender os desafios e estratégias para a construção de uma carreira como magistrado da monarquia portuguesa. Apresentamos a trajetória de um funcionário que, além da formação necessária para ingressar no serviço, precisou criar mecanismos para a sua manutenção nos quadros da Justiça, o bacharel João Bernardo Gonzaga. Entre os anos de 1737 e 1798, o personagem esteve por poucos momentos fora do exercício de um ofício régio. E a sua trajetória nos mostra como uma visão extremamente tecnicista, baseada em argumentos como “carreira universitária” e “erudição no mundo das leis”, são insuficientes para entender as diferentes características do seu tempo de serviço e de tantos outros profissionais em posições correlatas. Ao respeitar a plasticidade entre os caminhos do personagem estruturante da tese e do grupo auxiliar de análise (utilizado para potencializar as análises sobre a leitura dos bacharéis e a inserção no serviço), esperamos revelar traços comuns quanto à prática desses sujeitos quando investidos da autoridade conferida por um lugar de letras. Discussão presente na primeira parte da tese. Dentro da mesma perspectiva, são consideradas as vinculações pessoais e familiares e, sobremaneira, a capacidade de cada profissional, após a inserção no serviço, de manter uma comunicação política competente com os seus superiores. Na segunda parte do texto, dedicamo-nos à característica mais marcante da trajetória de João Bernardo Gonzaga: a experiência ultramarina. Em Pernambuco, foi ouvidor-geral e primeiro-ministro da Mesa da Inspeção do Tabaco e Açúcar. Na Bahia, esteve à frente da Mesa da Inspeção e da Intendência Geral do Ouro, com o status de desembargador e promessa de banco na Relação do Porto. Assim, diante de eventos concretos, podemos explorar diferentes meandros da função de dizer o direito em nome do rei. Finalmente, na terceira e última parte da tese, ao analisar aspectos dos pedidos de mercê feitos pelo personagem, propomos a consideração de mais um fator para a manutenção dos magistrados nas carreiras da Justiça: a construção de uma comunicação competente. Competência verificada através do reconhecimento do lugar ocupado por cada um dos lados na comunicação e do modelo argumentativo utilizado. O que apesar de ser colocado como referência direta ao sujeito analisado, também pode servir como perspectiva analítica para outros oficiais régios.


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  • A tese busca entender os desafios e estratégias para a construção de uma carreira como magistrado da monarquia portuguesa. Apresentamos a trajetória de um funcionário que, além da formação necessária para ingressar no serviço, precisou criar mecanismos para a sua manutenção nos quadros da Justiça, o bacharel João Bernardo Gonzaga. Entre os anos de 1737 e 1798, o personagem esteve por poucos momentos fora do exercício de um ofício régio. E a sua trajetória nos mostra como uma visão extremamente tecnicista, baseada em argumentos como “carreira universitária” e “erudição no mundo das leis”, são insuficientes para entender as diferentes características do seu tempo de serviço e de tantos outros profissionais em posições correlatas. Ao respeitar a plasticidade entre os caminhos do personagem estruturante da tese e do grupo auxiliar de análise (utilizado para potencializar as análises sobre a leitura dos bacharéis e a inserção no serviço), esperamos revelar traços comuns quanto à prática desses sujeitos quando investidos da autoridade conferida por um lugar de letras. Discussão presente na primeira parte da tese. Dentro da mesma perspectiva, são consideradas as vinculações pessoais e familiares e, sobremaneira, a capacidade de cada profissional, após a inserção no serviço, de manter uma comunicação política competente com os seus superiores. Na segunda parte do texto, dedicamo-nos à característica mais marcante da trajetória de João Bernardo Gonzaga: a experiência ultramarina. Em Pernambuco, foi ouvidor-geral e primeiro-ministro da Mesa da Inspeção do Tabaco e Açúcar. Na Bahia, esteve à frente da Mesa da Inspeção e da Intendência Geral do Ouro, com o status de desembargador e promessa de banco na Relação do Porto. Assim, diante de eventos concretos, podemos explorar diferentes meandros da função de dizer o direito em nome do rei. Finalmente, na terceira e última parte da tese, ao analisar aspectos dos pedidos de mercê feitos pelo personagem, propomos a consideração de mais um fator para a manutenção dos magistrados nas carreiras da Justiça: a construção de uma comunicação competente. Competência verificada através do reconhecimento do lugar ocupado por cada um dos lados na comunicação e do modelo argumentativo utilizado. O que apesar de ser colocado como referência direta ao sujeito analisado, também pode servir como perspectiva analítica para outros oficiais régios.

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  • TÉRCIO DE LIMA AMARAL
  • É IMPOSSÍVEL SUBSTITUIR UMA AMIZADE FRATERNAL: AS CONQUISTAS DE UM INTELECTUAL EM UMA BIOGRAFIA DE MAURO MOTA (1908-1983)

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • TIAGO DA SILVA CESAR
  • ANTONIO JORGE DE SIQUEIRA
  • CARLOS ANDRE SILVA DE MOURA
  • DIOGO ARRUDA CARNEIRO DA CUNHA
  • FLAVIO JOSE GOMES CABRAL
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • Data: 27/10/2021

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  • Esta tese é uma biografia intelectual sobre o poeta, jornalista, geógrafo e gestor cultural Mauro Ramos da Motta e Albuquerque, mais conhecido como Mauro Mota. Nascido no início do século 20 na capital pernambucana, ele passou parte da juventude no município de Nazaré da Mata, no interior do estado, e mais tarde formou-se na Faculdade de Direito do Recife, em 1937. Com a carência de cursos na área de ciências humanas e sociais no período, assim como outros intelectuais de sua época, não exerceu a carreira jurídica e trilhou sua vida profissional a partir das redações dos jornais impressos. Iniciou a carreira no jornal Diario da Manhã, em 1935, ligado a família do governador Carlos de Lima Cavalcanti. Posteriormente, em 1941, ele foi contratado pelo Diario de Pernambuco, dos Diários Associados, onde consolidou sua carreira como editor de um suplemento literário bastante influente na região Nordeste, colunista e diretor da empresa. Nossa tese analisa, além de sua importância para o jornalismo, a obra intelectual, as redes de relacionamento e participação dele em instituições de caráter científico e cultural, como a Academia Brasileira de Letras e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Desenvolvemos este trabalho sobre Mauro Mota a partir de dois eixos téoricos proporcionados pelo debate de filósofos como Judith Butler e Vladimir Safatle: a construção da identidade sujeitada e relacional. Por meio de sua relação com o sociólogo Gilberto Freyre, tratamos a dependência e subordinação àquele que foi o principal nome das ciências sociais e humanas de Pernambuco no século 20. Mauro construiu sua identidade pública sob a sombra da obra freyriana, além de cumprir ordens, caprichos e copiar traços da obra do sociólogo seus trabalhos jornalísticos e científicos. Essa relação lhe proporcionou ganhos expressivos, mas veio, muitas vezes, acompanhada de um alto preço, como a aliança com o Golpe de 1964. Já o aspecto relacional defendido nesse trabalho se apresenta por meio das relações – estratégicas e mesmo afetivas – travadas por Mauro Mota ao longo da vida, como a com o crítico Álvaro Lins, amigo de infância, e intelectuais que orbitavam dentro da esfera do suplemento literário. Mauro Mota foi um dos principais nomes da intelectualidade pernambucana no período e a análise de sua obra intelectual, bem como as práticas relacionais em torno dela, é de fundamental importância para entendermos a trajetória e o legado de uma geração que foi atuante e influente até meados da década de 1980 em Pernambuco.

     


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  • Esta tese é uma biografia intelectual sobre o poeta, jornalista, geógrafo e gestor cultural Mauro Ramos da Motta e Albuquerque, mais conhecido como Mauro Mota. Nascido no início do século 20 na capital pernambucana, ele passou parte da juventude no município de Nazaré da Mata, no interior do estado, e mais tarde formou-se na Faculdade de Direito do Recife, em 1937. Com a carência de cursos na área de ciências humanas e sociais no período, assim como outros intelectuais de sua época, não exerceu a carreira jurídica e trilhou sua vida profissional a partir das redações dos jornais impressos. Iniciou a carreira no jornal Diario da Manhã, em 1935,
    ligado a família do governador Carlos de Lima Cavalcanti. Posteriormente, em 1941, ele foi contratado pelo Diario de Pernambuco, dos Diários Associados, onde consolidou sua carreira como editor de um suplemento literário bastante influente na região Nordeste, colunista e diretor da empresa. Nossa tese analisa, além de sua importância para o jornalismo, a obra intelectual, as redes de relacionamento e participação dele em instituições de caráter científico e cultural, como a Academia Brasileira de Letras e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais. Desenvolvemos este trabalho sobre Mauro Mota a partir de dois eixos téoricos proporcionados pelo debate de filósofos como Judith Butler e Vladimir Safatle: a construção da identidade sujeitada e relacional. Por meio de sua relação com o sociólogo Gilberto Freyre, tratamos a dependência e subordinação àquele que foi o principal nome das ciências sociais e humanas de Pernambuco no século 20. Mauro construiu sua identidade pública sob a sombra da obra freyriana, além de cumprir ordens, caprichos e copiar traços da obra do sociólogo seus trabalhos jornalísticos e científicos. Essa relação lhe proporcionou ganhos expressivos, mas veio, muitas
    vezes, acompanhada de um alto preço, como a aliança com o Golpe de 1964. Já o aspecto relacional defendido nesse trabalho se apresenta por meio das relações – estratégicas e mesmo afetivas – travadas por Mauro Mota ao longo da vida, como a com o crítico Álvaro Lins, amigo de infância, e intelectuais que orbitavam dentro da esfera do suplemento literário. Mauro Mota foi um dos principais nomes da intelectualidade pernambucana no período e a análise de sua obra intelectual, bem como as práticas relacionais em torno dela, é de fundamental importância para entendermos a trajetória e o legado de uma geração que foi atuante e influente até meados
    da década de 1980 em Pernambuco.

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  • ROSELY TAVARES DE SOUZA
  • “HOMENS DE CULTURA” E O TEMPO CONSELHEIRO: POLÍTICA PÚBLICA CULTURAL DO CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA EM PERNAMBUCO (1975-1979)

  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CARLOS SANDRONI
  • CLÁUDIA ENGLER CURY
  • EMANUELA SOUSA RIBEIRO
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • Data: 29/10/2021

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  • O estudo aborda as políticas públicas de cultura desenvolvidas no Conselho Estadual de Cultura-CEC, em Pernambuco, entre 1975 a 1979. O recorte temporal justifica-se porque nesse período instituições culturais foram criadas ou reformuladas com o objetivo de elaborar políticas públicas e efetivar ações para o setor cultural. Evidenciamos no desenvolvimento desse processo os múltiplos interesses individuais e coletivos, visões de mundo e ideais de curto ou longo prazo para cultura em âmbito nacional de maneira geral e, em Pernambuco, de modo particular. Nesse sentido, detalhamos as modalidades de atuação do conselho estadual, pois a instituição se apresentou como um lugar privilegiado para se estudar as características da vida política no setor cultural experienciadas pelos conselheiros representantes do CEC. O objetivo dessa tese é compreender quais políticas públicas para a cultura foram elaboradas pelos conselheiros do CEC, por meio da instituição. Além disso, objetivamos mapear quem foram esses conselheiros, suas relações sociais, institucionais, afetivas e, por fim, como o órgão estabeleceu articulações em âmbito nacional com as demais instituições culturais criadas no período. Assim, metodologicamente, analisamos os documentos produzidos na instituição, o principal deles, as Atas das reuniões. Para cotejar com essa fonte, investigamos os jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Manhã e Diário da Noite, além do Boletim trimestral do Conselho Federal de Cultura e o texto final do Plano Nacional de Cultura. Como resultados, esse estudo nos possibilitou compreender sobre a não existência de fato, de uma política cultural e uma política pública cultural pronta e acabada em Pernambuco, mas que esteve em permanente construção ao longo dos anos, fruto de muita articulação pessoal e prestígio, desses “homens de cultura” ao quais gozavam os conselheiros, sobretudo o presidente do CEC, Gilberto Freyre. Somado a isso, a centralidade do sociólogo no processo de elaboração das políticas públicas de cultura à frente do CEC foi de grande relevância para articulação no constructo da política cultural nacional. Consideramos, por fim, que este estudo contribuiu para anunciar novas problemáticas, abrindo novas frentes de investigação referente ao tema tais como: a disputa da Casa da Cultura como um importante espaço cultural na cidade do Recife; as relações de sociabilidades efetivadas pelos conselheiros, e a centralidade do patrimônio cultural para a política cultural em Pernambuco que tomou corpo nos anos 1980. Visto que ainda consta no acervo do conselho uma farta documentação inexplorada, a dispor para novas pesquisas sobre o tema, nesse grande mosaico, os bastidores da política pública cultural em Pernambuco na segunda metade do século XX.   

     


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  • O estudo aborda as políticas públicas de cultura desenvolvidas no Conselho Estadual de Cultura-CEC, em Pernambuco, entre 1975 a 1979. O recorte temporal justifica-se porque nesse período instituições culturais foram criadas ou reformuladas com o objetivo de elaborar políticas públicas e efetivar ações para o setor cultural. Evidenciamos no desenvolvimento desse processo os múltiplos interesses individuais e coletivos, visões de mundo e ideais de curto ou longo prazo para cultura em âmbito nacional de maneira geral e, em Pernambuco, de modo particular. Nesse sentido, detalhamos as modalidades de atuação do conselho estadual, pois a instituição se apresentou como um lugar privilegiado para se estudar as características da vida política
    no setor cultural experienciadas pelos conselheiros representantes do CEC. O objetivo dessa tese é compreender quais políticas públicas para a cultura foram elaboradas pelos conselheiros do CEC, por meio da instituição. Além disso, objetivamos mapear quem foram esses conselheiros, suas relações sociais, institucionais, afetivas e, por fim, como o órgão estabeleceu articulações em âmbito nacional com as demais instituições culturais criadas no período. Assim, metodologicamente, analisamos os documentos produzidos na instituição, o principal deles, as Atas das reuniões. Para cotejar com essa fonte, investigamos os jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commercio, Diário da Manhã e Diário da Noite, além do Boletim trimestral do Conselho Federal de Cultura e
    o texto final do Plano Nacional de Cultura. Como resultados, esse estudo nos possibilitou compreender sobre a não existência de fato, de uma política cultural e uma política pública cultural pronta e acabada em Pernambuco, mas que esteve em permanente construção ao longo dos anos, fruto de muita articulação pessoal e prestígio,
    desses “homens de cultura” ao quais gozavam os conselheiros, sobretudo o presidente do CEC, Gilberto Freyre. Somado a isso, a centralidade do sociólogo no processo de elaboração das políticas públicas de cultura à frente do CEC foi de grande relevância para articulação no constructo da política cultural nacional. Consideramos, por fim, que este estudo contribuiu para anunciar novas problemáticas, abrindo novas frentes de investigação referente ao tema tais como: a disputa da Casa da Cultura como um importante espaço cultural na cidade do Recife; as relações de sociabilidades efetivadas pelos conselheiros, e a centralidade do patrimônio cultural para a política cultural em Pernambuco que tomou corpo nos anos 1980. Visto que ainda consta no acervo do
    conselho uma farta documentação inexplorada, a dispor para novas pesquisas sobre o tema, nesse grande mosaico, os bastidores da política pública cultural em Pernambuco na segunda metade do século XX.

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  • JANINE PRIMO CARVALHO DE MENESES
  • MEMÓRIA E HISTÓRIA NO DIREITO À TERRA QUILOMBOLA: O TIMBÓ DE JOSÉ VICTORINO DA CONCEIÇÃO ANCHIETA - GARANHUNS, PE (SÉC. XIX - TEMPO PRESENTE)

     

  • Orientador : ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CIBELE BARBOSA DA SILVA ANDRADE
  • ISABEL CRISTINA MARTINS GUILLEN
  • JOSE BENTO ROSA DA SILVA
  • LUIZA NASCIMENTO DOS REIS
  • MARIA EMILIA VASCONCELOS DOS SANTOS
  • Data: 16/11/2021

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  • A memória das Comunidades Remanescentes de Quilombo no Brasil é fonte basilar para o conhecimento histórico das mesmas e efetivação de seus direitos. O século XX foi marcado pela reivindicação do direito à terra quilombola, sendo este conquistado com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o Decreto 4887 de 2003, quando terras quilombolas passam a ser tituladas coletivamente. A memória do Timbó perpassou os mais de duzentos anos desde a aquisição desta propriedade na segunda década do século XIX, fundamentando a delimitação e demarcação de suas terras enquanto Comunidade Remanescente de Quilombo do Timbó. Contudo, em seu Relatório Técnico de Identificação e Delimitação produzido pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária, não constam documentos manuscritos contemporâneos ao fundador do Timbó, tornando este o intuito da presente tese, contribuir com o conhecimento histórico desta comunidade. Esta pesquisa identificou inventários, papéis de compra e venda de terras, títulos de terras, bem como processos judiciais,
    documentos encontrados no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, no Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano e no Memorial da Justiça, que dialogaram com a memória de José Victorino da Conceição Anchieta, o fundador mítico da comunidade do Timbó. Pôde-se, deste modo, revisitar o lugar de
    escravizado angolano fugido conferido a esta personalidade histórica, que assume um novo lugar, o de um comprador de terras e senhor de riquezas. Conjuntamente à posição sócio histórica de José Victorino, o presente trabalho discute a simbologia de Zumbi dos Palmares como ícone de luta quilombola e apropriação histórica desta personagem em narrativas memoriais do Timbó. 


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  • A memória das Comunidades Remanescentes de Quilombo no Brasil é fonte basilar para o conhecimento histórico das mesmas e efetivação de seus direitos. O século XX foi marcado pela reivindicação do direito à terra quilombola, sendo este conquistado com a promulgação da Constituição Federal de 1988 e o Decreto 4887 de 2003, quando terras quilombolas passam a ser tituladas coletivamente. A memória do Timbó perpassou os mais de duzentos anos desde a aquisição desta propriedade na segunda década do século XIX, fundamentando a delimitação e demarcação de suas terras enquanto Comunidade Remanescente de Quilombo do Timbó. Contudo, em seu Relatório Técnico de Identificação e Delimitação produzido pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária, não constam documentos manuscritos contemporâneos ao fundador do Timbó, tornando este o intuito da presente tese, contribuir com o conhecimento histórico desta comunidade. Esta pesquisa identificou inventários, papéis de compra e venda de terras, títulos de terras, bem como processos judiciais,
    documentos encontrados no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, no Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano e no Memorial da Justiça, que dialogaram com a memória de José Victorino da Conceição Anchieta, o fundador mítico da comunidade do Timbó. Pôde-se, deste modo, revisitar o lugar de
    escravizado angolano fugido conferido a esta personalidade histórica, que assume um novo lugar, o de um comprador de terras e senhor de riquezas. Conjuntamente à posição sócio histórica de José Victorino, o presente trabalho discute a simbologia de Zumbi dos Palmares como ícone de luta quilombola e apropriação histórica desta personagem em narrativas memoriais do Timbó. 

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  • ADAUTO GUEDES NETO
  • JOSÉ COMBLIN, PADRE DA AMÉRICA LATINA EM TEMPOS DE DITADURAS: PROTESTO DA VERDADEIRA ANGÚSTIA NO PENSAR-FAZER UM NOVO JEITO DE SER IGREJA (1968-1980)

  • Orientador : CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • ALZIRINHA ROCHA DE SOUZA
  • CARLOS ALBERTO CUNHA MIRANDA
  • JOSE ADILSON FILHO
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • MARLUZA MARQUES HARRES
  • Data: 30/11/2021

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  • Este trabalho de tese analisa a trajetória do padre e teólogo José Comblin na América Latina a partir da sua atuação por um novo jeito de ser Igreja, especialmente entre o Brasil e o Chile em tempos de ditadura militar. Tendo como perspectiva teórica e metodológica os estudos que através do sujeito compreende o contexto histórico ao qual este está inserido e que por ele transita, o objetivo do trabalho em tela é identificar as propostas lançadas por José Comblin para a Igreja Católica latino-americana, mas sobretudo os impactos de tais ideias, a reação conservadora Católica e dos governos ditatoriais responsáveis por sua expulsão do Brasil em
    1972 e do Chile em 1980. Neste sentido, a referida tese oferece contribuições para a discussão de dimensão político-religiosa, no sentido de apontar a perspectiva de atuação do clero progressista na América Latina, sobretudo no âmbito do Nordeste brasileiro e no Chile, ao passo que, ainda existam lacunas a preencher para compreender o processo que culminou com as suas expulsões do Brasil e do Chile. Para tanto, apoiamo-nos num amplo corpus documental, dentre os quais, destacamos suas correspondências, os arquivos da repressão
    brasileira: prontuários, informações, pedidos de buscas, relatórios, telegramas e históricos da sua trajetória que, compõem o acervo do Arquivo Nacional do Brasil, bem como as fontes disponíveis no DOPS-PE, no Centro de Pesquisa e Documentação José Comblin – UNICAP, Memorial Raimundo Nonato e no Centro de Formação Missionária-PB. Desse modo, tendo em vista a plausibilidade que as fontes e o método histórico-crítico nos forecem, bem como a originalidade que a presente pesquisa oferece, buscamos traçar as diferentes nuances que
    envolveram a trajetória do padre belga erradicado na América Latina, por um novo jeito de ser Igreja em tempos de ditaduras.


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  • Este trabalho de tese analisa a trajetória do padre e teólogo José Comblin na América Latina a partir da sua atuação por um novo jeito de ser Igreja, especialmente entre o Brasil e o Chile em tempos de ditadura militar. Tendo como perspectiva teórica e metodológica os estudos que através do sujeito compreende o contexto histórico ao qual este está inserido e que por ele transita, o objetivo do trabalho em tela é identificar as propostas lançadas por José Comblin para a Igreja Católica latino-americana, mas sobretudo os impactos de tais ideias, a reação conservadora Católica e dos governos ditatoriais responsáveis por sua expulsão do Brasil em
    1972 e do Chile em 1980. Neste sentido, a referida tese oferece contribuições para a discussão de dimensão político-religiosa, no sentido de apontar a perspectiva de atuação do clero progressista na América Latina, sobretudo no âmbito do Nordeste brasileiro e no Chile, ao passo que, ainda existam lacunas a preencher para compreender o processo que culminou com as suas expulsões do Brasil e do Chile. Para tanto, apoiamo-nos num amplo corpus documental, dentre os quais, destacamos suas correspondências, os arquivos da repressão
    brasileira: prontuários, informações, pedidos de buscas, relatórios, telegramas e históricos da sua trajetória que, compõem o acervo do Arquivo Nacional do Brasil, bem como as fontes disponíveis no DOPS-PE, no Centro de Pesquisa e Documentação José Comblin – UNICAP, Memorial Raimundo Nonato e no Centro de Formação Missionária-PB. Desse modo, tendo em vista a plausibilidade que as fontes e o método histórico-crítico nos forecem, bem como a originalidade que a presente pesquisa oferece, buscamos traçar as diferentes nuances que
    envolveram a trajetória do padre belga erradicado na América Latina, por um novo jeito de ser Igreja em tempos de ditaduras.

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  • JOANA MARIA LUCENA DE ARAUJO
  • Trabalhadores rurais e a Justiça do Trabalho: A luta por direitos através dos processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata - PE (1963-1979)

  • Orientador : REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • MEMBROS DA BANCA :
  • MARCUS AJURUAM DE OLIVEIRA DEZEMONE
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • REGINA BEATRIZ GUIMARAES NETO
  • SAMUEL CARVALHEIRA DE MAUPEOU
  • Data: 03/12/2021

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  • Este trabalho tem por objetivo investigar como os direitos trabalhistas impactaram as relações de trabalho na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Concentramos nossas análises no período de tempo que vai de 1963 a 1979. Esse intervalo foi importante porque acompanhamos os desdobramentos da aprovação e da aplicação do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), bem como as posteriores reformas na legislação trabalhista proposta pelos governos militares. A década de 1970 foi emblemática pois, entre 1965 e 1979, foram adotadas as mais importantes políticas governamentais voltadas ao campo brasileiro. Estas políticas propuseram, entre outras medidas, os projetos de colonização como alternativa à Reforma Agrária. Além disso, em 1971 houve a implantação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL) que travava da Previdência dos trabalhadores rurais. A documentação privilegiada nesse trabalho são os processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata. Nesses documentos, encontramos registros e histórias de trabalhadores, tanto rurais quanto urbanos, que vivenciaram mudanças expressivas no cenário social, político e econômico brasileiro. Desde a aprovação da CLT até a mudança do regime democrático da ditadura militar (1964 a 1985). As caixas alinhadas nas prateleiras, divididas por ano e município, dão a impressão de que, seja qual for o momento, havia processos e portanto uma justiça atuante.


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  • Este trabalho tem por objetivo investigar como os direitos trabalhistas impactaram as relações de trabalho na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Concentramos nossas análises no período de tempo que vai de 1963 a 1979. Esse intervalo foi importante porque acompanhamos os desdobramentos da aprovação e da aplicação do Estatuto do Trabalhador Rural (ETR), bem como as posteriores reformas na legislação trabalhista proposta pelos governos militares. A década de 1970 foi emblemática pois, entre 1965 e 1979, foram adotadas as mais importantes políticas governamentais voltadas ao campo brasileiro. Estas políticas propuseram, entre outras medidas, os projetos de colonização como alternativa à Reforma Agrária. Além disso, em 1971 houve a implantação do Programa de Assistência ao Trabalhador Rural (PRORURAL) que travava da Previdência dos trabalhadores rurais. A documentação privilegiada nesse trabalho são os processos trabalhistas da Junta de Conciliação e Julgamento de Nazaré da Mata.
    Nesses documentos, encontramos registros e histórias de trabalhadores, tanto rurais quanto urbanos, que vivenciaram mudanças expressivas no cenário social, político e econômico brasileiro. Desde a aprovação da CLT até a mudança do regime democrático da ditadura militar (1964 a 1985). As caixas alinhadas nas prateleiras, divididas por ano e município, dão a impressão de que, seja qual for o momento, havia processos e portanto uma justiça atuante.

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  • ARTHUR GUSTAVO LIRA DO NASCIMENTO
  • IMAGENS DO NORDESTE: O FILME DOCUMENTAL E O INSTITUTO JOAQUIM NABUCO DE PESQUISAS SOCIAIS

  • Orientador : FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CLAUDIO ROBERTO DE ARAUJO BEZERRA
  • FLAVIO WEINSTEIN TEIXEIRA
  • IZABEL DE FÁTIMA CRUZ MELO
  • PABLO FRANCISCO DE ANDRADE PORFIRIO
  • PAULO CARNEIRO DA CUNHA FILHO
  • Data: 21/12/2021

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  • Esta tese analisa a relação entre o cinema documental e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS), no modo como emergiu dentro das ciências sociais e da cinematografia brasileira um conjunto de imagens sobre o Nordeste. O IJNPS foi um órgão federal criado por iniciativa do sociólogo Gilberto Freyre em 1949 e sediado no Recife. A instituição assumiu um importante papel no apoio e financiamento às produções cinematográficas que convergiam com a proposta da pesquisa social produzida pela casa. Tornou-se um espaço de circulação e debates entre cientistas e cinegrafistas. Através dessas relações, constroem-se representações sobre o Nordeste que evidenciam as transformações políticas e culturais no país. Durante a direção executiva de Mauro Mota (1956-1970) e Fernando Freyre (1970-1979), o IJNPS realizou ações importantes sobre o gênero documental, como a produção dos filmes Aruanda (1960), O Cajueiro Nordestino (1962), A cabra na região semi-árida (1966) e Cultura Marginal Brasileira (1975). Além de uma série de eventos destinados a pensar e debater o documentário, a exemplo da realização, na década de 1970, das três edições da Mostra e Simpósio do Filme Documental Brasileiro. Estas iniciativas culminaram na construção de um próprio setor cinematográfico na instituição, hoje denominada Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Identifica-se, assim, a importância do IJNPS no fortalecimento do documentário nacional e as condições históricas de desenvolvimento do gênero como um agente da pesquisa e reflexão social. A partir da História Cultural do Cinema, consideramos além das questões estéticas, suas representações, os aspectos de produção, fomento, trajetórias dos cineastas e seus significados para a História.


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  • Esta tese analisa a relação entre o cinema documental e o Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais (IJNPS), no modo como emergiu dentro das ciências sociais e da cinematografia brasileira um conjunto de imagens sobre o Nordeste. O IJNPS foi um órgão federal criado por iniciativa do sociólogo Gilberto Freyre em 1949 e sediado no Recife. A instituição assumiu um importante papel no apoio e financiamento às produções cinematográficas que convergiam com a proposta da pesquisa social produzida pela casa. Tornou-se um espaço de circulação e debates entre cientistas e cinegrafistas. Através dessas relações, constroem-se representações sobre o Nordeste que evidenciam as transformações políticas e culturais no país. Durante a direção executiva de Mauro Mota (1956-1970) e Fernando Freyre (1970-1979), o IJNPS realizou ações importantes sobre o gênero documental, como a produção dos filmes Aruanda (1960), O Cajueiro Nordestino (1962), A cabra na região semi-árida (1966) e Cultura Marginal Brasileira (1975). Além de uma série de eventos destinados a pensar e debater o documentário, a exemplo da realização, na década de 1970, das três edições da Mostra e Simpósio do Filme Documental Brasileiro. Estas iniciativas culminaram na construção de um próprio setor cinematográfico na instituição, hoje denominada Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Identifica-se, assim, a importância do IJNPS no fortalecimento do documentário nacional e as condições históricas de desenvolvimento do gênero como um agente da pesquisa e reflexão social. A partir da História Cultural do Cinema, consideramos além das questões estéticas, suas representações, os aspectos de produção, fomento, trajetórias dos cineastas e seus significados para a História.

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  • PATRÍCIA MARCIANO DE ASSIS
  • ADMINISTRANDO A (IN)SEGURANÇA: EXPERIÊNCIAS DE CONFLITO E NEGOCIAÇÃO DA CHEFATURA DE POLÍCIA NA SOCIEDADE OITOCENTISTA CEARENSE

  • Orientador : SUZANA CAVANI ROSAS
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CRISTIANO LUÍS CHRISTILLINO
  • FRANCISCO LINHARES FONTELES NETO
  • MARCOS LUIZ BRETAS DA FONSECA
  • SUZANA CAVANI ROSAS
  • WELLINGTON BARBOSA DA SILVA
  • Data: 22/12/2021

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  • Essa tese tem como objeto de estudo a relação da Chefatura de Polícia com a administração da segurança/insegurança na província do Ceará, buscando compreender como os seus componentes participaram do processo de centralização do poder público na sociedade cearense oitocentista. A nossa hipótese é de que esta instituição serviu como parte desse processo, implementado pelo Estado imperial a partir da década de 1840, atuando na administração policial e inserindo-se em disputas de poder local ou negociação conforme as experiências dos sujeitos envolvidos. Para tanto, além da discussão bibliográfica com autores da História da Polícia e do Estado imperial e do uso do aporte da História Social, utilizamos quatro tipos de fontes principais: ofícios e relatórios da Chefatura de Polícia, relatórios dos presidentes da província apresentados na Assembleia Provincial, leis imperiais e jornais (entre outras). A Chefatura de Polícia foi elaborada como proposta nacional a partir da reforma do Código do Processo Criminal de 1841, que criou os cargos de chefes de polícia, delegados e subdelegados, atribuindo-os funções policiais antes realizadas pelos juízes de paz, tendo uma estrutura hierárquica que tinha no chefe de polícia a figura central da administração policial na província e cujo trabalho era direcionado para a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade pública nos locais de sua atuação (BRASIL. Lei no 261, de 03 de dezembro de 1841). Atribuições com as quais permaneceu até 1871, quando, por ocasião da segunda reforma, passaram a ser melhor delimitados os trabalhos jurídico-policiais, restringindo o poder judicial das autoridades policiais apenas ao “julgamento da infracção dos termos de segurança e bem viver” (BRASIL. Lei no 2.033, de 20 de setembro de 1871). A partir dela foi possível não só refletir sobre o trabalho desempenhado pelos policiais em torno das ideias de ordem e segurança, enquanto construções sociais que foram agenciadas por distintos sujeitos nos âmbitos local, provincial e nacional, mas também como ela foi uma das instituições imperiais que influenciaram mais diretamente a política de segurança do período, sobretudo quando observamos a relação entre Estado, polícia e sociedade no século XIX.


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  • Essa tese tem como objeto de estudo a relação da Chefatura de Polícia com a administração da segurança/insegurança na província do Ceará, buscando compreender como os seus componentes participaram do processo de centralização do poder público na sociedade cearense oitocentista. A nossa hipótese é de que esta instituição serviu como parte desse processo, implementado pelo Estado imperial a partir da década de 1840, atuando na administração policial e inserindo-se em disputas de poder local ou negociação conforme as experiências dos sujeitos envolvidos. Para tanto, além da discussão bibliográfica com autores da História da Polícia e do Estado imperial e do uso do aporte da História Social, utilizamos quatro tipos de fontes principais: ofícios e relatórios da Chefatura de Polícia, relatórios dos presidentes da província apresentados na Assembleia Provincial, leis imperiais e jornais (entre outras). A Chefatura de Polícia foi elaborada como proposta nacional a partir da reforma do Código do Processo Criminal de 1841, que criou os cargos de chefes de polícia, delegados e subdelegados, atribuindo-os funções policiais antes realizadas pelos juízes de paz, tendo uma estrutura hierárquica que tinha no chefe de polícia a figura central da administração policial na província e cujo trabalho era direcionado para a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade pública nos locais de sua atuação (BRASIL. Lei no 261, de 03 de dezembro de 1841). Atribuições com as quais permaneceu até 1871, quando, por ocasião da segunda reforma, passaram a ser melhor delimitados os trabalhos jurídico-policiais, restringindo o poder judicial das autoridades policiais apenas ao “julgamento da infracção dos termos de segurança e bem viver” (BRASIL. Lei no 2.033, de 20 de setembro de 1871). A partir dela foi possível não só refletir sobre o trabalho desempenhado pelos policiais em torno das ideias de ordem e segurança, enquanto construções sociais que foram agenciadas por distintos sujeitos nos âmbitos local, provincial e nacional, mas também como ela foi uma das instituições imperiais que influenciaram mais diretamente a política de segurança do período, sobretudo quando observamos a relação entre Estado, polícia e sociedade no século XIX.

2020
Dissertações
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  • RENATA BORBA CAHÚ SIQUEIRA
  • CANAVIEIRAS EM EMBATES NA JUSTIÇA DO TRABALHO: precarização do trabalho, relações de gênero e luta para defender direitos conquistados (Região Sul da Zona da Mata de Pernambuco, 1972-1975)

  • Orientador : CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MEMBROS DA BANCA :
  • CHRISTINE PAULETTE YVES RUFINO DABAT
  • MARIA DO SOCORRO DE ABREU E LIMA
  • THOMAS DYSON ROGERS
  • Data: 22/01/2020

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  • Do século XVI até os dias atuais a comercialização dos subprodutos extraídos da canade-açúcar, em especial o açúcar e o álcool, foi a espinha dorsal da economia do estado de Pernambuco. Dos antigos engenhos aos atuais complexos agroindustriais, tal atividade foi moldada pelos pilares que caracterizavam a plantation, a saber: a monocultura, o latifúndio e a superexploração da mão de obra. A Zona da Mata Sul pernambucana figurou entre as regiões de maior produção sucroalcooleira do Estado e do Brasil. O entrelaçamento do espaço com a atividade refletia-se até mesmo no termo cunhado para designar o local – a zona canavieira. Em todos os períodos históricos o sustento das grandes cifras e altas posições alcançadas pelo empreendimento açucareiro se deu por meio da super exploração da força de trabalho dos homens e das mulheres canavieiros. A história da classe trabalhadora rural foi marcada pelas lutas por melhores condições de vida e de trabalho. Os anos de 1970, recorte temporal da presente dissertação, estavam contidos no período da Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Nesse momento da historia nacional a exploração sofrida pelos trabalhadores rurais alcançou níveis maiores, em consequência das mudanças promovidas pela política empreendida para a “modernização” agrícola. E as lutas sociais ganharam contornos políticos mais complexos, em razão da violência perpetrada pelo Estado contra as organizações de trabalhadores. Nesse contexto, as trabalhadoras rurais da Zona da Mata Sul de Pernambuco, inseridas em uma sociedade com um legado escravista e patriarcal, sofriam dupla exploração, as de classe e outras relativas à opressão de gênero. A presente dissertação tem como objetivo realizar estudo sobre a luta para defender direitos conquistados perpetrada pelas trabalhadoras rurais – via Justiça do Trabalho – na região sul da zona canavieira de Pernambuco, nos anos de 1970. Buscou-se compreender como se dava a participação das canavieiras nas relações de trabalho, bem como as atividades desenvolvidas pelas mesmas nas plantações açucareiras. O estudo intentou também apresentar as sanções patronais sofridas pelas trabalhadoras rurais especificamente pelo fato de ser quem eram – mulheres. As lutas empreendidas pelas canavieiras foram de extrema importância para a classe trabalhadora rural como um todo, dessa feita, procurou-se entender suas lutas como parte constituinte e significativa da história dos trabalhadores rurais do Brasil.


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  • Do século XVI até os dias atuais a comercialização dos subprodutos extraídos da canade-açúcar, em especial o açúcar e o álcool, foi a espinha dorsal da economia do estado de Pernambuco. Dos antigos engenhos aos atuais complexos agroindustriais, tal atividade foi moldada pelos pilares que caracterizavam a plantation, a saber: a monocultura, o latifúndio e a superexploração da mão de obra. A Zona da Mata Sul pernambucana figurou entre as regiões de maior produção sucroalcooleira do Estado e do Brasil. O entrelaçamento do espaço com a atividade refletia-se até mesmo no termo cunhado para designar o local – a zona canavieira. Em todos os períodos históricos o sustento das grandes cifras e altas posições alcançadas pelo empreendimento açucareiro se deu por meio da super exploração da força de trabalho dos homens e das mulheres canavieiros. A história da classe trabalhadora rural foi marcada pelas lutas por melhores condições de vida e de trabalho. Os anos de 1970, recorte temporal da presente dissertação, estavam contidos no período da Ditadura Militar brasileira (1964-1985). Nesse momento da historia nacional a exploração sofrida pelos trabalhadores rurais alcançou níveis maiores, em consequência das mudanças promovidas pela política empreendida para a “modernização” agrícola. E as lutas sociais ganharam contornos políticos mais complexos, em razão da violência perpetrada pelo Estado contra as organizações de trabalhadores. Nesse contexto, as trabalhadoras rurais da Zona da Mata Sul de Pernambuco, inseridas em uma sociedade com um legado escravista e patriarcal, sofriam dupla exploração, as de classe e outras relativas à opressão de gênero. A presente dissertação tem como objetivo realizar estudo sobre a luta para defender direitos conquistados perpetrada pelas trabalhadoras rurais – via Justiça do Trabalho – na região sul da zona canavieira de Pernambuco, nos anos de 1970. Buscou-se compreender como se dava a participação das canavieiras nas relações de trabalho, bem como as atividades desenvolvidas pelas mesmas nas plantações açucareiras. O estudo intentou também apresentar as sanções patronais sofridas pelas trabalhadoras rurais especificamente pelo fato de ser quem eram – mulheres. As lutas empreendidas pelas canavieiras foram de extrema importância para a classe trabalhadora rural como um todo, dessa feita, procurou-se entender suas lutas como parte constituinte e significativa da história dos trabalhadores rurais do Brasil.

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