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Dissertações |
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ANA KATARINA DE BRITO
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Cuidado e humanização: a palhaçoterapia na formação dos estudantes de saúde da UFPE
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Orientador : RUSSELL PARRY SCOTT
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MEMBROS DA BANCA :
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RUSSELL PARRY SCOTT
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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MARCIA REIS LONGHI
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Data: 18/02/2022
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O presente estudo busca compreender a formação de enfermeiros(as) e médicos(as) pela Universidade Federal de Pernambuco, no que tange ao cuidado e a humanização das práticas de saúde e os impactos da palhaçoterapia nesse processo, a partir das narrativas de estudantes e egressos desses dois cursos e que integraram o projeto de extensão universitária PERTO (Projeto de Encontro e Riso Terapêuticos). Para isso, foi analisada a lógica que norteia o campo da saúde, bem como a elaboração e implantação, avanços e desafios, do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste trabalho, portanto, valorizamos as interpretações dos alunos e recém-profissionais a respeito de categorias como humanização e cuidado, assim como referente as suas formações sobre esses aspectos. Os dados coletados nesta pesquisa demonstram uma série de dificuldades para se atingir a produção de saúde integral, sejam enfrentadas nos serviços de saúde ou nos ambientes de educação. Isso se apresenta por diversos fatores, como a fragmentação do corpo e valorização da doença, imperativos do paradigma biomédico; posições desiguais entre os profissionais e desses com os usuários; desvalorização das ciências humanas e sociais nas elaborações sobre saúde, dentre outras questões. Desse modo, esta dissertação pode contribuir para uma discussão ampliada das políticas públicas em saúde, como também sobre os currículos dos profissionais da área.
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O presente estudo busca compreender a formação de enfermeiros(as) e médicos(as) pela Universidade Federal de Pernambuco, no que tange ao cuidado e a humanização das práticas de saúde e os impactos da palhaçoterapia nesse processo, a partir das narrativas de estudantes e egressos desses dois cursos e que integraram o projeto de extensão universitária PERTO (Projeto de Encontro e Riso Terapêuticos). Para isso, foi analisada a lógica que norteia o campo da saúde, bem como a elaboração e implantação, avanços e desafios, do Sistema Único de Saúde (SUS). Neste trabalho, portanto, valorizamos as interpretações dos alunos e recém-profissionais a respeito de categorias como humanização e cuidado, assim como referente as suas formações sobre esses aspectos. Os dados coletados nesta pesquisa demonstram uma série de dificuldades para se atingir a produção de saúde integral, sejam enfrentadas nos serviços de saúde ou nos ambientes de educação. Isso se apresenta por diversos fatores, como a fragmentação do corpo e valorização da doença, imperativos do paradigma biomédico; posições desiguais entre os profissionais e desses com os usuários; desvalorização das ciências humanas e sociais nas elaborações sobre saúde, dentre outras questões. Desse modo, esta dissertação pode contribuir para uma discussão ampliada das políticas públicas em saúde, como também sobre os currículos dos profissionais da área.
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THIAGO HENRIQUE DE ALMEIDA CARVALHO
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UMA ETNOGRAFIA DA HOMONORMATIVIDADE E EXPRESSÕES GAYS NOS ESPAÇOS DE SOCIABILIDADES LGBTQIA+ NO RECIFE.
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Orientador : LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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MEMBROS DA BANCA :
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LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES
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RUSSELL PARRY SCOTT
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Data: 25/03/2022
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Esta dissertação tem por objetivo compreender como as expressões gays, tais como performadas, agem e reagem à homonormatividade, em espaços de sociabilidades LGBT’s (Av. Manoel Borba, Bar do Céu, Club Metrópole) do Recife, os quais são reconhecidamente palcos que possibilitam a experimentação pública da homossexualidade. Essa experimentação, segundo pessoas gays, surge com mais ou menos injunções normativas de dentro dessa comunidade, o que tem consequências importantes para sua organização política em termos de coletivo. Para contemplar este objetivo, após uma apresentação metodológica da minha entrada etnográfica nestes espaços de sociabilidades, destaco em um primeiro momento como a homossexualidade foi inventada através da teoria consagrada, assim como dos respaldos dessa invenção na sociedade civil ocidental(izada), enaltecendo como os estudos queer podem mitigar os efeitos hegemônicos dessa invenção, caracterizada por uma heteronormatividade modern(ist)a. Em um segundo momento, foco na análise das elaborações de si em expressões gays consagradas na comunidade LGBTQIA+, designadas como “barbies”, “ursos” e “pocs”, de forma a entender como são diversamente obedecidas, ressignificadas, transgredidas, alteradas e negadas, via a análise das interações performáticas de homens gays usuários destes espaços. A partir de orientações metodológicas da análise da performance na Antropologia, tal análise me permite, num terceiro tempo, distinguir formas de (des)identificações, reconhecimentos e contradições em relação à construção dessas supostas identidades e cultura gays, explorando os aspectos de encorporação dessa cultura, as formas de ser-no-mundo e da regulação física e social da beleza nessa comunidade. Este estudo contribui dessa forma a localizar o conhecimento das culturas gays no Recife, assim como a confirmar a potência da crítica queer para entender e, por que não, contrariar as influências da Modernidade no seio da comunidade LGBTQIA+.
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Esta dissertação tem por objetivo compreender como as expressões gays, tais como performadas, agem e reagem à homonormatividade, em espaços de sociabilidades LGBT’s (Av. Manoel Borba, Bar do Céu, Club Metrópole) do Recife, os quais são reconhecidamente palcos que possibilitam a experimentação pública da homossexualidade. Essa experimentação, segundo pessoas gays, surge com mais ou menos injunções normativas de dentro dessa comunidade, o que tem consequências importantes para sua organização política em termos de coletivo. Para contemplar este objetivo, após uma apresentação metodológica da minha entrada etnográfica nestes espaços de sociabilidades, destaco em um primeiro momento como a homossexualidade foi inventada através da teoria consagrada, assim como dos respaldos dessa invenção na sociedade civil ocidental(izada), enaltecendo como os estudos queer podem mitigar os efeitos hegemônicos dessa invenção, caracterizada por uma heteronormatividade modern(ist)a. Em um segundo momento, foco na análise das elaborações de si em expressões gays consagradas na comunidade LGBTQIA+, designadas como “barbies”, “ursos” e “pocs”, de forma a entender como são diversamente obedecidas, ressignificadas, transgredidas, alteradas e negadas, via a análise das interações performáticas de homens gays usuários destes espaços. A partir de orientações metodológicas da análise da performance na Antropologia, tal análise me permite, num terceiro tempo, distinguir formas de (des)identificações, reconhecimentos e contradições em relação à construção dessas supostas identidades e cultura gays, explorando os aspectos de encorporação dessa cultura, as formas de ser-no-mundo e da regulação física e social da beleza nessa comunidade. Este estudo contribui dessa forma a localizar o conhecimento das culturas gays no Recife, assim como a confirmar a potência da crítica queer para entender e, por que não, contrariar as influências da Modernidade no seio da comunidade LGBTQIA+.
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ELIAS MANOEL DA SILVA
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Territorialização e Narrativas Étnicas - Desvelando a Identidade Tuxi do Submédio Rio São Francisco, PE.
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Orientador : RENATO MONTEIRO ATHIAS
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MEMBROS DA BANCA :
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TONICO BENITES
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EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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RENATO MONTEIRO ATHIAS
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Data: 04/04/2022
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Esta dissertação apresenta a pesquisa que objetivou analisar o processo de desvelamento da identidade étnica dos Tuxi do submédio rio São Francisco. O Conceito utilizando para o desenvolvimento da pesquisa foi o de etnogênese, uma vez que ele foi capaz de produzir as condições necessárias e conceituais para uma análise sobre a formação desta nação indígena que se afirmam como índios“tapuias Procás e Brancararus" habitantes da Ilha da Várzea desde os tempos dos missionários cristãos – século XVII - quando atuavam na região do Submédio São Francisco. Com esta afirmativa os Tuxi reivindicam a demarcação da terra e consequentemente o reconhecimentoétnico. No âmbito do poder estatal,seguem determinados com o projeto, apoiados pela rede de relações interétnicas das nações“irmãs”, que, por conseguinte, os reconhecem e legitimam como parentes e do mesmo tronco ancestral. A sua formação compreende indivíduos de várias etnias inter-relacionadas entre si e, co-habitação com descendentes afro-brasileiros. Atualmente, aguardam com muita apreensão o resultado do julgamento sobre o projeto anti demarcação ou a tese do marco temporal, proporcionado um drama social, no interior da etnia, que aumenta a cada tempo que passa, quando se pensa sobre mais um megaprojeto na região – a implantação de uma usina nuclear.
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Esta dissertação apresenta a pesquisa que objetivou analisar o processo de desvelamento da identidade étnica dos Tuxi do submédio rio São Francisco. O Conceito utilizando para o desenvolvimento da pesquisa foi o de etnogênese, uma vez que ele foi capaz de produzir as condições necessárias e conceituais para uma análise sobre a formação desta nação indígena que se afirmam como índios“tapuias Procás e Brancararus" habitantes da Ilha da Várzea desde os tempos dos missionários cristãos – século XVII - quando atuavam na região do Submédio São Francisco. Com esta afirmativa os Tuxi reivindicam a demarcação da terra e consequentemente o reconhecimentoétnico. No âmbito do poder estatal,seguem determinados com o projeto, apoiados pela rede de relações interétnicas das nações“irmãs”, que, por conseguinte, os reconhecem e legitimam como parentes e do mesmo tronco ancestral. A sua formação compreende indivíduos de várias etnias inter-relacionadas entre si e, co-habitação com descendentes afro-brasileiros. Atualmente, aguardam com muita apreensão o resultado do julgamento sobre o projeto anti demarcação ou a tese do marco temporal, proporcionado um drama social, no interior da etnia, que aumenta a cada tempo que passa, quando se pensa sobre mais um megaprojeto na região – a implantação de uma usina nuclear.
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JAIRO HELY SILVA
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ONZE NEGRAS: “EU VEJO QUE OS HOMENS, MESMO ELES SENDO UM NEGRO QUILOMBOLA, ELE NÃO TEM UMA ATITUDE QUE NEM UMA MULHER TEM”: As relações entre gênero e o reconhecimento em uma comunidade quilombola no Cabo de Santo Agostinho/PE
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Orientador : MARION TEODOSIO DE QUADROS
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MEMBROS DA BANCA :
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ANDREA LORENA BUTTO ZARZAR
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FABIANA MAIZZA
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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Data: 11/05/2022
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Esta pesquisa analisará as relações entre gênero e o reconhecimento quilombola na comunidade Onze Negras, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, capital do estado de Pernambuco. Em pesquisa anterior (2017), um olhar direcionado ao reconhecimento cotidiano e dinâmico do grupo sugeriu que a comunidade é marcada pelas questões de gênero, que exercem importantes influências no seu reconhecimento étnico. Reconhecimento quilombola e gênero têm se constituído como relevantes enfoques nas análises antropológicas, evidenciando complexos fenômenos socioculturais que podem ser problematizados a partir de análises que consideram as conexões entre essas duas temáticas. Nesse sentido, buscamos estabelecer diálogos entre estes dois pontos, refletindo sobre as suas relações a partir de Onze Negras, comunidade quilombola marcada pela forte atuação das mulheres que operam como “agentes do reconhecimento quilombola”, tencionando o reconhecimento étnico na sua comunidade. Foram utilizados três instrumentos de coleta, dialogando em uma triangulação antropológica: análise documental, observações pontuais online e; a realização de entrevistas semiestruturadas via WhatsApp. O trabalho de campo foi impactado pelas consequências e implicações da pandemia de Covid-19, exigindo adequações metodológicas impostas pelo fechamento dos territórios quilombolas e indígenas no Brasil, bem como pelas implicações do distanciamento social compulsório, entendido como medida de prevenção/proteção contra a disseminação do Coronavírus junto aqueles grupos. Na pesquisa, percebemos que as mulheres influenciam efetivamente no reconhecimento quilombola, liderando as mobilizações do grupo e dialogando com a construção de uma sujeita histórica e coletiva que aqui denominamos de “mulher quilombola”. Naquela comunidade as agentes do reconhecimento interferem direta e ativamente no cotidiano local direcionando, via reconhecimento quilombola, as políticas públicas étnicas; a defesa do território e; as próprias questões simbólicas que dialogam com a afirmação da identidade quilombola.
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Esta pesquisa analisará as relações entre gênero e o reconhecimento quilombola na comunidade Onze Negras, localizada no município do Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife, capital do estado de Pernambuco. Em pesquisa anterior (2017), um olhar direcionado ao reconhecimento cotidiano e dinâmico do grupo sugeriu que a comunidade é marcada pelas questões de gênero, que exercem importantes influências no seu reconhecimento étnico. Reconhecimento quilombola e gênero têm se constituído como relevantes enfoques nas análises antropológicas, evidenciando complexos fenômenos socioculturais que podem ser problematizados a partir de análises que consideram as conexões entre essas duas temáticas. Nesse sentido, buscamos estabelecer diálogos entre estes dois pontos, refletindo sobre as suas relações a partir de Onze Negras, comunidade quilombola marcada pela forte atuação das mulheres que operam como “agentes do reconhecimento quilombola”, tencionando o reconhecimento étnico na sua comunidade. Foram utilizados três instrumentos de coleta, dialogando em uma triangulação antropológica: análise documental, observações pontuais online e; a realização de entrevistas semiestruturadas via WhatsApp. O trabalho de campo foi impactado pelas consequências e implicações da pandemia de Covid-19, exigindo adequações metodológicas impostas pelo fechamento dos territórios quilombolas e indígenas no Brasil, bem como pelas implicações do distanciamento social compulsório, entendido como medida de prevenção/proteção contra a disseminação do Coronavírus junto aqueles grupos. Na pesquisa, percebemos que as mulheres influenciam efetivamente no reconhecimento quilombola, liderando as mobilizações do grupo e dialogando com a construção de uma sujeita histórica e coletiva que aqui denominamos de “mulher quilombola”. Naquela comunidade as agentes do reconhecimento interferem direta e ativamente no cotidiano local direcionando, via reconhecimento quilombola, as políticas públicas étnicas; a defesa do território e; as próprias questões simbólicas que dialogam com a afirmação da identidade quilombola.
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FRANCKEL MOREAU
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O brega funk como estratégia identitária e de resistência dos jovens da periferia recifense
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Orientador : LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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MEMBROS DA BANCA :
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GILSON JOSE RODRIGUES JUNIOR
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LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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OUSSAMA NAOUAR
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Data: 27/05/2022
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Essa dissertação visa uma contribuição a etnografia do brega funk nas periferias da Região Metropolitana do Recife/Pernambuco, focando o fenômeno pela sua apropriação em termos de resistência e identidade. Interessa a relação compartilhada entre os jovens da periferia e essa cultura performativa (musical, coreográfica, estilística, e discursiva), a qual carrega, pela sua localização, marcadores coloniais (sociais, econômicos e raciais) históricos, constantemente criticados. O grupo Magnatas do Passinho S.A., do bairro de Santo Amaro, foi um interlocutor importante na pesquisa pelo seu empenho em fortalecer o movimento e pela representatividade que suscita entre a juventude e diversos públicos. Par eles, pelo brega funk, "o povo da favela está reivindicando seus espaços", deixando a entender que a localização urbana dessa cultura é precisamente o vetor de emancipação dos numerosos estigmas que qualificam a periferia. Para contemplar estes eixos problemáticos, usou-se o método etnográfico com observação participante direta, entrevistas, e analise de documentos acessíveis na internet, não somente por que a pesquisa de campo coincidiu com a suspensão dos shows e os interditos de aglomeração na cidade, mas também por ser um poderoso instrumento de divulgação, reprodução, e de consumo dessa cultura. Numa primeira parte, após expor os métodos e técnicas da pesquisa de campo, discuto a historiografia do brega funk na literatura especializada, me interessando às suas influências culturais locais, nacionais, e globais. Em segundo lugar, à luz da perspectiva decolonial e da sociologia da musica inscrita numa perspectiva pós-moderna, discuto as relações dos bregueiros com as categorizações raciais, sociais, e de subalternidade associadas à periferia, para a construção do seu próprio discurso identitário e localização sociocultural. Enfim, discuto as estratégias discursivas e performáticas que usam para afirmar sua identidade, sua criatividade, e potencializar a sua (re)apropriaçao de forma a entender como o brega funk consegue ressocializar a periferia entre coletivos socioculturais heterógenos ao mesmo tempo em que a relocalizam.
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Essa dissertação visa uma contribuição a etnografia do brega funk nas periferias da Região Metropolitana do Recife/Pernambuco, focando o fenômeno pela sua apropriação em termos de resistência e identidade. Interessa a relação compartilhada entre os jovens da periferia e essa cultura performativa (musical, coreográfica, estilística, e discursiva), a qual carrega, pela sua localização, marcadores coloniais (sociais, econômicos e raciais) históricos, constantemente criticados. O grupo Magnatas do Passinho S.A., do bairro de Santo Amaro, foi um interlocutor importante na pesquisa pelo seu empenho em fortalecer o movimento e pela representatividade que suscita entre a juventude e diversos públicos. Par eles, pelo brega funk, "o povo da favela está reivindicando seus espaços", deixando a entender que a localização urbana dessa cultura é precisamente o vetor de emancipação dos numerosos estigmas que qualificam a periferia. Para contemplar estes eixos problemáticos, usou-se o método etnográfico com observação participante direta, entrevistas, e analise de documentos acessíveis na internet, não somente por que a pesquisa de campo coincidiu com a suspensão dos shows e os interditos de aglomeração na cidade, mas também por ser um poderoso instrumento de divulgação, reprodução, e de consumo dessa cultura. Numa primeira parte, após expor os métodos e técnicas da pesquisa de campo, discuto a historiografia do brega funk na literatura especializada, me interessando às suas influências culturais locais, nacionais, e globais. Em segundo lugar, à luz da perspectiva decolonial e da sociologia da musica inscrita numa perspectiva pós-moderna, discuto as relações dos bregueiros com as categorizações raciais, sociais, e de subalternidade associadas à periferia, para a construção do seu próprio discurso identitário e localização sociocultural. Enfim, discuto as estratégias discursivas e performáticas que usam para afirmar sua identidade, sua criatividade, e potencializar a sua (re)apropriaçao de forma a entender como o brega funk consegue ressocializar a periferia entre coletivos socioculturais heterógenos ao mesmo tempo em que a relocalizam.
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LUAN HENRIQUE DA SILVA ARRUDA
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“Vamos tratar de um assunto sério, de forma não emocional”: Deslocamentos compulsórios e sofrimento nas Comunidades Quilombolas de Itacuruba – PE.
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Orientador : VÂNIA FIALHO
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MEMBROS DA BANCA :
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CARMEN LUCIA SILVA LIMA
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RUSSELL PARRY SCOTT
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VÂNIA FIALHO
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Data: 30/05/2022
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Ainda que a Constituição de 88 tenha representado significativas mudanças em relação ao reconhecimento de direitos aos sujeitos coletivos, principalmente para os povos e comunidades tradicionais, a relação entre políticas públicas consorciadas com agentes do capital privado vem trazendo consequências maléficas para tais sujeitos, respaldado no argumento desenvolvimento sustentável. Foi percebido que o Sertão pernambucano, especialmente o Sertão de Itaparica, uma microrregião composta por sete municípios (Belém de São Francisco; Carnaubeira da Penha; Floresta; Itacuruba; Jatobá; Petrolândia; Tacaratu) e com população estimada de 134.212, IBGE (2010) vem sofrendo com o assédio e a construção de obras de grande porte, como a usina hidroelétrica de Itaparica, transposição do rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Outro exemplo pode ser observado no Plano Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, que pretende até 2030 construir usinas nucleares no Nordeste, uma delas na cidade de Itacuruba. Este trabalho tem como objetivo realizar uma leitura antropológica sobre o sofrimento das comunidades quilombolas de Itacuruba impactadas por uma agenda de empreendimentos locais. Neste sentido, utilizo como base a antropologia das emoções, que tem como objeto analítico a emoção, a partir de diferentes abordagens. Nesta dissertação busquei pensar através de uma perspectiva diacrônica (historicista) e “contextualista”. Partido também de experiências e contatos com a temática anteriores à pesquisa, onde me questionei sobre como a cidade era vinculada na grande mídia: “a cidade dos depressivos”, e tendo como diagnostico o alto índice de suicídio, sendo um dos maiores do Brasil, além de outros problemas de saúde mental.
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Ainda que a Constituição de 88 tenha representado significativas mudanças em relação ao reconhecimento de direitos aos sujeitos coletivos, principalmente para os povos e comunidades tradicionais, a relação entre políticas públicas consorciadas com agentes do capital privado vem trazendo consequências maléficas para tais sujeitos, respaldado no argumento desenvolvimento sustentável. Foi percebido que o Sertão pernambucano, especialmente o Sertão de Itaparica, uma microrregião composta por sete municípios (Belém de São Francisco; Carnaubeira da Penha; Floresta; Itacuruba; Jatobá; Petrolândia; Tacaratu) e com população estimada de 134.212, IBGE (2010) vem sofrendo com o assédio e a construção de obras de grande porte, como a usina hidroelétrica de Itaparica, transposição do rio São Francisco e a Ferrovia Transnordestina. Outro exemplo pode ser observado no Plano Nacional de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, que pretende até 2030 construir usinas nucleares no Nordeste, uma delas na cidade de Itacuruba. Este trabalho tem como objetivo realizar uma leitura antropológica sobre o sofrimento das comunidades quilombolas de Itacuruba impactadas por uma agenda de empreendimentos locais. Neste sentido, utilizo como base a antropologia das emoções, que tem como objeto analítico a emoção, a partir de diferentes abordagens. Nesta dissertação busquei pensar através de uma perspectiva diacrônica (historicista) e “contextualista”. Partido também de experiências e contatos com a temática anteriores à pesquisa, onde me questionei sobre como a cidade era vinculada na grande mídia: “a cidade dos depressivos”, e tendo como diagnostico o alto índice de suicídio, sendo um dos maiores do Brasil, além de outros problemas de saúde mental.
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ÁLVARO PRADO AGUIAR TAVARES
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Precariedade em movimento: Por uma abordagem antropológica da uberização
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Orientador : ALEX GIULIANO VAILATI
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MEMBROS DA BANCA :
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MARIA RAQUEL PASSOS LIMA
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ALEX GIULIANO VAILATI
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LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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Data: 27/07/2022
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Foi em um contexto de ofensiva neoliberal, corte de gastos sociais e contrarreformas que precarizaram ainda mais as condições de labor da classe trabalhadora brasileira, que uma nova forma de mobilidade urbana foi introduzida no Brasil: serviços de corrida compartilhada, baseados em GPS. A primeira delas foi a Uber, lançada no Brasil em maio de 2014. A possibilidade de inscrição a esta empresa ante uma conjuntura de precarização do trabalho, implica em alterações nos modelos de significação da vida cotidiana a nível local, principalmente nos modelos de percepção do trabalho. Nesse sentido, os motoristas de Uber têm formas singulares de articular, organizar e construir significativamente suas formas de trabalho que agora são mediadas por uma determinada maneira de se relacionar com os aplicativos de corrida e com a geografia urbana das grandes cidades brasileiras. Nesta dissertação, através de experiencias etnográficas com motoristas e passageiros que circulam pela região metropolitana de Recife, trago um esforço para compreender quais são as infraestruturas, racionalidades sociais e alianças políticas que permeiam a contraditória relação dos motoristas com esses aplicativos, além de mostrar possíveis caminhos etnográficos através dos quais antropólogas/os podem seguir para serem capazes de se relacionar com trabalhadores/as que dificilmente tem tempo para se dedicar a um pesquisador. Portanto, com uma rotina extenuante que pode chegar até 18 horas de circulação diária, esses interlocutores/motoristas exigem de nós um permanente esforço de pensarmos nossas metodologias criativamente (bem como suas potenciais consequências teóricas), se quisermos nos integrar nos variados espaços em que eles se fazem presentes, sejam estes espaços materiais ou virtuais. Aqui, prática etnográfica precária é o termo que sintetiza como a precariedade do trabalho dos motoristas engendra também específicas formas de flexibilidade por parte dos antropólogos/as, que precisa estar permanentemente atento aos horários (sempre imprevisíveis) a que estes motoristas estão dispostos a compartilhar a singularidade de suas rotinas. Por fim, através de uma contraditória proposta de pesquisa colaborativa que fiz com um desses interlocutores, forneço alguns questionamentos para os pesquisadores que desejam construir uma antropologia engajada com um grupo de trabalhadores que parecem não precisar da ajuda de um “bondoso antropólogo”.
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Foi em um contexto de ofensiva neoliberal, corte de gastos sociais e contrarreformas que precarizaram ainda mais as condições de labor da classe trabalhadora brasileira, que uma nova forma de mobilidade urbana foi introduzida no Brasil: serviços de corrida compartilhada, baseados em GPS. A primeira delas foi a Uber, lançada no Brasil em maio de 2014. A possibilidade de inscrição a esta empresa ante uma conjuntura de precarização do trabalho, implica em alterações nos modelos de significação da vida cotidiana a nível local, principalmente nos modelos de percepção do trabalho. Nesse sentido, os motoristas de Uber têm formas singulares de articular, organizar e construir significativamente suas formas de trabalho que agora são mediadas por uma determinada maneira de se relacionar com os aplicativos de corrida e com a geografia urbana das grandes cidades brasileiras. Nesta dissertação, através de experiencias etnográficas com motoristas e passageiros que circulam pela região metropolitana de Recife, trago um esforço para compreender quais são as infraestruturas, racionalidades sociais e alianças políticas que permeiam a contraditória relação dos motoristas com esses aplicativos, além de mostrar possíveis caminhos etnográficos através dos quais antropólogas/os podem seguir para serem capazes de se relacionar com trabalhadores/as que dificilmente tem tempo para se dedicar a um pesquisador. Portanto, com uma rotina extenuante que pode chegar até 18 horas de circulação diária, esses interlocutores/motoristas exigem de nós um permanente esforço de pensarmos nossas metodologias criativamente (bem como suas potenciais consequências teóricas), se quisermos nos integrar nos variados espaços em que eles se fazem presentes, sejam estes espaços materiais ou virtuais. Aqui, prática etnográfica precária é o termo que sintetiza como a precariedade do trabalho dos motoristas engendra também específicas formas de flexibilidade por parte dos antropólogos/as, que precisa estar permanentemente atento aos horários (sempre imprevisíveis) a que estes motoristas estão dispostos a compartilhar a singularidade de suas rotinas. Por fim, através de uma contraditória proposta de pesquisa colaborativa que fiz com um desses interlocutores, forneço alguns questionamentos para os pesquisadores que desejam construir uma antropologia engajada com um grupo de trabalhadores que parecem não precisar da ajuda de um “bondoso antropólogo”.
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LUIS PAULO SANTANA DA SILVA SANTOS
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Entre choques, apagamentos e irrupções: o caso da região de Suape e do Quilombo Ilha de Mercês
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Orientador : VÂNIA FIALHO
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MEMBROS DA BANCA :
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HENYO TRINDADE BARRETTO FILHO
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RUSSELL PARRY SCOTT
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VÂNIA FIALHO
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Data: 23/08/2022
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A presente dissertação tem como objetivo apresentar a dinâmica de esmagamentos, apagamentos e invisibilidade promovido pela territorialidade do Complexo de Suape sobre a específica territorialidade do Quilombo Ilha de Mercês. Para isso, primeiramente é realizada uma exposição histórica do desenvolvimento da constituição do que denomino por elementos e espaços hegemônicos. Em seguida, com a finalidade de contrapor e evidenciar o processo de entrelaçamento daqueles elementos descritos com outros antagônicos que igualmente se efetua um levantamento histórico do desenvolvimento do processo de concepção dos componentes denominados como não hegemônicos até o momento de irrupção do empreendimento portuário. Posteriormente, é realizada a descrição e análise da atual lógica territorial que se faz hoje preponderante na região, isto é, do Complexo Portuário de Suape. Destarte, após se chegar à apresentação e compreensão do constitutivo e intrincado enredo atual na região de Suape, é efetuado a exposição de uma das comunidades que se encontra em processo de desterritorialização e luta contra o grande projeto de desenvolvimento pela conservação de seu estilo de vida: o Quilombo Ilha de Mercês. Para tal, a metodologia desta pesquisa se constituiu de acompanhamentos e visitas à comunidade quilombola Ilha de Mercês, hoje englobada e localizada dentro do empreendimento portuário, em Ipojuca/Pernambuco, assim como pela análise de arquivos e documentos oficiais. Ademais, exames das abundantes teses e dissertações nas áreas da história, geografia, antropologia, serviço social, dentre outras sobre a região da zona da mata do nordeste brasileiro no século XIX e XX, como também de obras clássicas que documentam mais especificamente a região de Suape e da zona da mata sul de Pernambuco foi igualmente realizado. Isto posto, o presente trabalho buscou mostrar a existência de uma precedente heterogeneidade constitutiva de ocupações e territorialidades na região que compreendemos por Suape e, consequentemente, evidenciar e apontar para a gravidade das violações que vem ocorrendo na localidade, isto é, da subjugação e transformação de uma gama de territórios e territorialidades não hegemônicas a uma hiper lógica territorial em prol da soberania do Estado e do mercado econômico, utilizando para isso do caso mais específico do Quilombo Ilha de Mercês, uma das comunidades em conflito mais intenso com empreendimento portuário.
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A presente dissertação tem como objetivo apresentar a dinâmica de esmagamentos, apagamentos e invisibilidade promovido pela territorialidade do Complexo de Suape sobre a específica territorialidade do Quilombo Ilha de Mercês. Para isso, primeiramente é realizada uma exposição histórica do desenvolvimento da constituição do que denomino por elementos e espaços hegemônicos. Em seguida, com a finalidade de contrapor e evidenciar o processo de entrelaçamento daqueles elementos descritos com outros antagônicos que igualmente se efetua um levantamento histórico do desenvolvimento do processo de concepção dos componentes denominados como não hegemônicos até o momento de irrupção do empreendimento portuário. Posteriormente, é realizada a descrição e análise da atual lógica territorial que se faz hoje preponderante na região, isto é, do Complexo Portuário de Suape. Destarte, após se chegar à apresentação e compreensão do constitutivo e intrincado enredo atual na região de Suape, é efetuado a exposição de uma das comunidades que se encontra em processo de desterritorialização e luta contra o grande projeto de desenvolvimento pela conservação de seu estilo de vida: o Quilombo Ilha de Mercês. Para tal, a metodologia desta pesquisa se constituiu de acompanhamentos e visitas à comunidade quilombola Ilha de Mercês, hoje englobada e localizada dentro do empreendimento portuário, em Ipojuca/Pernambuco, assim como pela análise de arquivos e documentos oficiais. Ademais, exames das abundantes teses e dissertações nas áreas da história, geografia, antropologia, serviço social, dentre outras sobre a região da zona da mata do nordeste brasileiro no século XIX e XX, como também de obras clássicas que documentam mais especificamente a região de Suape e da zona da mata sul de Pernambuco foi igualmente realizado. Isto posto, o presente trabalho buscou mostrar a existência de uma precedente heterogeneidade constitutiva de ocupações e territorialidades na região que compreendemos por Suape e, consequentemente, evidenciar e apontar para a gravidade das violações que vem ocorrendo na localidade, isto é, da subjugação e transformação de uma gama de territórios e territorialidades não hegemônicas a uma hiper lógica territorial em prol da soberania do Estado e do mercado econômico, utilizando para isso do caso mais específico do Quilombo Ilha de Mercês, uma das comunidades em conflito mais intenso com empreendimento portuário.
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DANIEL BERNARDO ROCHA GUIMARAES DE SOUZA
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A MATERIALIZAÇÃO DO ENCANTAMENTO: TECNOLOGIAS DE CONSTRUÇÃO DO POVO INDÍGENA XUKURU DO ORORUBÁ
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Orientador : EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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FABIO MURA
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EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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RENATO MONTEIRO ATHIAS
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Data: 06/09/2022
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Esta dissertação teve por objetivo geral desenvolver um registro etnográfico sobre as Tecnologias de Construção do Povo Indígena Xukuru do Ororubá. Possuindo como objetivos específicos: 1- Realizar uma breve apresentação do contexto histórico do povo indígena Xukuru do Ororubá; 2 - Descrever algumas características relevantes da cosmologia e a “visão de mundo” dos Xukuru; 3 - Identificar e descrever as tecnologias indígenas de construção. Esta pesquisa utilizou o método etnográfico. Inicialmente foi realizada uma pesquisa histórica sobre o povo, seguido por um estudo sobre a cosmologia e a visão de mundo dos Xukuru do Ororubá e ao final foi produzido um relato etnográfico com a identificação das tecnologias de construção e a descrição do desenrolar e dos gestos de construção, realizados pelos “mestres do saber fazer” do Povo Indígena Xukuru do Ororubá. Os dados foram analisados a partir das noções de revitalização e recriação cultural e de tecnologia. A pesquisa histórica indicou que o Povo Indígena Xukuru do Ororubá sofreu um longo processo de proibição de expressar sua identidade indígena e a expulsão de seu território, o que causou mudanças e apagamentos socioculturais. A revitalização só pode ser realmente reelaborada a partir da retomada do território entre os anos de 1990 e 2005, provocando um processo de revitalização cultural a partir da indigenização de suas práticas. Atualmente tal processo faz parte do “Projeto de Vida Xukuru do Ororubá”, expresso pela “Cultura do Encantamento”. Nos últimos anos houve uma busca pela rememoração e “recriação” de suas tecnologias de construção, a qual é descrita nesta dissertação. Durante a pesquisa de campo, um “encantado” desceu em terra e pediu para que fosse realizada uma construção com as técnicas de “taipa com pedra” e cobertura em “palha barro palha”, as quais inicialmente acreditava-se que haviam sido “apagadas”. Porém, durante a pesquisa foi identificado que as técnicas estavam presentes no território, mas pouco visíveis, havendo uma permanência de “longa duração”, sendo transmitidas e executadas. A partir deste levantamento, foram projetados e construídos o “Peji de Barro” e o “Xeker Jeti” (Casa da Cura). Ambas executadas com as técnicas levantadas na pesquisa e a partir de um sistema mutirões pelos próprios indígenas e utilizando materiais presentes no território. Nos resultados são descritos os gestos de construção utilizados nessas obras. Concluímos que as construções do “Peji de Barro” e do “Xeker Jeti” têm como principal objetivo simbólico a materialização da Cosmologia do Povo Xukuru que é expressa em sua cultura indígena nomeada de “Cultura do Encantamento”. As construções foram criadas como espaços para praticar a sua “cultura indígena”. O “Peji de Barro” é um pequeno altar para realizar oferendas aos encantados e o “Xeker Jeti” tem como objetivo abrigar o ritual do toré e práticas de cura indígenas.
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Esta dissertação teve por objetivo geral desenvolver um registro etnográfico sobre as Tecnologias de Construção do Povo Indígena Xukuru do Ororubá. Possuindo como objetivos específicos: 1- Realizar uma breve apresentação do contexto histórico do povo indígena Xukuru do Ororubá; 2 - Descrever algumas características relevantes da cosmologia e a “visão de mundo” dos Xukuru; 3 - Identificar e descrever as tecnologias indígenas de construção. Esta pesquisa utilizou o método etnográfico. Inicialmente foi realizada uma pesquisa histórica sobre o povo, seguido por um estudo sobre a cosmologia e a visão de mundo dos Xukuru do Ororubá e ao final foi produzido um relato etnográfico com a identificação das tecnologias de construção e a descrição do desenrolar e dos gestos de construção, realizados pelos “mestres do saber fazer” do Povo Indígena Xukuru do Ororubá. Os dados foram analisados a partir das noções de revitalização e recriação cultural e de tecnologia. A pesquisa histórica indicou que o Povo Indígena Xukuru do Ororubá sofreu um longo processo de proibição de expressar sua identidade indígena e a expulsão de seu território, o que causou mudanças e apagamentos socioculturais. A revitalização só pode ser realmente reelaborada a partir da retomada do território entre os anos de 1990 e 2005, provocando um processo de revitalização cultural a partir da indigenização de suas práticas. Atualmente tal processo faz parte do “Projeto de Vida Xukuru do Ororubá”, expresso pela “Cultura do Encantamento”. Nos últimos anos houve uma busca pela rememoração e “recriação” de suas tecnologias de construção, a qual é descrita nesta dissertação. Durante a pesquisa de campo, um “encantado” desceu em terra e pediu para que fosse realizada uma construção com as técnicas de “taipa com pedra” e cobertura em “palha barro palha”, as quais inicialmente acreditava-se que haviam sido “apagadas”. Porém, durante a pesquisa foi identificado que as técnicas estavam presentes no território, mas pouco visíveis, havendo uma permanência de “longa duração”, sendo transmitidas e executadas. A partir deste levantamento, foram projetados e construídos o “Peji de Barro” e o “Xeker Jeti” (Casa da Cura). Ambas executadas com as técnicas levantadas na pesquisa e a partir de um sistema mutirões pelos próprios indígenas e utilizando materiais presentes no território. Nos resultados são descritos os gestos de construção utilizados nessas obras. Concluímos que as construções do “Peji de Barro” e do “Xeker Jeti” têm como principal objetivo simbólico a materialização da Cosmologia do Povo Xukuru que é expressa em sua cultura indígena nomeada de “Cultura do Encantamento”. As construções foram criadas como espaços para praticar a sua “cultura indígena”. O “Peji de Barro” é um pequeno altar para realizar oferendas aos encantados e o “Xeker Jeti” tem como objetivo abrigar o ritual do toré e práticas de cura indígenas.
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BRUNO DE GOIS FIGUEIRÊDO
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É morrendo que se vive: etnografia de um grupo espírita caruaruense
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Orientador : MISIA LINS VIEIRA REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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GENARO CAMBOIM LOPES DE ANDRADE LULA
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LAURE MARIE LOUISE CLEMENCE GARRABE
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MISIA LINS VIEIRA REESINK
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Data: 08/09/2022
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Esta dissertação tem por objeto de pesquisa o Grupo de Estudos Espírita Francisco de Assis (GEEFA), uma pequena casa espírita da cidade de Caruaru, interior de Pernambuco. Diante das relações interpessoais estabelecidas no grupo, essa pesquisa tem o objetivo de contribuir para a produção antropológica sobre o espiritismo e os grupos espíritas, considerando a reflexão a respeito dos processos de conflitos que ocorrem no local analisado, antes e após a sua fundação. Também é do nosso interesse compreender e descrever a escolha e o processo de alçada das lideranças da casa, interpretar a razão dela continuar em operação e analisar as práticas adotadas pelos seus integrantes durante nossa estadia no campo. Para que isso aconteça, a abordagem pensada se dá por meio da apresentação do GEEFA a partir dos seus membros, permitindo a elaboração de um quadro de ideias sobre suas histórias e perspectivas – sobre o grupo ao qual aderiram e os papéis desempenhados por eles. Assim, voltamos nosso olhar para antagonismos que se apresentam na casa e como os próprios membros do local manuseiam categorias comuns à cosmologia espírita, como o estudo da doutrina, a aplicação dos passes e a prática da mediunidade, para conquistarem posições de destaque na estrutura do lugar. É sabido que o movimento espírita, desde a sua formação, se viu envolto em disputas que semearam tensões entres os seus adeptos. Isso acontece, porém, em um panorama mais amplo em comparação com um local de dimensões reduzidas como o GEEFA. Há margem, então, para levantar a problemática sobre a possibilidade de uma casa espírita de pequeno porte ser palco de processos de dramas sociais. Partimos da hipótese de que a liderança da casa é, ao mesmo tempo, a mola propulsora que garante o funcionamento do grupo e a grande responsável por provocar rupturas entre seus membros. Para pôr à prova esse pensamento, fazemos uso do método etnográfico e de entrevistas semi-estruturadas, feitas no formato online, devido à pandemia da COVID-19, para a coleta e análise dos dados reunidos.
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Esta dissertação tem por objeto de pesquisa o Grupo de Estudos Espírita Francisco de Assis (GEEFA), uma pequena casa espírita da cidade de Caruaru, interior de Pernambuco. Diante das relações interpessoais estabelecidas no grupo, essa pesquisa tem o objetivo de contribuir para a produção antropológica sobre o espiritismo e os grupos espíritas, considerando a reflexão a respeito dos processos de conflitos que ocorrem no local analisado, antes e após a sua fundação. Também é do nosso interesse compreender e descrever a escolha e o processo de alçada das lideranças da casa, interpretar a razão dela continuar em operação e analisar as práticas adotadas pelos seus integrantes durante nossa estadia no campo. Para que isso aconteça, a abordagem pensada se dá por meio da apresentação do GEEFA a partir dos seus membros, permitindo a elaboração de um quadro de ideias sobre suas histórias e perspectivas – sobre o grupo ao qual aderiram e os papéis desempenhados por eles. Assim, voltamos nosso olhar para antagonismos que se apresentam na casa e como os próprios membros do local manuseiam categorias comuns à cosmologia espírita, como o estudo da doutrina, a aplicação dos passes e a prática da mediunidade, para conquistarem posições de destaque na estrutura do lugar. É sabido que o movimento espírita, desde a sua formação, se viu envolto em disputas que semearam tensões entres os seus adeptos. Isso acontece, porém, em um panorama mais amplo em comparação com um local de dimensões reduzidas como o GEEFA. Há margem, então, para levantar a problemática sobre a possibilidade de uma casa espírita de pequeno porte ser palco de processos de dramas sociais. Partimos da hipótese de que a liderança da casa é, ao mesmo tempo, a mola propulsora que garante o funcionamento do grupo e a grande responsável por provocar rupturas entre seus membros. Para pôr à prova esse pensamento, fazemos uso do método etnográfico e de entrevistas semi-estruturadas, feitas no formato online, devido à pandemia da COVID-19, para a coleta e análise dos dados reunidos.
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BRUNO CORREIA LEITE CESAR
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CORPO MANTRA: A EXPRESSÃO PRÁTICA DA MUSICALIDADE HARE KRISHNA
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Orientador : MISIA LINS VIEIRA REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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MARIA ACSELRAD
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MISIA LINS VIEIRA REESINK
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SANDRO GUIMARAES DE SALLES
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Data: 09/09/2022
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Esta pesquisa propõe analisar a forma que a música produz comportamentos corporais entre os devotos do movimento Hare Krishna residentes do templo mais antigo de Pernambuco, a Ecovila Vraja Dhama, fundado em 1985, Caruaru. Descrevendo e compreendendo este tema por meio da etnografia, entrevistas e registros fotográficos, investigamos essa musicalidade utilizando analiticamente a categoria de “música” e “corpo” para explicar a organização do canto de mantras, apresentada diariamente pelos praticantes em performances religiosas, no modo de tocar instrumentos, nas danças e posturas em suas cerimônias. Com isso, esta dissertação argumenta que a música se desenvolve práticas corporais por meio de categorias nativas como sadhana bhakti (prática da devoção constante) kirtana e bhajana, modalidades de canto que despertam maior pureza para os praticantes, assim, a música dos mantras dentro e fora dos rituais, organiza o corpo, o espaço e a sociedade.
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Esta pesquisa propõe analisar a forma que a música produz comportamentos corporais entre os devotos do movimento Hare Krishna residentes do templo mais antigo de Pernambuco, a Ecovila Vraja Dhama, fundado em 1985, Caruaru. Descrevendo e compreendendo este tema por meio da etnografia, entrevistas e registros fotográficos, investigamos essa musicalidade utilizando analiticamente a categoria de “música” e “corpo” para explicar a organização do canto de mantras, apresentada diariamente pelos praticantes em performances religiosas, no modo de tocar instrumentos, nas danças e posturas em suas cerimônias. Com isso, esta dissertação argumenta que a música se desenvolve práticas corporais por meio de categorias nativas como sadhana bhakti (prática da devoção constante) kirtana e bhajana, modalidades de canto que despertam maior pureza para os praticantes, assim, a música dos mantras dentro e fora dos rituais, organiza o corpo, o espaço e a sociedade.
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FRANCISCA JUSCIZETE QUEIROZ DE LIMA
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Reflexões sobre a cultura afro-brasileira no Museu da Abolição (Recife-PE)
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Orientador : HUGO MENEZES NETO
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MEMBROS DA BANCA :
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HUGO MENEZES NETO
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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LUZIA GOMES FERREIRA
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Data: 30/09/2022
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Esta dissertação trata-se de uma pesquisa sobre a musealização da cultura afro-brasileira a partir do estudo de caso do Museu da Abolição, localizado em Recife-PE, instituição federal dedicada à referida cultura e às relações raciais no Brasil. Observei e analisei a história recente do Museu e algumas ações, exposições e outras atividades, à luz das ideias de autoras e autores negras e negros, como Lélia Gonzáles, Abdias do Nascimento, Grada Kilomba, Sidnei Nogueira, Djamila Ribeiro e Sílvio Almeida. A dissertação se fundamenta no diálogo entre a Antropologia e da Museologia, explorando noções como curadoria, musealização, expografia em confronto com as de lugar de fala, racismo estrutural, intolerância religiosa, empoderamento e branquitude, relação explorada por intelectuais do campo museológico tais quais Joana Flores, Joseania Freitas, Nutyelle Oliveira, Felipe Ribeiro, Jislaine dos Santos e Igor Simões. A etnografia, realizada por meio da observação (presencial e das redes sociais) e de entrevistas semiestruturadas (com técnicos e técnicas do espaço), se fundamenta numa perspectiva da descolonização do espaço museal, pensando os limites e as potências de um equipamento federal enquanto museu participativo e ativista.
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Esta dissertação trata-se de uma pesquisa sobre a musealização da cultura afro-brasileira a partir do estudo de caso do Museu da Abolição, localizado em Recife-PE, instituição federal dedicada à referida cultura e às relações raciais no Brasil. Observei e analisei a história recente do Museu e algumas ações, exposições e outras atividades, à luz das ideias de autoras e autores negras e negros, como Lélia Gonzáles, Abdias do Nascimento, Grada Kilomba, Sidnei Nogueira, Djamila Ribeiro e Sílvio Almeida. A dissertação se fundamenta no diálogo entre a Antropologia e da Museologia, explorando noções como curadoria, musealização, expografia em confronto com as de lugar de fala, racismo estrutural, intolerância religiosa, empoderamento e branquitude, relação explorada por intelectuais do campo museológico tais quais Joana Flores, Joseania Freitas, Nutyelle Oliveira, Felipe Ribeiro, Jislaine dos Santos e Igor Simões. A etnografia, realizada por meio da observação (presencial e das redes sociais) e de entrevistas semiestruturadas (com técnicos e técnicas do espaço), se fundamenta numa perspectiva da descolonização do espaço museal, pensando os limites e as potências de um equipamento federal enquanto museu participativo e ativista.
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LIZET RIVERA GONZÁLEZ
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“O Natural é de graça: Reflexões sobre a maternidade altruísta na gestação de substituição (Barriga de aluguel) na Cidade de México, México”.
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Orientador : FABIANA MAIZZA
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MEMBROS DA BANCA :
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MARÍA EUGENIA OLAVARRÍA PATIÑO
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FABIANA MAIZZA
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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Data: 30/09/2022
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Na concepção cultural ocidental, o parentesco é definido como a relação real, seja de sangue ou de nascimento, reconhecida por meio da relação sexual que assume uma noção de bilateralidade complementar na contribuição igualitária do pai e da mãe na configuração genética de um novo ser, e que, por seus profundos efeitos, é inalterável qualquer que seja a situação jurídica entre eles. (Schneider, 1980; pp. 24). No entanto, o desenvolvimento e aprimoramento das Técnicas de Reprodução Assistida nos mostraram que o que funcionava no abstrato não funcionaria necessariamente no concreto, principalmente quando se começa a olhar para as construções envolvidas na encarnação/personificação dos dons genéticos, a diferença entre corpos -masculinos e femininos- e os papéis determinados para a função reprodutiva (Strathern; 1991, pp.27), transformando-a em interesse próprio para a reflexão sobre as relações sociais, sexualidade, reprodução, percepções do corpo e o desenvolvimento da continuidade genética , e a persistência de certos símbolos como estratégia retórica para adaptar conceitos antigos como biologia, natureza, gênero e maternidade dentro dessas tecnologias. Sem dúvida, a barriga de aluguel ocupa um lugar de destaque entre os debates em torno das novas tecnologias reprodutivas, pois não apenas despojou a biologia de seu caráter simbólico na construção do parentesco, questionando-a como fundamento "natural" da dinâmica inerente ao que tradicionalmente se concebe como um continuum entre a relação sexual, a gravidez e o parto; mas também estabelecendo referências avaliadas em termos de um código de reciprocidade dentro de uma dinâmica de mercado que compara; não só a ação -gestação para outros-, ou as corporações abstratas (óvulo, esperma ou útero), mas também as ideias que reforçam as relações sociais esperadas entre homens e mulheres (Strathern, 1991; pp.33-36) operando em um esforço discursivo para que a maternidade se estabeleça nas tecnociências como guardiã do ideal, demonstrando que a procriação -mesmo em laboratório- é um fato natural. Assim, do ponto de vista euro-americano (e modernista), enquanto os objetivos sociais permanecerem estáveis, como na promoção do núcleo familiar, inovação tecnológica não significa inovação social, pelo contrário, os novos procedimentos podem cumprir velhos objetivos, de modo que será necessário nos perguntarmos o que está por trás de conceitos como biologia, natureza, maternidade e altruísmo na gestação de substituição e principalmente, o que realmente queremos dizer com isso?
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Na concepção cultural ocidental, o parentesco é definido como a relação real, seja de sangue ou de nascimento, reconhecida por meio da relação sexual que assume uma noção de bilateralidade complementar na contribuição igualitária do pai e da mãe na configuração genética de um novo ser, e que, por seus profundos efeitos, é inalterável qualquer que seja a situação jurídica entre eles. (Schneider, 1980; pp. 24). No entanto, o desenvolvimento e aprimoramento das Técnicas de Reprodução Assistida nos mostraram que o que funcionava no abstrato não funcionaria necessariamente no concreto, principalmente quando se começa a olhar para as construções envolvidas na encarnação/personificação dos dons genéticos, a diferença entre corpos -masculinos e femininos- e os papéis determinados para a função reprodutiva (Strathern; 1991, pp.27), transformando-a em interesse próprio para a reflexão sobre as relações sociais, sexualidade, reprodução, percepções do corpo e o desenvolvimento da continuidade genética , e a persistência de certos símbolos como estratégia retórica para adaptar conceitos antigos como biologia, natureza, gênero e maternidade dentro dessas tecnologias. Sem dúvida, a barriga de aluguel ocupa um lugar de destaque entre os debates em torno das novas tecnologias reprodutivas, pois não apenas despojou a biologia de seu caráter simbólico na construção do parentesco, questionando-a como fundamento "natural" da dinâmica inerente ao que tradicionalmente se concebe como um continuum entre a relação sexual, a gravidez e o parto; mas também estabelecendo referências avaliadas em termos de um código de reciprocidade dentro de uma dinâmica de mercado que compara; não só a ação -gestação para outros-, ou as corporações abstratas (óvulo, esperma ou útero), mas também as ideias que reforçam as relações sociais esperadas entre homens e mulheres (Strathern, 1991; pp.33-36) operando em um esforço discursivo para que a maternidade se estabeleça nas tecnociências como guardiã do ideal, demonstrando que a procriação -mesmo em laboratório- é um fato natural. Assim, do ponto de vista euro-americano (e modernista), enquanto os objetivos sociais permanecerem estáveis, como na promoção do núcleo familiar, inovação tecnológica não significa inovação social, pelo contrário, os novos procedimentos podem cumprir velhos objetivos, de modo que será necessário nos perguntarmos o que está por trás de conceitos como biologia, natureza, maternidade e altruísmo na gestação de substituição e principalmente, o que realmente queremos dizer com isso?
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DAVID JOSE PEREIRA GONZAGA
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A crítica da religião como tática de permanência: um estudo etnográfico da presença de gays e lésbicas na Igreja Mórmon
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Orientador : ROBERTA BIVAR CARNEIRO CAMPOS
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MEMBROS DA BANCA :
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ROBERTA BIVAR CARNEIRO CAMPOS
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HUGO MENEZES NETO
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BRUNO REINHARDT
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Data: 30/09/2022
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A presente pesquisa trata-se de um estudo etnográfico com homens cis gays e mulheres cis lésbicas que professam o pertencimento religioso à igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, comumente conhecida como Igreja Mórmon. A partir de aspectos teóricos e metodológicos, a pesquisa investiga os valores, crenças, políticas institucionais e posicionamentos da igreja no que cerne ao debate da diversidade sexual e de gênero; assim como, se debruça sobre as tensões e conflitos com que homens gays e mulheres lésbicas que se afirmam mórmons se deparam em sua experiência de exercer seu pertencimento ao Santo dos Últimos Dias. O estudo também busca destacar que esses sujeitos não estão inertes, eles passaram a agenciar uma operação crítica em defesa de uma reforma institucional que os incluam e os reconheçam como gays/lésbicas e mórmons. Como parte importante desse estudo, está o acompanhamento de perto das ações do Afirmação, grupo de LGBTs mórmons presente em vários países que visa a dar apoio e acolhimento espiritual, político e institucional às pessoas que, por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero não heteronormativa, vivenciam intensos conflitos pessoais e institucionais pela dicotomia imposta entre sexualidade e religiosidade. Ao acompanhar o grupo, pude conhecer um pouco da sua trajetória institucional, das suas histórias de vida e dos mecanismos por ele adotados para que seus membros permanecessem como membros da igreja. É nesse contexto que esta pesquisa ganha relevância, uma vez que se compromete a entender a crítica desses atores e o modo como ela tem impactado, em algum grau e medida, as políticas e posicionamento da igreja nos últimos anos. Diante disso, a crítica da religião corresponde a um elemento singular e importante na constituição desse sujeito mórmon e gay ou lésbica, uma vez que os impulsiona a tomar a palavra e narrar suas próprias trajetórias, bem como a assumir declaradamente o lugar de mórmons. Eles existem nos bancos da igreja mórmon e muitos deles utilizam da crítica como tática de permanência.
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A presente pesquisa trata-se de um estudo etnográfico com homens cis gays e mulheres cis lésbicas que professam o pertencimento religioso à igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, comumente conhecida como Igreja Mórmon. A partir de aspectos teóricos e metodológicos, a pesquisa investiga os valores, crenças, políticas institucionais e posicionamentos da igreja no que cerne ao debate da diversidade sexual e de gênero; assim como, se debruça sobre as tensões e conflitos com que homens gays e mulheres lésbicas que se afirmam mórmons se deparam em sua experiência de exercer seu pertencimento ao Santo dos Últimos Dias. O estudo também busca destacar que esses sujeitos não estão inertes, eles passaram a agenciar uma operação crítica em defesa de uma reforma institucional que os incluam e os reconheçam como gays/lésbicas e mórmons. Como parte importante desse estudo, está o acompanhamento de perto das ações do Afirmação, grupo de LGBTs mórmons presente em vários países que visa a dar apoio e acolhimento espiritual, político e institucional às pessoas que, por conta de sua orientação sexual ou identidade de gênero não heteronormativa, vivenciam intensos conflitos pessoais e institucionais pela dicotomia imposta entre sexualidade e religiosidade. Ao acompanhar o grupo, pude conhecer um pouco da sua trajetória institucional, das suas histórias de vida e dos mecanismos por ele adotados para que seus membros permanecessem como membros da igreja. É nesse contexto que esta pesquisa ganha relevância, uma vez que se compromete a entender a crítica desses atores e o modo como ela tem impactado, em algum grau e medida, as políticas e posicionamento da igreja nos últimos anos. Diante disso, a crítica da religião corresponde a um elemento singular e importante na constituição desse sujeito mórmon e gay ou lésbica, uma vez que os impulsiona a tomar a palavra e narrar suas próprias trajetórias, bem como a assumir declaradamente o lugar de mórmons. Eles existem nos bancos da igreja mórmon e muitos deles utilizam da crítica como tática de permanência.
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CAMILLE IZABELLA MARIANA GOMES DA SILVA
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“VAI, NÊGA! ESSA É A POSIÇÃO DE GOZAR!”: racismo obstétrico nos itinerários terapêuticos de mulheres-mães-negras na Região Metropolitana de Recife.
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Orientador : MARION TEODOSIO DE QUADROS
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MEMBROS DA BANCA :
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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FABIANA MAIZZA
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JORGE LUIS LIRA DA SILVA
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Data: 03/10/2022
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Esta dissertação se propõe a investigar os itinerários terapêuticos de mulheres-mães-negras nas experiências do pré-natal, parto e pós-parto nos serviços de saúde obstétrica ofertados pelos Sistema Único de Saúde na Região Metropolitana de Recife. O racismo obstétrico é um tipo de violência de gênero que se retroalimenta no racismo institucional. O acesso aos direitos reprodutivos pensados a partir da parturição foi uma das primeiras pautas reivindicadas pelo feminismo negro brasileiro, reconhecendo que as mulheres negras descrevem em seus relatos diversas formas de racismo protagonizados por profissionais e serviços da assistência ao parto, à vista disso, reproduzindo estratificações raciais. Por conseguinte, a pretensão de etnografar mulheres negras surge a partir do reconhecimento da desigualdade racial quanto à saúde pela Organização Mundial de Saúde em 2021 e pela urgência de democratização do acesso à saúde preconizado pela Constituição Brasileira de 1988.
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Esta dissertação se propõe a investigar os itinerários terapêuticos de mulheres-mães-negras nas experiências do pré-natal, parto e pós-parto nos serviços de saúde obstétrica ofertados pelos Sistema Único de Saúde na Região Metropolitana de Recife. O racismo obstétrico é um tipo de violência de gênero que se retroalimenta no racismo institucional. O acesso aos direitos reprodutivos pensados a partir da parturição foi uma das primeiras pautas reivindicadas pelo feminismo negro brasileiro, reconhecendo que as mulheres negras descrevem em seus relatos diversas formas de racismo protagonizados por profissionais e serviços da assistência ao parto, à vista disso, reproduzindo estratificações raciais. Por conseguinte, a pretensão de etnografar mulheres negras surge a partir do reconhecimento da desigualdade racial quanto à saúde pela Organização Mundial de Saúde em 2021 e pela urgência de democratização do acesso à saúde preconizado pela Constituição Brasileira de 1988.
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CAMILA MARIA SILVA DE MORAES SANTOS
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ENCONTROS RADICAIS NA IGREJINHA: Relações Interespecíficas entre humanos e tubarões na praia de Piedade em Pernambuco – Brasil.
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Orientador : ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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MEMBROS DA BANCA :
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FLÁVIO LEONEL ABREU DA SILVEIRA
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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HUGO MENEZES NETO
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Data: 07/10/2022
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Popularmente conhecidos como “ataques de tubarão”, os incidentes entre humanos e tubarões em Pernambuco são registrados de forma sistemática desde meados da década de 1990. Esses encontros, aqui tratados como radicais, devido às consequências significativas que produzem para ambas as espécies, veem sendo documentados e debatidos amplamente desde o campo da produção científica até a área de políticas públicas voltadas à mitigação dos incidentes – por meio de ações como a implantação de placas sinalizando as zonas de perigo e a proibição, por força de lei, em 1995 de desportos aquáticos nas áreas. Apesar de estudos sobre relações interespecíficas serem crescentes na antropologia, poucos se debruçaram sobre a presença de animais selvagens em contextos urbanos, pensando humanos e tubarões em condições relacionais que envolvem natureza e cultura. A pesquisa aqui apresentada se desenvolveu, devido a pandemia de covid-19, entre 2019 e 2022 e foi elaborada a partir de métodos como a pesquisa bibliográfica, análise de dados científicos e de idas à campo buscando a construção de uma etnografia multiespécie (KIRKSEY S. E.; HELMREICH S., 2010). A presente investigação foi orientada por teorias derivadas da chamada “virada ontológica” e buscou lançar luz sobre as relações interespecíficas estabelecidas entre humanos e tubarões ocorridos no trecho de praia conhecidos como “Igrejinha de Piedade” em Jaboatão dos Guararapes, município pertencente à região metropolitana do Recife – RMR, em Pernambuco.
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Popularmente conhecidos como “ataques de tubarão”, os incidentes entre humanos e tubarões em Pernambuco são registrados de forma sistemática desde meados da década de 1990. Esses encontros, aqui tratados como radicais, devido às consequências significativas que produzem para ambas as espécies, veem sendo documentados e debatidos amplamente desde o campo da produção científica até a área de políticas públicas voltadas à mitigação dos incidentes – por meio de ações como a implantação de placas sinalizando as zonas de perigo e a proibição, por força de lei, em 1995 de desportos aquáticos nas áreas. Apesar de estudos sobre relações interespecíficas serem crescentes na antropologia, poucos se debruçaram sobre a presença de animais selvagens em contextos urbanos, pensando humanos e tubarões em condições relacionais que envolvem natureza e cultura. A pesquisa aqui apresentada se desenvolveu, devido a pandemia de covid-19, entre 2019 e 2022 e foi elaborada a partir de métodos como a pesquisa bibliográfica, análise de dados científicos e de idas à campo buscando a construção de uma etnografia multiespécie (KIRKSEY S. E.; HELMREICH S., 2010). A presente investigação foi orientada por teorias derivadas da chamada “virada ontológica” e buscou lançar luz sobre as relações interespecíficas estabelecidas entre humanos e tubarões ocorridos no trecho de praia conhecidos como “Igrejinha de Piedade” em Jaboatão dos Guararapes, município pertencente à região metropolitana do Recife – RMR, em Pernambuco.
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ADRIANA LEDEZMA BLANCHART
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Subjetividades engendradas: configurações sexo-afetivas de mulheres heterossexuais, urbanas, de classe média do Brasil.
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Orientador : FABIANA MAIZZA
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MEMBROS DA BANCA :
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VALERIA MENDONÇA DE MACEDO
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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FABIANA MAIZZA
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Data: 08/11/2022
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Este trabalho tem por objetivo explorar as relações de gênero e as vivências sexo-afetivas de mulheres heterossexuais, brancas e de classe média do Brasil. Os conceitos de gênero e sexualidade são considerados desde uma perspectiva feminista. Essas categorias representam pilares centrais nas conceitualizações da subordinação das mulheres no Ocidente. Sua premissa fundamental é que tanto o gênero quanto a sexualidade são configurações históricas específicas constituídas nos marcos culturais das sociedades em que elas se desenvolvem. Os trabalhos de Butler e De Lauretis reformularam estas premissas procurando superar uma noção fixa da identidade. Suas formulações enfatizam o caráter dinâmico da subjetividade engendrada, considerando-a um processo contínuo entre a dimensão discursiva e a dimensão prática dos sujeitos sociais. Nesse sentido, as narrativas feministas são também consideradas como parte dos discursos, configurando a categoria “mulher” na atualidade. Partindo desses pressupostos, a pesquisa adentra o universo de 6 mulheres brasileiras. Por meio de suas narrativas, aprofunda-se na interação entre as experiências de gênero e sexualidade e como tais experiências são significadas. O trabalho revisita as transformações resultantes da revolução sexual e de como essas mudanças culturais são vivenciadas pelas mulheres hoje em dia. A partir dessa exploração, é possível constatar que as vivências de gênero e sexualidade são negociações complexas, dinâmicas e constantes, nas quais, por vezes, as normas são reiteradas ou deslocadas e ressignificadas, sem que isso tenha necessariamente efeitos de transformação. Explorando os relatos, podemos reconsiderar que, hoje em dia, para a classe média branca brasileira, é “normal” que as mulheres: alternem períodos de sexo heterossexual fora do relacionamento e sexo heterossexual em relações monogâmicas baseadas exclusivamente no amor e/ou no prazer; que casem-se por amor; que tenham relações sexuais, no matrimônio, baseadas no princípio do prazer (e não na reprodução); que a reprodução seja uma possibilidade dependendo de fatores como equidade em tarefas domésticas e estabilidade econômica; que a insatisfação sexual seja motivo de separação, e que essas características sejam procuradas constantemente em novos relacionamentos.
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Este trabalho tem por objetivo explorar as relações de gênero e as vivências sexo-afetivas de mulheres heterossexuais, brancas e de classe média do Brasil. Os conceitos de gênero e sexualidade são considerados desde uma perspectiva feminista. Essas categorias representam pilares centrais nas conceitualizações da subordinação das mulheres no Ocidente. Sua premissa fundamental é que tanto o gênero quanto a sexualidade são configurações históricas específicas constituídas nos marcos culturais das sociedades em que elas se desenvolvem. Os trabalhos de Butler e De Lauretis reformularam estas premissas procurando superar uma noção fixa da identidade. Suas formulações enfatizam o caráter dinâmico da subjetividade engendrada, considerando-a um processo contínuo entre a dimensão discursiva e a dimensão prática dos sujeitos sociais. Nesse sentido, as narrativas feministas são também consideradas como parte dos discursos, configurando a categoria “mulher” na atualidade. Partindo desses pressupostos, a pesquisa adentra o universo de 6 mulheres brasileiras. Por meio de suas narrativas, aprofunda-se na interação entre as experiências de gênero e sexualidade e como tais experiências são significadas. O trabalho revisita as transformações resultantes da revolução sexual e de como essas mudanças culturais são vivenciadas pelas mulheres hoje em dia. A partir dessa exploração, é possível constatar que as vivências de gênero e sexualidade são negociações complexas, dinâmicas e constantes, nas quais, por vezes, as normas são reiteradas ou deslocadas e ressignificadas, sem que isso tenha necessariamente efeitos de transformação. Explorando os relatos, podemos reconsiderar que, hoje em dia, para a classe média branca brasileira, é “normal” que as mulheres: alternem períodos de sexo heterossexual fora do relacionamento e sexo heterossexual em relações monogâmicas baseadas exclusivamente no amor e/ou no prazer; que casem-se por amor; que tenham relações sexuais, no matrimônio, baseadas no princípio do prazer (e não na reprodução); que a reprodução seja uma possibilidade dependendo de fatores como equidade em tarefas domésticas e estabilidade econômica; que a insatisfação sexual seja motivo de separação, e que essas características sejam procuradas constantemente em novos relacionamentos.
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Teses |
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CAROLINA BARBOSA DE ALBUQUERQUE
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De estigma, de sangue até cuidados: mudos, mudas e ouvintes no sertão da Paraíba.
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Orientador : RUSSELL PARRY SCOTT
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MEMBROS DA BANCA :
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RUSSELL PARRY SCOTT
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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ANAHÍ GUEDES DE MELO
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DEBORA DINIZ RODRIGUES
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Data: 15/02/2022
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Esta tese descreve formas de vida de “mudas”, “mudos” e ouvintes a partir de atos de cuidados produzidos ao longo do tempo. Inicialmente aborda eventos político-sociais transnacionais e a história brasileira, relacionados ao processo de formação de Estado-nação, em que a pessoa “muda” foi enlaçada, resultando em estigmatizações, assujeitamentos e formas de tutela. A atribuição depreciativa de “doido/doida” que “mudos/mudas” recebem no cotidiano é uma categoria analisada concretamente de como se conjugam ou se invertem na vida social local e extralocal, em diferentes tempos. Seguindo Veena Das as narrativas, as classificações e as memórias mais íntimas elaboradas na vida doméstica são também políticas e históricas. Nesse sentido, as histórias pessoais e familiares, vistos através dos discursos e das práticas de cuidados, se conectam às formações políticas mais amplas das quais fazem parte, entendidas como “comunidades morais” no sentido de Turner. A partir de reflexões etnográficas e sócio-históricas examina como essas questões se cruzam em corpos que não são genéricos. Os corpos de “mudas”, “mudos” e ouvintes falam sobre doenças, deficiências, pobreza, protagonismos, famílias, gênero, geração, migração, relações de poder, estratégias de sobrevivência, instituições estatais, cuidados público e privado. Os cuidados inscritos e embebidos no movimento da vida, são tecidos numa coprodução instável e contínua com essas categorias, que não são fixas. As ambiguidades das práticas e atribuições de cuidar cotidianamente, como as que envolvem atenção, negociação, afeto, conflitos, dinheiro, tempo, divisão do trabalho e dificuldades, são co-constituídas pelas linhas das correspondências e discordâncias das expectativas sociais do gênero, da geração, dos corpos, da classe, das instituições do Estado e dos códigos familiares. Os custos e os valores do (não) reconhecimento das diversas formas de produção de “cuidar de si e do outro” se visibilizam, tornados temas de reverberação política sócio-histórica e discussões sobre experiências de desigualdades.
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Nesta tese descrevo formas de vida de “mudas”, “mudos” e ouvintes a partir de atos de cuidados produzidos ao longo dos dias, no sítio Serra de Inácio Pereira, localizado no município de Barra de Santana, Paraíba. Ao descrever os “cuidados de si e do outro” dessas moradoras e moradores no cotidiano, a leitora ou o leitor verá que esses atos se entrelaçam às histórias das relações familiares. Ao se nomear quem cuidou em um momento difícil ou quem deveria estar presente, mas ignorou o chamado, quem resolveu um problema ou quem criou uma situação ruim, formulam cobranças, demandas, acusações, solidariedades, afetos, conflitos, autonomias, cerceamentos e (não) reconhecimentos que vão se infiltrando e constituindo as relações no dia a dia. Nesse sentido, evidenciar a existência de diversas narrativas a respeito das relações familiares, e de acesso às políticas públicas, se constitui no conhecimento da produção de cuidados difusos, ambíguos e de caráter, ao mesmo tempo, público e privado. Contudo, a produção e os efeitos de cuidados não são atualizados apenas pelo registro familiar, que se estende a experiência institucional no Centro de Atenção Psicossocial, do “tempo presente”, mas também devido aos eventos político-sociais da história brasileira. Ou seja, analisam-se aqui as durações históricas, relacionadas ao processo de formação de Estado-nação, em que a pessoa surda foi enlaçada. Assim, convido-a/o a conhecer como os cuidados se inscrevem e se embebem no movimento da vida, levando em conta as relações familiares, condições de gênero, de geração, de deficiência, de migração, de pobreza, de moralidades, de redes de cuidados e de relações de poder.
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RENATO DE LYRA LEMOS
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COLECIONADORES E COLONIZADORES NAS ROTAS CYBERATLÂNTICAS DE ÁFRICA: Coleções de discos africanos, projetos de memória e a formação de arquivos digitais (2005-2020)
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Orientador : ANTONIO CARLOS MOTA DE LIMA
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MEMBROS DA BANCA :
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ANTONIO CARLOS MOTA DE LIMA
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ANDRÉA DE SOUZA LOBO
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LAURA MOUTINHO DA SILVA
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CARLOS BENEDITO RODRIGUES DA SILVA
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JAMILE BORGES DA SILVA
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LIVIO SANSONE
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Data: 30/03/2022
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Assim como todo produto cultural, a produção musical está exposta a ciclos de consumo, que se modificam dependendo dos interesses do mercado e do público. Os colecionadores de música são importantes participantes desses ciclos, mantendo ou formando suas coleções nos interregnos desses. Com os discos de artistas africanos isso não foi diferente; o que se modifica são os discursos sobre, visto que muitos colecionadores, especialmente europeus e estadunidenses, fizeram proveito da mudança de ciclo para construírem um pretenso discurso de desinteresse dos “africanos” pela música produzida no continente entre as décadas de 1960 e 1980 e assim construírem sobre si um imaginário de responsáveis pela salvaguarda das “memórias musicais africanas”. Muitos desses colecionadores são DJ’s, possuem blogs sobre música e até mesmo são proprietários de selos fonográficos responsáveis por realizarem o relançamento de discos e compilações dessas músicas. Os discursos contidos nos materiais de divulgação desses discos muitas vezes acabam retornando aos discursos coloniais e ao posicionamento de alteridade em relação aos africanos, reafirmando os constructos de exotismo e da necessidade de uma intervenção ocidental para a “manutenção” dessas memórias. Além disso, existe também o processo de seleção da memória na escolha dos tipos de música que são colecionados, relançados e divulgados, os quais em geral respondem aos anseios de um mercado, do que pode ser consumido como “música africana”. Assim como em outras esferas, esse mercado ainda é bastante afetado pelas relações de poder, e essas relações demonstram-se aparentes nos fóruns de discussão online sobre música africana e nas redes sociais, nas quais há uma significativa circulação desses colecionadores e onde são expostas suas pesquisas e suas ideias. Assim, esse trabalho pretende problematizar os discursos desses colecionadores contemporâneos de música africana e os Projetos de Memória sobre África a partir dos espaços virtuais de promoção e divulgação de suas coleções.
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Assim como todo produto cultural, a produção musical está exposta a ciclos de consumo, que se modificam dependendo dos interesses do mercado e do público. Os colecionadores de música são importantes participantes desses ciclos, mantendo ou formando suas coleções nos interregnos desses. Com os discos de artistas africanos isso não foi diferente; o que se modifica são os discursos sobre, visto que muitos colecionadores, especialmente europeus e estadunidenses, fizeram proveito da mudança de ciclo para construírem um pretenso discurso de desinteresse dos “africanos” pela música produzida no continente entre as décadas de 1960 e 1980 e assim construírem sobre si um imaginário de responsáveis pela salvaguarda das “memórias musicais africanas”. Muitos desses colecionadores são DJ’s, possuem blogs sobre música e até mesmo são proprietários de selos fonográficos responsáveis por realizarem o relançamento de discos e compilações dessas músicas. Os discursos contidos nos materiais de divulgação desses discos muitas vezes acabam retornando aos discursos coloniais e ao posicionamento de alteridade em relação aos africanos, reafirmando os constructos de exotismo e da necessidade de uma intervenção ocidental para a “manutenção” dessas memórias. Além disso, existe também o processo de seleção da memória na escolha dos tipos de música que são colecionados, relançados e divulgados, os quais em geral respondem aos anseios de um mercado, do que pode ser consumido como “música africana”. Assim como em outras esferas, esse mercado ainda é bastante afetado pelas relações de poder, e essas relações demonstram-se aparentes nos fóruns de discussão online sobre música africana e nas redes sociais, nas quais há uma significativa circulação desses colecionadores e onde são expostas suas pesquisas e suas ideias. Assim, esse trabalho pretende problematizar os discursos desses colecionadores contemporâneos de música africana e os Projetos de Memória sobre África a partir dos espaços virtuais de promoção e divulgação de suas coleções.
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POLYANNY LILIAN DO AMARAL BRAZ
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"Um lugar a ser conquistado". Uma análise antropológica das intersecções entre religião e gênero a partir da perspectiva de evangélicas feministas.
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Orientador : MISIA LINS VIEIRA REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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FABIANA MAIZZA
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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MISIA LINS VIEIRA REESINK
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PATRICIA BIRMAN
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ROZELI MARIA PORTO
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Data: 12/05/2022
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A presente tese busca analisar, sob o ponto de vista de evangélicas feministas, as interseções entre religião (protestantismo) e gênero (feminismo), avaliando a apropriação de ideias e ações das pautas feministas por mulheres evangélicas. Pressupomos que essa prática existe e se dá no cotidiano, na vivência religiosa dentro e fora das comunidades de fé destas mulheres que se afirmam como “evangélicas feministas”. Avançamos a partir da hipótese de que essa assimilação coopera para o desenvolvimento de certo comportamento crítico e reflexivo que interfere na vida prática religiosa destas mulheres e colabora para a construção do que chamamos de“ethos cristão feminista”, que vai nacontramão do conservadorismo evangélico hegemônico. Observamoso aumento numérico e a crescente visibilidade de movimentos organizados de mulheres cristãs feministas e os impactos desses movimentos em umareconfiguração do campo evangélico brasileiro. Exemplo disso são os diversos grupos, organizações, instituições e coletivos, além de um campo em crescimento – a teologia feminista –, que se propõe a explorar as possibilidades de entrelaçamento entre a prática religiosa cristã protestante e a militância feminista,reconhecendo a situação de subalternidade da mulher dentro da igreja causada por uma interpretação bíblica patriarcal e machista. As mulheres cristãs feministas objetivam, dentre outras coisas, reinterpretar, à luz das questões de gênero, o discurso hegemônico produzido pela igreja. Para cumprir os objetivos propostos, foram feitos um levantamento das principais produções da Teologia Feminista, a análise de alguns textos produzidos por cristãs feministas e o acompanhamento de perto de um grupo de mulheres evangélicas feministas (o Coletivo Vozes Marias) nos encontros promovidos e em outros espaços a fim de analisar as questões descritas anteriormente. Dessa forma, nosso recorte empírico é dividido em três fontes principais: 1) a produção teológica feminista; 2) o discurso – dito e escrito – das cristãs feministas; e 3) o acompanhamento das atividades do Coletivo Vozes Marias, um coletivo independente sem fins lucrativos, composto demulheres evangélicascomprometidas com os princípios e valores do evangelho de Jesus Cristo e dedicadasaos estudos de Gênero.Entre as estratégias e técnicas metodológicas por meioda observação participante, etnografamos a apropriação e reprodução prática das teorias feministas na vida religiosa das mulheres evangélicas; mapeamos as redes de interação e articulação formadas pelas mulheres evangélicas que se identificam como feministas, abordamos os principais objetivos e atuações das evangélicas feministas; analisamos como as fiéis interpretam a produção teológica com respaldo feminista e como estas ideias se manifestam no discurso e na vivência prática religiosa. Assim, ao montar um quadro geral de dados quantitativos e qualitativos, foi possível observar as possíveis rupturas e continuidades das categorias analisadas, considerando a produção teórica já produzida pela Antropologia e por ciências afins, os dados coletados a partir das nossas interlocutoras e as interpretações realizadas a partir disso tudo.
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O presente trabalho busca analisar, sob o ponto de vista de evangélicas feministas, as interseções entre religião (protestantismo) e gênero (feminismo), avaliando a apropriação de ideias e ações das pautas feministas por mulheres evangélicas. Pressupomos que essa prática existe e se dá no cotidiano, na vivência religiosa dentro e fora das comunidades de fé destas mulheres que se afirmam como “evangélicas feministas”. Avançamos a partir da hipótese de que essa assimilação coopera para o desenvolvimento de certo comportamento crítico e reflexivo que interfere na vida prática religiosa destas mulheres e colabora para a construção do que chamamos de“ethos cristão feminista”, que vai nacontramão do conservadorismo evangélico hegemônico. Observamoso aumento numérico e a crescente visibilidade de movimentos organizados de mulheres cristãs feministas e os impactos desses movimentos em umareconfiguração do campo evangélico brasileiro. Exemplo disso são os diversos grupos, organizações, instituições e coletivos, além de um campo em crescimento – a teologia feminista –, que se propõe a explorar as possibilidades de entrelaçamento entre a prática religiosa cristã protestante e a militância feminista,reconhecendo a situação de subalternidade da mulher dentro da igreja causada por uma interpretação bíblica patriarcal e machista. As mulheres cristãs feministas objetivam, dentre outras coisas, reinterpretar, à luz das questões de gênero, o discurso hegemônico produzido pela igreja.
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JOSE SOARES DE MORAIS
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USO DA FORÇA NA POLÍCIA MILITAR DE PERNAMBUCO: UMA AUTOETNOGRAFIA SOBRE A PERCEPÇÃO DAS TROPAS ESPECIAIS
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Orientador : VÂNIA FIALHO
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MEMBROS DA BANCA :
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EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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JOSE LUIZ DE AMORIM RATTON JUNIOR
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MONICA MARIA GUSMAO COSTA
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RUSSELL PARRY SCOTT
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VÂNIA FIALHO
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Data: 26/08/2022
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Com uma pesquisa calcada na perspectiva teórico-metodológica fornecida pela antropologia, de caráter autoetnográfico, e cotejada num recorte empírico direcionado aos que exercem (e exerceram) suas funções em unidades da Polícia Militar de Pernambuco denominadas de “especiais” com atividade profissional em todo território pernambucano: BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais (antiga 1ª CIOE – Companhia Independente de Operações Especiais) e o BEPI – Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (antiga CIOSAC – Companhia Independente de Operações de Sobrevivência na Área de Caatinga). A tese se apresenta sob a forma de um olhar atento e de múltiplos questionamentos epistemológicos à utilização da força policial em seu nível mais extremado, pelos integrantes dessas tropas especiais a partir da realização de uma autoetnografia - como forma de “escrita de si” (FOUCAULT, 1992), a qual combina características da autobiografia e da etnografia, no sentido de descrever e analisar (grafia) a experiência pessoal (auto) com o objetivo de compreender a experiência cultural (etno) (ELLIS, 2004; HOLMAN JONES, 2005), investigando as impressões provocadas por suas (nossas, e minhas) atuações. É nesse contexto que me incluo enquanto integrante da organização que ainda permite a alcunha da dúvida, entre o impedir à violência, e o seu patrocínio. E me coloco como sujeito da pesquisa, que ora se fundamenta na análise interpretativa e reflexiva sobre as percepções do uso da força. Assim, as construções mentais sobre o uso da força serão aqui estudadas, em meio aos procedimentos e atitudes, na medida em que as crenças forem produzidas e representadas na cultura da tropa, inclusive, partindo do “eu” (minha trajetória policial militar), e hoje, antropólogo, onde escrevo e analiso minhas experiências pessoais, no sentido referido por Foucault (1992, p.156): “Escrever é, portanto, ‘se mostrar’, se expor, fazer aparecer seu próprio rosto perto do outro”.
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A tese se apresenta sob a forma de um olhar mais atento à utilização da força em seu nível mais extremado, pelos integrantes da Polícia Militar de Pernambuco, a partir da realização de uma autoetnografia - como forma de “escrita de si” (FOUCAULT, 1992), a qual combina características da autobiografia e da etnografia, no sentido de descrever e analisar (grafia) a experiência pessoal (auto) com o objetivo de compreender a experiência cultural (etno) (ELLIS, 2004; HOLMAN JONES, 2005), com o objetivo de investigar as impressões provocadas por suas (nossas, e minhas) atuações. É nesse contexto que me incluo enquanto integrante da organização que ainda permite a alcunha da dúvida, entre o impedir à violência, e o seu patrocínio. E me coloco como sujeito da pesquisa, que ora se fundamenta na análise interpretativa e reflexiva sobre as percepções do uso da força. Com uma pesquisa calcada na perspectiva teórico-metodológica fornecida pela antropologia, de caráter autoetnográfico, e cotejada num recorte empírico direcionado aos que exercem (e exerceram) suas funções em unidades denominadas de “especiais” (as quais, dentro das categorias nativas estudadas, também chamaremos de “comunidades”, pois assim são conhecidas no âmbito interno do convívio profissional e da “mística” que é cultuada), com atividade em todo território pernambucano: BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais (antiga 1ª CIOE – Companhia Independente de Operações Especiais) e o BEPI – Batalhão Especializado de Policiamento do Interior (antiga CIOSAC – Companhia Independente de Operações de Sobrevivência na Área de Caatinga). Cuja intenção visa compreender como as construções mentais sobre o uso da força são percebidas, em meio aos procedimentos e atitudes, e em que medida as crenças são produzidas e representadas, inclusive, incluindo o “eu” (trajetória policial militar), hoje, antropólogo, onde escrevo e analiso minhas experiências pessoais, no sentido referido por Foucault (1992, p.156): “Escrever é, portanto, ‘se mostrar’, se expor, fazer aparecer seu próprio rosto perto do outro”.
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FABIANO LUCENA DE ARAUJO
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ATLAS DE FIGURAS BALDIAS: a produção cultural de imagens-ruína e a estética do luto pela cidade no Recife contemporâneo
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Orientador : MISIA LINS VIEIRA REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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ALEX GIULIANO VAILATI
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MISIA LINS VIEIRA REESINK
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PAULO MARCONDES FERREIRA SOARES
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RENATO MONTEIRO ATHIAS
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ROGERIO PROENCA DE SOUSA LEITE
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Data: 26/08/2022
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O objeto desta tese incide nas relações sociais entre produtores culturais ativistas pela agenda do direito à cidade, mediadas pelas imagens técnicas (a fotográfica, a audiovisual e suas representações digitais) ou pelas imagens textuais presentes em manifestos escritos, que refletem formas específicas de usar e encarar o espaço urbano, proporcionando respostas culturais para os processos de modernização. A pesquisa teve como objetivo principal compreender os contextos diferenciados em forma de tradução imagética das práticas socioespaciais específicas, desdobrando-se, nesse sentido, em delimitar um recorte da produção cultural, priorizando a dimensão visual das imagens, o que sucedeu-se pela aproximação etnográfica do pesquisador com os interlocutores, elegendo linguagens e suas formas de encarar a cidade em detrimento de outras. O recorte empregado foi o de artivismos urbanos expressos na I) extensão universitária e assessoramento sobre planejamento urbano dos movimentos sociais do bairro da Várzea, e II) videoativismo e produção audiovisual. realizada pelos ex-moradores e frequentadores do Edifício Monte Castelo e pelo engajamento direcionado aos cinemas de rua. Os artivismos ou engajamentos criativos visando uma contestação espacial do hegemônico, enquanto postura que tem marcadamente um referencial estético e político, no contexto do Recife, adquiriram sua feição atual pelo embate complexo entre leituras do regionalismo e do modernismo locais e a partir da proposição de um paradigma contemporâneo de interpretação cultural da realidade, atendendo a uma série de reivindicações surgidas na segunda metade do século XX e as agendas políticas de uma cultura de esquerda, segundo a acepção de Walter Benjamin e refletida por Enzo Traverso, e dos movimentos sociais, dentre elas, o direito à cidade, formulação do pensador marxista Henri Lefebvre, influência direta do grupo Internacional Situacionista e da série de eventos do Maio de 1968 em Paris. Além da constatação das especificidades das formas de ocupar e encarar o espaço urbano refletidas nas imagens e ações realizadas, que são manifestas nas respostas culturais e nas diversas modalidades de artivismos, da contradição entre uma correspondência econômica direta de classe social e uma dinâmica particular inerente ao campo da produção cultural, neste contexto também foi observada a regularidade da ruína. Tal condição revela uma situação dialética que caracteriza as imagens como ruína - registro ou rastro de um contexto particular considerado patrimônio cultural ameaçado - e das ruínas - como objeto representado em imagens– - inscrevendo um aspecto do objeto de pesquisa - imagens-ruína - como realidade que assume uma contradição inerente da passagem temporal: envolvendo precariedade e resistência, simultaneamente. Outra forma de caracterizar as respostas culturais em relação à percepção urbana da ruína por estes sujeitos, constitui o processo de desruinização, que consiste num reconhecimento do valor de algo menosprezado ou que supostamente despertaria um melancolia espacial no sentido empregado por Yael Navaro-Yashin, num momento em que se apercebe um dado explícito de precariedade, mas não se produz uma desmobilização dos sujeitos.
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Esta Tese tem como objeto a experiência urbana de uma fração da classe artística e intelectual ou de sujeitos do campo da produção cultural, atuantes no contexto contemporâneo e metropolitano do Recife, dando enfoque às relações sociais mediadas pelas imagens técnicas (a fotográfica, a audiovisual e a representação digital) ou textuais presentes em manifestos, como respostas culturais para os processos de modernização/urbanização. A investigação desdobra-se, nesse sentido, em compreender um recorte da produção cultural, priorizando a dimensão visual das imagens, o que sucedeu-se pela aproximação etnográfica do pesquisador com os interlocutores, elegendo linguagens e suas formas de encarar a cidade em detrimento de outras. Basicamente, em termos de linguagens selecionadas, o recorte empregado foi o de artivismos urbanos expressos na I) extensão universitária e assessoramento sobre planejamento urbano dos movimentos sociais do bairro da Várzea e pelo II) videoativismo e produção audiovisual. Os artivismos ou engajamentos criativos visando uma contestação espacial do hegemônico, enquanto postura que tem marcadamente um referencial estético e político, no contexto do Recife, adquiriram sua feição atual pelo embate complexo entre leituras do regionalismo e do modernismo locais e a partir da proposição de um paradigma contemporâneo de interpretação cultural da realidade, atendendo a uma série de reivindicações surgidas na segunda metade do século XX, como a arte ambiental e a intervenção urbana, a desmaterialização dos suportes artísticos tradicionais, a ruptura de um grande divisor entre alta cultura e indústria cultural, a crítica institucional na arte pós- moderna, a consciência pós-colonial, as agendas políticas de uma cultura de esquerda, segundo a acepção de Walter Benjamin e refletida por Enzo Traverso, e dos movimentos sociais, dentre elas, o direito à cidade, formulação do pensador marxista Henri Lefebvre, influência direta do grupo Internacional Situacionista e da série de eventos do Maio de 1968 em Paris. A inquietação recente e específica que mobiliza esses agentes da produção cultural, para exprimir uma problemática da fruição do espaço público do Recife, está dirigida às intervenções urbanísticas executadas pelo poder público e/ou pela iniciativa privada, as quais geralmente provocam a reconfiguração da paisagem, no sentido de estimular processos de ordenamento territorial voltados à verticalização e especulação imobiliária, financeirização, privatização e abandono do espaço público ou à aplicação unilateral de princípios de planejamento urbano sem consulta ou entendimento da população local diretamente interessada ou afetada pelas reformas. Em consequência, a metáfora, situação recorrente ou imagem mais utilizada pela classe artística ou intelectual para simbolizar o contexto de descaracterização ou desmaterialização frequentes no espaço público foi a de ruína, índice material e simbólico de uma presença temporal perdida, mas que ainda não se converteu em fragmentos indiferenciados ou escombros, destroços, entulhos e que ainda guarda formas e contornos definidos, uma identidade que remete a uma época específica. Tal condição revela uma situação dialética que caracteriza as imagens como ruína - registro ou rastro de um contexto particular considerado patrimônio cultural ameaçado - e das ruínas - como objeto representado em imagens– - inscrevendo um aspecto do objeto de pesquisa - imagens-ruína - como realidade que assume uma contradição inerente da passagem temporal: envolvendo precariedade e resistência, simultaneamente.
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PEDRO HENRIQUE DE OLIVEIRA GERMANO DE LIMA
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A Antropologia Pernambucana: O Caso Brasileiro
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Orientador : ROBERTA BIVAR CARNEIRO CAMPOS
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MEMBROS DA BANCA :
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ANTONIO CARLOS MOTA DE LIMA
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CHRISTIANO KEY TAMBASCIA
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EDUARDO DULLO
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PETER SCHRODER
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ROBERTA BIVAR CARNEIRO CAMPOS
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ZULEICA DANTAS PEREIRA CAMPOS
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Data: 26/08/2022
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Toda área do saber quando atinge maturidade pondera sobre si mesma, mas sempre o faz de modo peculiar. No caso da Antropologia brasileira, consta que pelo menos desde a década de 1980, elucubrações sistemáticas foram construídas com a finalidade precípua de arregimentar um entendimento geral sobre os condicionantes da disciplina: teorias, agentes, eventos, instituições, estilos de institucionalização e os modos de fazer e estar que indicam os quadros gerais da história da disciplina, constituindo uma área autônoma e vibrante. Acontece que, ao longo do tempo, esta tradição fomentou um entendimento que dispôs e estruturou os condicionantes citados de modo pouco inclusivo, promovendo centralidades, deixando pouco espaço para outros os agentes que foram inscritos na periferia (a margem), sendo eles, quase sempre refletidos a sombra que o centro permitiu. A proposta da tese é revisitar esta historiografia nacional a luz da constatação da invisibilidade pela qual agentes constituintes da antropologia pernambucana foram submetidos ao longo das reflexões que constituem um complexo-mitológico. A elucubração persecutória deste trabalho insere-se na proposta mais ampla da geopolítica do conhecimento em antropologia (que guarda correspondências análogas, contudo distintas, da historiografia da disciplina) que tem por intuito fomentar paisagens mais plurais da própria disciplina pela inclusão e inscrição da antropologia pernambucana (agentes, instituições e agenda de pesquisa com as religiões indo-afro-pernambucanas) na antropologia nacional. Para isto, elencamos o modo peculiar de como a antropologia se desenvolveu em Pernambuco tomando como caso de controle intelectuais, praticas e instituições que podem ser chamados de Nova Escola de Antropologia do Recife (NEAR), indo além desta escola, analisamos como a Antropologia se desenvolve no Programa de Pós Graduação da UFPE dando continuidade a tradição de estudo das religiões indo-afro-pernambucanas.
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Pensar a constituição de um campo disciplinar é tarefa patente quando estamos falando de uma ciência madura, porém jovem, igual à Antropologia. As formas de (re)pensar as linhas constituintes de cada disciplina ocorrem de diversas formas, mas quase sempre são feitas a partir de narrativas que situam o presente disciplinar como uma superação do que já foi dito/feito. Esse modo de lembrar e contar a história da disciplina quase sempre produz esquecimentos e (in)visibilidades. Nossa proposta estabelece uma outra relação com nosso passado disciplinar na qual ele passa a ser visto sem os limites do jogo da geopolítica acadêmica que cércea as regiões em centros e periferias/margens. Com esse pano de fundo repensamos a antropologia brasileiras pelas “margens” trazendo ao epicentro de nossa análise uma antropologia nacional – a sua maneira – feita em Pernambuco. Essa antropologia, emerge de debates transdisciplinares promovidos a partir da influência de Gilberto Freyre e de médicos e depois antropólogos aglutinados no que Roquete Pinto chama de “Nova Escola do Recife”, ganhando corpo e se expandindo a partir da institucionalização do Programa de Pós-Graduação na década de 1970. Assim sendo, nossa proposta desvela um modo peculiar de se fazer antropologia que se desdobrou a partir de um diálogo entre médicos, psiquiatras e antropólogos em torno de um objeto comum: às religiões indo-afro-pernambucanas. Nossa análise resgata, pelo debate da geopolítica do conhecimento em antropologia a trajetória de instituições, autores e agendas de pesquisas.
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MIGUEL COLACO BITTENCOURT
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FLUXOS DE COMUNICAÇÃO FULNI-Ô: COSMOLOGIA TERRITORIALIDADE E PERFORMANCE
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Orientador : EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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MEMBROS DA BANCA :
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MARCO TROMBONI DE S. NASCIMENTO
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EDWIN BOUDEWIJN REESINK
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PETER SCHRODER
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RENATO MONTEIRO ATHIAS
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SANDRO GUIMARAES DE SALLES
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Data: 09/09/2022
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A tese - Fluxos de comunicação Fulni-ô: cosmologia, territorialidade e performance - é resultado de um estudo de caso com a etnia Fulni-ô, localizada na microrregião da bacia do Ipanema, na região hidrográfica do Baixo São Francisco, situada nas caatingas do sertão e agreste nordestino. Tal estudo propõe conciliar temáticas da cosmologia, noções/ processos territoriais e ações performáticas para destacar no contexto da interculturalidade sistemas de classificação, identificação, saberes e conhecimentos que estão em interação e contraste. A partir das considerações e análises das interações entre humanos, entidades, plantas e objetos tal trabalho apresenta uma tentativa de observar e reanimar os estudos cosmológicos localizados em uma parte especifica das Terras Baixas da América do Sul, visto atualmente como o Nordeste indígena brasileiro. Logo, diversos complexos e práticas Fulni-ô são etnografadas para descrever a dinamicidade e criatividade cultural através de rituais, “trabalhos”, saberes, concepções e expressões da vida social, associadas às práticas do Ouricuri [da palmeira Syagrus coronatta], das juremas [mimosas] e do juazeiro [Ziziphus joazeiro Mart.]. Ao descrever tais relações apresentam-se as transformações sociais em que os Fulni-ô estão envolvidos e quais as formas de preservação da noção de pessoa Fulni-ô para ser e estar em diversos locais (áreas rituais, zonas rurais, cidades). Concomitantemente, realiza-se uma revisão histórica para inserir a articulação étnica Fulni-ô na contemporaneidade, de tal modo que apresentamos situações históricas e atuais como o processo de territorialização, modulações socioeconômicas e ritualísticas, o calendário cosmológico e um conjunto de proposições, apontamentos e elaborações em torno das performances Fulni-ô associadas com as suas noções cosmológicas e territoriais.
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Fluxos de comunicação Fulni-ô: cosmologia, territorialidade e performance - é resultado de um estudo de caso com a etnia Fulni-ô, localizada na microrregião da bacia do Ipanema, na região hidrográfica do Submédio São Francisco, situada nas Caatingas do Sertão e Agreste nordestino. Tal estudo propõe conciliar temáticas da cosmologia, noções/ processos territoriais e ações performáticas para destacar no contexto da interculturalidade sistemas de classificação, identificação, saberes e conhecimentos que estão em interação e contraste. A partir das considerações e análises das interações entre humanos, entidades, plantas e objetos tal trabalho apresenta uma tentativa de observar e reanimar os estudos cosmológicos localizados em uma parte especifica das Terras Baixas da América do Sul, visto atualmente como o Nordeste indígena brasileiro. Logo, diversos complexos e práticas Fulni-ô são etnografadas para descrever a dinamicidade e criatividade cultural através de rituais, “trabalhos”, saberes, concepções e expressões da vida social, associadas às práticas do Ouricuri [da palmeira Syagrus coronatta], das juremas [mimosas] e do juazeiro [Ziziphus joazeiro Mart.]. Ao descrever tais relações apresentam-se as transformações e adaptações sociais em que os Fulni-ô estão inseridos e quais as formas de preservação da noção de pessoa (setsô) Fulni-ô para ser e estar em diversos locais (áreas rituais, zonas rurais, cidades). Concomitantemente, realiza-se uma revisão histórica para inserir a articulação étnica Fulni-ô na contemporaneidade, de tal modo que apresentamos situações históricas e atuais, como: o processo de territorialização, modulações socioeconômicas/ ritualísticas, o calendário cosmológico e um conjunto de proposições, apontamentos e elaborações em torno das performances Fulni-ô associadas com as suas noções cosmológicas e territoriais.
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AMANDA MARTHA CAMPOS SCOTT
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Difíceis de domar: Promoção legal popular na experiência do Grupo Mulher Maravilha
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Orientador : MARION TEODOSIO DE QUADROS
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MEMBROS DA BANCA :
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ELISETE SCHWADE
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ALINE DE LIMA BONETTI
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FABIANA MAIZZA
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LAÍS OLIVEIRA RODRIGUES
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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Data: 28/09/2022
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A presente tese fala de mulheres difíceis de domar, uma vez que se formam como Promotoras Legais Populares (PLPs) em cursos oferecidos pela Organização não-Governamental Grupo Mulher Maravilha (GMM). Para tanto, explora noções feministas sobre empoderamento enquanto processo e não como meros mensuráveis resultados. Faz uma digressão histórica sobre as paralegais ao redor do mundo desde os anos 1950. Analisa como as PLPs podem ser consideradas movimento social e atuam no combate à violência contra a mulher e na modificação de uma sociedade heteronormativa e patriarcal. Problematiza como o termo “legal popular” as torna conhecedoras dos direitos e ao mesmo tempo atuantes em bairros populares, combatendo também a pobreza. Mergulha na história do GMM e mostra como atuou na defesa dos direitos humanos e na capacitação de mulheres para a modificação da sociedade, lançando um olhar específico sobre sua liderança e importância enquanto grande influenciadora de suas ações. A partir das falas das próprias mulheres entrevistadas, chegamos à conclusão de que elas são difíceis de domar por a princípio quatro motivos: possuírem uma rede que as apoia, saberem construir sua vida particular, terem um posicionamento político bem resolvido, e saberem tornar outras mulheres também difíceis de domar. Para tanto, analisa-se que passam por dilemas éticos e morais em sua atuação, numa antropologia das moralidades e que leva a uma ética do cuidar.
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A presente tese fala de mulheres difíceis de domar, uma vez que se formam como Promotoras Legais Populares (PLPs) em cursos oferecidos pela Organização não-Governamental Grupo Mulher Maravilha (GMM). Para tanto, explora noções feministas sobre empoderamento enquanto processo e não como meros mensuráveis resultados. Faz uma digressão histórica sobre as paralegais ao redor do mundo desde os anos 1950. Analisa como as PLPs podem ser consideradas movimento social e atuam no combate à violência contra a mulher e na modificação de uma sociedade heteronormativa e patriarcal. Problematiza como o termo “legal popular” as torna conhecedoras dos direitos e ao mesmo tempo atuantes em bairros populares, combatendo também a pobreza. Mergulha na história do GMM e mostra como atuou na defesa dos direitos humanos e na capacitação de mulheres para a modificação da sociedade, lançando um olhar específico sobre sua liderança e importância enquanto grande influenciadora de suas ações. A partir das falas das próprias mulheres entrevistadas, chegamos à conclusão de que elas são difíceis de domar por a princípio quatro motivos: possuírem uma rede que as apoia, saberem construir sua vida particular, terem um posicionamento político bem resolvido, e saberem tornar outras mulheres também difíceis de domar. Para tanto, analisa-se que passam por dilemas éticos e morais em sua atuação, numa antropologia das moralidades.
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FERNANDA MEIRA DE SOUZA
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Muito Além do Cuidado: Cotidiano de Mães de Crianças com a Síndrome Congénita do Zika Vírus na Região metropolitana do Recife
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Orientador : RUSSELL PARRY SCOTT
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MEMBROS DA BANCA :
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ANA CLAUDIA RODRIGUES DA SILVA
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MARCIA REIS LONGHI
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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RUSSELL PARRY SCOTT
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SANDRA VALONGUEIRO ALVES
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Data: 29/09/2022
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Ângelo Soares (2012) diz que o trabalho de cuidar possui uma dimensão emocional. Esta é uma tese sobre cuidado, emoções e maternidade em torno das crianças que nasceram com a Síndrome Congênita do Zika (microcefalia). Assim, o objetivo principal é compreender como algumas emoções se destacam enquanto mediadoras das relações dessas mães com o mundo. Como resultado, a pesquisa identificou o papel primordial das mães como força-motriz que contraria os prognósticos pessimistas dado aos filhos desde o nascimento. O lema dessas mães é não desistir, reafirmando, valorizando e politizando o cuidado, numa recusa ao estigma de “coitadinho”, recusando o sentimento de pena, e construindo seus projetos de felicidade com a condição de deficiência. Para chegar à essas conclusões, a pesquisa optou por um estudo etnográfico, amparado em estudos sobre Cuidado, nas perspectivas sobre Trabalho, Saúde, Maternidade e Emoções, utilizando, em sua maioria, autoras e autores com abordagens feministas. Para obtenção dos dados, durante 2 anos, a pesquisadora acompanhou itinerários dessas mulheres e seus bebês, e realizou entrevistas.
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O argumento central desta tese está situado em compreender o(s) percurso(s) de uma emoção nos diferentes contextos de cuidado. Da rejeição à sua politização: “Meu filho não é coitadinho, ele é vítima de um descaso. Merecemos ser tratados com respeito.”. Esta frase representa o argumento central desta tese, que está situado em compreender o(s) percurso(s) de uma emoção entre mães de crianças com a Síndrome Congênita do Zika Vírus (SCZ) nos espaços de sociabilidade. A elaboração do porquê as mulheres insistem em ter seu filho visto por “coitadinho” demonstração moral da maternagem ser um elemento includente imposto. Porque também as mulheres acham que há uma negligência do Estado.
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BEATRIZ YOLANDA PONTES DE GUSMAO SA
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Espaços de lazer e consumo LGBTQIA+: uma etnografia sobre pertencimento e ocupação da cidade com produtores de eventos e empresários de bares no Recife.
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Orientador : MARION TEODOSIO DE QUADROS
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MEMBROS DA BANCA :
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FRANCISCO SA BARRETO DOS SANTOS
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LUIS FELIPE RIOS DO NASCIMENTO
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MARION TEODOSIO DE QUADROS
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RAQUEL DE ARAGAO UCHOA FERNANDES
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RUSSELL PARRY SCOTT
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Data: 14/12/2022
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A pesquisa investigou como os espaços de lazer voltados para a população LGBTQIA+ influenciam a ocupação urbana e criam rotas de consumo no Recife contemporâneo. Ela apresenta questões sobre antropologia do consumo e a antropologia urbana na tentativa de compreender como práticas de consumo podem desenhar a ocupação do espaço urbano e a noção de pertencimento. Para tal, dois espaços de lazer localizados no que está classificado como polo de lazer LGBTQIA+ do Recife e dois eventos da produtora Golarrolê foram escolhidos para a observação: Bar do Céu, Conchittas Bar, Odara Ôdesce e Brega Naite. A escolha foi pensada a partir do tempo de existência e do conhecimento popular. Trata-se de uma etnografia utilizando observação participante, entrevistas semiestruturadas e análise da rede social dos espaços e da produtora dos eventos. As entrevistas foram realizadas com empresários/as e produtores/as atuantes nos espaços e eventos, foram eles/as: Maria do Céu, Bruno Barros, Riana Uchôa e Mozart Santos. A pesquisa abordou a construção do circuito de lazer LGBTQIA+ no centro da cidade, apontando o desenvolvimento da rota existente e de como esses locais se interligam a partir das possíveis trajetórias para a chegada e saída dos espaços e eventos observados. A razão foi compreender fatores que correlacionam o consumo dos espaços e eventos com a ocupação urbana diante das escolhas dos caminhos e pontos de apoio. E, ainda, entender as condições que facilitam ou dificultam a ocupação da cidade e dos espaços e eventos. Isso origina uma ocupação permanente e o sentimento de pertencimento em partes da cidade que destacam a população LGBTQIA+ através do lazer. A pesquisa ressalta, ainda, a ideia de consumo e de público consumidor que empresários/as e produtores/as têm a partir de questões que envolvem: a noção do nicho de mercado LGBTQIA+ e o debate sobre o pink money; a cena de lazer LGBTQIA+ na cidade; a observação do comportamento consumidor; e toda a modificação ocorrida durante a pandemia para que esses espaços e eventos se mantivessem. Alguns resultados obtidos foram: 1. há um fortalecimento do nicho de mercado de lazer LGBTQIA+ na cidade, mas essa realidade não diminui atos de preconceitos contra essa população; 2. a ampliação dos espaços e eventos geram conflitos urbanos diante da ressignificação da localidade onde se encontra o polo de lazer; 3. empresários/as e produtores/as têm problemas com fornecedores e com o poder público por causa do nicho de mercado no qual estão inseridos; 4. o debate sobre pink money apresentou a compreensão de como empresários/as e produtores/as entendem os conflitos presentes no consumo LGBTQIA+ e como eles/elas observam as diferenças no comportamento consumidor de seus clientes; e 5. a crise de covid-19 modificou as estratégias de manutenção dos espaços e eventos e fortaleceu a relação dos espaços e eventos com seus clientes, aquecendo o mercado na reabertura do póspandemia.
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A presente tese busca compreender como o consumo de espaços de lazer voltados para a população LGBTQIA+ influenciam na ocupação urbana das mulheres lésbicas no Recife. A cidade oferece uma cena constante entre espaços de lazer e eventos, mas que foca em uma ocupação mista ou sugere a identificação com grupos referentes ao homossexual masculino. Para tanto, procede-se com uma etnografia, analisando o discurso presente nas narrativas de quatro informantes ligados a oferta de espaços e eventos que acolhem a população LGBTQIA+ e, observações participantes foram realizadas em espaços e eventos com mais de 7 anos de existência dentro do circuito de lazer LGBTQIA+ da cidade durante 11 meses, antes da crise de COVID-19. No período de dois anos da pandemia de COVID-19, as observações e analises foram realizadas a partir das redes sociais dos espaços e eventos escolhidos. Baseada nisso, a pesquisa ressalta a ideia de consumo e de público consumidor que empresários/as e produtores/as têm a partir de questões que envolvem: a noção do nicho de mercado LGBTQIA+ e o debate sobre o pink money; a cena de lazer LGBTQIA+ na cidade e a observação do comportamento consumidor das mulheres lésbicas. Também foram consideradas as possíveis trajetórias para a chegada e saída dos espaços e eventos observados. A razão foi compreender fatores que correlacionam o consumo dos espaços e eventos de lazer com a ocupação urbana diante das escolhas dos caminhos e pontos de apoio. E, ainda, entender as condições que facilitam ou dificultam a ocupação da cidade e dos espaços e eventos de lazer por mulheres lésbicas. Concluí que o senso comum de que mulheres lésbicas saem menos para “baladas” faz com que os empresários/as e produtores/as foquem menos nesse público, preferindo seguir com a oferta contínua de espaços mistos. A ideia de que espaços e eventos de lazer funcionam como locais de paquera e de (re)encontros com ex- companheiras também influenciam nas escolhas do consumo de mulheres lésbicas. Outro fator posto está relacionado ao conflito social existente entre gays e lésbicas, já que os espaços e eventos são mistos e isso interfere na ocupação dos espaços e eventos de lazer por essas mulheres. Pensando na ocupação a partir dos espaços e eventos de lazer observei o quanto há uma estruturação espacial urbana atravessada por questões de gênero. E, ainda, foram apontadas algumas dificuldades que os/as empresários/as e produtores/as passam com fornecedores, patrocinadores e com agentes públicos por oferecem serviço de lazer a pessoas LGBTQIA+.
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