A REPRODUÇÃO/RESSIGNIFICAÇÃO DO DISCURSO HETERONORMATIVO COMPULSÓRIO: UMA ANÁLISE ENTRE AS MULHERES DISCENTES E DOCENTES DA EJA EM RECIFE
Violência de gêneros e sexualidades; Educação de Jovens e Adultos; Programa Maria da Penha vai à Escola; Heteronormatividade Compulsória.
Esta pesquisa destacou questões de gêneros e sexualidades na Educação de
Jovens e Adultos (EJA), associadas ao contexto de violência que assola o
Estado de Pernambuco envolvendo não somente mulheres cis, mas
igualmente trans. O presente trabalho está inserido na linha de pesquisa
Identidades e Memórias do Programa de Pós-Graduação em Educação da
UFPE. Teve-se como objetivo geral: analisar a reprodução/ressignificação do
discurso heteronormativo compulsório entre docentes e discentes da EJA em
Recife, participantes do Programa Maria da Penha Vai à Escola. O referido
Programa funciona nas escolas municipais de Recife, em parceria com as
Secretarias Municipais de Educação e da Mulher. Os objetivos específicos
foram: 1. identificar as relações de sentido, lugar e força nos discursos das
sujeitas entrevistadas; 2. relacionar as ideologias que perpassam os discursos
das docentes e discentes no tocante à temática da pesquisa e 3. estabelecer
como se dá a reprodução e a ressignificação do discurso heteronormativo
compulsório entre as entrevistadas. Houve um total de dez (10) entrevistas,
em duas unidades escolares municipais localizadas no Ibura - Recife, sendo:
sete estudantes e três professoras. A teoria utilizada foi de cunho pós-
estruturalista, elaborada por Judith Butler em seus conceitos de gêneros,
sexualidades e heteronormativiade compulsória; a metodologia foi a da
Análise de Discurso francesa, desenvolvida por Michel Pêcheux e Eni Orlandi.
Através do exame do corpus, foi possível identificar, como resultado,
reproduções e ressignificações do discurso heteronormativo compulsório e
ideologias como a essencialista binária, de crítica às leis e ao papel do Estado,
de invisibilidade às mulheres trans, do medo, do combate à violência, entre
outras, contudo, esse debate em relação às mulheres trans ainda encontra
muita dificuldade dada à indiferença com a qual elas são tratadas.