A Autonomia Jornalística na Televisão Pública Brasileira e Portuguesa
Televisão pública. Telejornalismo. Autonomia jornalística. Coronavírus. TV Brasil. RTP.
Diante das recorrentes denúncias de interferência governamental no telejornalismo público e da confusão entre a comunicação pública e governamental, a presente pesquisa investiga como o jornalismo da TV pública brasileira e portuguesa pode servir ao público com autonomia. Para isso, analisa a cobertura da pandemia da COVID-19 realizada pelos noticiários públicos brasileiro e português sobre os posicionamentos dos Presidentes da República e primeiro-ministro português em relação às medidas de combate ao avanço do Coronavírus entre os anos 2020 e 2021. Partimos da hipótese de que a norma profissional de objetividade jornalística
enquanto reguladora de uma noção de verdade única e suposto posicionamento neutro, pode servir para esconder interesses governamentais na notícia da TV pública, podendo ser também uma problemática enfrentada pelos jornalistas portugueses, mas camuflada em ambos os países pela defesa da pretensa imparcialidade que pode ameaçar o interesse coletivo. O estudo comparativo (HALLIN; MANCINI, 2010) é tomado para o aprofundamento das similaridades e diferenças das noções de imparcialidade no processo de construção da notícia dos dois principais noticiários: o Repórter Brasil (TV Brasil) e o Telejornal (RTP1). O corpus expandido é formado por 220 matérias do noticiário brasileiro e do noticiário português, assim como entrevistas em profundidade aos repórteres, editores e apresentadores. Já para o tratamento analítico, optamos pelo recorte de uma amostragem de 25 matérias de cada noticiário, sendo 5 de cada temática referente às principais abordagens da cobertura da pandemia: (a) uso de máscaras, (b) distanciamento e isolamento social, (c) vacinação, (d) economia e (e) avanço da contaminação do coronavírus. O tratamento qualitativo se dá à luz da análise de conteúdo jornalística de cunho qualitativo (BAUER; GASKELL, 2002) em combinação com a Análise do Discurso Jornalístico (BENETTI, 2010), que reconhece a composição dialógica e polifônica dos elementos que compõem a heterogeneidade do discurso telejornalístico (textos e imagens).