Carnaval como agência política em protestos brasileiros: Por uma virada sônica nos estudos de performance
Carnaval; Performance; Estudos do Som; Protesto.
Na história do Brasil, o Carnaval está impresso como um aguçador de tensões (SIMAS, 2019), produzindo um ambiente festivo de disputas que é palco para protestos desde sua origem. Por essa razão, faz-se necessário um estudo no campo da Comunicação que reconheça o potencial conceitual do Carnaval (BAKHTIN, 1987) como agente mobilizador das políticas nas ruas para além das festas, resultando um fenômeno espiralar (MARTINS, 2020). A maioria das investigações que articulam Carnaval e protesto são fundamentadas em conhecimentos arquivais, como vídeos, fotos, reportagens; de forma a privilegiar uma análise discursiva dos registros visuais. Dessa forma, a proposta desta pesquisa é promover uma guinada sonora de ordem performática nos estudos comunicacionais das manifestações políticas brasileiras. Para isso, ap ostamos em uma metodologia transversal dos protestos carnavalizados no Brasil, tendo como eixo principal estudos do som (BIELETTO-BUENO, 2019; LABELLE, 2020), performance e mídia, mas também passando pelos processos cartográficos do cotidiano (LATOUR, 2012) e territorialidades sônico-musicais (FERNANDES; HERSCHMANN, 2011). Esse deslocamento metodológico se estrutura pela recuperação dos conceitos de roteiro performático (TAYLOR, 2013) e oralitura (MARTINS, 2020), ressaltando que é no corpo, no som e na voz que se inscrevem e se transmitem conhecimento incorporados de naturezas diversas. A partir daí, cria-se uma ponte para investigar a camada sonora dos protestos, a partir de conceitos como agência sonora, entreouvido (LABELLE, 2020), politização da escuta e regime aural (BIELETTO-BUENO, 2021). As performances de protestos investigadas neste trabalho têm como base narrativas audiovisuais mediadas pelas redes sociais e vivências da própria pesquisadora, de forma a tensionar a problemática da presença.