A CARA DO CINEMA PERNAMBUCANO CONTEMPORÂNEO E SUAS REPRESENTAÇÕES MATERNAS.
cinema pernambucano; representação materna; feminismos; estudos de gênero; maternidade; cinema; avenidas
identitárias;
Construída como uma constelação de memórias e escrita em um formato de cartas endereçadas ao meu filho, a presente dissertação-carta se organiza em três partes articuladas. A primeira é escrita como uma Carta-denúncia, em que nos inspiramos no trabalho do grupo Gemaa (2012; 2018) para investigar a cara do cinema pernambucano que tem criado personagens maternas. Cartografamos os longas-metragens realizados na
década mais fértil cinematograficamente para o Estado, em 2010, e investigamos em termos de gênero e raça quais corpos-tela (MARTINS, 2020) estão atuando nas principais funções de criação do cinema, como diretoras/diretores e roteiristas. Na segunda parte, escrita como uma Carta-manifesto, pesquisamos o estado da arte sobre as representações maternas, estudando como os papéis sociais de gênero cisheteronormativos (SAFFIOTI, 1987) gestam os papéis cinematográficos e as imagens de controle (COLLINS, 2009; BUENO, 2020) sexistas e racistas do cinema e como essas imagens influenciam nossa subjetividade, nossa autodefinição e nossa autorrepresentação/performance. Por fim, escrita como uma Carta-diálogo, mapeamos as personagens maternas criadas nos longas- metragens de ficção pernambucanos na década de 2010 e percebemos que elas representam imagens de denúncia, termo que criamos para classificá-las. Terminamos tecendo análises fílmicas sobre as mães de Kleber Mendonça Filho, nos filmes O som ao redor (2013), Aquarius (2016), e de Gabriel Mascaro, nos filmes Boi neon (2016) e Divino amor (2019), estudando quem são essas mães, quais avenidas identitárias (AKOTIRENE, 2019) as atravessam e como elas vivenciam a maternidade. Essas cartas navegam por mapas geográficos, parindo cartografias sobre o cinema pernambucano na década de 2010, mas também percorrem mapas afetivos, em um diálogo que é tanto íntimo e pessoal, por ser traçado com meu filho, ao mesmo tempo que também é coletivo e público, por ser um diálogo sobre maternidade e cinema, sobre ser e representar socialmente e cinematograficamente. Essa dissertação-carta também se inspirou na tese de Maurício Virgulino Silva (2022, ECA/USP), escrita em formato de cartas para a sua filha que virá a ser, Teodora. Eu escrevo cartas para o meu filho que já é, Benjamim Rudá.