A demanda em Cuidados Paliativos (CP) é crescente em todo o mundo devido ao envelhecimento populacional. Cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo necessitam de CP todos os anos, mas apenas 14% destes clientes recebem intervenção deste tipo. O controle dos sintomas é uma das maiores preocupações na abordagem paliativa, requerendo uma avaliação sistemática, excelentes cuidados de saúde e uma prescrição cuidadosa. Na prática dos CP é comum o paciente apresentar mais de um sintoma ao mesmo tempo, decorrente da evolução da doença ou do tratamento. O presente estudo objetivou identificar os sintomas relatados pelos idosos hospitalizados sob CP como estratégia para plano de cuidado multidisciplinar centrado na pessoa. Pesquisa de natureza quantitativa, transversal em um primeiro momento (D0), seguida do acompanhamento temporal em mais dois momentos (D1 e D2) dos sintomas relatados pelos idosos, caracterizando o estudo quase experimental com 53 idosos em CP, idade ≥ 60 anos, de ambos os sexos, admitidos na enfermaria de Oncohematologia do Hospital das Clínicas de Pernambuco. Os dados foram tabulados, compilados e expressos por meio de análise univariada: média com desvio padrão e mediana, variação mínimo-máximo, contagem e frequência, permitindo caracterização do perfil sociodemográfico e clínico dos idosos e identificação dos sintomas relatados por eles. Para avaliação do efeito do plano terapêutico singular sobre os sintomas relatados pelos próprios idosos em Cuidados Paliativos nos 3 momentos do estudo foi realizada Prova de Friedman. Neste estudo, foi verificado que a maioria dos pacientes oncológicos idosos em Cuidados Paliativos no HC - UFPE foram mulheres (57%) e homens (43%), com média de idade de 69 (±6) anos. A maioria era aposentada, casada, com renda familiar de até 1,5 salário mínimo, a principal ocupação antes da aposentadoria estava relacionada ao grupo composto por agricultores, trabalhadores braçais e donas de casa. Residiam em imóvel próprio e no interior do estado de Pernambuco. Quanto à caracterização clínica, observou-se maior incidência de câncer do sistema digestório, seguido do urogenital e em terceiro de mama. Dentre os sintomas relatados pelos idosos com base na Escala de Avaliação de Sintomas de Edmonton (ESAS), destacam-se 3 sintomas com maior frequência de relatos: dor, mal-estar e fadiga. Houve redução significativa nas médias dos escores da ESAS tanto em seus domínios, quanto no escore total. A dor apresentou a maior média (8±3) e falta de ar a menor média (2±3) no momento D0. No momento D2 todas as médias reduziram de forma importante, porém apetite apresentou a maior média do momento D2 (4±3) e falta de ar a menor média (1±2). Dessa forma, a compreensão dos CP concentra-se também no gerenciamento de sintomas, sendo o agrupamento de sintomas uma forma congruente para avaliação fidedigna do idoso, à medida em que a associação de um sintoma ao outro, predispõe melhor interpretação e consequentemente formulação de estratégia para o manejo e controle dos sintomas.