“ENTRE A MEMÓRIA SEM LIVRO E OS LIVROS QUE SÃO UMA MEMÓRIA”: os livros, os princípios de organização e a formação do acervo da Biblioteca do Curso Jurídico de Olinda de 1830-1854.
Biblioteca Pública do Curso Jurídico de Olinda. Bibliografia. História dos Livros. Memória. Ciência da
Informação.
“Entre a memória sem livros e os livros que são uma memória”. Título tomado por empréstimo de Roger Chartier que por analogia comparou os librillos de memória aos conceitos de memória e esquecimento propostos por Paul Ricouer. A escolha do título se deve à natureza do que se pretende pesquisar, os modos de esquecimento, o apagamento de vestígios documentais, apesar de inscritos e arquivados: os primeiros catálogos da Biblioteca do Curso Jurídico de Olinda, de 1839 e 1850. Estes constituem importante fonte de pesquisa para a história da organização do conhecimento, e por conseguinte do livro e das práticas de leitura em Pernambuco. A partir da análise da ordenação dada aos livros na Biblioteca é possível se aproximar de escolhas, interesses, adesões ou repulsas dos responsáveis por sua organização e conservação. O objetivo geral da pesquisa é analisar os princípios de Organização da Informação e do Conhecimento, presentes nos Catálogos de 1839 a 1850 e os itens bibliográficos descritos, do Curso Jurídico de Olinda, às práticas de leitura da Província de Pernambuco (1831 a 1854). Como objetivos específicos, têm-se: a) Detalhar os elementos constitutivos e suas representações nos Catálogos de 1839 e 1850; b) Cotejar as Listas de doação de livros com os registros bibliográficos descritos nos Catálogos, e por fim, c) Relacionar os estudos epistemológicos da Bibliografia Material (crítica textual) à Ciência da Informação e à História Cultural. A questão problema desta investigação: Quais os princípios de organização da Informação/conhecimento que nortearam os Catálogos de 1839 e 1850 vinculados ao Curso Jurídico de Olinda? Os itens bibliográficos descritos nos Catálogos e as formas adotadas de Organização da Informação e do Conhecimento sinalizam indícios de um público leitor. Considera-se que a história de uma biblioteca é também uma história das práticas de leitura de uma geração, um espaço de preservação da memória – dos livros e das pessoas que preencheram e que percorreram suas estantes. A metodologia de análise será a Bibliografia Material, por propor uma Sociologia do texto. A investigação tem caráter exploratório, abordagem epistemológica, e contempla ainda pesquisa documental, revisão bibliográfica e edição de textos manuscritos.